“Sabemos que redes de tráfico de negros e de mulheres e meninas operam ao redor do mundo todo. Nossa organização luta contra o tráfico e as redes de prostituição que funcionam no Haiti e na República Dominicana.”
Pão e Rosas: A situação foi agravada pela presença da Minustah?
De fato, existem graves problemas com a presença das tropas da ONU. Elas estão promovendo a prostituição de mulheres e meninas, especialmente nas bases onde está a MINUSTAH. É bom lembrar que houve um problema com os soldados do Sri Lanka, em 2008, várias organizações de mulheres denunciaram este fato, mas até agora não tiveram nenhuma resposta. Os soldados que vêm ao nosso país só buscam como diversão sair de noite nas boates, nas ruas em busca de mulheres. Por hora, podemos dizer que é algo que merece denúncia, pois se trata de um fenômeno que só tem avançado nessas regiões.
P&R: Como são as redes de prostituição nessas regiões?
De dia e de noite mulheres e meninas se prostituem, a dignidade delas não é respeitada nessas áreas onde não há supervisão de ninguém. Elas já são vítimas da pobreza e agora também sofrem com as violações. Não têm casos oficialmente registrados porque têm muitos acobertamentos e, também, porque quando ficamos sabendo e saímos para acudir e quanto elas chegam em suas casas dizem que é alarme falso, que não aconteceu nada, que ali estão com seus pais. (Estas são algumas das razões pelas quais seu trabalho é dificultado).
P&R: Que mensagem envia às mulheres do mundo neste 8 de Março?
A mensagem que teríamos para enviar é que a situação das mulheres e do povo haitiano piorou quando enviaram as forças militares para “ajudar”. O que acontece é uma ocupação mascarada e o que precisamos é de ajuda, não de ocupação. Necessitamos de ajuda para retirar as vítimas dos escombros, até agora Porto Príncipe não foi restabelecida. Os militares estão passeando, não estão fazendo nada no país. Nós pedimos que os militares saiam imediatamente do país e pedimos a solidariedade de todas as pessoas para que nos ajudem a retirar os militares do país porque não precisamos de militares.
Nós acreditamos que a reconstrução que estão falando não é possível sem haitianos, pois nós somos cidadãos e os responsáveis pelo país. Queremos participar da reconstrução do país. Se os governos estrangeiros e a comunidade internacional não nos vêem como cidadãos haitianos esta reconstrução não vai a lugar algum. Nossa proposta (como povo) é a melhor porque sabemos o que é melhor para nosso povo.
P&R: O que tem a dizer sobre a campanha do Pão e Rosas?
Parabenizamos e agradecemos as organizações que estão nos ajudando a difundir a nossa mensagem, que nós no Haiti somos um povo independente e livre, em nosso pais não temos guerra, não precisamos de militares.
*Traduzido por Babi Delatorre
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