Por Pão e Rosas - MG
Nós,
do grupo de mulheres Pão e Rosas, através desta nota expressamos
nossa total solidariedade aos moradores das ocupações sob ameaça
de despejo em Belo Horizonte: Esperança, Rosa Leão e Vitória. A
prefeitura da cidade, em parceria com empresas empreiteiras e do
setor imobiliário, nega às milhares de famílias alojadas nos
terrenos ocupados condições dignas de moradia. Repetidamente lançam
ameaças de despejo e efetuam um policiamento e repressão frequentes
contra os moradores, que vivem em estado de constante apreensão e
insegurança.
Os
habitantes das ocupações, em sua maioria trabalhadores, não tem o
mínimo para uma existência digna, sofrem também com a ausência de
serviços de saúde, educação e transporte públicos e de
qualidade. Sabemos que é sobre as costas das mulheres, mais
especialmente as mulheres negras, que recai o peso maior dessa
intensa precarização da própria vida, são seus filhos os
violentados pela intensa repressão policial, e é às mulheres que
pesa a responsabilidade pela criação de bases sólidas para o
desenvolvimento de seus filhos. Além disso, a dupla ou até mesmo
tripla jornada de trabalho a que são submetidas não encontra ao
menos um descanso quando o dia termina em suas casas, ameaçadas de
despejo e em péssimas condições. Nos solidarizamos com a luta das
moradoras mulheres das ocupações urbanas: precarizadas, oprimidas e
exploradas, combatem a violação de direitos humanos básicos.
O problema
de moradia no Brasil é histórico e, segundo dados de 2008, o
déficit habitacional era de cerca de 5,5 milhões de domicílos. O
governo federal, ao mesmo tempo em que cria projetos que quase não
saem do papel, como o Minha Casa, Minha Vida, mantém nas mãos dos
empresários imobiliários mais de 7 milhões de imóveis vagos, que
servem para garantir os lucros da especulação imobiliária.
Apoiamos a importante luta por moradia digna para todos que
necessitam, batalha que só pode ser vencida através da luta
conjunta dos trabalhadores e do povo pobre, dos moradores das
ocupações e favelas, por uma radical reforma urbana que acabe com a
especulação imobiliária.
Exemplo
dessa importante aliança operário-popular vem sendo dada pelos
trabalhadores da USP, que a partir de sua greve se colocaram na linha
de frente pela defesa da saúde e educação públicas e de
qualidade. Os trabalhadores em greve fizeram um importante ato na
favela São Remo, ao lado da USP, em defesa dos trabalhadores
terceirizados demitidos que em sua maioria vivem nessa favela e seus
arredores, e seguiram dialogando com os moradores para mostrar que as
exigências da greve eram também as demandas da população. Desde o
início, saíram em defesa da contratação de mais enfermeiras para
o Hospital Universitário, que sofre hoje com uma fila de mais de 850
mulheres para realizar o exame do papanicolau no hospital
universitário, exame que previne contra o câncer de colo de útero,
entre outras doenças sérias, e possui apenas duas enfermeiras para
realizar todos esses exames. Os trabalhadores são obrigados a atuar
com material de péssima qualidade, de quantidade insuficiente e de
preço o mais barato possível, um reflexo do valor que o governo
Alckmin/PSDB – o mesmo partido do ex-governador de MG e atual
candidato à presidência Aécio Neves e seu apoiador e também
ex-governador de Minas, Anastasia - dá à saúde pública, que
atende a população de baixíssima renda. Agora, os trabalhadores da
USP transformaram em pauta central de sua luta a defesa do Hospital
Universitário contra sua ameaça de privatização, transformando
essa luta em uma causa popular. Se unificaram inclusive com os
movimentos de luta por terra e moradia, como MST e MTST, em defesa da
saúde pública e contra a desvinculação do HU da USP.
Basta de
imóveis vagos em nome da especulação imobiliária. Por uma reforma
urbana radical, com um plano de obras públicas controlado pelos
trabalhadores e povo pobre, que parta de expropriar todos esses
imóveis vagos, sem indenização aos empresários, e os coloque à
disposição do povo pobre e sem moradia. Essa luta para resolver o
problema de moradia só pode ser triunfante se não for tomada de
maneira isolada pelos movimentos de moradia, mas em conjunto com os
trabalhadores, contra o latifúndio urbano, pela derrubada da
burguesia através da aliança operária e popular.
Não
ao despejo, abaixo a repressão!!!
Moradia,
transporte, saúde e educação de qualidade para todos!!!