sábado, 10 de abril de 2010

DENTRO E FORA DAS UNIVERSIDADES:LUTAR CONTRA A VIOLÊNCIA, CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO ENSINO E DO TRABALHO!

Panfleto distribuído no CEEUF (Conselho de Entidades de Base da Unesp e Fatec) que ocorre neste fim de semana na Unesp Araraquara.
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Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, viemos nesse CEEUF para trazer nossas discussões, trocar e desta forma traçar conjuntamente um plano de lutas para Unesp. Mas também para que possamos traçar um plano de lutas que sirva de exemplo para todas as universidades e que caminhemos para unificar a luta em todo estado de São Paulo. Que possamos ser um exemplo de como lutar lado a lado dos trabalhadores e trabalhadoras, e de como aqui na Unesp o movimento estudantil compreende que a universidade não é uma ilha, e que por isso se manifesta contra a precarização do ensino, mas também contra a precarização do trabalho, pois caminham juntos. Por isso reivindicamos e estamos juntas na luta dos/as estudantes da UNESP de Marília, pois agora que reitoria decidiu abrir o RU à noite, o pretende fazer por meio da terceirização. Já em 2006 barramos esse mesmo tipo de ataque e com a nossa luta impusemos que o RU diurno fosse subsidiado e hoje seus funcionários são efetivos. À reitoria e ao governo gritamos novamente: no RU de Marília a terceirização Não Passará! Igual trabalho, iguais direitos!

Mas sabemos que a flexibilização e a terceirização estão presentes em todos os lugares, universidades públicas e privadas, fábricas, escolas, hospitais. A terceirização é uma forma de precarização que divide a classe trabalhadora, reduzindo seus direitos e seus salários, fazendo com que o lucro tirado do trabalho seja maior, ainda criando trabalhadores de primeira e segunda categoria nos mesmos locais de trabalho. A grande maioria que ocupa esse setor mais precarizado são trabalhadoras mulheres e negras, as quais são as mais exploradas dentro desse sistema capitalista. Por isso nós do Pão e Rosas lutamos para que o movimento estudantil e também o movimento sindical levantem com todas as forças uma luta contra a precarização do trabalho, pela efetivação de todas/os as/os trabalhadoras/es terceirizadas/os! Assim lutamos contra a divisão imposta pelos patrões, governos e também reitorias e nos tornamos mais fortes! E também é por isso que esse CEEUF deve reafirmar a defesa e a luta pela Reintegração de Brandão, trabalhador da USP e diretor do SINTUSP, demitido por se “atrever” a lutar também pelos/as terceirizados/as.

Hoje nos encontramos dentro de uma universidade, espaço considerado democrático e livre de opressões. Porém essa é uma das maiores farsas que podemos ouvir, pois a verdade é que a Universidade é elitista, machista e racista, aqui impera regimes anti-democráticos, opressões e muita repressão, todos aqueles que se levantam contra o regime e a opressão são duramente reprimidos, e só recordarmos de 2007, onde nesse mesmo campus a tropa de choque invadiu, para reprimir fortemente nossas/os companheiros que se colocavam em luta, ou ainda as sindicâncias que as/os companheiras/os estão sofrendo, em Araraquara, Bauru, Presidente Prudente entre outros campi. A mesma polícia que reprime o movimento estudantil, reprime hoje os/as professoras/es em greve do estado! Abaixo à repressão aos lutadores e lutadoras! Unificar a luta contra a repressão!

A universidade é machista, desde os currículos, nos quais a história das grandes mulheres lutadoras são apagadas, assim como uma ausência da discussão da questão da mulher e da opressão, e isso porque a universidade produz um conhecimento que serve a classe dominante, a qual necessita das formas de opressão para a manutenção do sistema, e para isso é fundamental enxergarmos as mulheres como meras coadjuvantes da história e jamais grandes lutadoras que estiveram a frente e que tomaram em suas mãos a sua história, e que servem de exemplo para nós. Que nós estudantes possamos decidir nossos currículos e que seja resgatada a história das grandes lutadoras! E que o conhecimento produzido esteja a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre!

Outra questão importante a ser denunciada são os casos de assédio sexual nas moradias estudantis, os quais sempre passam impunemente, deixando claro o caráter machista da universidade. Recentemente aqui em Araraquara, uma estudante teve a coragem de denunciar o assédio que sofreu de outro estudante, ambos da moradia. Com isso, novos casos cometidos pelo mesmo estudante vieram à tona e a solução dada pela burocracia acadêmica, representada pelo diretor, pasmem, foi presentear o assediador com uma bolsa para que ele pudesse se manter fora da moradia, e assim abafar o caso . Em Rio Claro, alguns anos antes ocorreu caso semelhante e o diretor na época, montou uma comissão de sindicância composta só por professores homens, todos do curso do estuprador. O veredicto desta comissão foi a expulsão dele e dela (!) do programa de moradia. Não podemos aceitar isso caladas, temos que gritar em alto e bom som Basta de violência às mulheres dentro e fora da Universidade! Que todos os culpados sejam punidos!

Temos que lutar pela democratização radical da Universidade, derrubando o regime vigente hoje na UNESP, os 70%15%15%, que permite que uma minoria, a burocracia acadêmica, decida os rumos da Universidade, sem que a maioria e os maiores interessados, que são as/os estudantes e trabalhadoras/es sejam nem mesmo ouvidos. Basta da ditadura docente!

Essa estrutura de poder mostra claramente a quem serve a Universidade, depois de passarmos pelo filtro social, que é o vestibular, temos que encarar a falta de permanência estudantil. Muitas vezes somos obrigadas a abandonar nossos cursos, por falta de condições mínimas de subsistência. E se a situação já é difícil para quem não é oriundo da classe dominante, isso se agrava quando se é mulher e mãe. Nós mulheres somos educadas para ver a maternidade como uma das maiores realizações de nossas vidas, no entanto se engravidamos não podemos contar com creches e nem moradias estudantis adequadas para tais situações, e acabamos sendo obrigadas a abandonar nossos cursos. Por isso, por uma questão de classe temos que reivindicar creches e moradias estudantis que garantam que as mulheres trabalhadoras e pobres possam estudar!

Nos colocamos ao lado das/os trabalhadoras/es, efetivos/as, terceirizados/as, fundacionais, estatutários/as, é por isso que atuamos na greve estadual das/os professoras/as com todas nossas forças, pois somente nos unindo podemos avançar mais na luta por uma educação pública, de qualidade, para todos em todos os níveis do ensino, Precisamos nos organizar junto aos companheiros combativos do movimento estudantil, dos trabalhadores e professores do estado para unificar nossas lutas, reivindicando o fim da escravidão do trabalho terceirizado na universidade; contra a repressão as/os lutadoras/es que se colocam contra os ataques à educação e a precarização das relações e condições de trabalho; contra os currículos burgueses que em nada nos ajudam na emancipação das mulheres, das/os negras/os e da classe trabalhadora; desmascarar as reitorias, diretorias e toda a estrutura de poder controlada pelos governos, que permitem que esses ataques sejam implementados.

HAITI: Fora as tropas brasileiras enviadas por Lula!
Em janeiro, o Haiti foi atingido por um forte terremoto, mas a repercussão catastrófica (mais de 220 mil mortos) é resultado da miséria imposta àquele país. Disfarçado de ajuda humanitária o imperialismo ocupou o país para conter as manifestações populares e intensificar a exploração capitalista, abrindo espaço para as multinacionais explorarem o trabalho semi-escravo a que precisa se submeter o povo haitiano. Ainda que o Haiti não esteja mais diariamente na mídia burguesa, não podemos esquecer que as mulheres haitianas seguem sendo estupradas e a população reprimida e assassinada pelas tropas da ONU que são chefiadas pelo vergonhoso governo Lula. As/os mortas/os e desabrigadas/os deixadas/os pelos terremotos no Chile e no Haiti, as enchentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador são fruto da miséria do capitalismo imposta à população pobre do mundo. Por isso dizemos com toda a nossa gana:
Fora as tropas brasileiras de Lula do Haiti! Fora as tropas da ONU e dos EUA! Que a ajuda humanitária saia dos lucros das multinacionais! Fora o imperialismo da América Latina e do Caribe!

RIO DE JANEIRO URGENTE!
Diante dessa catástrofe social evidenciada após das chuvas é preciso que expressemos nossa solidariedade aos trabalhadores e ao povo do Rio. Mas essa solidariedade não pode se dar por fora de uma forte denúncia do descaso dos governos Lula, Sérgio Cabral e Eduardo Paes. Por isso propomos que o CEEUF elabore uma declaração pública que denuncie os governos que deixam a população a sua própria sorte, e também se coloque a perspectiva de construir uma ampla campanha de solidariedade de coleta de alimentos, roupas, cobertores, entre outros, para enviar para a população afetada.

Fazemos um chamado especial a todas as estudantes, trabalhadoras e professoras para construir conosco o Pão e Rosas!

Venha conhecer o Pão e Rosas!
Domingo (11/04) o horário será divulgado no dia.

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