quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

II Encontro de Mulheres Trabalhadoras da USP: "Opressão - Repressão - Perseguição"

Quinta-feira, dia 15 de dezembro na Faculdade de Educação – Sala 102 Bloco B

10h – MESA de abertura “Opressão, repressão, perseguição”
- Diana Assunção, diretora do Sintusp e do grupo de mulheres Pão e Rosas
- Rosi Santos, estudante e militante do Práxis – Socialismo ou Barbárie
- Ex-trabalhadoras terceirizadas da UNIÃO

13h – Intervalo para Almoço 14h – Roda de discussão sobre a situação da universidade e resoluções

O II Encontro de mulheres trabalhadoras da USP ocorre num ano marcado pelas lutas contra a opressão, a repressão e a perseguição. Esses três pilares em que a Reitoria e o governo do estado se baseiam para aprofundar a nossa exploração e para conseguirem implementar o seu projeto privatista de universidade tem se intensificado. Logo nos primeiros dias do ano, tivemos 270 companheiras/os demitidas/os. Dentre eles, vimos companheiras que perderam uma parte essencial de sua renda que sustentava não só a elas e seus filhos, como netos e outros membros da família. Tal medida já anunciava o grande corte que a Reitoria promete fazer no quadro de funcionários, que prepara com a aprovação do PROADE. E com esse projeto pretende demitir também com base em critérios políticos, no caso do funcionário ter participado ou não de greves e manifestações, numa clara perseguição aos lutadores e lutadoras.

Justamente em decorrência de uma paralisação que realizamos contra as 270 demissões, mais diretores do Sindicato e ativistas dentre eles 4 mulheres estão sendo processadas com risco de demissão por justa causa, se somando aos outros tantos processos que a diretoria do sindicato está respondendo e à demissão inconstitucional de Brandão que ao exercer o seu papel de representante sindical em atividades e inclusive defendendo o direito das trabalhadoras terceirizadasfoi demitido por justa causa.Também no primeiro semestre, nossas companheiras terceirizadas realizaram uma importante greve que desvendou a intenção da Reitoria em cada vez mais aumentar o trabalho semiescravo na universidade, apoiado na opressão que todas nós sofremos que nos relega aos salários mais rebaixados e às piores condições de trabalho em todo o país. Mais uma greve que fez mais de 400 mulheres levantarem as cabeças e não mais aceitarem a opressão e extrema exploração a que ficam submetidas.

Nesse momento, passamos por uma greve das/os nossas/os companheiras/os estudantes que estão lutando contra a presença da polícia no campus e nas favelas e periferias, colocando um questionamento profundo ao papel social dessa instituição em todo o nosso país, e denunciando seu profundo caráter machista, racista e homofóbico, e assassino. Nesse processo, vemos a repressão utilizada pela reitoria atingir um alto grau de ofensividade, ao prender 73 companheiras/os, dentre elas/es 4 funcionários, sendo dois CDBs e uma das diretoras do Sintusp, por se manifestar politicamente.

Nessa prisão, a opressão, a repressão e a perseguição se somaram para intensificar ainda mais o ataque da reitoria. Os policiais a mando de Rodas e de Alckmin perseguiram os envolvidos no movimento, reprimiram os que ocupavam, e oprimiram as companheiras que estavam sendo presas. Deixaram-nas numa sala sozinhas com policiais homens que as humilharam e as ameaçaram, e uma das companheiras foi torturada em uma sala isolada por mais de 30 minutos.

Esse ano o Reitor mostrou que realmente quer destruir quem luta, quem estuda e quem trabalha, prepara para todos os funcionários (as), estudantes e professores, a intensificação desta verdadeira ditadura. E vemos que claramente nós, mulheres, trabalhadoras, seremos ainda mais atacadas. Nossas companheiras terceirizadas e estudantes já começam a se levantar fortemente contra tudo isso, nos dando força para todas juntas, com nossos companheiros, impedirmos o avanço desses ataques.

Por isso, convidamos as trabalhadoras a participar desse II Encontro de Mulheres Trabalhadoras da USP, para que possamos nos organizar para discutir essa opressão e a escalada de perseguições que está posta, e para combatermos com todas as nossas forças a política do Reitor e o governo que querem impor cada vez mais o medo, o silêncio, a submissão. Este é um encontro aberto a todas as mulheres da universidade, bem como as trabalhadoras terceirizadas e as estudantes!

Abaixo à repressão, abaixo à opressão!
Fora Rodas!
Anulação dos inquéritos contra os 73 presos políticos!
Retirada de todos os processos contra estudantes e trabalhadores!
Readmissão de Brandão!

- PARA SE INSCREVER LIGUE OU ENVIE UM E-MAIL PARA O SINTUSP COM NOME COMPLETO E UNIDADE
- Telefone: 30913480
- E-mail: sintusp@sintusp.org.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Nota pública dos presos políticos da USP [08/11/11]

NOTA PÚBLICA DOS PRESOS POLÍTICOS DA USP 
São Paulo, 08 de novembro de 2011 - 14h15.

Nós, estudantes da USP, que lutamos contra a polícia na universidade e pela retirada dos processos administrativos contra estudantes e trabalhadores, viemos por meio desta nota pública, denunciar a ação da tropa de choque e da polícia militar na madrugada do dia 8/11.

Numa enorme demosntração de intransigência em meio ao período de negociação e na calada da noite, a reitoria foi responsável pela ação da tropa de choque da PM que militarizou a universidade numa repressao sem precedentes. Num operativo com 400 homens, cavalaria, helicópteros, carros especializados e fechamento do Portão 1 instalou-se um clima de terror, que lembrou os tempos mais sombrios da ditadura militar em nosso pais.

Resistimos e nos obrigaram a entrar em salas escuras, agrediram estudantes, filmaram e fotografaram nossos rostos (homens sem farda nem identificação). Levaram todas as mulheres (24) para uma sala fechada, obrigando-as a sentarem no chão e ficarem rodeadas por policiais homens com cacetetes nas mãos. Levaram uma das estudantes para a sala ao lado, que gritou durante trinta minutos, levando-nos ao desespero ao ouvir gritos como o das torturas que ainda seguem impunes em nosso país. Tudo isso demonstra o verdadeiro caráter e o papel do convênio entre a USP e a polícia militar.

A ditadura vive na USP. Tropa de choque, polícia militar, perseguições a estudantes e trabalhadores, demissão de dirigentes sindicais, espionagem contra ativistas e estudantes, repressão através de consultas psiquiátricas aos moradores do CRUSP (moradia estudantil).

Nós, que estamos desde as 5h sob cárcere e controle dos policias, chamamos todos a se manifestarem contra a prisão de 73 estudantes e trabalhadores por lutarem com métodos legitimos por seus direitos.

Responsabilizamos o reitor Joao Grandino Rodas, e toda a sua burocracia acadêmica e o governador do estado de SP Geraldo Alckmin, junto ao seu secretário de seguranca pública, por toda a repressao dessa madrugada. Reafirmamos nossa luta contra a polícia, dentro e fora da universidade, que reprime a população pobre e trabalhadora todos os dias.

Fora PM! Revogação do convênio! Retirada dos processos! Liberdade aos presos políticos!

"Pode me prender, pode me bater, pode até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião! Porque da luta eu não saio não!"

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Exigimos a liberdade imediata de Diana Assunção, diretora do SINTUSP e lutadora pelos direitos das mulheres e a de todos/as os/as presos/as!

DECLARAÇÃO DO PAN Y ROSAS ARGENTINA E MÉXICO EM APOIO À LUTA DA USP


Exigimos a liberdade imediata de Diana Assunção, diretora do SINTUSP e lutadora pelos direitos das mulheres e a de todos/as os/as presos/as!


Liberdade para Diana e todos/as os/as presos/as da USP! 



Desde o começo do semestre, a reitoria da USP se encontra tomada por jovens estudantes, docentes e não docentes, que se organizaram para repudiar a livre circulação das forças policias no interior da Universidade. Essa militarização foi levada adiante pelo reitor João Grandino Rodas, que em nome de uma “educação de excelência” privatista, cercou o prédio da USP com policiais.



No inicio da semana, milhares de estudantes tomaram as ruas da Cidade Universitária e bloquearam a entrada da Universidade exigindo a retirada da policia. Hoje de madrugada, com métodos próprios da ditadura militar, um operativo de 400 adentrou pela força a reitoria detendo 70 estudantes, entre os quais se encontra Diana Assunção, fundadora da agrupação Pão e Rosas Brasil, e diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP.

Na luta estudantil ainda aberta no Chile, na UNAM no México e agora na luta contra a militarização na Universidade de São Paulo, vimos as mulheres participar ativamente. Por isso, desde o grupo de mulheres Pão e Rosas Argentina, chamamos a todas as organizações de mulheres, de trabalhadoras/es, estudantes, políticas, sociais e de direitos humanos, a apoiar a luta da USP, denunciando a ação da policia enviada pelo Governador Geraldo Alckmim e o reitor Rodas e exigir a imediata liberdade de todos/as os/as presos/as!

Basta de criminalização ao movimento estudantil e as/os trabalhadoras/es em luta!


Fora a policia da USP! Abaixo o convênio entre USP e a PM! Fora policia das Universidades, periferias e favelas!

Pan y Rosas Argentina 
Pan y Rosas México

URGENTE: Liberdade imediata aos presos políticos da USP! Abaixo a ditadura de João Grandino Rodas!


URGENTE: Liberdade imediata aos presos políticos da USP! Abaixo a ditadura de João Grandino Rodas!



Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, repudiamos a brutal repressão aos lutadores e  lutadoras da Universidade de São Paulo e nos manifestamos pela IMEDIATA liberdade aos presos políticos do reitor da USP, João Grandino Rodas. 

Na madrugada de hoje (08/11) um enorme aparato policial, com cerca de 400 policiais da tropa de choque que arrombaram a reitoria ocupada pelos estudantes, prendeu cerca de 70 pessoas, dentre elas Diana Assunção, fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas e diretora do Sindicato de Trabalhadores da USP. Nessa ofensiva que militariza a Universidade, como não se via desde os tempos da ditadura militar (aclamada por Rodas), o reitor da USP junto ao governador Geraldo Alckmin quer calar as vozes de lutadores e lutadoras que lutam contra a presença da PM na universidade, nos morros e favelas!  

Estudantes de Letras da USP estão agora paralisados em repúdio à militarização da USP e prisão dos estudantes que lutam, assim como estudantes de Ciências Sociais da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).  Não vão nos calar! Pedimos a mais ampla solidariedade, envio de manifestações de repúdio, apoio de organizações de direitos humanos, sindicatos, entidades estudantis, intelectuais.

Grupo de mulheres Pão e Rosas. 
08/11/11 - 9h25

paoerosasbr@gmail.com

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Até quando decidirão por nós? Aborto legal, livre, seguro e gratuito!


28 de setembro - Dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto


Por Rita Frau

Faz quase um ano que Dilma foi eleita a primeira mulher presidenta do Brasil com o discurso de que sua vitória representaria a transformação na vida das mulheres brasileiras, mas desde as eleições, vimos os direitos democráticos das mulheres serem trocados por votos retrocedendo a luta pelo direito ao aborto.
No Brasil aproximadamente 1 milhão de mulheres realizam abortos clandestinos, e segundo o Ministério da Saúde, 50% são em condições insalubres, feitos pelas próprias mulheres que chegam a levar à morte. Isso, porque as mulheres pobres não podem pagar os altos preços que são cobrados nas clínicas clandestinas. Sendo a quarta causa de morte entre as brasileiras, em alguns estados, é a primeira, como na Bahia, aonde a maioria são mulheres negras, que correm o risco de morte 2,5 vezes a mais do que as mulheres brancas. A curetagem após abortos realizados em condições anti-higiênicas foi a cirurgia mais realizada pelo SUS, entre 1995 e 2007. A Pesquisa Nacional de Aborto (2010), afirma que 1 em cada 5 mulheres, ao completar 40 anos, já fez aborto. Estes dados mostram que apesar da criminalização, a prática do aborto clandestino é uma triste realidade, e o Estado brasileiro junto à Igreja condenam as mulheres à morte e à humilhação.

As garras da Igreja pedófila seguem sobre os corpos das mulheres

O Estado segue de mãos dadas com a Igreja pedófila, nos fazendo acreditar que a realização máxima da vida de uma mulher é a maternidade, enquanto mulheres são presas, estupradas e morrem. O ex-nazi Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, e parte de seu escalão clerical foram denunciados, dessa vez para ao Tribunal Penal Internacional, por tolerância e proteção aos padres envolvidos a crimes de pedofilia. Não são poucos os casos de pedofilía e barbaridades cometidas pelas Igrejas contra as mulheres e a classe trabalhadora, como o apoio as ditaduras militares em países da América Latina. A Igreja sempre esteve ao lado da burguesia para defender seus interesses difundindo uma moral cristã, que mantém as mulheres subjugadas, com suas vidas destinadas à construção familiar e proibidas de decidirem pelos próprios corpos. A Igreja além de sustentar o machismo, o patriarcalismo, também legitima a violência contra homossexuais, ao defender a sexualidade destinada apenas à reprodução. E o governo Dilma, em continuidade à política de Lula, segue privilegiando os interesses da Igreja católica e evangélica em detrimento de milhares de mortes de mulheres, e à manutenção da homofobia, como vimos com o veto do governo do Kit-antihomofobia.
O Acordo Brasil-Vaticano assinado por Lula, que até hoje se mantém, permite o ensino religioso, reproduzindo a moral cristã que nega a liberdade de discussão nas escolas, o livre exercício da sexualidade, e que nega a anticoncepção e o uso de preservativos. No mês de agosto, o papa fez uma viagem à Espanha que custou R$ 230 milhões, financiada pelo governo Espanhol, e hipocritamente fez uma campanha reacionária para perdoar as jovens que já abortaram, causando protestos de diversos setores que foram reprimidos pela polícia. Nossa luta deve ser completamente independente da Igreja pedófila e assassina!

A criminalização do aborto: um apoio à exploração capitalista no Brasil

O Estado e os capitalistas ao mesmo tempo, que criminalizam o aborto, não permite que as mulheres tenham o direito à maternidade plena, pois legitimam a dupla jornada de trabalho para que sigam responsáveis pelas tarefas domésticas, garantindo assim as necessidades da família e desta maneira negando salários que cubram os reais custos de vida e a existência de restaurantes públicos, lavanderias e creches em todos os locais de trabalho. Além disso, as mulheres trabalhadoras ocupam a maioria dos postos de trabalhos precarizados, permitindo o rebaixamento de toda a mão de obra dos trabalhadores, a divisão entre os trabalhadores e maior exploração, e para isso é fundamental difundir uma ideologia que mantenha a mulher subjugada e refém de uma sexualidade destinada à reprodução, mantendo uma heteronormatividade que não permita que decidam sobre seus próprios corpos e exerçam a sexualidade livremente. É toda esta realidade imposta pelo capitalismo e o Estado que legitima a violência contra as mulheres, tratando-as ora como mercadorias para satisfazer o prazer sexual de outros, ora como seres frágeis, sensíveis por “natureza” incapazes de decidirem sobre as suas vidas. E a criminalização do aborto significa mais uma forma de violência do Estado contra as mulheres para perpetuar ideologia que divide homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, enfraquecendo a luta da classe trabalhadora, da juventude, dos homossexuais e negra(o)s contra a opressão e exploração.

Com que estratégia lutamos pelo direito ao aborto?

Em agosto, a Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher do Senado, presidida pelas Senadoras Angela Portela (PT-RR) e Lídice da Mata (PSB – BA), e representantes do movimento sindical e feminista, a Marcha Mundial de Mulheres, União Brasileira de Mulheres (PcdoB), CUT e a Frente Nacional pela Legalização do Aborto, se reuniram para discutir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. O debate se centrou na denúncia dos projetos de leis reacionários, como o Estatuto do Nascituro, e a necessidade da legalização do aborto e sua realização pelo SUS, mas não votaram um plano de luta para organizar as mulheres em torno deste direito. Por isso perguntamos, como arrancar este direito? Concordamos com a necessidade de um projeto de lei que obrigue o Estado a atender todas as necessidades das mulheres, como se propõe a plataforma elaborada pela Frente pela Legalização do Aborto (ainda que, achamos necessário rever vários pontos desta plataforma), mas já tivemos provas suficientes ao longo dos 8 anos de governo Lula, que Dilma, seguindo a mesma política, não aprovará legalização do aborto. Como é possível o PT se dizer defensor dos direitos das mulheres, se a principal comemoração no 4° Congresso do partido, foi aprovação de 50% de participação feminina na composição das direções, enquanto mantém a política de conciliação com a Igreja e os capitalistas e milhares de mulheres seguem morrendo na clandestinidade do aborto? Esta é a vitória de mulheres como Dilma, mas não da maioria de mulheres trabalhadoras que sofrem com a precarização, a violência e risco de morte. Por isso achamos fundamental que as feministas da MMM revejam seus métodos e que em frente-única arranquemos de fato o direito ao aborto. Precisamos nos auto-organizar nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros, universidades, através de um plano de luta que mobilize as mulheres e juventude junto à classe trabalhadora pra defender este direito com independência do Estado, dos patrões, e da Igreja .
Estamos próximo do dia 28 de setembro, dia latino americano e caribenho pelo direito ao aborto, e em todos os locais de estudo e trabalho que estamos faremos atividades em defesa do direito ao aborto e fazemos um chamado aos setores de esquerda, como ANEL, CSP-Conlutas , PSTU e PSOL, entidades estudantis, sindicatos, para possamos impulsionemos uma campanha pelo:

- Direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito!

- Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!

- Anticoncepcionais e contraceptivos gratuitos e de qualidade!

- Separação da Igreja e do Estado!

- Educação sexual em todos os níveis escolares para decidir!

- Direito ao casamento e adoção homossexuais!

- Revogação imediata do acordo Brasil-Vaticano!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lançamento do livro "A precarização tem rosto de mulher" no Rio: debate com Vírginia Fontes, Camila Valle, Nilzete de Souza e Diana Assunção

 
 Dia 07/07 ocorreu no IFCS-UFRJ uma importante atividade de lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher” organizado por Diana Assunção, dirigente da LER-QI, diretora do Sintusp e fundadora do Pão e Rosas Brasil, contando com a presença da mesma, da historiadora da UFF Virgínia Fontes, da advogada e professora da UNIRIO Camila Valle, e Nilzete de Souza, ex-trabalhadora da União e uma das protagonistas da greve d@s terceirizad@s da USP. Camila Valle abriu o debate saudando o lançamento do livro e diversas questões levantadas no mesmo. Já a partir de sua primeira fala abriu-se um rico debate programático sobre a incorporação dos terceirizados sem concurso. Ela apontou como muitos setores devem argumentar que o programa de “incorporação sem concurso” seria inconstitucional, porém que esta colocação seria uma interpretação limitada da própria constituição uma vez que sim a constituição afirma a necessidade de concursos, mas ao mesmo tempo afirma o direito à dignidade humana e que neste caso o programa de incorporação sem concurso deveria ser entendido como uma maneira de garantir a mesma. Logo em seguida Virgínia Fontes argumentou concordar com o mesmo programa, mas que, ao mesmo tempo, devemos encarar e problematizar este programa com a antiga luta pelos concursos públicos como uma luta que foi voltada contra as nomeações e privilégios, também apontando a necessidade de incorporação nas empresas privadas, destacando como a luta por igual trabalho e igual salário é uma luta histórica da classe trabalhadora, que na situação atual necessita ser recuperada.

Em sua fala a historiadora da UFF também pontuou a importância que o livro trás ao trazer a tona três elementos centrais para pensarmos e lutarmos contra o capital, a questão do trabalho, de gênero e de raça, e como o racismo seria um traço estrutural da dominação capitalista no Brasil.

Nilzete de Souza mostrou com sua fala emocionada como foi o aprendizado seu e de seus companheiros de luta as tradições que o SINTUSP e os estudantes lhes ajudaram a recuperar, com a importância das assembléias, da unidade de ação dos trabalhadores a partir do que era votado e como saia daquele conflito com a certeza que não se pode ficar de braços cruzados, pois “quem não luta, não vence”. Diana Assunção pontuou como a precarização do trabalho insere-se no marco da ofensiva neoliberal voltada a garantir uma maior exploração para recuperar a taxa de lucro bem como para imprimir uma divisão também ideológica dos trabalhadores. Sua fala pontuou diversos aspectos de como os revolucionários da Liga Estratégia Revolucionária encaramos não só a luta contra a precarização do trabalho mas também a atuação nos sindicatos e nas lutas não em si, mas como parte de uma estratégia para que a classe trabalhadora vença na luta contra os capitalistas.

O debate foi um primeiro e importante passo inicial para iniciar uma campanha contra a precarização do trabalho e pela incorporação dos terceirizados às empresas em que trabalham e sem concurso público no caso do serviço público, e encarar, a luta contra a precarização do trabalho como parte da luta contra o capital. O exemplo da luta das trabalhadoras da USP bem como o exemplo de programa e orientação levantadas pelo SINTUSP que defende a incorporação dos terceirizados na universidade, sua sindicalização no SINTUSP e que estes trabalhadores tenham os mesmos direitos como creche, hospital, etc, marcaram o debate como um exemplo a ser levado pelos trabalhadores também no Rio de Janeiro. Deu-se um rico debate entre a mesa e o plenário sobre como aqui em nosso estado, onde apesar de vários sindicatos serem dirigidos por setores anti-governistas impera em suas bases uma divisão entre efetivos e terceirizados sem que estes sindicatos sequer levantem um programa aos mesmos, como é o caso do SEPE (sindicato dos profissionais da educação) com as merendeiras e outras funções nas escolas.

Todo o debate ficou marcado pelas falas das debatedoras de como se deve encarar esta luta contra a opressão das mulheres, com suas especificidades, mas ligadas (e não subsumidas - ou homogenizadas nas palavras de Virgínia) pela luta do conjunto dos trabalhadores contra o capital. Não se trata de pensar que a tomada do poder acaba com a opressão, mas como este passo estratégico da classe trabalhadora é necessário para combater a opressão e como a mesma deve ser combatida desde hoje e não só no futuro. Também ficou marcado em todo o debate como não se trata de um problema de tal empresa, de tal tipo de terceirização ou de tal forma de exploração entendida como um “excesso”, mas da luta contra o capitalismo. As centenas de lutas de setores precários que ocorrem no país, como as da USP, de Jirau e centenas de outras, mostram a espontaneidade e como diversos setores se levantam contra suas situações específicas, mas como faz falta uma preparação das organizações de esquerda e dos sindicatos para encarar estes conflitos para além de seus limites específicos e sim como escolas de guerra como parte da preparação para que a classe trabalhadora triunfe.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

BOLETIM PÃO E ROSAS DA ECONOMIA/UNICAMP




Onde estão os encantos?

            Muitos fatos que acontecem na sociedade nos passam despercebidos. Estamos tão acostumadas à mentira de uma sociedade livre e de iguais condições somada a uma visão fatalista de nossas vidas, que acabamos por naturalizar vários tipos de violência: fome, desigualdade, falta de acesso à água potável e rede de esgoto, analfabetismo, discriminação racial, xenofobia etc. A violência contra a mulher é uma delas: a mulher morta e esquartejada pelo companheiro, a mulher que fica paralítica vítima da violência doméstica, os vários casos de estupros, de abusos, de tráfico de mulheres são capazes de nos sensibilizar, geram ódio, raiva, pena, mas não são capazes de nos mobilizar. Por exemplo, em Campinas, conforme dados da Secretaria de Segurança de SP, só nos primeiros quatro meses desse ano, foram registrados 73 casos de estupro. No estado de SP, em 2011, já ocorreram 2699 casos! Esses dados são reflexos daquilo que ocorre diariamente, e é por nós, mulheres e homens, naturalizado ou banalizado.
Segundo a Unesco, uma em cada três ou quatro meninas é abusada sexualmente antes de completar 18 anos e segundo a ONU, uma em cada em três mulheres será espancada, violentada ou estuprada em algum momento de sua vida. Qual a razão desses dados bárbaros? Na nossa sociedade capitalista patriarcal em que tudo é transformado em mercadoria, desde os direitos elementares para sobrevivência humana até o próprio ser humano e suas relações, as mulheres são vistas pelos homens e por elas mesmas como uma propriedade masculina, um objeto, e não um sujeito independente (num sentido amplo que ultrapassa o conceito meramente financeiro englobando a sua independência plena com relação ao homem, à maternidade, à família), capaz de transformar a realidade. A Igreja, o Estado burguês, a mídia possuem um papel fundamental na difusão dessa visão de mulher enquanto objeto sexual, na qual se destaca o papel reprodutivo e o papel submisso de usufruto do homem. 
Essa ideologia que legitima e gera esses atos e esses números inadmissíveis é a mesma que se expressa nas Economíadas. O que a princípio pode parecer apenas um torneio esportivo despido de qualquer conteúdo ideológico revela, num olhar mais atento e crítico, o machismo, a homofobia e o elitismo ocultos. Na Economíadas Caipira do ano passado, vimos um exemplo escancarado (!) nos hinos divulgados em material oficial da Atlética, ou seja, nas músicas que resumem os objetivos e os valores dos estudantes de economia. “Pinga, maconha, mulher e baixaria/quem manda nessa porra é Unicamp economia”, “Ela diz que é gatinha, que seu peito é natural/Diz que sua bolsa Prada foi presente de Natal/Mas eu to ligada na pura realidade/Chupa rola e dá o cu pra pagar mensalidade/ Ela é puta graduada!”, “Aqui só tem coiote louco/Quero beber, quero cheirar/Cuidado biscatinha da Puccamp porque a fodeu vai te pegar!” ou “Essa é a escola que todos desejam, mas poucos conseguem entrar/Você que tentou e não conseguiu, vai pra puta que pariu!” são alguns exemplos dos hinos cantados. 2011 é mais um ano em que esses mesmos estudantes se animam para, nos jogos e nas festas, ostentarem “a melhor escola do Brasil”, cheia de encantos - mas só para os poucos vencedores que passaram no vestibular.
Essa visão está tão presente e tão arraigada nos homens e nas mulheres, que o fato de a Atlética ter uma presidente mulher não é capaz de alterar em nada o caráter machista e opressor das festas, como a festa da Senha; dos trotes, com concursos de miss e elefantinhos; dos eventos financiados e promovidos pela entidade cujo símbolo do coiote com a coiote fêmea estereotipada, dinheiro e cerveja está sempre presente.
Esse não é um fato isolado das Economíadas, está na maioria dos jogos universitários, independente das faculdades que os organizam. No InterUnesp do ano passado vimos a expressão máxima da barbaridade que permeia esses eventos com o “Rodeio das Gordas”, no qual os homens se aproximavam das mulheres que consideravam gordas, as empurravam no chão, montavam em cima e cronometravam quanto tempo conseguiam ficar sobre elas.
            É importante lembrar que tanto o InterUnesp, como as Engenharíadas, as Economíadas e outros desses eventos recebem financiamento de empresas privadas, tais como as de cerveja, cuja publicidade machista é difundida na mídia e nesses tipos de festas, e das reitorias das universidades. No IE sabemos que a Atlética já tentou realizar acordos com empresas como o SANTANDER em troca de publicidade para o banco no uniforme dos times e dentro do instituto, além de receber uma verba da diretoria para a realização das Economíadas.
            Ao passo que, quando há a tentativa de se contrapor a esse tipo de festa, construindo de forma politizada e consciente uma outra forma de sociabilidade, sem machismo, sem homofobia, sem hierarquia, se propondo a romper com toda a tradição tão reivindicada por essas entidades, como foi no caso do Festival Contra as Opressões promovido pelo DCE da Unesp no ano passado, a resposta dada pela reitoria são processos de sindicância aos alunos organizadores. No IE não é diferente, enquanto temos o auditório negado pela direção para a realização de ciclo de estudos de autores marxistas sob a alegação de que esse não é um assunto de relevância acadêmica, a Atlética tem as portas do auditório escancaradas para a realização do seu “Momento Economíadas”.
Diante de tudo aquilo que denunciamos nas linhas acima não cabe mais aceitarmos os discursos dos que nos dizem que essa é uma questão subjetiva, apenas uma brincadeira, que depende da interpretação individual. Esta é uma situação diante da qual não podemos mais nos calar, achando que é natural. É preciso rompermos o silêncio, é preciso denunciarmos essas atitudes, boicotando esses tipos de eventos, pressionando e discutindo politicamente com e nessas entidades para mudarmos essa realidade bárbara.




A precarização do trabalho tem rosto de mulher

“Sim, a precarização do trabalho em nosso país tem rosto de mulher. E é justamente aí que reside o perigo desta constatação: o que aconteceria se milhões de mulheres pobres, trabalhadoras terceirizadas, informais, donas de casa, desempregadas, esse verdadeiro exército silencioso, se levantasse de uma só vez contra todas as formas de opressão e contra este sistema que nos explora e superexplora cada vez mais?”[1]. 
             Nosso Brasil do crescimento e desenvolvimento econômico, do Pré-Sal, da Copa do Mundo e das Olimpíadas, incluído entre as maiores economias do mundo, esconde uma realidade muito distinta dessa aí, propagada pelo governo e pela mídia burguesa para todo o mundo. O crescimento que aconteceu com o Governo Lula e continua com o da Dilma ocorreu, como apontam os dados estatísticos do IBGE, com queda no desemprego e maior criação de empregos formais, ocupados principalmente pela força de trabalho feminina. Contudo, o que permanece oculto é que estes postos de trabalho são, na realidade, trabalhos precarizados, sem estabilidade, sem condições decentes no local de trabalho e com contratos flexibilizados – sem garantia de direitos historicamente conquistados, como licença-maternidade, 8 horas diárias de trabalho e auxílios -, permitindo que os trabalhadores ganhem menos de um salário mínino.
            Essa realidade do mercado de trabalho que parece tão distante está escancarada na nossa frente. Os terceirizados da limpeza, do bandejão, da segurança, da construção civil aqui da Unicamp são todos empregados com esse tipo de contrato. Trabalham dez horas por dia, inclusive finais de semana, e recebem (líquido) menos que um salário mínimo, não possuem lugar para descansar (no IE, por exemplo, as terceirizadas descansam no bosque porque não possuem um local adequado para ficarem durante o horário de almoço), não possuem direitos trabalhistas, não podem faltar nem se estão doentes porque são ameaçados de serem demitidos, são ignorados pelos alunos, professores e funcionários efetivos, não podem conversar com estes e caso o façam podem sofrer punições, serem demitidos ou transferidos para outra unidade(essa fiscalização aqui na Unicamp tornou-se mais rígida após a tentativa de contato de alguns estudantes com os trabalhadores terceirizados e a mobilização dos primeiros contra a terceirização, no ano passado), enfim, trabalham num regime de semi-escravidão.           
            A precarização do trabalho, chamada de terceirização, atinge toda a classe trabalhadora, mas está mais presente entre nós, mulheres. Isto porque a mão-de-obra feminina, sendo considerada por nossa sociedade capitalista como inferior à masculina, recebe salários menores e este fato serve como pretexto para que o salário de toda a classe trabalhadora seja rebaixado. Nós, mulheres, ocupamos os postos de trabalho mais precarizados, com menor remuneração e com serviços que são, em sua maioria, extensão do serviço doméstico.
            Além desse trabalho realizado em condições desumanizadoras, estas trabalhadoras ainda possuem sob sua responsabilidade o serviço doméstico e o cuidado da família, realizando uma dupla jornada. De acordo com os dados do Ipea, as mulheres chefes de família e com filho trabalham cerca de 13 horas semanais a mais que os homens na mesma situação, realizam 30 horas semanais de trabalho não remunerado, ou seja, trabalho doméstico, e isso é três vezes mais do tempo gasto pelos homens na realização das mesmas tarefas. É importante ressaltar que este trabalho feito em casa é essencial para o funcionamento do capitalismo, pois irá garantir a manutenção da força de trabalho: um trabalhador precisa se alimentar, ter sua roupa lavada, passada, viver em um local limpo, caso contrário não poderá ir trabalhar e tudo isso é garantido dentro de casa, pela mulher, num papel que lhe é socialmente atribuído.
            Estas trabalhadoras, ao contrário do que muitos dizem, não realizam funções secundárias dentro da universidade, são parte dela e são essenciais para o seu funcionamento. Contudo, sabemos que embora suas tarefas sejam essenciais para o funcionamento da universidade, a estes trabalhadores e aos seus filhos nunca será dada a oportunidade de ingressar na universidade com outro papel que não este. De acordo com os dados do Inep apenas cerca de 3,5% da população brasileira tem acesso ao ensino superior. O rendimento médio per capita da população é de 1,3 salários mínimos, já o dos estudantes da Unicamp é o dobro disso, 3 salários mínimos. No caso do curso de economia, um dos mais elitizados, essa renda média salta para cerca de 4,5 salários mínimos por pessoa da família.
            Além disso, o conhecimento que é aqui gerado não retorna como benefícios para esses trabalhadores, ao contrário, são vendidos para as transnacionais em acordos com a reitoria e o governo do Estado, em troca de financiamento de laboratórios, festas, atléticas, intercâmbios aos estudantes, estágios. Estas são as mesmas transnacionais e empresas –representantes do imperialismo– que (como bem estudamos no nosso curso) no início dos anos 80, sob o pretexto de se ajustar a um ambiente instável de crise – gerada por elas – flexibilizaram, racionalizaram e terceirizaram a sua produção, aumentando os seus lucros por meio da superexploração dos trabalhadores em todo mundo, mas principalmente nos países subdesenvolvidos. 
            Estes trabalhadores e, principalmente estas trabalhadoras, mulheres, que sentem sobre si o peso da dupla exploração, dentro e fora de casa, não estão calados. Ainda nesse semestre, vimos as manifestações dos trabalhadores terceirizados em Jirau contra as condições precaríssimas de trabalho, numa obra em construção do grandioso PAC, que teve como resposta do governo federal o envio da Força de Segurança Nacional. E mais perto de nós, na USP, as trabalhadoras terceirizadas da limpeza também realizaram uma greve porque estavam trabalhando ser receber salário já havia três meses, um fato que era agravado pela razão da firma ter declarado falência. Uma greve que, no início, reivindicava apenas recebimento dos salários, transformou-se em uma luta contra a terceirização e pela efetivação sem concurso público dessas trabalhadoras, bandeira levantada também por nós do Pão e Rosas, pois se o objetivo do concurso público é provar a capacitação dessas trabalhadoras para exercerem as suas funções, a maior prova que podemos ter é o fato daquelas já as exercerem.  O apoio do SINTUSP (Sindicato dos funcionários da USP) e dos estudantes (que foram chamados pelas trabalhadoras a saírem das salas de aula e lutarem com elas) teve como resultado o pagamento dos seus salários pela Reitoria da USP, apesar de não terem sido efetivadas. É importante ressaltar que a Reitoria da USP a princípio tinha se negado a pagar estes direitos às trabalhadoras, sob a alegação de que isso era de responsabilidade da empresa que as contrataram, contudo, em razão das mobilizações, dos piquetes, dos atos e manifestações, da lutas destas trabalhadoras em aliança com os estudantes esse pagamento foi arrancado da Reitoria.
            O movimento estudantil e os centros acadêmicos (especialmente este aqui, de economia, cujos alunos estudam esta questão diariamente) devem estar juntos na luta com e por estas trabalhadoras, numa perspectiva clara de uma democratização ampla e radical do acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade, para que este tipo de trabalho realizado em condições desumanas não ocorra aqui na universidade e nem em local algum. Para que essa grande maioria, que não entra na universidade senão para limpar salas que nunca irão usar, construir prédios nos quais os seus filhos nunca poderão estudar, tenham acesso à universidade. Não podemos mais fechar os olhos e estudar em silêncio numa Universidade que explora trabalho semi-escravo de mulheres e homens para funcionar.
 
            Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, acreditamos que diante dessa realidade não adianta lutarmos sozinhas, é necessário que nós, mulheres, nos organizemos, para que juntas, nos aliando com os setores mais oprimidos da sociedade, consigamos exigir e arrancar os nossos direitos, tal qual nos ensinaram as trabalhadoras terceirizadas da USP. A nossa luta não deve ser contra os homens, mas sim contra esse sistema capitalista e patriarcal que nos explora e nos oprime diariamente – nos impondo dupla jornada de trabalho, exigindo de nós padrões de beleza inalcançáveis – e que necessita manter e perpetuar o machismo, a homofobia e o racismo pra funcionar. A emancipação da mulher, a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, não virá por meio da chegada ao poder de uma ou outra mulher, que no final estão lá não para representar as milhares de trabalhadoras, tais como as terceirizadas, mas sim para atender ao interesse de uma pequena elite, da classe burguesa. Somente a partir da nossa auto-organização e da nossa luta anticapitalista e antiimperialista numa perspectiva classista poderemos mudar esta realidade.


[1] A precarização tem rosto de mulher, ORG. Diana Assunção. Edi. ISKRA, 2011.