Por Aline, Pão e Rosas Araraquara
Eu, Aline, estudante de Letras da UNESP de Araraquara e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas, gostaria de dar um informe sobre o que eu venho observando aqui no campus da UNESP de Araraquara.
Bom, as coisas estão demasiado críticas. Além dos casos de assédio sexual e moral também ocorreu – na madrugada do último domingo – um incêndio no bloco de moradia no qual residem as duas estudantes que foram assediadas. Por uma incrível sorte, ninguém ficou ferido. Passamos, essa semana, um abaixo-assinado para anexar à exigência de expulsão do estudante que assediou as moradoras. Conseguimos mais de 550 (quinhentas e cinqüenta) assinaturas. Só isso, entretanto, não basta.
Enquanto militante do grupo de mulheres Pão e Rosas, eu acredito que somente um número considerável de assinaturas não baste. Cabe a nós criarmos um espaço de discussão sobre assédio sexual e focá-lo não no caso pontual que ocorreu aqui em Araraquara, mas no painel social e político no qual está incluída a opressão contra a mulher: a sociedade capitalista que usa de todas as vias possíveis pra explorar e oprimir trabalhadores e povo pobre.
Sou militante do Pão e Rosas porque acredito ser mais que fundamental na abordagem do feminismo uma perspectiva militante e classista. Nesse mote, não me permito contentar apenas com assinaturas. Enquanto houver mulheres que calam, que são alheias à opressão que sofrem, que se furtam à discussão política e que oprimem, não acredito finda a nossa tarefa. Em suma, enquanto existir a sociedade capitalista, a nossa tarefa não acabou. Afinal, existem mulheres que calam porque existe a polícia que oprime; mulheres inconscientes porque tudo o que faz está alienado desde o princípio; existem mulheres que não discutem política porque não acreditam e defendem o próprio espaço; mulheres que oprimem porque sempre existiu alguém pra dizer “Não!”. Desta vez, tomemos pra nós o nosso “Não!”. Não, não vou mais calar! Não, não vou mais tolerar violência contra a mulher! Não, basta de capitalistas! Não, “chega de dor, quero glórias”!
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