
Ao abrir para discussão no MIS, foram feitas algumas colocações pelos participantes da atividade, tais como o fato de as mulheres pobres e trabalhadoras serem as mais que mais sofrem com a criminalização do aborto, pois não possuem condições financeiras de realizar aborto em uma clínica. Apontou-se no debate o número de mulheres brasileiras que realizam aborto em condições clandestinas (750 mil a 1 milhão/ano), sendo que 50% destes abortos são realizados por mulheres em seus lares, em péssimas condições de higiene (dados do Ministério da Saúde).
O direito à maternidade não é respeitado pelo Estado, quando não há acesso a saúde, educação e moradia com dignidade, porém este mesmo Estado penaliza as mulheres quando praticam o aborto. Além disso, foi colocado o momento político de uma ofensiva de setores “pró-vida”, prova disso foi a 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, realizada em Brasília no último 30 de agosto e também o 2º Encontro Mundial em Defesa da Vida, que acontecerá em 2010, no Brasil, visto como um país exemplo no combate ao aborto. Apesar disto, militantes que defendem a legalização do aborto estão pressionando seus partidos a se colocarem a favor do direito das mulheres, pois estes partidos possuem figuras públicas contrárias à legalização.

Além disso, levantou-se a questão dos papéis que são impostos à mulher em nossa sociedade como o de mãe, ou seja, a maternidade se configura como um dever e não como um direito. O papel de dona-de-casa e/ou esposa, que prepara tudo, lava, passa, cozinha para que o marido trabalhe fora e perpetue a sociedade capitalista. O papel de “mercadoria” com a exposição de seu corpo em propagandas da mídia, em geral. E por fim, a mulher que “adquiriu” o direito de trabalhar fora, mas que capitalismo se utilizou disto para maior exploração da classe trabalhadora, pois a mulher, em geral, acaba recebendo salários mais baixos do que os homens, além de ocupar os cargos mais precários, como os trabalhos terceirizados, telemarketing, etc... Por fim, o debate levantou a conclusão de que a superação do machismo somente ocorrerá com a superação do capitalismo, pois este faz com que a mulher seja oprimida e explorada.
Com isso, o grupo de mulheres Pão e Rosas convidou a todos os presentes na atividade dos MIS para participação do ato na Praça da Sé, dia 28 de setembro, que é o dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto e demais atividades da Campanha latino-americana pelo direito ao aborto.
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