sexta-feira, 23 de maio de 2014

Brasil na Copa: campeão da exploração sexual

Rita Frau, membro da Executiva Nacional do MML e da Coordenação Nacional do Pão e Rosas


Em menos de um mês para iniciar a Copa do Mundo no Brasil, reabre o tema da exploração e turismo sexual. No início do ano, uma das patrocinadoras oficiais da Copa, a Adidas, lançou nos EUA camisetas que relacionavam diretamente o mundial no Brasil com o turismo sexual através do corpo de mulheres negras. Recentemente, o famoso empresário da prostituição, proprietário da boate Bahamas, Oscar Maroni, que já foi preso acusado por “favorecer a prostituição” e logo em seguida absolvido, lançou um outdoor da boate com sua cara estampada, e uma imagem de uma mulher como se estivesse fazendo sexo oral em um homem. O Ministério do Turismo se pronunciou dizendo que esta propaganda "vai em sentido oposto ao da política de promoção nacional do país realizada pelo governo".

No Brasil a prostituição e o tráfico de mulheres para a exploração sexual no exterior fazem parte de redes capitalistas envolvendo políticos, empresários, redes hoteleiras e a polícia, fazendo dos corpos das mulheres, mercadorias para gerarem lucros. O governo Dilma tem se pronunciado contra e mais recentemente lançou uma campanha chamada “Proteja Brasil – Faça Bonito”, contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, tendo Xuxa como porta voz, e disse através da ministra Eleonora Minecucci que “o governo como um todo é tolerância zero com o turismo sexual”. Ao mesmo tempo que faz todo esse falso discurso, gasta 30 bilhões para realizar a Copa que está sendo preparada às custas do suor de operários nas obras dos estádios por todo o país, da remoção de centenas de famílias das favelas do entorno dos estádios, da repressão aos que lutam por saúde, educação, transporte e moradia de qualidade. Além disso, é o governo de uma mulher que mantém as tropas brasileiras no Haiti acusadas de estupros de mulheres e que através de alianças com a igreja católica, os evangélicos e setores reacionários se nega a garantir a legalização do aborto.

Ao lado de homens como Maroni, se enquadram projetos de lei como o do deputado federal Jean Wyllis, do PSOL, que através da Lei Gabriela Leite defende a regulamentação da cafetinagem e institui que só é reconhecido como exploração sexual a “apropriação total ou maior de 50% do rendimento de prestação de serviço sexual por terceiro”; e que seria uma forma de “liberdade sexual”, na prática legalizando por via do Estado a exploração sexual das mulheres, favorecendo os lucros dos envolvidos na cafetinagem. Projetos de lei como este falam a mesma língua de Maroni, que ao se pronunciar sobre a reprovação do outdoor disse que “falar de turismo sexual é moralista e vai contra a sexualidade", mostrando que tratam a vida e o corpo das mulheres como mais uma mercadoria.

A experiência de quase 10 anos da lei Maria da Penha mostra que na democracia dos ricos ela segue sendo uma formalidade, e a cada ano o governo Dilma diminui o investimento de verba direcionado à aplicação desta lei. Isso demonstra que mesmo que haja leis formais no capitalismo não são capazes de colocar abaixo este elemento estruturante da sociedade capitalista, demonstrando que a luta contra a opressão e violência às mulheres só pode ser efetiva se for em aliança com o conjunto da classe trabalhadora. Por isso, uma política revolucionária não deve ser através da estratégia de exigência somente por mais investimentos para campanhas do governo ou então campanhas simbólicas como foi a “dos alfinetes” levada adiante pelo PSTU.
A luta contra a violência às mulheres e o turismo sexual deve ser parte do atual momento de ondas de greves e mobilizações onde a classe trabalhadora se coloca como sujeito, fazendo com que sindicatos e entidades estudantis tomem para si este combate e defendam um programa que atinja de fato o turismo sexual e a violência contra as mulheres, o que só pode ser feito combatendo os lucros gerados pela exploração sexual das mulheres, sustentada pelo Estado capitalista.

Basta de turismo sexual e tráfico de mulheres! Não à repressão às mulheres em situação de prostituição! Pela descriminalização da prostituição (fim da perseguição policial, social e penal)!

Prisão a todos os envolvidos nas redes de cafetinagem, tráfico de mulheres e turismo sexual!

Confisco dos bens e lucros de todos os empresários, políticos, policiais e cafetões envolvidos na exploração sexual de mulheres e jovens e responsáveis por propagandas que incentivam a exploração e turismo sexual!

Emprego digno e salário mínimo do DIEESE (R$ 3.019,07) para todas as mulheres!

Assistência psicológica e social garantidas por profissionais do Estado e casas abrigos sob controle das vítimas da exploração sexual, associações e organizações de mulheres! 

Não a regulamentação da cafetinagem! Contra o controle do Estado sobre nossos corpos!



sábado, 17 de maio de 2014

DEPOIMENTO | "Apenas organizadas, lutando contra a opressão e exploração podemos dar uma resposta que coloque em xeque a violência"


Depoimento de Camila Moraes, metroviária e militante do Pão e Rosas

Ontem às 6h da manhã, iniciando um dia de trabalho atendi uma mulher de 33 anos que estava aos prantos na estação, falando que iria se matar. Ela havia sofrido uma tentativa de estupro dentro de um carro de homens conhecidos. Não sei o que essa mulher passou na mão desses homens dentro do carro, mas ela estava um choque, em crise completa, imagino que - entre todo trauma e pensamentos - estava também se sentindo culpada por ter saído de noite, bebido e pegado uma carona com conhecido, que infelizmente é o que o senso comum (incluindo os que devem ser preparados para atende-la) pensa. Eu me senti completamente impotente, não sabia o que fazer, ela mesmo falou: "O que vou fazer? Fazer um B.O? Só quero ir para a minha casa..".


Casos como este devem ser atendidos pelos seguranças do Metrô, mas - não por responsabilidade destes - me deixaram atendê-la sozinha, não a toa, pois eu era a única mulher trabalhando. A situação que ela estava é de certa forma parecida com as dezenas de casos de assédio sexual que as mulheres sofrem cotidianamente no Metrô, e ontem foi muito claro para mim que é uma demagogia absurda essa ofensiva que o Metrô estava fazendo na sua campanha para denunciar o assédio, dizendo que o Metrô treina "mais de mil agentes para ajudar".

A mulher que tiver sido suja de "gozo" por ter sido assediada dentro do sistema metroviário deve ir SUJA para a Delpom (delegacia do metro) para fazer a denuncia. Ou seja, para ela poder denunciar deve se expor ao absurdo, e se ela nega ainda a culpam por não denunciar(!).
Não mulheres, vocês não são culpadas por nenhum tipo assedio e abuso ao corpo de vocês e infelizmente, quando não se sentem seguras de denunciar nos lugares instituídos pelo governo, vocês tem razão, pois tem milhares de Eliza's Samudio's para comprovar a ineficiência dessas instituições e o descaso do governo com o combate a violência contra a mulher.

Apenas organizadas, lutando contra a opressão e exploração que sofremos - junto aos nossos companheiros homens - podemos dar uma resposta que de fato coloque em xeque a violência, pois esta é completamente funcional ao sistema. Cada mulher abusada e agredida, cada negro que é discriminado, cada trans e homossexual que apanha ou é morto na rua, cada imigrante que é fadado ao trabalho escravo, fortalece o poder do capitalismo.

A divisão da classe, a partir de vários preconceitos e violências - dentro dela própria - é um passo atrás que damos na luta contra toda a miséria que a esmagadora maioria da humanidade está fadada. Lutemos contra nosso verdadeiro inimigo.

Hoje este inimigo treme, pois há greves por todos os cantos do Brasil, há trabalhadores, juventude e movimentos sociais nas ruas, se colocando como sujeitos dos próximos rumos desse país, colocando que a Dilma e seus comparsas empresários não farão o que quiser com a população brasileira, não rifarão nossos direitos por uma "Copa Padrão Fifa", não entregarão à prostituição milhares de meninas e mulheres negras.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Wendy Goldman lança "Mulher, Estado e revolução" no Brasil




Em maio de 2014, a historiadora Wendy Goldman estará no Brasil para um ciclo de conferências de lançamento de seu premiado  Mulher, Estado e revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936, publicado pela Boitempo Editorial. Durante os dias 19, 20 e 21 de maio ela passará pelas cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro em eventos gratuitos e sem necessidade de inscrição, seguidos de sessões de autógrafos.

Ganhador do prêmio Berkshire Conference, o livro examina as mudanças sociais pelas quais passou a sociedade da União Soviética nas duas décadas após a revolução de 1917, com foco nas mulheres e a relação que estabeleceram com o Estado revolucionário. Analisando a estrutura familiar, a sexualidade, o casamento e o divórcio na União Soviética, a obra explora como as mulheres responderam às tentativas bolcheviques de redefinição da instituição familiar.

Programação completa:

Campinas
Quando: 19/05 | 17h30 | Debate “A emancipação das mulheres: o debate e os desafios da luta contra o machismo como parte da experiência da revolução russa”
Com: Wendy Goldman, Diana Assunção e Renata Gonçalves
Onde: Unicamp | Auditório I do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Grupo de Pesquisa “Para Onde vai o Mundo do Trabalho?”
Apoio: Programa de Pós-Graduação de Sociologia da Unicamp, Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais da Unicamp e Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH)

São Paulo
Quando: 20/05 | 19h30 | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina), Sofia Manzano e Diana Assunção
Onde: USP | Anfiteatro de História | FFLCH 
Realização: Boitempo, Edições Iskra e FFLCH/USP
Apoio: Sintusp

Rio de Janeiro
Quando: 21/05 | 16h | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina), Diana Assunção e Carlos Eduardo Martins
Onde: UFRJ | Sala 109, Evaristo de Moraes Filho | Térreo | IFCS 
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) Apoio: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Mulher, Estado e revolução
Política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936
Wendy Goldman

A Boitempo, em parceria com a Edições ISKRA, publica o premiado livro Mulher, Estado e revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936. Escrito por Wendy Goldman, historiadora e professora da Universidade Carnegie Mellon (EUA), especializada em estudos sobre a Rússia e a União Soviética, a obra ganhou o Berkshire Conference Book Award ao examinar as mudanças sociais pela qual passou a sociedade soviética nas duas primeiras décadas pós-revolução, com foco nas mulheres, e na relação que estabeleceram com o Estado revolucionário.

O livro retrata as grandes experiências da libertação da mulher e do amor livre na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) depois da Revolução – e por que falharam, quando entrou em cena a burocracia stalinista. “Seu tema é a difícil relação entre vida material e belos ideais”, afirma Goldman. O livro examina as condições materiais da União Soviética logo após a Revolução e explora questionamentos relevantes para qualquer movimento social: quando um novo mundo poderá ser criado? Quais são as condições necessárias para se realizar ideais revolucionários? É possível que se crie total liberdade sexual para homens e mulheres sob condições de desemprego, discriminação e persistência de atitudes patriarcais? O que podemos apreender dessa experiência, depois da Revolução Russa? Combinando história política e social, o livro recupera não apenas as lições discutidas por juristas e revolucionários, mas também as lutas diárias e ideias de mulheres trabalhadoras e camponesas.

Ao chegarem ao poder em 1917, como resultado de uma revolução, e com esperanças de construir um mundo novo, muitos juristas, educadores e outros militantes sonharam com novas possibilidades. Os bolcheviques lutavam para que, sob o socialismo, a instituição “família” definhasse; para que o trabalho doméstico não remunerado das mulheres fosse substituído por lavanderias, creches e refeitórios comunitários; para que o afeto e o respeito mútuos substituíssem a dependência jurídica e financeira como base das relações entre os gêneros. Uma geração de legisladores soviéticos se empenhou em concretizar essa visão e como parte dela, em 1920, legalizaram o aborto, que passou a ser considerado um serviço público e gratuito.

É importante destacar que os bolcheviques tiveram uma política aberta sobre as relações pessoais, especialmente considerando o atraso social e cultural da Rússia. A ideia de “amor livre” e as relações hierárquicas entre pais e filhos foram temas amplamente debatidos. “Em uma cultura patriarcal, os pais exerciam um controle tremendo sobre as mães e as crianças. Tomavam decisões sobre o matrimônio, a educação e o trabalho. Os bolcheviques queriam abolir esse controle, em favor dos direitos do indivíduo, do ser humano”, afirma Goldman. "Questionaram as hierarquias de todo tipo, não somente aquelas dentro da família. O Exército Vermelho foi reconstruído sob novas regras, mais democráticas em termos de relações entre oficiais e soldados. As escolas tornaram-se mistas, e os professores, estudantes e trabalhadores criaram Sovietes para governá-las. Os juristas discutiam o ‘desaparecimento’ da lei e do Estado e faziam leis destinadas a alentar esse objetivo. Inclusive desafiaram as hierarquias na arte e na música. Na década de 1920, os músicos soviéticos experimentaram uma ‘orquestra sem diretor’. Foi um momento de grande nivelamento e de experimentação apaixonante em todas as áreas da vida”.

No entanto, uma década e meia depois, com a atuação de forças contrarrevolucionárias, a legalidade do aborto foi revogada e a experimentação social deu cada vez mais lugar a soluções conservadoras, que reforçaram as amarras da família tradicional e o papel reprodutivo da mulher. A autora analisa nesse contexto como as mulheres responderam às tentativas de refazer a família, com Stalin defendendo a “volta à família e ao lar”; e como suas opiniões e experiências foram utilizadas pelo Estado para atender as suas próprias necessidades. A edição brasileira do livro será enriquecida com fotografias da época e textos complementares, como o texto de capa de Liliana Segnini, professora do Departamento de Ciências Sociais da Unicamp, e o prólogo escrito por Diana Assunção, historiadora e militante dos direitos das mulheres.
Dia Internacional da Mulher, 1917, Pitsburgo, Rússia


Trecho do livro:
“Uma vez que havia expectativa generalizada de que a família iria definhar, a questão de como organizar o trabalho doméstico provocou extensa discussão. Lenin falou e escreveu repetidas vezes sobre a necessidade de socializar o trabalho doméstico, descrevendo-o como ‘o mais improdutivo, o mais selvagem e o mais árduo trabalho que a mulher pode fazer’. Sem poupar adjetivos duros, escreveu que o trabalho doméstico banal ‘esmaga’ e ‘degrada’ a mulher, ‘a amarra à cozinha e ao berçário’ onde ‘ela desperdiça seu trabalho em uma azáfama barbaramente improdutiva, banal, torturante e atrofiante’. Lenin obviamente desprezava o trabalho doméstico. Argumentava que ‘a verdadeira emancipação das mulheres’ deve incluir não somente igualdade legal, mas também ‘a transformação integral’ do trabalho doméstico em trabalho socializado.”

Sobre a autora:
Wendy Goldman é professora do Departamento de História da Carnegie Mellon University e especialista em estudos políticos e sociais sobre a Rússia e a União Soviética. Autora de diversos livros sobre o terror stalinista, gênero e classe trabalhadora, já foi traduzida para o russo, espanhol, italiano, alemão, francês, tcheco e japonês.  Com o livro Mulher, Estado e revolução, ganhou o Berkshire Conference Book Award, em 1994. É diretora de um intercâmbio universitário entre a Carnegie Mellon e a Universidade Estadual para Humanidades, em Moscou.

Ficha técnica:
Título: Mulher, Estado e revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936
Título original: Women, the State and Revolution: Soviet Family Policy and Social Life, 1917-1936
Autora: Wendy Goldman
Prólogo: Diana Assunção
Orelha: Liliana Segnini
Páginas: 400
ISBN: 978-85-7559-364-6
Preço: R$ 49,00
Editoras: Boitempo e Edições ISKRA

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terça-feira, 6 de maio de 2014

Boletim Pão e Rosas - Especial Metroviárias



Não podemos aceitar operar um trem e trabalhar nas estações com mulheres sendo assediadas!

          A realidade da violência contra a mulher e estupros no nosso país é gritante. São mais de 50 mil mulheres estupradas por ano e uma média de 5 mil mulheres mortas. Contando com as que não denunciam por medo, vergonha ou por desacreditar da polícia, que na maioria dos casos comprem um papel de humilhá-la ainda mais (até mesmo nas Delegacias da Mulher), os números são ainda piores. Essa discussão ficou evidente pela pesquisa publicada pelo IPEA, que divulgou um dado de que 65% dos entrevistados concordavam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Posteriormente, assumiram o erro e divulgaram o dado correto de 26%, que não deixa de ser um número alto. Também ganhou destaque o assédio nos transportes depois da propaganda do Metrô e do governo do estado de SP que dizia que “o trem cheio é bom porque dá pra xavecar a mulherada”. O que eles querem é justificar os assédios, justificar o machismo e tirar o foco da responsabilidade que têm por conta da superlotação.
            O Metrô de São Paulo está no olho do furacão. Somente este ano já foram registrados cerca de 20 casos. Nós, trabalhadoras e trabalhadores do Metrô, não podemos aceitar trabalhar em estações ou operar trens normalmente, enquanto tem mulheres sendo assediadas ou violentadas! Por isso nós do Pão e Rosas interviemos no Seminário da Campanha Salarial do Metrô propondo uma verdadeira campanha contra o assédio sexual. Achamos que trabalhadores e trabalhadoras do Metrô podem, junto com a população usuária, fazer efetivamente diferença para dar um basta nessa situação!
            Lutamos para que a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários elabore, junto às metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com fotos, cartazes, vídeos e painéis, além de um anúncio sonoro nos vagões contra o assédio. Que o Metrô disponibilize espaço na TV do trem e nos painéis publicitários para esta campanha. E nós, operadores e operadoras de trem e funcionários das estações, devemos emitir esse anúncio, deixando claro que os metroviários estão do lado das mulheres no combate à violência, chamando a que as mulheres denunciem os casos para a secretaria de mulheres do sindicato e denunciando a responsabilidade do governo e da empresa. Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres violentadas ou assediadas devem ter direito a licenças remuneradas no trabalho e assistência financeira garantida pelo Metrô, com tratamento físico e psicológico!
                 Acreditamos que essa é a forma de colocar as metroviárias e metroviários em ação, buscando fazer a diferença na luta contra o assédio e se aliar a população usuária, em especial às mulheres. Nada a ver com a política do PSTU (em nome do Movimento Mulheres em Luta) de distribuição de alfinetes, que não à toa perdeu a votação no Seminário da Campanha Salarial do Metrô, já que os trabalhadores não consideram que se trata de uma campanha efetiva ou a política também defendida pelo PSTU da implantação dos vagões exclusivos para mulheres nos horários de pico, uma medida que segrega a mulher, naturalizando a situação de assédio.
                 Chamamos todos que tem acordo com a perspectiva que apresentamos aqui a se somar na luta cotidiana contra a opressão às mulheres!


 Lutar pelas demandas das trabalhadoras terceirizadas nessa campanha salarial!

Recentemente, as trabalhadoras da Higilimp (limpeza da L1 Azul) se organizaram e fizeram uma grande campanha nas eleições da CIPA, com apoio dos Metroviários pela Base e do Pão e Rosas. Conseguiram eleger uma bancada da CIPA que pela primeira vez não tem nenhuma representante direto da empresa, o que representa um novo passo no sentido da luta contra as condições de trabalho semi-escravas que essas trabalhadoras estão submetidas! Nós do Pão e Rosas defendemos que, além de nossas demandas e das demandas dos usuários, devemos defender também as demandas das trabalhadoras terceirizadas (maioria mulheres) nessa campanha salarial para fortalecer ainda mais essa luta!
- bilhete de serviço para todos os terceirizados do Metrô!
- Pagamento do VA para as trabalhadoras da Higilimp!
- Plano de saúde para os terceirizados! Que qualquer atestado seja aceito pelas empresas e que não tenha nenhum desconto por falta justificada!
- Licença maternidade de 6 meses para as terceirizadas!


É só uma piada?!
 
            Por meio de declarações feitas por pessoas que participaram de treinamentos oferecidos pelo metrô, sabemos que há instrutores fazendo colocações machistas, racistas e homofóbicas. Israel Cravo, instrutor do treinamento de bilheteria, é um deles e, não à toa, foi e é alvo de muitas reclamações vindas de pessoas que se sentem ofendidas e desrespeitadas por seus comentários. Quando questionado sobre o caráter preconceituoso do que diz, este instrutor afirma que está apenas fazendo brincadeiras e piadas “inofensivas”.
             Há muito tempo ocorrem casos de abuso sexual no metrô de São Paulo e percebemos que ao invés de promoverem discussões críticas sobre o assunto, contribuindo para que haja a compreensão de como essa situação é humilhante e agressiva às vítimas, alguns instrutores reforçam e perpetuam preconceitos através de suas observações e “piadas”.
          No Brasil, 15 mulheres são mortas por dia, uma a cada uma hora e meia. Negros são assassinados três vezes mais do que brancos e um homossexual é morto a cada 28 horas no país, sendo que 44% de todos os casos letais de homofobia do planeta ocorreram aqui.
            Não deve haver nenhum espaço para comentários e piadas preconceituosas no treinamento do metrô de São Paulo. Este comportamento deve ser completamente repudiado e combatido, pois reproduz e perpetua graves preconceitos e, sendo assim, contribui para que pessoas continuem sendo desrespeitadas, excluídas, agredidas e assassinadas.
         Por tudo que foi colocado, exigimos a retirada do instrutor Israel Cravo do treinamento de bilheteria! Já houve inúmeras reclamações sobre a postura preconceituosa deste instrutor e não existe justificativa para que ele continue dando o treinamento. É urgente que uma pessoa que respeite as diversidades humanas assuma este treinamento! Estaremos atentas a qualquer comportamento e colocação preconceituosa.
            Há, além disso, o anúncio de que o metrô conta com mil agentes de segurança treinados para receberem as vítimas de assédio sexual. No entanto, sabemos que esta é uma propaganda enganosa! O metrô não oferece treinamento para que os funcionários saibam lidar de maneira adequada com essa situação e assim, além de fazer com que a vítima não tenha o acolhimento necessário, a empresa coloca os funcionários em uma posição delicada ao terem que enfrentar uma realidade para a qual não foram preparados.
          É imprescindível que o metrô forneça um treinamento voltado para o atendimento às vítimas de opressão, com participação das secretarias de mulheres e de negros do sindicato.
Todxs merecem dignidade e respeito!

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Venha junto com o Pão e Rosas ao Lançamento da Cartilha sobre Violência contra a Mulher do Movimento Mulheres em Luta!
Dia 10/05, a partir das 14h, no sindicato dos Metroviários!

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GRANDE LANÇAMENTO do livro A MULHER, O ESTADO E A REVOLUÇÃO!
Inédito em português!
Com a presença da autora, a historiadora norte-americana Wendy Goldman e também Andrea D’Atri (autora do prefácio da edição Argentina e dirigente do Pan y Rosas Argentina), além de Diana Assunção (autora do prólogo à edição brasileira e dirigente do Pão e Rosas Brasil)
Dia 20 de Maio em São Paulo!