Boletim especial Greve de Professoras/es mar/2010Viva a luta dos professores e professoras!
Efetivação dos professores temporários!
Assembléias para organizar a greve desde a base!
Pelos direitos das mulheres da categoria!
Nós, professoras, integrantes do grupo de mulheres Pão e Rosas e do movimento Classe contra Classe, estamos atuando ativamente nesta greve lutando por nossos direitos e principalmente contra a precarização do trabalho das professoras e professores. O governo Serra criou mais uma forma de atacar nossa categoria, dividindo os temporários em várias subcategorias, para enfraquecer nossa luta, retirando todos os nossos direitos e decretando o desemprego para milhares de temporários que já atuam na educação pública há anos. Nossa luta será vitoriosa se tivermos unidade entre efetivos e temporários. Abaixo a divisão entre professores temporários e efetivos! Pela efetivação dos professores temporários sem concurso público, nem provas esdrúxulas e meritocráticas!
Nós mulheres, que em geral ainda recebemos salários mais baixos do que os homens e ocupamos os postos de trabalhos mais precarizados, somos quase 80% da categoria de professores, submetidas a péssimas condições de trabalho, com salas superlotadas, e vítimas de jornadas triplas, pois além de nos dividirmos entre várias escolas, quando voltamos para nossas casas temos o peso das tarefas domésticas, e ainda, muitas de nós, nos dedicamos aos estudos para melhor nos formarmos enquanto educadoras. Com essa rotina, somos vítimas de doenças como estresse, depressão, problemas nas cordas vocais, tendinite, problemas de circulação, além de muitos professores e professoras serem vitimas da Síndrome de Burnout . Sem falar nos baixos salários que não alcançam o custo de vida familiar, nosso vale refeição e vale transporte não cobrem um mês de trabalho, e muitas vezes não conseguimos pleitear uma vaga em creches públicas para nossos filhos. E ainda o estado quer justificar o aumento salarial através de uma prova meritocrática que atingiria apenas 20% dos professores. É por isso que: Exigimos já reposição das perdas e reajuste salarial de 34,3% ! Avançar numa forte luta pelo salário mínimo do DIEESE para todas professoras e professores! Salas com no máximo 25 alunos! Melhores condições de trabalho! Abaixo provinhas de mérito e dos OFAS, que já possuem seu mérito por fazer este trabalho com dedicação há anos! Por um sistema de saúde público e de qualidade!
Com o aprofundamento da precarização do ensino público e as modificações econômica e social implementadas pelas políticas neoliberais a partir do anos 90 (desde FHC, que não só permanece e se intensifica até hoje com Lula e Serra), houve uma intensificação da jornada de trabalho que carregamos em nossas costas, por um lado dando mais aulas por conta das perdas salariais, mas por outro continuamos a executar todo trabalho doméstico e o cuidado com nossos filhos e parentes idosos ou doentes, o que chamamos de dupla jornada de trabalho. Se por um lado, o papel de educadoras, sobretudo no ensino fundamental I, é tido socialmente como uma extensão do trabalho doméstico que já realizamos sem remuneração, que é educar e cuidar dos nossos filhos, concretamente isso se expressa no fato de que as/os professoras/es PEB 1 ganhem menores salários, e é requerida “menor” qualificação (pois seria algo que “naturalmente” já fazem as mulheres nas suas famílias). É por isso que precisamos lutar contra a dupla jornada de trabalho, por salário igual para os mesmos trabalhos, por creches públicas para todos os nossos filhos nos locais de trabalho, por licença maternidade remunerada de 6 meses nos empregos públicos e privados sem isenção fiscal; e por lavanderias e restaurantes coletivos e públicos garantidos pelo Estado!
A nossa greve está forte, mas precisamos ainda mais para garantir nossa vitória, ampliá-la em sua adesão e em apoio. Isso é possível nos organizando em cada escola, não só professores, chamando inclusive os estudantes, os pais, os funcionários, para juntos debater sobre as condições de trabalho e de ensino. Só assim podemos ampliar cada vez mais nossa mobilização e o apoio à nossa greve, para fortalecer nossa luta pelo ensino de qualidade. Estamos nas ruas pelos nossos direitos como professoras, ao mesmo tempo em que queremos discutir com os alunos e a comunidade que não podemos deixar que a educação se mantenha cada vez mais sucateada, com um ensino precário e controlado pelas apostilas elaboradas pelo estado, que servem para amordaçar a atuação do professor em sala de aula e para moldar o pensamento dessa nova geração de acordo com os interesses do próprio estado. Profesores, funcionários, pais e alunos unidos pela educação pública de qualidade em todos os níveis do ensino!
Fala professora:
Acredito que a greve seja sim um instrumento de luta muito forte e que nenhum tipo de pressão ou ameaça deve nos fazer retroceder sem vitória alguma. Taína Z. Fermino, integrante do Diretório Acadêmico da UNESP de Rio Claro, professora eventual da rede estadual e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas.
Não podemos deixar que a luta pelos nossos direitos seja enfraquecida pela divisão de nossa categoria. A verdadeira luta pelas melhores condições de trabalho está na unidade entre efetivos e temporários contra a precarização de nosso trabalho! Pela efetivação de todos os professores temporários! Rita Frau, professora da rede estadual de SP, integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas e do Movimento Classe contra Classe.
É preciso ser forte para ter uma idéia e uma convicção, mas mais fortes ainda para levá-la adiante. Contruamos um grupo que se faça ouvir tudo isto que para nossos ouvidos já é óbvio. Para que nos outros se faça refletir e construir uma nova forma de atuação em professores. Não só isso: se entre professores nossa luta é a mesma, também temos que nos reconhecer como trabalhadores e ver que as outras categorias de trabalhadores são nossas aliadas e temos que lutar juntos. Iná Yakamura, professora da rede estadual, militante do Movimento Classe contra Classe e da LER-QI.
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É primordial nesse momento que cada professora e professor tomem em suas mãos as decisões dessa greve, organizando assembléias com poder de decisão em suas escolas e elegendo seus próprios representantes que irão levar à assembléia geral tudo o que foi discutido na assembléia. Essa é a única forma de não sermos reféns de manobras políticas da direção de nosso sindicato, que é dirigido pela CUT/PT, que nesse ano de eleições tem objetivos alheios as nossas necessidades. Pois para vencermos, não podemos deixar novamente que a direção negocie os pontos da greve por debaixo da mesa. Afinal, também sabemos que estamos em ano eleitoral, e muitos interesses entram em jogo, principalmente porque nossa greve se coloca diretamente em choque com o governador José Serra, e o partido de Lula, que está à frente em nosso sindicato, pode querer utilizar nossa greve como margem de manobra eleitoral, pois querem eleger sua candidata, a Dilma Roussef, que assim como Lula continuaria governando para os patrões, os grandes empresários, etc, também sucateando o ensino público com o PDE que tem como referência educacional a LDB e o PNE, implementados no governo FHC, sem romper com a lógica neoliberal a serviço dos ditames do Banco Mundial e do FMI. A diferença é que Lula atualiza este projeto inserindo algumas concessões para a juventude trabalhadora, como o PROUNI, que significa créditos para o ensino privado e bolsa de estudos, ou o REUNI, que significa a expansão de vagas nas universidades federais de maneira precária, pois também precariza o ensino e o trabalho. Que a Oposição Alternativa, que co-dirige nossa categoria saia do adaptacionismo em relação à direção do sindicato, e venha a ter um papel importante, e juntos podemos buscar confrontar a diretoria do nosso sindicato, convencendo centenas e milhares de professores a lutarem ao nosso lado. O governo, só tem a ganhar quando estamos separados, por isso é importante que as categorias estatais se unifiquem, para impor uma grande derrota ao governo José Serra, mas também mostrar para o governo federal de Lula, que nós sabemos que seu plano para o ensino, para a saúde, para o conjunto social, não é muito diferente do que de Serra, pois ambos defendem o mesmo Estado capitalista, e vão fazer, a todo custo, que sejam sempre nós as trabalhadoras e trabalhadores a pagarem duplamente pelos interesses de lucro dos patrões cujos governos estão a servir, legislar.
Professoras e professores: A SUA LUTA É NOSSA LUTA!
Lutar juntas por uma educação pública de qualidade!
Nos solidarizamos com a greve das e dos professores estaduais paulistas e nos colocamos lado a lado para lutar contra a precarização do trabalho, por uma educação pública de qualidade, por melhores condições de trabalho. E a terceirização, a precarização do trabalho, somente serve para nos dividir e nos enfraquecer para lutar pelos nossos direitos e por uma educação pública de qualidade, em todos os níveis do ensino. Por isso acreditamos que é preciso a unificação de nossas forças, a começar pelos efetivos e precarizados, mas também entre as categorias da educação, do funcionalismo público estadual, para que juntos, possamos ser mais fortes para lutar e arrancar nossos direitos!
Diana Assunção, integrante da comissão coordenadora da Secretaria das Mulheres do Sindicado dos Trabalhadores da USP.
Viva a greve dos professores e professoras! Estamos juntos nessa luta!
Diante da forte greve de professores da rede pública de São Paulo, nós estudantes, nos colocamos ao lado dos professores em solidariedade ativa. Essa luta se coloca num marco fundamental, para que nós do movimento estudantil possamos, de fato, concretizar uma aliança com a classe trabalhadora, para fortalecer nossa luta por uma educação de qualidade e contra a precarização do trabalho dos professores. Nós estudantes de Ciências Sociais temos que estar juntos nessa luta, pois se hoje são eles, amanhã seremos nós, pois a cada ano que passa a educação e o direito dos professores é cada vez mais atacada pelo projeto de sucateamento do ensino do governo Serra, é necessário respondermos desde já!
Ariane, integrante da gestão “Rosa Luxemburgo” do Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UNESP de Marília e estagiária na educação neste mesmo município.
Devemos tomar as reivindicações dos professores como sendo nossas próprias reivindicações
Nós do Grupo Pão e Rosas do curso de Letras da USP, entendemos a importância de tomar a luta e as revindicações dos professores como sendo nossas próprias revindicações. Hoje o curso de Letras forma muito mais mulheres do que homens, sua tradição majoritária feminina nos obriga a pensar no papel e na problemática que essas trabalhadoras enfrentam, entre tantas deficiências, ainda são as mulheres as que mais sofrem, além de salários absurdos dos quais não representam essa classe trabalhadora, essas professoras são obrigadas a enfrentar uma dupla ou uma tripla jornada de trabalho, pois só assim é possível manter o seu lar e sua família. São varias as perguntas sem resposta: Quais são as necessidades das professoras da rede pública? Que tipo de lei protege essas trabalhadoras? Quais são os seus benefícios? O que lhe são negadas? Exigimos respostas a todas as perguntas e sobre tudo soluções a todos esses questionamentos. O Pão e Rosas como grupo de mulheres e sobre tudo como estudantes e futuras integrantes dessa classe, gritamos um basta ao lado de todos os professores da rede pública de ensino.
Natália, estudante da Letras – USP e integrante do Pão e Rosas
Nesta luta devemos dizer não ao ensino homofóbico, racista e machista!
Qualidade no ensino, diz diretamente respeito a boas condições de trabalho daqueles que ensinam, que são nossas professoras e professores estaduais. Por isso apoiamos a greve de professores e estamos juntos nessa luta! Mas qualidade também diz respeito ao conteúdo ensinado, e por isso também somos obrigadas a dizer um não ao ensino homofóbico, racista, e machista! O governo Lula que assinou um Acordo com o Vaticano dando voltas para trás na roda da história, “propondo” ensino religioso nas escolas públicas, além de deixar a riquíssima Igreja isenta de impostos. Diante disso, é também preciso dizer um basta e exigirmos a anulação desse Acordo Brasil-Vaticano!
Beatriz Michel, integrante da gestão “PAGÚ” do Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC-SP.
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Não precisamos partir do zero em nossas lutas. Precisamos conhecer a história daquelas mulheres que lutaram antes de nós, e que os governos e os patrões querem apagar para que não nos inspirem em nossas lutas presentes. É por isso que te convidamos a conhecer os livros:
Pão e Rosas: identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo. Andrea D’atri. Edições Iskra, 2008.
Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história. Andrea D’atri e Diana Assunção (orgs.). Edições Iskra, 2009.
ou acesse o nosso blog http://nucleopaoerosas.blogspot.com
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