Por Luciana Machado, estudante da Letras e integrante do Pão e Rosas
Suely Vilela ajudou a escancarar ainda mais a estrutura de poder totalmente antidemocrática dessa universidade. Além de ter prosseguido com o projeto privatizante do governo para a USP, apresentou, no último semestre, a sua cara mais nefasta. Demissão – inconstitucional – de um dirigente sindical, Claudionor Brandão; sindicâncias e processos judiciais contra trabalhadores, estudantes e professores ativistas; retirada de espaços estudantis; implementação da UNIVESP para cursos de licenciatura (onde estudam, na maior parte, mulheres); e, para fechar com chave de ouro, a utilização da repressão policial dentro do campus como não se via desde a ditadura militar, no dia 9 de junho desse ano.
Além disso, sabemos que o fato de termos uma reitora mulher não muda em nada a opressão a nós mulheres e aos homossexuais dentro da universidade. Sabemos de denúncias de assédios sexuais a estudantes na moradia e no campus. Vemos a truculência e o machismo da guarda universitária – comandada pela reitoria; ou então os vários casos da guarda reprimindo casais de homossexuais por se beijarem em público. Vemos ainda uma disparidade enorme entre os professores, dos quais apenas 35,8% são mulheres, segundo o anuário estatístico da USP. E qual a função dentro da universidade ocupada majoritariamente por mulheres, principalmente negras? A terceirização, trabalho semi-escravo, salário miserável, e assédios morais e sexuais; e à qual a magnífica reitora aumentou a destinação de verbas em 45% em relação a 2008.
Diante de tais evidências, acreditamos que não basta que possamos escolher o reitor por via de eleições diretas, como alguns setores do movimento colocam. O problema não é o REI que assume a cadeira, e sim a MONARQUIA que está instaurada! É essa estrutura que vigora que permite que os estudantes e trabalhadores dessa universidade sejam totalmente excluídos na hora das decisões, e que sejamos atacados quando nos manifestamos.
Por isso precisamos apoiar a anti-candidatura de Chico de Oliveira, impulsionada por trabalhadores, estudantes e professores da USP que colocam a necessidade do boicote ativo ao processo eleitoral espúrio que é chamado pela reitoria como se nada tivesse acontecido no primeiro semestre! Que coloquemos abaixo o Conselho Universitário e convoquemos uma estatuinte livre e soberana para que toda a comunidade universitária possa decidir como será o governo da universidade e suas prioridades! Que façamos uma forte campanha contra a terceirização e pela incorporação de todos os trabalhadores sem concurso! E, como medida elementar, que impulsionemos uma forte campanha contra a repressão, pela reintegração de Brandão e retirada de todos os processos a estudantes e trabalhadores; pois não podemos lutar pela democracia se os nossos direitos mais elementares, o de nos manifestarmos, não forem resguardados. E queremos nos colocar ao lado dos estudantes e trabalhadores por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo. Abaixo à repressão! Democracia na USP já!
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