quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estamos com as mulheres das universidades estaduais paulistas EM GREVE! Venha constuir junto do Pão e Rosas o II Encontro de Mulheres da Conlutas!

Leia as contribuições do grupo de mulheres Pão e Rosas ao II Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas e a tese do Pão e Rosas ao Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT) em nosso blog!

Todo apoio à greve das trabalhadoras e trabalhadores das universidades estaduais paulistas!

Boletim Pão e Rosas Campinas distribuído no último ato do(a)s trabalhadore(a)s e estudantes das universidades estaduais paulistas, dia 26/05 na UNICAMP/SP.

Apoiamos ativamente a luta dos funcionários da USP, UNESP e UNICAMP, aos quais se somam agora os estudantes das Ciências sociais da UNESP de Marília. Somos um grupo de mulheres militantes, formado por trabalhadoras e estudantes, e em nossos locais de trabalho e estudo também estamos construindo e nos solidarizando a esta greve. Em primeiro lugar porque consideramos legítimas as reivindicações dos trabalhadores. A política dos reitores, como Rodas na USP, que concedeu aumento de 6% apenas aos professores, quebrando a isonomia que vigora há anos e buscando assim dividir professores e funcionários desde o início, deve ser combatida por todos que lutam em defesa de uma universidade pública, gratuita, de qualidade, democrática e a serviço dos trabalhadores. É preciso lutar pela unidade da classe trabalhadora, e considerar que toda divisão imposta pelo governo e pelos reitores é uma forma de ataque e enfraquecimento da luta.

Além disso, nesse momento talvez a demanda mais elementar que se coloca para o conjunto dos trabalhadores é a própria defesa do direito democrático de greve. Um dia antes de ter início a greve na USP, a reitoria já ameaçou com multas e cortes de ponto, como forma de acuá-los e dissuadi-los de lutar, dando continuidade a mesma política repressiva que levou a demissão de Brandão, diretor do SINTUSP, e à entrada da polícia na USP no ano passado. De forma exemplar, os trabalhadores não se deixaram abater e a greve somente cresceu desde então. Nós do Pão e Rosas achamos que a luta pelo direito democrático de greve deve ser travada com toda a força, pois quando se deixa passar um ataque como este, não é somente contra uma categoria em greve, mas contra toda a classe.

E é por tudo isso que chamamos todas e todos a saírem às ruas e realizar a mais ampla campanha em defesa do direito de greve e manifestação exigindo que não haja nenhuma punição aos lutadores e lutadoras das estaduais paulistas, começando pela retirada de todos os processos administrativos e judiciais contra estudantes e funcionários e a readmissão imediata de Claudionor Brandão!

Para resistir contra a precarização,
precisamos nos unir!
Pela efetivação imediata da(o)s trabalhadora(e)s tercerizada(o)s!
Por Thais Martin - C. Sociais 08

Não é de hoje que o discurso de diminuição dos gastos públicos é utilizado pelo neoliberalismo como forma de intensificar a exploração da classe trabalhadora. Dentro da universidade uma destas formas de exploração, a terceirização vem ganhando cada vez mais espaço e com isto, dividindo os funcionários em efetivos e terceirizados, enfraquecendo a luta pelos seus direitos.

A terceirização nada mais é do que uma forma de contratar trabalhadores, em sua maioria mulheres, de forma precarizada, com contratos temporários, salários rebaixados, sofrendo assédio moral, atrasos nos salários, etc. e ainda "separados" do conjunto dos trabalhadores, e da comunidade acadêmica. As mulheres são mais afetadas pela terceirização porque são historicamente oprimidas, e por isso são consideradas mão de obra de menor valor. E como os serviços de limpeza e asseio são naturalizados como sendo tipicamente feminino, eles também são desvalorizados, e é nesse setor que a terceirização é mais comum, em especial nas universidades. Por isso também é importante lutar contra a terceirização e pela efetivação dos funcionários terceirizados, e incorporar essa bandeira na luta das estaduais, como tem feito o SINTUSP.

Diante disto e frente a greve das estaduais, faz-se necessária uma ampla discussão sobre como a terceirização afeta a unidade da classe trabalhadora e de como incorporar na pauta das reivindicações dos efetivos as demandas dos trabalhadores terceirizados.

Assim, nos do pão e rosas defendemos a efetivação imediata dos terceirizados sem concurso publico e unidade entre estudantes, professores e funcionários na luta por uma universidade gratuita, com ensino de qualidade e a serviço da classe trabalhadora

“Podemos ser as rainhas do lar, mas não temos o direito de moradia para estudar”
Por creches e moradias para que todas mulheres trabalhadoras possam estudar!

Por Fernanda S. – C.Sociais 09 e Flávia - Economia 09

A estrutura de poder antidemocrática das universidades públicas legitima o processo de privatização da Universidade, por meio do financiamento das pesquisas pelo capital privado, direcionando todo conhecimento produzido a serviço das empresas e favorecendo uma pequena elite dominante. Existe ainda o caráter excludente e elitista das universidades: começando pelo vestibular, que na verdade é um filtro social, que legitima a exclusão social de milhares de pessoas que não tem condições de pagar escolas e cursinhos preparatórios para o vestibular. E ainda, depois de passado o martírio interminável das provas, é preciso encarar a falta de uma estrutura que garanta aos estudantes de origem pobre e da classe trabalhadora, condições de vida para seguirem nos cursos.

Nesta Universidade também se reproduz o machismo, o racismo e homofobia, e a luta pela permanência estudantil é fundamental, com especial atenção as mulheres, pois nos educam dizendo que o sentido de nossas vidas é a maternidade, mas a situação das estudantes mães solteiras da Unicamp é lastimável. Mães de filhos maiores de 7 anos estão tendo que deixar a moradia, pois é proibida a permanência de crianças com o falso argumento de que o ambiente não seria seguro para os pequenos. E ainda, apenas as estudantes que possuem uma relação estável com os pais de seus filhos, constituindo um núcleo familiar tradicional, tem acesso aos estúdios (apartamentos um pouco maiores que os normais nas moradias estudantis), enquanto as mães solteiras enfrentam a excessiva burocracia e o preconceito para garantirem seu direito à moradia, deixando claro o caráter moralista machista da universidade. Além da falta de moradia, não proporcionam sequer creches para que as mães, estudantes e trabalhadoras, deixem seus filhos. Por isso, temos que reivindicar creches e moradias estudantis que garantam que as mulheres trabalhadoras e pobres possam estudar!

Além disso, estudantes e trabalhadoras são vítimas de assédio moral e de estupros e assédio sexual na universidade e moradia. Não podemos aceitar caladas este tipo de violência e deixar nas mãos da burocracia acadêmica a sentença desses crimes!Basta de violência às mulheres dentro e fora da Universidade!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Fora as tropas do Haiti: Pão e Rosas presente em atividade em Paraisópolis/SP

Na última sexta-feira, 21 de maio, o Pão e Rosas esteve presente na escola Etelvina Góes Marcucci, na favela do Paraisópolis, zona sul de São Paulo juntamente com o Comitê Pró Haiti. O pátio da escola estava cheio, com cerca de 200 alunos do período noturno, que atentamente assistiram a um filme sobre a atualidade do Haiti e depois puderam ouvir as falas sobre as lutas históricas dos haitianos e o combate à ocupação militar dos Estados Unidos e da ONU, comandada pelo exército brasileiro.

Aline Santos, do Pão e Rosas, falou contra o genocídio da população negra no Haiti e nas favelas e morros no Brasil, com a forte denúncia ao governo Lula/PT e sua aliança com Obama, presidente negro dos EUA, na violência contra as mulheres haitianas.

Tomemos esse exemplo e sem deixar nossa campanha morrer, vamos levar às escolas a defesa de nossos irmãos e irmãs haitianos e dizer à juventude que não há capitalismo sem opressão e não há verdadeira liberdade sem seu fim! Pela luta das mulheres haitianas: Fora as tropas do Ayiti!!!!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Terça, 25/05: 2º Encontro de trabalhadoras da USP (EM GREVE!), às 10h no auditório da Educação. Rumo ao Encontro de Mulheres da Conlutas!

Foto do recém lançamento da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadore(a)s da USP. Agora, as trabalhadoras em greve enfretando o governo, a reitoria e a "justiça" burguesa, vão discutir e se preparar para o II Encontro de Mulheres da Conlutas (saiba mais sobre escrevendo para paoerosasbr@gmail.com)

Contribuição do Pão e Rosas ao II Encontro de Mulheres da Conlutas

Nós, estudantes e trabalhadoras do grupo de mulheres Pão e Rosas, atuamos politicamente não somente nos espaços “específicos” de discussão de opressão, mas discutimos a política sobre a situação internacional e nacional, tendo em vista a luta de classes ligada à luta pelas demandas das mulheres. Isso porque partimos da compreensão que somente a classe trabalhadora organizada de forma independente dos patrões, dos governos e da burguesia e seus partidos, pode ser o sujeito capaz de nos livrar da opressão e exploração em que vivemos.

Mas isso não pode se dar sem que a classe trabalhadora lute contra a divisão de suas fileiras. Porque o capitalismo, como sistema de opressão e exploração, em que a burguesia se apropria das riquezas geradas pelo trabalho da classe trabalhadora, é o mesmo sistema que para seguir reinando nos divide utilizando-se do machismo e da opressão imposta às mulheres, mas também se utilizando da precarização e terceirização do trabalho em cujas fileiras também encontramos um grande contingente feminino. Além disso, historicamente o baixo salário pagos às mulheres serve como mecanismo que contribui para que haja um rebaixamento salarial de toda a classe trabalhadora, assim como, ao explorar nossos e nossas irmãs de classe de outros países pagando menores salários, também contribui para que a burguesia rebaixe os salários internacionalmente e nos relegue ao desemprego enquanto extrai lucros extraordinários.

Nós mulheres ainda recebemos menos que os homens pelos mesmos trabalhos realizados. Apesar de que no governo Lula tente-se alardear supostas conquistas das mulheres, as mulheres trabalhadoras nada temos a comemorar: para além da diferença salarial de até 43% menor em relação ao homem, compomos 70% da população abaixo da linha de pobreza e 2/3 dos analfabetos no mundo. Cerca de 6 mil mulheres morrem por ano, somente na América Latina, em função de abortos clandestinos. A situação da mulher negra no mercado de trabalho é ainda mais desigual: segundo pesquisas do IBGE (2006), enquanto a média salarial entre as mulheres brancas no país era de R$ 1.046,48, entre as mulheres negras era de R$ 532,65. Entre os empregos mais precarizados, informais e terceirizados as mulheres são grande parte. Há um crescente índice de assassinatos e violência contra as mulheres, violência que somente serve a nossos exploradores. E ainda somos as únicas responsáveis por todo trabalho doméstico, do qual os capitalistas se valem para seguir com seus lucros nas alturas.

Partindo do princípio de independência de classe, compreendemos que não pode libertar-se da opressão quem oprime a outros. Frente a isso uma central sindical operária e popular (que será fruto do CONCLAT) precisa e deve elevar a consciência de classe dos e das trabalhadoras, plasmando cotidianamente em suas bases questões relativas aos direitos das mulheres e ao combate às opressões, pois de outro modo se distanciaria a nossa luta pela conquista de uma sociedade sem exploradores nem explorados, pois seguiríamos silenciosos/as frente a esta sociedade que condena as mulheres trabalhadoras a condições humilhantes de opressão e exploração, deixando de trazer para o movimento milhões de mulheres.

A barbárie que ameaça milhões de seres humanos, mas particularmente as mulheres e crianças, é também o resultado da combinação do patriarcado ancestral com a selvageria imposta pelo mais moderno sistema capitalista. Esse sistema econômico funciona, melhor ainda, sob a cara dos regimes democráticos, que apenas recentemente dão passos na participação das mulheres nos parlamentos, ministérios, tribunais, exércitos e, inclusive, nos mais altos cargos do poder executivo. Para milhões de mulheres, entretanto, a igualdade nos marcos deste sistema capitalista se apresenta como uma utopia inalcançável. Igualdade com quem? Com a norte-americana Condoleezza Rice, mulher e negra responsável pela guerra no Iraque? Será ela igual às mulheres haitianas que vivem na miséria, estupradas e reprimidas pelas tropas da ONU, do Brasil, dos EUA, e de outros países?

Não há igualdade sequer com o companheiro que, ao nosso lado, sofre também a exploração imposta pela minoria de proprietários dos meios de produção. Jamais se alcançará a igualdade com essa minoria parasita que vive na abundância enquanto existir a propriedade privada, dividindo a sociedade em uns poucos que têm tudo e uma imensa maioria que só possui a força de seus braços para se manter na vida. Acreditamos sim na igualdade de condições para lutar, não numa suposta igualdade “entre os gêneros” almejada dentro dos marcos do capitalismo, como é a perspectiva adotada pela direção da Marcha Mundial de Mulheres , da Secretaria de Mulheres da CUT, entre outras ONGs e várias organizações que são atreladas ao governo Lula. Essas organizações não são capazes de lutar sem trégua pelos direitos das mulheres, porque teriam que lutar contra o governo que defendem ou contra aqueles que as financiam. Além disso, porque sua estratégia não é a transformação social e a derrubada do capitalismo, mas sim a defesa de uma suposta igualdade nos marcos dessa democracia dos ricos em que vivemos e conseqüentemente demonstram que na verdade defendem o capitalismo. É por isso que precisamos nos dirigir às suas bases para mostrar nossa política, desmascarar o governo, apontando a perspectiva de que nossa luta é independente dos patrões e governos (e também deve ser da Igreja se queremos lutar de fato pelo direito ao aborto, diferente do último 1º de maio realizado em São Paulo), pois somente assim podemos ser vitoriosas e, desta forma, buscar trazer o máximo de companheiras enganadas pelas demagogias do governo e de suas direções para o Movimento Mulheres em Luta.

Compreendemos que na luta que temos que travar cotidianamente em defesa e na conquista de nossos direitos mais elementares, sempre tendo em vista fortalecermos a cada passo em nossa luta para derrubar o capitalismo, a unidade das fileiras da classe trabalhadora, as demandas democráticas das mulheres e a luta contra sua opressão, a luta contra a opressão dos negros e LGBTT; não se tratam apenas de pontos que elencamos ao final de nossas teses, pontos que somente agitamos no 8 de março, no 20 de novembro, em datas especificas que até mesmo agências imperialistas como a ONU pode incorporar, mas se trata de questões também fundamentais para toda a classe trabalhadora. É preciso romper com a lógica de datas marcadas para lutar pelos nossos direitos se almejamos arrancá-los da burguesia e governos, mesma lógica que é imposta pela patronal, governos e toda legislação, através das “datas-base” que determina qual dia “podemos” iniciar nossa luta e determina que o teor dessa luta só pode ser salarial e não política, o que contribui ainda mais para dividir e disciplinar a nossa classe que luta em datas diferentes e na maioria das vezes por lutas somente econômicas. Devemos lutar para que os sindicatos incorporem as bandeiras aqui discutidas como parte do seu programa e que não somente se expressem como notas de rodapé de suas cartilhas, mas sim sejam parte orgânica das lutas.

Dizer um basta a tudo isso e contribuir para forjar uma nova tradição no movimento sindical, popular e de mulheres é uma das tarefas primordiais desse Encontro de Mulheres da Conlutas! Diante disto, consideramos que a unificação de centrais sindicais que se dará daqui a 3 dias deve se dar em torno das discussões que dizem respeito ao programa, independência de classe e atuação política na realidade (na luta de classes) para que não seja somente uma unificação por cima, mas sim uma forma de organizar os trabalhadores e trabalhadoras desde a base com um programa afiado para enfrentar os patrões, os governos e a burguesia.

Chamamos a todas as mulheres, da cidade e do campo, correntes políticas e sindicais, movimentos de mulheres, de negros, de LGBTT, de direitos humanos e da juventude, que concordem com nossas propostas ou compartilham os conteúdos aqui expostos a nos unirmos neste Encontro de Mulheres da Conlutas, rumo ao Congresso da Conlutas e ao CONCLAT.

INTERNACIONAL

A crise capitalista internacional não viu seu fim. Desenvolve-se o segundo capítulo da crise, principalmente com novas mostras na Europa, tendo máxima expressão hoje na crise grega. Os governos capitalistas no auge da crise no final de 2008 e 2009 socorreram os capitalistas, transferindo essa dívida para os Estados. O resultado hoje já se sente em alguns países da Europa com os chamados “planos de ajustes” que são verdadeiros ataques às condições de vida da classe trabalhadora. Medidas como corte dos salários do funcionalismo público, fim da licença maternidade, aposentadoria antecipada, saúde pública gratuita, seguro desemprego, entre outros. Tudo isso nada mais é do que a tentativa de descarregar sobre as costas dos trabalhadores os efeitos da crise gerada pelos próprios capitalistas. Na Grécia, os trabalhadores mostram o caminho da luta de classes, já tendo realizado três greves gerais recentemente.

Na América Latina vemos uma ofensiva dos Estados Unidos buscando se relocalizar nos marcos do governo de Obama, que também não deixa de demonstrar sua mão dura com a ofensiva militar no Afeganistão. Aqui, vimos a implantação das bases militares na Colômbia. Além disso, Obama deixou se sustentar o golpe militar em Honduras que em alguns meses reprimiu duramente a resistência, que, aliás, teve um papel fundamental das mulheres. Desde o início do ano, após o terremoto no Haiti, os Estados Unidos estabeleceram um controle militar direto naquele país com o envio de 12 mil soldados, que significam para o povo negro haitiano mais repressão junto à miséria a que estão submetidos. Nós do Pão e Rosas temos impulsionado desde 2009 a campanha Somos as negras do Haiti, denunciando os abusos das tropas da MINUSTAH, comandadas pelo exército de Lula, que se revelam com os inúmeros casos de estupros, exploração sexual, etc.

Também é nossa tarefa denunciar o imperialismo com rosto de mulher. Hillary Clinton veio recentemente ao Brasil negociar com Lula o reconhecimento do governo golpista de Honduras, que assassina as feministas e a juventude que seguem resistindo ao golpe instaurado nesse país há mais de um ano. A mesma Hillary esteve no Chile abalado por um terremoto no começo do ano e anunciou à então presidente chilena, Michele Bachelet, que os EUA estão dispostos a “qualquer ajuda” para reprimir a população chilena que, sem casas, comida nem água, vão as ruas em busca de sobrevivência. Michelle Bachelet colocou 14 mil soldados nas ruas para manter o povo faminto e sedento em “ordem” e longe das cheias prateleiras dos grandes supermercados, defendendo a propriedade privada quando a população mais necessitava. Essa é mais uma mostra de que meia dúzia de mulheres no poder nada muda a situação das mulheres oprimidas e exploradas pelo capitalismo. E apesar de muitas feministas afirmarem como estratégia para sua luta que as mulheres devam ocupar os espaços de poder, acreditamos que as Hillary Clinton, Michelle Bachelet, Condolezza Rice, Ângela Merkel, Cristina Kirchner e mesmo Dilma Rousseff e Marina Silva, são mulheres que representam os interesses do imperialismo, da burguesia e dos patrões, e, portanto, nada farão pelos reais interesses e necessidades das mulheres oprimidas e exploradas.

Recentemente, temos visto ainda no plano internacional, o desenvolvimento de uma crise na Igreja Católica, a partir das denúncias de casos de pedofilia praticados por padres e bispos. A Igreja tem gozado da impunidade, além de indicar a homossexualidade como o causador desses atos, incitando e adotando uma postura homofóbica. Não podemos aceitar caladas tal situação. Enquanto seguem impunes os padres e bispos abusadores, a Igreja segue condenando as mulheres que praticam aborto. Ao mesmo tempo, neste ano, será realizado no Brasil o Encontro Mundial Pela Vida. Temos que responder ofensivamente pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito porque não aceitamos que as mulheres continuem morrendo por causa de abortos clandestinos, mas temos que lutar por nosso direito de decidir.

Viemos nesse II Encontro de Mulheres da Conlutas e vamos aos Congressos que seguem, para lutar por um internacionalismo que abandone as datas pré-definidas que impedem que expressemos nossa solidariedade ativa, que observe a realidade e decididamente demonstre sua solidariedade de classe, que deve ser internacional, que não hesite em colocar todas as suas forças por uma forte mobilização nas ruas se solidarizando com a classe de outros países.

RESOLUÇÕES:

- Imediata retirada das tropas brasileiras, dos EUA e da ONU do Haiti! Em defesa de que o povo e as mulheres haitianas possam determinar o seu destino! Organizar nos sindicatos atividades sobre a situação das mulheres haitianas, desenvolvendo de maneira unificada a campanha pela retirada das tropas.
- Impulsionar uma Campanha contra a Impunidade da Igreja pela punição dos padres e bispos pedófilos. Buscando articulação com outras agrupações, coletivos e movimentos de mulheres e movimento LGBTT e elaborar um manifesto de repúdio aos escândalos de pedofilia na Igreja e também contra a ofensiva homofóbica através da qual a Igreja tem respondido tal situação. Que seja votada uma comissão para buscar essa articulação e contribuir na elaboração do manifesto.
- Realizar na base dos sindicatos e nas universidades e escolas atividades pela legalização do aborto, explicando porque defendemos esse direito. Incorporar-se à Campanha Latino-americana pela Legalização do Aborto impulsionada pela Agrupação Pan y Rosas no Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, México, tendo em vista que é uma campanha que parte de uma perspectiva classista e independente dos governos e patrões.
- Que a crise seja paga pelos capitalistas! Viva a luta da classe trabalhadora na Grécia!
- Basta de violência às mulheres dos países ocupados como Iraque, Haiti e Afeganistão! Fora o imperialismo do Brasil e da América Latina!


NACIONAL

Nestes últimos anos de crescimento econômico as mulheres que historicamente ocupam os postos de trabalhos com menor remuneração, além de terem que realizar todo trabalho doméstico, ocuparam também grande parte dos trabalhos precários, temporários. Hoje que vivemos em meio a uma crise capitalista de enormes proporções, devemos saber que o impacto da crise não é igual para todos. Além disso, quanto maior a crise econômica, maior será a carga de dupla jornada de trabalho das mulheres, porque com a maior desestruturação da educação, da saúde e dos serviços públicos (que são os primeiros a serem atacados e terem as verbas cortadas), serão mais as tarefas que recairão sobre as mulheres para a reprodução da vida no interior das famílias. A precarização do trabalho não é uma nova invenção do capitalismo, porém foi uma das principais bases dos ataques neoliberais se alastrando por todo o mundo. A precarização se dá de várias formas, seja através do trabalho informal, do trabalho temporário com ou sem carteira assinada.

A precarização e terceirização abrangem todos os setores da economia, e é aplicada pelos governos no setor público, como na saúde, na educação, na assistência social. No Estado de São Paulo metade da categoria da base do maior sindicato da América Latina, a APEOESP é formada por professores temporários. Há também uma grande parcela feminina que sempre esteve na precarização, que são as trabalhadoras domésticas diaristas e mensalistas. Sob o governo Lula, o número de empregos cresceu, mas pouco se fala quais as condições desses empregos. A precarização avançou enormemente, garantindo maiores lucros para os capitalistas. Infelizmente, inclusive a maioria dos sindicatos e da esquerda naturaliza esse processo de precarização do trabalho, deixando de lado as/os trabalhadoras/es terceirizados, os/as sem carteira assinada, informais e temporários. Uma das tarefas primordiais desse Encontro de Mulheres é lutar pela unidade das fileiras operárias, pois não somente o machismo divide a nossa classe, mas também a precarização e a terceirização do trabalho. Por isso gritar: "A terceirização escraviza, humilha e divide". Pela efetivação de todos/as terceirizados/as com salários e direitos iguais! Também por isso que estamos ao lado das trabalhadoras e trabalhadores da USP que estão em greve e lutando não somente pelo seu salário, mas também pela efetivação dos/as terceirizados/as, contra as péssimas condições de trabalho nos restaurantes da COSEAS, contra o assédio moral, contra a violências às estudantes e contra a homofobia na universidade! E ainda pela reintegração de Brandão (demitido por defender as trabalhadoras terceirizadas) e contra os processos a estudantes, trabalhadores e militantes sindicais! E, principalmente, por uma universidade a serviço da maioria da população!

Hoje, há mais de 7 anos na presidência da República, sobre as resoluções e bandeiras históricas do movimento de mulheres, inclusive das mulheres de seu próprio partido (PT), podemos dizer que Lula não tomou nenhuma medida concreta. O direito ao aborto continua sendo negado e as mulheres criminalizadas sobre o peso do Código Penal de 1940. A Lei Maria da Penha que rendeu a Lula o prêmio da ONU na luta contra a violência às mulheres só foi possível se tornar lei após uma mulher que quase foi assassinada ficar mais de 20 anos, paraplégica, lutando por seus direitos. Ainda assim, os avanços apresentados nessa lei não podem se concretizar até o final, já que fazem parte de um Estado burguês que sustenta e legitima a violência contra as mulheres. Para isso, vale dizer, que a mesma ONU que premiou Lula contra a violência as mulheres, coloca suas tropas sob a liderança deste presidente para estuprar as mulheres haitianas. Esse mesmo Estado burguês que volta suas armas contra as mulheres e a juventude pobre e negra, com sua polícia, que é uma das mais assassinas do mundo, violando os direitos humanos. Além disso, quando fazemos greves e ocupações, sabemos que é essa mesma polícia que irá nos reprimir pra defender a propriedade privada e os patrões, por isso nós mulheres não podemos ter em nossas fileiras policiais, nem apoiar suas greves, já que sua demanda de melhor condição de trabalho significa melhores condições para reprimir e defender os interesses da propriedade privada e dos patrões.

Mas se em mais de 7 anos, Lula não acenou nenhuma medida para descriminalizar e legalizar o aborto, por que em ano eleitoral falaria disso? Se por um lado, a Igreja possui uma importante base eleitoral, o PT que pretende eleger Dilma Roussef, também precisará do apoio do movimento de mulheres. Isso demonstra, cabalmente, o fracasso do projeto reformista das feministas do PT, PCdoB e outros partidos governistas, que por anos venderam a idéia de que “com Lula e o PT os direitos das mulheres seriam conquistados”. Ao contrário, nunca antes os setores reacionários tiveram a ousadia de utilizar a justiça para processar mulheres por terem recorrido ao aborto, como no Mato Grosso do Sul, coisa que somente no governo petista-lulista se viu. Sem falar no Encontro “Em Defesa da Vida” que irá ocorrer no Brasil por ser “modelo” na luta pela criminalização do aborto. Isso é resultado, também, de uma estratégia reformista das feministas que atuam “por dentro da ordem”, impedindo a mobilização ativa das mulheres e suas organizações. A demagogia lulista, apoiada por essas feministas, se transforma dessa forma em retrocesso. Por isso é necessário lutar pela organização independente das mulheres trabalhadoras, estudantes, donas de casa, sem nenhum atrelamento ao governo e aos patrões.

Acreditamos que como parte dessa luta todas as mulheres que são ameaçadas de morte pela clandestinidade do aborto, humilhadas pela terceirização do trabalho, desamparadas pelo trabalho escravo no campo, desiludidas e enfraquecidas pelo pesado trabalho doméstico, sugadas pela violência capitalista, todas devem gritar numa única voz pela retirada das tropas e como parte desta luta levantar suas demandas! E por tudo isso marchamos no 8 de março no ato da Conlutas em São Paulo colocando no centro a luta pela retirada imediata das tropas brasileiras que dirigem a MINUSTAH no Haiti, denunciando o papel nefasto que cumprem as tropas brasileiras no Haiti e desmascarando a política do governo Lula, que acena demagogicamente em torno de direitos elementares das mulheres, porém sem nenhuma intenção de realmente efetivá-las. Porém, diversas companheiras e companheiros que estarão no CONCLAT não marcharam conosco nesses últimos anos nos atos anti-governistas e classistas do 8 de março, impulsionados pela Conlutas. Não podemos fechar os olhos para uma contradição tão profunda como esta: várias correntes do PSOL, que integram a Intersindical, seguem ligadas à Marcha Mundial de Mulheres, dirigida pelas feministas governistas que uma vez mais neste ano mostraram o papel nefasto que cumprem. Enquanto as mulheres haitianas sofrem com a violência das tropas da ONU comandadas por Lula, a Marcha Mundial de Mulheres saiu nesse 8 de março sem denunciar uma vírgula dessa realidade. Por isso, o Movimento Mulheres em Luta deve fazer um forte chamado às companheiras da Intersindical para que revejam sua posição e coloquem-se ativamente junto conosco à tarefa de combater decididamente toda influência petista e lulista que paralisa o avanço de um movimento de mulheres verdadeiramente classista, combativo, anti-governista e internacionalista.

Viemos ao Encontro de Mulheres da Conlutas apontar a necessidade de nos pronunciar para arrancar das garras dos governos as mentes e corações de milhares de mulheres, principalmente porque num ano eleitoral em que se apresentam duas candidaturas femininas, muito será dito sobre uma suposta emancipação das mulheres, mas as mulheres anti-governistas devem colocar-se na ofensiva para discutir que Dilma e Marina não representam a luta da maioria das mulheres e que nossas demandas só poderão ser conquistadas se nos colocamos em luta contra o capitalismo e todas as instituições que nos oprimem historicamente. Para isso nos pronunciamos por um debate político vivo neste Encontro. Só assim as mulheres da Conlutas poderão colocar-se na ofensiva, fortalecendo-se inclusive para discutir com os setores de mulheres da Intersindical e do PSOL que seguem com a Marcha Mundial de Mulheres e não conosco em diversos atos do 8 de março.

Enquanto nós mulheres seguimos condenadas à morte e perseguidas diante da clandestinidade do aborto setores do governo e seus opositores organizam festas com bispos e padres pedófilos que gozam da impunidade. Lamentavelmente partidos da esquerda (PSOL, PSTU e PCB), junto da Intersindical e da Conlutas, realizaram neste ano um ato na Praça da Sé junto da Igreja, precedido por uma missa! Justamente quando a Igreja está imersa numa crise internacional. Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, não concordamos em marchar junto da Igreja, ainda por cima sem nenhuma denúncia do papel que essa instituição cumpre, pressionando através de seus parlamentares e acordos com o governo Lula, defendendo a criminalização do aborto, perseguindo mulheres, condenado-as à morte e incitando a homofobia. Para a luta das mulheres essa situação que em que vivemos é uma volta na roda da história, visto que a luta pelo direito ao aborto é uma demanda histórica das mulheres e que a classe trabalhadora deve levantar em suas mãos, e não simplesmente deixar de lado por acordos que suas direções sindicais e os partidos fazem com setores da Igreja. Por isso devemos reafirmar nosso direito à vida, lutando para que o CONCLAT defina em seu programa a luta pela legalização do aborto. O acordo de Lula com o Vaticano, que permite o ensino religioso nas escolas públicas, que seguirá perpetuando a reprodução da opressão contra as mulheres, enquanto a falta de educação sexual em todos os níveis do ensino, que contribui para que milhares de adolescentes continuem sendo vítimas de gravidez precoces e abortos clandestinos. Basta! Que todas as mulheres aqui presentes sejam ativas no CONCLAT para que não deixemos nas notas de rodapés essa nossa luta pela legalização do aborto, exigindo: Educação sexual em todos os níveis da escolas públicas e privadas! Pela anulação do Acordo Brasil-Vaticano assinado por Lula! Punição a todos padres e bispos pedófilos! Legalização do aborto já!

O feminismo burguês, as feministas reformistas e ligadas ao governo já demonstraram o fracasso de sua estratégia “por dentro da ordem”. É uma estratégia que vive na utopia de que é possível se organizar sem independência dos patrões, do governo e do Estado burguês, ou seja, que é possível se emancipar dentro do estreito horizonte do sistema capitalista. Ao contrário, o que está na ordem do dia é a luta pela organização independente das mulheres, em seus locais de trabalho e estudo, e nós desde o Pão e Rosas nos colocamos essa perspectiva e chamamos todas as mulheres que aqui estão, que se reivindicam combativas, classistas e revolucionárias a buscarmos uma forma de atuação comum nesse CONCLAT, a partir das resoluções e do programa discutido aqui no Encontro de Mulheres, fazendo uma unidade em nossa intervenção.

Na luta pela unificação da nossa classe é preciso colocar de pé os métodos combativos da classe trabalhadora – greves, ocupações, piquetes – organizando a luta nas bases, unindo e coordenando as trabalhadoras e trabalhadores. Frente ao ataque aos direitos é preciso centrar forças em organizar uma grande campanha exigindo que todos as trabalhadoras/es tenham carteira assinada, direitos integrais, lutando pelo salário mínimo do DIEESE, de modo a incorporar a esta luta grande parte da classe trabalhadora que hoje é precarizada, sofrendo uma super exploração ainda maior, principalmente os trabalhadores e as trabalhadoras negras. Nesse sentido, a formação de secretarias de mulheres, comissões de mulheres ou outra forma de organização das mulheres nos sindicatos pode ser uma ferramenta que contribua para trazer cada mulher para a luta, efetivas, terceirizadas, estatutárias e fundacionais!

Por fim, compreendemos que a direção do Movimento Mulheres em Luta deva expressa, primeiramente, as categorias em luta, e expressar de maneira democrática as posições presentes.

Acreditamos que a “Nova Central” deve ser operária e popular, mas defendemos a hegemonia proletária, e portanto, as formas de representatividade devem expressar isso, definindo porcentagens de representação.

Entretanto, os trabalhadores precarizados, terceirizados e informais não encontram espaço na atual forma de organização das centrais anti-governistas, não podendo ter o direito a serem delegados e delegadas caso não tenham disputado a direção do seu sindicato. Diante disso, uma das tarefas de nós mulheres que vamos ao CONCLAT deve ser a proposição de critérios mais justos para a participação destes importantes setores da classe que possuem sindicatos patronais e pelegos.

Resoluções:

- Elaborar uma declaração do Movimento Mulheres em Luta chamando todas as mulheres a acreditarem somente em suas forças e nos métodos da classe trabalhadora, desmascarando as candidaturas à presidência de mulheres que representam os interesses dos patrões como Dilma e Marina, para que possamos a partir desse chamado nos dirigir às mulheres da CUT e das demais centrais dirigidas pelos governistas, para que não confiem nas saídas apresentadas pelas representantes da burguesia.
- Que o Movimento Mulheres em Luta construa uma forte campanha nacional pelo fim da terceirização e pela incorporação das/os terceirizadas/os ao quadro de funcionários das empresas privadas ou do setor público para a qual prestam serviço com direitos e salários iguais aos dos efetivos sem necessidade de concurso público.
- Pelo direito à licença-maternidade, 13º salário, férias, FGTS e seguro desemprego à todas as trabalhadoras, inclusive as trabalhadoras domésticas mensalistas e diaristas!
- Pelo direito à Licença-maternidade de no mínimo 6 meses sem isenção fiscal para as empresas!
- Pelos direitos dos/as aposentados/as! Exigimos o direito à Aposentadoria a todas e todos por anos trabalhados e não de contribuição!
- Pelo salário mínimo do DIEESE para todos/as trabalhadores/as, extensivo aos aposentados/as!
- Educação sexual em todos os níveis da escolas públicas e privadas! Pela anulação do Acordo Brasil-Vaticano assinado por Lula! Punição a todos padres e bispos pedófilos! Legalização do aborto já!
- Divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados com um salário mínimo que garanta o sustento das famílias (salário mínimo do DIEESE).
- Direito a salário desemprego para que todos/as desempregados/as até que sejam reincorporados ao trabalho. - É necessário que a Nova Central impulsione uma campanha que oriente as trabalhadoras e assuma sua defesa frente aos casos de assédio moral e sexual, exigindo a punição imediata dos responsáveis.
- Contra a dupla jornada de trabalho! Pela construção de creches, lavanderias e restaurantes comunitários em cada bairro e local de trabalho, garantidos pelo Estado e a patronal
- Pelo direito à maternidade. Basta de imposições da patronal para que as trabalhadoras não engravidem. Por atendimento médico gratuito e de qualidade durante a gestação, o parto e pós-parto.
- Basta de violência contra as mulheres! Organizar as mulheres em seus bairros, locais de trabalho e sindicatos para combater toda forma de violência contra as mulheres.
- Que todas as mulheres violentadas ou ameaçadas de violência tenham acesso, junto com seus filhos e sem prazo determinado a casas de abrigo, mantidas pelo Estado, com atendimento médico e psicológico de qualidade. Pela garantia de emprego as todas as mulheres violentadas com salários que permitam manter suas famílias sem depender financeiramente do agressor. Punição aos agressores!
- Pelo fim do tráfico e da exploração sexual de crianças e jovens! Por comissões de investigação independente, compostas por sindicatos, organismos de direitos humanos, organizações do movimento negro e de mulheres para investigar e punir todos os responsáveis.
- Pelo fim do trabalho escravo no campo, confisco dos bens dos latifundiários para reforma agrária!
- Basta de violência policial contra as mulheres e a juventude negra e pobre. Por comissões de investigação integradas por parentes das vítimas, sindicatos, organizações de direitos humanos, de mulheres, que sejam independentes das forças policiais, da justiça burguesa e do Estado.
- Basta de imposições da patronal para que as mulheres não engravidem. Exigimos a garantia de atendimento o sistema público de saúde: basta de mulheres morrendo ou perdendo seus filhos nos corredores dos hospitais sem leito e médico.
- Que nas profissões estressantes e de movimentos repetitivos sejam respeitadas pausas de ao menos 10 minutos!
- Não à privatização da saúde! Por um SUS 100% estatal lutamos pela estatização sem indenização de todos os hospitais, clínicas e laboratórios privados, para que sejam colocados a serviço dos interesses da população.
- Por um verdadeiro plano de obras públicas que garanta a construção de hospitais e postos de saúde, num sistema único de saúde, gratuito e público financiado pelo Estado e controlado pelos trabalhadores e trabalhadoras e usuários.
- Basta de impunidade. Punição a todos os responsáveis pelo tráfico e exploração sexual de mulheres e meninas. Pela formação de comitês independentes de investigação formados por organizações sindicais, populares, feministas e de direitos humanos.
- Pelo fim da diferença salarial entre homens e mulheres, entre brancas/os e negras/os. Punição às empresas que pagam salários diferenciados para as mesmas funções ou que fazem exigências de “boa aparência” para contratação.
- Pelo direito à maternidade para as mulheres negras. Abaixo às políticas de esterilização forçada.
- Contra a discriminação, o preconceito e o racismo em entrevistas de trabalho. Abaixo o assédio moral nos locais de trabalho. Punição aos patrões que coagirem as trabalhadoras a não engravidarem. Por comissões de mulheres nos locais de trabalho respaldadas pelos sindicatos e entidades estudantis para investigarem casos de assédio sexual e moral.
- Abaixo à repressão policial nos morros, favelas e periferias! Fora as UPPs dos morros e favelas cariocas!
- Por uma ampla campanha nacional contra a violência policial ao povo negro! Por comitês independentes de investigação e mobilização, organizados a partir dos sindicatos, organizações do movimento negro, associações de moradores, de direitos humanos, entre outros, para garantir a punição aos culpados!


Grupo de mulheres PÃO E ROSAS (LER-QI e Independentes)
Integrado por: Trabalhadoras: USP; UNESP; Professoras e Profissionais da Educação do Estado de São Paulo e Municípios de São Paulo, Diadema e São Caetano do Sul; IBGE; Judiciário; Telemarketing; Terceirizadas da limpeza; Comerciárias; Trabalhadoras precarizadas da Saúde e da Habitação; sapateiras de Franca/SP. Estudantes: UNESP (Rio Claro; Marília; Franca; Araraquara); UNICAMP; USP; PUC-SP; Fundação Santo André; UNICASTELO/SP; Unicid/SP; UFRJ; UEMG e UFMG.


[1]A MMM é dirigida pela Democracia Socialista, corrente interna do PT que governa no Pará com a figura de Ana Julia Carepa que é conivente com estupros de menores em celas de prisão masculinas, trabalho escravo, entre outros.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Apoio d@s estudantes da FAPSS à greve de professore(a)s da Unicastelo - Itaquera

A seguir, reproduzimos a nota d@s estudantes da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS) de São Caetano do Sul em apoio à greve dos professores da Unicastelo – Itaquera:

Vimos por meio desta demonstrar total apoio aos professores da Unicastelo, que estão desde o dia 12/05/2010 em greve, devido à falta de pagamento dos salário do mês de Abril/2010, pela ausência de pagamentos de 1/3 das férias referentes ao ano de 2009, pela falta de depósito do FGTS desde 2009 e pela falta de pagamento de folha complementar, que incluem horas de orientação de estágio e atividades complementares, entre outros.

Percebemos que a reestruturação produtiva do capital devido às crises se dá também no campo da educação, uma vez que os monopólios do ensino superior particular precarizam o ensino atacando os trabalhadores das universidades e faculdades, como os professores. Da mesma forma, ocorre com as universidades públicas, que devido à ausência de recursos públicos que foram utilizados no ano passado para salvamento de grandes empresas em risco de falência em tempos de crise sofrem com a precarização do ensino por meio da Reforma Universitária do governo Lula, como também com precarização dos serviços prestados aos estudantes, como bandejões caros e terceirizados, falta de assistência social aos alunos carentes, dentre outros.

É inadmissível que quem nos ensine passe por essa situação vexatória e humilhante, sendo que os professores precisam vender sua força de trabalho para sustentar a si e à suas famílias.

Reiteramos o total apoio dos estudantes da Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul aos professores da Unicastelo, uma vez que o curso de Serviço Social desta instituição também está envolvido na greve.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Todo apoio à greve de professore(a)s e funcionário(a)s da Unicastelo!

Professore(a)s e funcionário(a)s da UNICASTELO decretaram GREVE em assembléia no dia 12/04. A greve teve total adesão (excetuando-se apenas dois cursos), e é motivada especialmente pelo não pagamento dos salários do mês de abril. Além dos constantes atrasos nos pagamentos, a instituição vem não cumprindo com direitos trabalhistas garantidos por lei como 1/3 de férias, 13° salário referentes à 2009, depósito de FGTS desde 2009, além do não pagamento de folha complementar que inclui orientação de estágio e atividades complementares.

Diante deste cenário, no qual esta instituição vem demonstrando seu total descaso com a educação e absoluto desrespeito aos trabalhadores da educação, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas nos solidarizamos e manifestamos nosso total apoio aos trabalhadores em greve, que neste momento travam esta importante luta, fazendo uso deste legítimo instrumento dos trabalhadores, a greve, no sentindo de lutar contra a precarização do trabalho, mas também contra a precarização do ensino, visto que caminham juntas.

Além disso, partimos da compreensão que as universidades particulares, funcionando como qualquer outra empresa capitalista, visa o lucro, e que mesmo com tantas vagas nas universidades privadas a classe trabalhadora (e seus filhos) muitas vezes não têm condições de arcar com os altos custos das mensalidades e garantir sua permanência, sendo que nas universidades públicas não conseguem entrar em função do filtro social que é o vestibular.

Ainda que o funcionamento das universidades públicas seja garantido com o pagamentos de impostos, que a classe trabalhadora é quem mais paga (se considerarmos renda x contribuição), a maioria que entra nas universidades públicas são aquele(a)s que tiveram dinheiro para pagar boas escolas e bons cursinhos preparatórios. Diante desse cenário, no qual grande parte da população não têm o acesso à essa universidade pública, acreditamos que quando uma universidade privada deixa de cumprir com os direitos trabalhistas, devemos, com ainda mais força, exigir que a estatização das universidades privadas como uma medida para de fato ampliar o acesso ao ensino superior e retornar para a classe trabalhadora o que é seu direito!

Todo apoio à greve de professore(a)s e funcionário(a)s da Unicastelo!

Pelo imediato pagamento dos salários e débitos trabalhistas atrasados!

Contra a precarização do trabalho e do ensino! Pela estatização das universidades particulares e o fim do vestibular!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ciclo de estudos "As mulheres e o Socialismo" no ABC paulista. Participe!

29/05, sábado, das 10h às 17h
A origem da propriedade privada e da opressão à mulher

A luta das mulheres e da classe trabalhadora: Flora Tristán, Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin

As mulheres na Revolução Russa: seu papel e suas conquistas


Casa Socialista do ABC
Av. Príncipe de Gales, 527 - Santo André

Organização: Pão e Rosas
Apoio: Edições Iskra

Informações, bibliografia e inscrições, escreva para paoerosasbr@gmail.com

Pão e Rosas na MÍDIA: "Estudantes fecham cantina na Fundação Sto. André"

Publicamos abaixo extratos da notícia do jornal ABCD Maior (10/05/2010) de autoria de Camila Galvez, em que entrevistam Mara Onijá, integrante do Pão e Rosas, que fala da luta pela conquista do bandejão e efetivação das atuais trabalhadoras da cantina que estão desde fevereiro sem receber.

Estudantes fecham cantina na Fundação Sto. André
Alunos da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) querem instalar bandejão na instituição de ensino.
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Desde o fim de abril, os estudantes da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) da FSA (Fundação Santo André) mantêm a cantina fechada exigindo o pagamento dos salários das funcionárias, que não recebem desde fevereiro. Além disso, os estudantes decidiram em assembleia realizada reivindicar à Reitoria a implantação de um bandejão com preços acessíveis e com a efetivação das atuais funcionárias da cantina.

O pedido de ajuda partiu das próprias trabalhadoras e os alunos abraçaram a causa. “Os estudantes não admitem seguir se alimentando numa cantina em que as funcionárias são assediadas e ameaçadas cotidianamente. Enquanto seus salários não são pagos, os estudantes pagam preços absurdos por uma simples refeição”, afirmou a estudante de Ciências Sociais, Mara Onijá.

A cantina é terceirizada e o contrato com a FSA venceu, o que fez com que o dono fechasse o ponto e despedisse as funcionárias. De acordo com Mara, algumas foram trabalhar na cantina da Faeng (Faculdade de Engenharia), mas outras estão desempregadas. “Nesta semana vamos realizar assembleias de curso para informar os alunos sobre a situação da cantina, saber a opinião deles e ampliar o movimento a favor do bandejão”, explicou a aluna.
[...]

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Todo apoio à greve das trabalhadoras terceirizadas da limpeza de Campinas/SP!

As trabalhadoras da empresa União, contratada pela Prefeitura de Campinas (SP) para realizar o trabalho de limpeza nas escolas e créches da rede municipal, estão em greve desde ontem (11/05). Elas não recebem seus salários, assim como vale transporte e vale refeição, há nada menos que 3 meses (!) e decidiram dar um basta. Elas já haviam feito uma paralisação no dia 30/04, mas os salários permanecem atrasados. Ontem, cerca de 300 trabalhadoras realizaram um ato em frente à Prefeitura. Segundo as notas publicadas na imprensa local, a empresa União alega que o atraso no salário se deve a falta de repasse da Prefeitura, que por sua vez admite o atraso, mas afirma que o contrato da terceirizada garantiria o serviço mesmo com o pagamento atrasado.

Nós, do Pão e Rosas, por diversas vezes denunciamos o quanto a terceirização é uma forma de precarizar o trabalho e as condições de vida, em especial das mulheres, ao flexibilizar contratos e reduzir os mínimos direitos de todo trabalhador, além de nos dividir e dificultar o elementar direito de organização, e esta atual situação em Campinas é exemplo disso. Por isso nos colocamos ao lado das trabalhadoras em greve, expressando nossa solidariedade.

Pagamento imediato dos salários, vales transporte e alimentação atrasados!

Lutamos contra a precarização do trabalho! Pela efetivação das trabalhadoras terceirizadas da limpeza!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Greve da USP: Tod@s às ruas em defesa do direito de lutar! Basta de violência contra as mulheres e viva a greve da USP!

A greve dos trabalhadores da Usp teve início em 05/05 e logo nesse dia o interventor de Serra na universidade, o REItor Grandino Rodas desfere os primeiros ataques ao direito de greve ameaçando no dia 04/05 antes mesmo da greve começar que haverá desconto salarial dos grevistas pelos dias parados e a cobrança de R$ 1.000,00 de multa para cada dia de piquete, bloqueios, e outros instrumentos de greve. O Sindicato dos trabalhadores da USP (SINTUSP) há anos vem dando exemplo nas lutas pela democratização da universidade, pela qualidade da educação pública, gratuita e presencial para todos, pelos direitos do(a)s trabalhadore(a)s terceirizado(a)s na USP... A combatividade desse sindicato arrepia a reitoria, a burocracia universitária e também o governo levando-os a assumir uma postura mais repressiva com multas ao Sintusp, transferências de funcionários para desarticular a mobilização, diversas perseguições políticas, coerções e demissões. Essa violência contra as lutadoras e lutadores do SINTUSP não está descolada das várias expressões cotidianas da violência contra as mulheres e na USP a Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS) vem sendo, como representante da Reitoria, responsável direta ou indiretamente por esta situação dentro da universidade. Por isso, nos manifestamos contra a conivência da COSEAS em relação a violência as mulheres e ao conjunto dos estudantes e trabalhadores. Apoiamos as estudantes que lutam contra o assédio e casos de estupro dentro da moradia, contra a violência da Guarda Universitária e que lutam junto aos estudantes por suas reivindicações de permanência e moradia estudantil com a Ocupação da COSEAS. E também apoiamos as trabalhadoras dos restaurantes que sofrem cotidianamente com a dupla jornada de trabalho, com péssimas condições de trabalho e jornadas extenuantes, expostas a todos os tipos de humilhação e acidentes de trabalho, e que agora junto aos trabalhadores iniciam uma greve se enfrentando com todos os ataques da Reitoria e do governo Serra. Chamamos todas as mulheres a estarem juntas nessa greve, pois esta é uma ferramenta de luta do conjunto da classe trabalhadora onde poderemos fazer ouvir as nossas vozes. Basta de violência contra as mulheres e viva a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da USP!

Os ataques à educação básica pública e o tratamento dado à greve dos professores da rede pública estadual paulista com ameaças aos grevistas, proibição aos diretores de escola de se pronunciarem na mídia, repressão física com a polícia, não pagamento dos dias parados são exemplos dessa política repressiva e da preocupação que o governo tem com a educação pública e seus trabalhadores. Além disso, o reajuste de 6% no salário dos professores da USP não extensivo aos funcionários desrespeitando a isonomia salarial entre as categorias. O SINTUSP se coloca contra as terceirizações que, pelo tipo de relação contratual trabalhador-patronal e pelo atrelamento de seus sindicatos aos patrões, impedem que estes trabalhadores/as se organizem com seus pares nos locais de trabalho, que lutem juntos/as, sempre com a ameaça iminente de demissão, transferência, entre outros. Além disso, os salários bem mais baixos que recebem pelas mesmas (às vezes, mais intensas!) atividades realizadas e a ausência quase completa de direitos é constrangedora e cria uma divisão entre os trabalhadores terceirizados e os efetivos dentro do mesmo local de trabalho. A intenção da patronal e dos reitores (além de super-explorar os trabalhadores terceirizados e retirar-lhes os direitos de manifestação) de dividir a classe trabalhadora fica mais clara com a demissão, no final de 2008, do dirigente do Sintusp, Claudionor Brandão, por defender a(o)s terceirizada(o)s que sofriam (e sofrem) com assédios morais, atrasos no pagamento, corte de cesta básica, etc., alegando que estas são causas alheias ao Sintusp e à atuação sindical. Demitir um dirigente de um sindicato com tradição de luta não é algo aleatório. Trata-se de uma linha política dos governos de criminalizar os movimentos sociais e inviabilizar as lutas e os últimos anos vêm marcados por exemplos dessa política. Juntando alguns fatos esta política fica ainda mais explícita. Demissões políticas, sindicâncias aos lutadores estudantes e trabalhadores e, em 2009, nas eleições para REItor da USP, José Serra/PSDB escolhe Grandino Rodas, mesmo este não tendo sido o mais votado pela comunidade acadêmica. A última vez que um governador interveio na escolha para REItor foi durante a ditadura (não nomeando o candidato mais votado no já anti-democrático processo eleitoral).

Diante de todas essas formas de violência lançadas contra as mulheres na COSEAS, contra os lutadores e lutadoras, contra @s homossexuais (como o caso da faculdade de farmácia na USP), contra as mulheres negras, contra as trabalhadoras terceirizadas e também as efetivas da Escola de Aplicação que sofrem assedio moral e as trabalhadoras do Bandejão que estão ficando com sérios problemas de saúde, é que nos colocamos a perspectiva de lançar uma forte campanha contra a violência às mulheres na USP.

Hoje, 11/05, houve uma negociação com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). Trabalhadoras, trabalhadores e estudantes das universidades estaduais paulistas compuseram um ato na Rua Itapeva, para exigir suas reivindicações. É urgente que nós mulheres, estudantes e trabalhadoras, nos coloquemos à frente da luta pelo direito à organização e mobilização, pois se sabemos por sofrer todos os dias com a dificuldade de nos organizarmos devido à dupla jornada e ao machismo, sabemos também que este sindicato se coloca como um importante instrumento para a organização e a luta das mulheres trabalhadoras. Muitas dessas trabalhadoras durante a greve de 2009 construíram a Secretaria de Mulheres do SINTUSP, do qual o Pão e Rosas tem orgulho de participar, pois luta pelos direitos das terceirizadas, contra a violência e assédio moral. É por isso que nós do grupo de mulheres Pão e Rosas, estudantes e trabalhadoras, estamos lado a lado à tod@s lutador@s nessa greve.

E é por tudo isso que chamamos todas e todos a saírem às ruas em defesa do direito de greve e manifestação exigindo que não haja nenhuma punição aos lutadores e lutadoras da USP, começando pela retirada de todos os processos administrativos e judiciais contra estudantes e funcionários e a readmissão imediata de Claudionor Brandão!

Por fim, chamamos também os coletivos e movimento de mulheres que fazem parte da Conlutas e da Intersindical a se solidarizar e apoiar ativamente greve da USP dando exemplo que a unificação entre as Centrais que se dará daqui a menos de um mês será também para unificar sua ação nas lutas e para defender e lutar pelos setores mais oprimidos e explorados da classe trabalhadora, os precarizados e terceirizados.

Fundação Santo André: na luta pelo bandejão e pela efetivação das trabalhadoras

Por Pão e Rosas ABC
Nas últimas semanas, os estudantes da Fundação Santo André se colocaram em luta reivindicando a implantação de um bandejão no Centro Universitário. Depois das denúncias de salários atrasados desde fevereiro e escandalosos casos de assédio moral na cantina da FAFIL, os estudantes se colocaram ao lado das trabalhadoras reivindicando a sua efetivação como funcionárias da FSA e colocando que não podemos mais seguir pagando preços absurdos numa cantina que além de tudo super explora as suas funcionárias de forma tão absurda. Ao longo da semana passada estivemos junto aos estudantes mantendo a cantina fechada após deliberação da assembléia estudantil do dia 30/04. A reivindicação de uma reunião com a reitoria, estudantes e as funcionárias da cantina foi taxativamente negada pela reitoria de Cacalano, a mesma que na semana passada anunciou 20 demissões de antigos funcionários efetivos. A reitoria alega corte de gastos, mas no mesmo dia instalava câmeras pelo câmpus para controlar os passos dos estudantes. É também a mesma reitoria que mantém salários milionários para seus altos cargos e fecha os olhos para as ameaças do dono da cantina sofridas por estudantes e funcionárias.

Nós do Pão e Rosas ABC estamos juntas com os estudantes da Fundação em defesa dos direitos das funcionárias da cantina, lutando por seus salários e seus empregos. Queremos um bandejão subsidiado pela própria Fundação Santo André e que a mesma garanta a efetivação das funcionárias com os mesmos salários e direitos dos funcionários administrativos. Seguimos gritando: “a terceirização escraviza, humilha e divide”.

Na última sexta-feira, contra a vontade e o boicote da reitoria, conseguimos realizar uma importante Festa contra a repressão da reitoria, pelo bandejão e pela efetivação das funcionárias da cantina. Mesmo com toda a intimidação ofensiva da reitoria, os estudantes se mantiveram firmes com o lema “Luta pelo direito de festa. Festa pelo direito de luta”. Com uma jam session de Avante + 88Não, todos que acreditaram que a festa aconteceriam não se arrependeram de ter permanecido na FSA ao longo da noite toda. Sem nenhum incidente, a festa aconteceu tranquilamente, com o prédio da FAFIL limpo e intacto no sábado de manhã, mostrando que é um absurdo o argumento da reitoria que proíbe a realização de festas dizendo que não há estrutura na faculdade para isso.

Não vamos parar! “Estudante + Trabalhador”, esse é o lema de uma das faixas que se fez presente na Fundação Santo André nas últimas semanas. Contra os abusos dos patrões e da reitoria, não vamos nos calar!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Basta de racismo nas Universidades! Portões abertos para toda a juventude negra estudar e ocupar os espaços públicos!

Publicamos abaixo declaração do Diretório Acadêmico da Unesp de Rio Claro, sobre o racismo nas universidades.

Nesta segunda-feira, dia 3 de maio, mais uma vez o racismo e o elitismo mostraram a face nas universidades brasileiras, dessa vez na UNESP de Rio Claro. Dois estudantes negros do primeiro ano da educação física e três jovens secundaristas também negros, moradores da cidade de Rio Claro, foram vítimas de um escandaloso caso de racismo em nosso campus.

Os estudantes e os jovens da cidade estavam utilizando o pólo computacional, juntamente com outros estudantes, quando um segurança da UNESP entrou na sala apontando apenas para eles perguntando se eram estudantes e o que faziam ali. Depois disse que iria chamar a polícia, deixou os outros estudantes (brancos) saírem e manteve os cinco trancados na sala por aproximadamente 40 minutos até que a guarda municipal chegasse para humilhá-los ainda mais, dizendo que na universidade acontece uso de drogas, furto e depredação, como se esses jovens fossem suspeitos. O segurança da UNESP ainda chegou a dizer para os dois estudantes que ele era autoridade ali e que eles deveriam ser da mesma “laia” que os outros três jovens. Um dos dois estudantes ligou para a polícia, mas esta se negou a ir até o local dizendo que isso poderia causar um desentendimento entre as “autoridades” e que o melhor seria que os estudantes fizessem um boletim de ocorrência, numa clara cumplicidade à GM e ao segurança racista, explicitando a serviço de quem está a “proteção do braço repressivo do Estado, o mesmo que cotidianamente persegue e mata jovens nas periferias de São Paulo a mando de Serra e no Haiti pelas tropas de Lula.

Se defendemos a punição ao segurança da UNESP frente a sua absurda atitude racista, queremos debater também a origem de tais ordens. Se fosse um fato isolado, tantos secundaristas negros, tantos jovens trabalhadores, tantos estudantes negros da UNESP não teriam relatos parecidos para nos contar ocorridos nas portarias, nos jogos de futebol aos fins de semana(que vem se tornando um ato de resistência os jovens da cidade ocuparem o campus junto com os estudantes da Unesp nesse momento de diversão, em enfrentamento com as diretorias), nas caminhadas pelo campus, nas festas, nos debates. Essas ordens vêm de quem? O elitismo da universidade pública brasileira é tamanho, que não basta à burocracia acadêmica, uma minoria de professores (que é em sua esmagadora maioria, branca), simplesmente naturalizar a presença das empresas privadas e a ausência dos jovens negros da periferia das salas de aula da universidade, é preciso retirá-los fisicamente dessa instituição pública, tirá-los de circulação, reprimi-los, TRANCÁ-LOS. É por isso que, em nosso Campus , Luiz Carlos diretor do IB, e Antônio Pião, diretor do IGCE, são também responsáveis diretos pelo absurdo caso e por todos os outros que já ocorreram em nosso campus e que foram abafados, com a conivência de ambos. Em reunião com as entidades estudantis ocorridas na última semana, ao contrário de repudiar tal caso, se apoiaram no ocorrido para justificar a necessidade de uma Universidade ainda mais fechada e repressiva, mostrando a verdadeira cara da atual estrutura anti-democrática das universidades!

Não podemos enxergar esse como um caso pontual e naturalizá-lo, como tentam nos impor dia-a-dia, já que é expressão de opressões necessárias para a manutenção da sociedade contraditória que vivemos, e de seu projeto de Universidade: a tentativa da guarda da UNESP Araraquara expulsar um estudante negro de dentro da faculdade ou o “FORA PRETOS” pichados no muro da UERJ são expressões dessa mesma contradição. Hoje o racismo em Rio Claro , ontem a homofobia na USP (estudantes da farmácia da USP através de um jornal ofereceram entrada gratuita em uma festa pra quem jogasse merda em um homossexual) e o machismo na UNIBAN (quando se persegue uma estudante por seu tipo de roupa).

Os estudantes não podem mais aceitar tal situação, e independentemente de sua cor, têm de se organizar e lutar contra o racismo e toda a forma de opressão. Esse é um ataque a toda a juventude: é necessário por de pé uma ampla campanha contra o racismo nas Universidades, basta! Chamamos ao conjunto de estudantes da UNESP, aos jovens trabalhadores e secundaristas de Rio Claro a denunciar e tornar público esse e tantos outros casos. Chamamos também, ao conjunto de funcionários e professores de nosso campus, assim como aos sindicatos, associações e organizações políticas de Rio Claro, a repudiar publicamente o ocorrido.

Basta de racismo na Unesp! Punição imediata aos responsáveis!

Pelo fim do vestibular!

Portões abertos para toda a juventude negra estudar e ocupar os espaços públicos!
Diretório Acadêmico dos Estudantes “XVI de Março”
gestão “Por uma questão de classe” – Unesp Rio Claro

Carta ao conjunto da Unesp, à USP e à Unicamp: Todos ao ato dia 11 para defendermos a greve do Sintusp e prepararmos nossa reunião estadual do dia 22!

Publicamos abaixo o chamado de entidades da UNESP à paralisação e ato unificado das universidades estaduais paulistas no dia 11/05 na Av. Paulista e à construção de uma Reunião Estadual unificada entre os setores em luta a ser realizada no dia 22/05, proposta para que seja tranferida para a USP em greve.

Cerca de 30 estudantes da USP organizaram um ato na Av. Paulista nessa última sexta-feira (07/05) em apoio à greve dos trabalhadores dessa universidade e em defesa do seu direito de lutar. A manifestação concreta de solidariedade é extremamente necessária neste momento, pois a escalada repressiva por parte de governos e reitorias às mobilizações de trabalhadores e estudantes continua avançando, resgatando ataques característicos da ditadura militar. A lista não para de crescer. Depois dos reitores capachos de Serra chamarem a PM a invadir as universidades em 2007, levando os estudantes de Araraquara presos; em 2008 demitiram inconstitucionalmen te Brandão (então dirigente do Sindicato de trabalhadores da USP) e tentaram impor multas absurdas ao DCE e ao Sindicato pelas lutas travadas. Em 2009 toda a mídia noticiou as cenas de conflito direto, com a PM lançando bombas e balas de borracha contra estudantes e trabalhadores que corriam e se defendiam com pedras. Após toda essa seqüência, Serra achou prudente escolher a dedo o segundo mais votado para novo reitor da USP. João Grandino Rodas tem um passado que fala por si (jurista a serviço dos militares, julgava casos de desaparecidos na ditadura) e logo na sua posse já convocou cacetetes e escudos para reprimir estudantes que se manifestavam pela democratização da universidade. Este ano, frente o indicativo de greve dos trabalhadores, Rodas mostrou porque é o preferido de Serra: emitiu comunicados da reitoria avisando que todos os dias de paralisação seriam descontados, que cobraria multas de R$ 1.000,00 por dia de piquete e ainda que a PM seria convocada imediatamente quando necessário. A luta dos trabalhadores da USP é legítima, exigem melhores condições de trabalho (como o aumento salarial repassado apenas aos professores), defendem a educação pública, combatem a precarização, se colocando contra as terceirizações, para que todos tenham os mesmo direitos dos efetivos e sejam incorporados sem concurso, e ainda exigem a democratização da estrutura de poder. Porque então estes ataques tão brutais por parte de Serra e Rodas?

A escalada repressiva que vemos nas universidades se estende amplamente aos movimentos sociais e ganha contornos internacionais se assim quisermos observar. As prisões de militantes do MST e os ataques policiais às favelas e periferias em diversas cidades são exemplos que se agravam e se combinam ao golpe de Estado em Honduras e à ocupação militar de Obama, Lula e ONU no Haiti. Esse endurecimento repressivo contra direitos de livre manifestação política, e até mesmo contra o próprio Estado de direito, precisa ser enxergado no marco da crise estrutural do sistema capitalista. Após a quebradeira do sistema financeiro e os grandes investimentos públicos para evitar que as massivas demissões se generalizassem, os Estados precisam conter seus gastos, reduzindo salários e direitos. Esta situação, obviamente, tende a gerar conflitos populares de proporções cada vez maiores, como foi a terceira greve geral da Grécia realizada no último dia 05, com cerca de 400.000 manifestantes tomando as ruas.

No Brasil, o período pré-eleitoral é um agravante a mais para essa situação. Longe de conseguir a popularidade de Lula, que lhe permite avançar com os ataques neoliberais sem enfrentamento popular, Serra vem tentando se diferenciar como o candidato que sabe manter as coisas na ordem. A maneira que tratou a greve dos professores da rede pública, negando-se a negociar e colocando a polícia fardada para bater e infiltrada para vigiar, é seu último mérito nesse sentido. Diante dessa situação, nós, estudantes membros de entidades militantes da Unesp, consideramos exemplar a iniciativa dos companheiros da USP de se colocarem ombro a ombro com os trabalhadores e construírem as mobilizações em solidariedade.

Chamamos, portanto, todos a somarmos forças no ato marcado para o próximo dia 11 (terça-feira), quando se dará a negociação da pauta de reivindicações dos trabalhadores da USP, engrossando em muito suas fileiras e fortalecendo esse movimento para que possa ser o exemplo contrário do que pretendem Serra e Rodas. Uma luta travada até o fim neste momento é o exemplo que a classe trabalhadora e os movimentos sociais precisam para se prepararem aos ataques e convulsões que a crise anuncia. Para que o Movimento Estudantil cumpra o papel que lhe cabe neste processo (enquanto pequena categoria social que desfruta de uma restrita e profunda compreensão da realidade), cercando de solidariedade ativa os trabalhadores e levantando nossas próprias bandeiras de defesa da universidade pública de qualidade para todos, contra vagas virtuais e expansão sem política de permanência, precisamos continuar nossos avanços de reorganização. Nós da Unesp demos um importante passo nesse sentido com a realização do CEEUF (Conselho de Entidades Estudantis da Unesp e Fatec) em Araraquara, que foi bem representativo e nos armou com um programa de lutas concreto. Nessa mesma oportunidade também havíamos convocado uma reunião com representantes de todo o estado para prepararmos um Encontro Estadual que amadureça a unidade desses diferentes setores como forma de nos prepararmos para responder à altura os ataques desferidos à educação e aos trabalhadores, mas também para que possamos sair na ofensiva com nossas demandas. Vemos agora a necessidade urgente de refazermos esse chamado de maneira muito mais enfática. Ou os estudantes nos organizamos para levar essa luta com o Sintusp até o fim, em conjunto com cada necessidade específica que temos em nossas faculdades e ainda com os demais setores em luta, como trabalhadores da Sabesp, do Judiciário e da Unesp, ou poderemos assistir a uma derrota histórica dessa categoria e ao avançar do desmantelamento da universidade pública.

Portanto, nosso chamado é à realização de uma reunião unificada de todos os setores presentes no ato do dia 11 para que organizemos a próxima reunião de preparação do Encontro Estadual, que foi tirada para o dia 22 em Campinas, mas que inclusive propomos transferir para a USP, dado o desenvolvimento desse importante fato político que é a greve do Sintusp.

Pelo direito de greve e de livre manifestação política, imediata retirada das ameaças de Rodas e Serra!

Assinam essa carta: CACS e CAPED (Marília), CAH (Franca), CAFF (Araraquara) , DAF (São José do Rio Preto) e DA (Rio Claro).

Em apoio aos lutadores da USP: ... por que não lutamos sozinhos. Se atacam um, atacam todos!

Publicamos abaixo nota dos estudantes e entidades da Unesp de Rio Claro manifestando seu apoio à greve dos trabalhadores da USP.

No dia 15/04, nós estudantes da UNESP de Rio Claro, fizemos um forte ato em frente às diretorias do campus para entregarmos nossa pauta de reivindicação aos diretores e exigir que se posicionassem publicamente. Eles simplesmente se omitiram. A força desse ato foi fruto, dentre outras coisas, da revolta dos estudantes com o autoritarismo das diretorias, da expressão clara da falta de democracia da estrutura de poder na universidade e da falta de políticas de permanência que garantam que todos os estudantes possam estudar. Tudo isso combinado com as resoluções do CEEUF (Conselho de Entidade Estudantis da Unesp e Fatec) que, junto com uma pauta específica dos estudantes de todos os campi da Unesp chamou à incorporação a paralisação do dia 15 dos trabalhadores da Unesp por melhores condições de trabalho. Assim, marcharam juntos cerca de 90 estudantes e 20 funcionários rumo às diretorias.

Os trabalhadores da USP, em assembléia dia 29/04, aprovaram por unanimidade a construção da greve que se iniciou ontem, 05/05. A pauta de reivindicações além de expressar as necessidades específicas dos trabalhadores, muito se assemelha às demandas dos estudantes das Universidades Públicas pela democratização da universidade. Esse sindicato vem dando exemplos de como defender a Universidade contra os ataques do governo Serra e seus capachos reitores, ontem Suely, hoje Rodas. Assim foi desde 2007, quando se somaram à ocupação da reitoria da USP e as greves e ocupações estudantis por todo o estado para combatermos juntos os decretos que rompiam com a autonomia didático-pedagó gica e financeira das universidades, aprofundando o processo de mercantilizaçã o do ensino. Foram um exemplo também na luta em 2009, em que ao mesmo tempo que iam por suas demandas, defendiam o sindicato e Brandão dos ataques da reitoria e do governo, faziam também um chamado a que todos os estudantes se mobilizassem por vagas presenciais e de qualidade para todos na luta contra a Univesp, rompendo com o corporativismo sindical que estamos acostumados em nosso país.

Neste ano, quando moradores do Crusp ocuparam a sede da Coseas, a assembléia de trabalhadores deu a primeira manifestação pública de apoio. Hoje, mais uma vez, esses trabalhadores se colocam à frente da nossa luta, por melhores condições de trabalho e pela democratização da universidade, e por isso, mais uma vez, são atacados . Após a inconstitucional demissão de Claudionor Brandão (diretor do Sintusp), no final de 2008, Serra resolveu indicar a dedo seu preferido para a reitoria, João Grandino Rodas, como não acontecia desde a ditadura. Após o anúncio da greve, Rodas soltou um comunicado em que pretendia já desarmar a mobilização antes dela começar. Ameaçando descontar todos os dias parados, cobrar R$ 1.000,00 de multa para cada dia de piquete e na liminar entregue ao sindicato no piquete de hoje, vinha mais uma ameaça que caracteriza de forma explícita a política de Rodas ao ameaçar os trabalhadores dizendo que o próximo piquete pode ser interrompido com força física. Ou seja, o aparato repressivo do governo, já utilizado contra os professores da rede, poderá mais uma vez entrar em ação em menos de dois meses. O direito de greve é uma conquista histórica dos trabalhadores em todo o mundo e é garantido pela constituição brasileira. Este tipo de ataque caracteriza a linha adotada por Serra contra os movimentos sociais e as mobilizações populares. O desfecho da greve de professores da rede pública caracteriza bem essa situação, quando vemos policiais infiltrados e outros de farda atacando com bombas e porretes os docentes. Neste momento de crise internacional, com milhares de estudantes tomando as ruas na Grécia ao lado dos trabalhadores em uma forte greve geral em que dizem que quem deve pagar os custos da crise são os ricos, ganha mais relevância uma luta como essa, sendo que a linha dos governos deve ser conter ao máximo as mobilizações populares.

Em nosso estado junto aos trabalhadores da USP, trabalhadores da Unesp, do Judiciário e da Sabesp se mobilizam. É preciso cercar de solidariedade essas lutas; é hora do movimento estudantil dizer de que lado está num momento em que Serra fará de tudo para impor uma derrota e ter mais um exemplo para sua candidatura à presidência.

Por isso chamamos a todos os estudantes da Unesp, mas também aos estudantes e entidades da USP e demais universidades, a nos solidarizarmos à greve dos trabalhadores da USP, manifestando nosso apoio público e exigindo que sejam imediatamente retiradas as ameaças contra seu direito de luta.

Saudações de luta e força aos trabalhadores da USP!
Rio Claro, 6 de maio de 2010
D.A. Unesp Rio Claro
Gestão Por uma questão de Classe

Centro Acadêmico da Geografia Unesp Rio Claro

Assembléia dos Estudantes da Geografia

Pão e Rosas na MÍDIA: "Protesto contra homofobia reúne 200 estudantes em frente à USP"

Publicamos abaixo matéria do O Dia online (04/05/10) sobre ato realizado na USP em repúdio à homofobia, onde entrevistam uma militante do Pão e Rosas.

Um ato contra a manifestação homofóbica do jornal O Parasita em frente à Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo reuniu uma multidão de cerca de 200 estudantes, que vieram inclusive de fora da USP. Chamado de "pré-beijaço", o protesto teve mais gritos de ordem ao microfone do que beijos.

O estudante de economia da PUC-SP, Lucas Lulli Pio, 20 anos, soube hoje do evento e conseguiu, mesmo assim, produzir 400 flyers que foram distribuídos entre os colegas e no centro acadêmico de sua universidade. Apesar disso, apareceu sozinho em frente à Faculdade de Farmácia, sendo acolhido pelos colegas da universidade pública. "Sou estudante, sou gay e não admito ser discriminado", disse ao microfone.

O protesto atraiu também o movimento feminista formado por mulheres jovens, Pão & Rosas. Segundo a integrante do coletivo Ana Luiza Serrão, a intenção é alertar para as más condições dos trabalhadores da USP, em especial as mulheres.

Em meio ao grupo de estudantes, um casal de jovens lésbicas se destacou e ficou posando em frente aos cartazes, a pedido dos fotógrafos presentes no protesto. Bárbara Coelho, 20 anos, disse enfrentar a oposição da família ao seu relacionamento com Gabriela de Freitas, 18 anos, mas não se importava de aparecer diante das câmeras.

"Uma hora ou outra minha mãe teria que me ver em uma situação assim", disse. Ela afirma que a discriminação contra homossexuais é uma constante no campus da USP.

O protesto pegou de surpresa o estudante do 5º ano de Farmácia Heitor Leite, 23 anos. Segundo ele, O Parasita é um veículo distribuído por e-mail em frequência bimestral e a repercussão da declaração homofóbica é, a seu ver, um exagero. "Ele é escrito por veteranossauros, alguns nem moram mais no Brasil", disse. O termo veteranossauro é usado na USP para estudantes que estão há muito tempo matriculados ou já se formaram.

sábado, 8 de maio de 2010

Professoras e professores do estado de São Paulo: nossa luta continua!

Por Rita Frau e Taína Zampieri*
A última greve de professores da rede estadual, que durou 30 dias, comprovou existir um setor de professora(e)s muito combativos, dispostos a lutar com toda a sua força pelos direitos da categoria, contra a precarização do trabalho, do ensino, por uma educação básica pública de qualidade e a se enfrentar com a burocracia do sindicato.

Lastimavelmente saímos da greve sem nenhum eixo de nossa pauta de reivindicações negociada. O governo Serra, para provar que não mede esforços para reprimir qualquer tipo de mobilização da classe trabalhadora, usou de seu aparato policial para amedrontar e desmobilizar os professores. Mas mesmo assim, este setor de professores se manteve firme organizando-se independente da direção do sindicato, que desde o início de nossa mobilização já deixava claro sua intenção por trás de nosso movimento: desgastar a figura do Serra e fazer campanha eleitoral para Dilma. Candidata que seguirá a mesma política de Lula, que governa para os patrões e grandes empresários, em detrimento da miséria do povo, sucateia o ensino público com o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) que tem a mesma referência no Plano Nacional de Educação (PNE) de FHC que também fundamenta a política neoliberal do governo do estado de SP para a educação pública.

Além disso, o governo Lula ratificou um acordo com o Vaticano em 2008, instituição que comete crimes como a pedofilia e apóia ditaduras militares, e é cúmplice das mortes de milhares de mulheres trabalhadoras e pobres pela clandestinidade do aborto. Este acordo autoriza o ensino religioso nas escolas públicas, enquanto a falta de educação sexual faz com que jovens e crianças não possam, aprender, discutir e decidirem sobre sua sexualidade de maneira livre e consciente, além de possibilitar a perpetuação da ideologia que legitima a submissão da mulher perante a família e a sociedade de classes .

É preciso termos consciência de que a falta de negociação de nossa pauta e o desgaste do(a)s professore(a)s - que cansados da mesmice atuação do sindicato seguidas de derrotas, foram voltando para as salas de aulas - foi conseqüência da total irresponsabilidade e oportunismo da direção de nosso sindicato, pois tinha como único objetivo fazer campanha eleitoral pró-Dilma e contra Serra.

Pela unidade de nossa categoria: efetivação dos temporários!

Nós, professoras do grupo de mulheres Pão e Rosas e do Movimento Classe contra Classe (MCcC), acreditamos que a reivindicação pelo reajuste salarial (34,3%), é legítima e justa, mas centralmente com esta demanda, deveria estar a efetivação de todos os professores contratados, pois acreditamos que, esta era a verdadeira bandeira que poderia unificar todos os professores contra a precarização de nosso trabalho.

Além disso, era fundamental nossa auto-organização independente da burocracia do sindicato, para que tivéssemos voz e pudéssemos tomar os rumos da greve em nossas mãos e triunfar. Para isso, precisávamos de assembléias em nossas escolas aonde votássemos delegados que levariam para as assembléias regionais e estaduais nossas propostas e discussões, e assim os rumos da greve fossem tomados desde a base de nossa categoria. Era necessário nos juntar com os estudantes e pais para discutir os problemas da educação pública e juntos impulsionar atividades nas escolas onde pudéssemos debater profundamente e organizar atos em conjunto com toda a população para que desta forma o apoio e solidariedade à nossa greve se ampliasse, nos fortalecendo na luta pela educação.

Infelizmente nenhuma corrente política e grupo sindical das Oposições (Opos. Alternativa e Opos. Unificada), apresentou uma séria e conseqüente alternativa programática e organizativa para nossa categoria que aglutinasse os setores combativos em torno de um plano de luta que pudesse se confrontar com a direção do sindicato, permitindo com que prevalecesse os rumos decididos pela direção.

Temos que a partir de agora fazer o balanço desta greve, tirar as lições e nos reorganizar para os próximos ataques que virão, nos auto-organizando em cada escola para fazer de nosso sindicato um verdadeiro instrumento de luta!

Professoras, lutemos pelos nossos direitos!
Nós, professoras da rede estadual, que compomos quase 80% de nossa categoria, somos vítimas de doenças conseqüentes das péssimas condições de trabalho e jornadas extenuantes, como problemas nas cordas vocais, varizes, depressão, Síndrome de Bornout , sendo que muitas vezes essas doenças não são reconhecidas pela perícia médica. Sofremos com a dupla, ou até tripla jornada de trabalho, pois damos aulas em várias escolas, temos longas jornadas em sala de aula, em casa com as correções de provas e preparações de aula, tarefas domésticas e muitas de nós ainda estudamos para nos qualificarmos enquanto educadoras. Não nos sobra tempo e dinheiro para o lazer junto com nossas famílias, pois recebemos baixíssimos salários e ainda somos obrigada a trabalhar de final de semana para conseguirmos cumprir nossas tarefas do trabalho que levamos para casa. Por isso lutamos por reajuste salarial de 34,3%! Lutar pelo Salário mínimo de R$ 2.003,30 calculado pelo DIEESE! Redução das horas de trabalho sem diminuição de salário, para que possamos nos dedicar aos estudos e ao direito do lazer e da cultura!

A realidade da escola pública é de pobreza, miséria e violência, fruto do antagonismo de classe da sociedade capitalista, que para os filhos da classe trabalhadora, que também sofrem com a precarização do trabalho, a educação pública é mantida precarizada pelos governos. Para a manutenção do status quo por via da educação, os governos com sua política neoliberal, precariza o trabalho do professor dividindo ainda mais a categoria, pagando baixíssimos salários e impondo o material e conteúdo (caderninho, apostilas) para que o professor seja apenas mediador na sala de aula. Aliado à isso a política dos governos para as universidades onde nos formamos é de separar as licenciaturas dos bacharelados e, desta forma, separar aqueles que vão pensar e elaborar e aqueles que simplesmente vão mediar um conteúdo que o governo quer definir para controlar o que nossa juventude pode ou não aprender. Lutamos pela liberdade de cátedra de toda(o)s as professora(e)s! Pela aliança entre pais, professores e alunos por uma educação pública de qualidade! Pela retomada nas escolas públicas da organização da juventude trabalhadora nos grêmios estudantis para lutarem pelos seus direitos! Contra a separação entre as licenciaturas e bacharelados nas universidades!

O enxugamento do Estado por via da política neoliberal nos anos 90 com o governo FHC (que tem se intensificado com o governo Lula) nas áreas de serviços da saúde e educação, e de todo funcionalismo público, fez com que houvesse uma maior divisão de nossa categoria, precarização de nosso trabalho, salas de aulas superlotadas, falta de condições de ensino e maiores jornadas para compensar as perdas salariais ao longo desses anos e alcançarmos a renda mensal da vida familiar. Além disso, nossos vales refeição e transporte não alcançam um mês de trabalho, e muitas vezes não conseguimos vagas em creches públicas para nossos filhos. Sem contar na terceirização que também está presente nas escolas como o serviço de limpeza e de merenda, precarizando e retirando os direitos da(o)s trabalhadora(o)s!

Por isso lutamos pela unidade entre toda(o)s as professora(e)s efetiva(o)s e temporária(o)s! Pela efetivação de toda(o)s a(o)s professora(e)s contratada(o)s! Pela imediata efetivação de toda(o)s trabalhadora(e)s terceirizada(o)s da limpeza e da merenda, sem concurso público!

Ainda sofremos com a herança da origem histórica da função da professora, enquanto “segunda mãe”, como cuidar dos filhos, tarefa “natural” da mulher e por isso não justificaria qualificação e boa remuneração, que para as professoras do ensino fundamental ciclo I (PEBI), concretamente isso significa menores salários (o valor da hora/aula do cargo PEBI é R$ 6,55, enquanto o valor da hora/aula PEB II é de R$ 7,58 ) .

Nós, professoras que impulsionamos o Pão e Rosas, acreditamos que para lutar pelos direitos das mulheres, é fundamental a organização das mulheres trabalhadoras nos sindicatos. Somos um dos setores mais super-explorados da classe trabalhadora, sofremos com a precarização e a dupla jornada de trabalho, que nos impede de dedicar parte de nosso tempo para lutar organizadas pelos nossos direitos, fazendo das tarefas domésticas uma obrigação “naturalmente” feminina, que são essenciais para a reprodução social da família, possibilitando o maior lucro dos capitalistas e a isenção do estado em garantir restaurantes, creches e lavanderias públicas. E para que as mulheres possam lutar lado a lado de sua classe, o direito das mulheres se organizarem nos sindicatos com suas próprias demandas, deve ser uma bandeira de toda a classe trabalhadora.
Por isso nossa luta também é contra a dupla jornada de trabalho, salários iguais por trabalhos iguais, creches em todos os locais de trabalho! Licença maternidade remunerada de 6 meses nos empregos públicos e privados sem isenção fiscal para as empresas! Por lavanderias e restaurantes coletivos e públicos garantidos pelo Estado! Pela organização de todas as professoras em nosso sindicato! Pela criação de uma secretaria de mulheres para que possamos nos organizar, professoras e funcionárias efetivas e terceirizadas, em cada escola, desde a base de nossa categoria, para lutarmos pelas demandas da mulheres trabalhadoras e contra a precarização do trabalho!

Queremos um sindicato que lute pela unidade das fileiras operárias, entre trabalhadora(e)s efetiva(o)s, temporária(o)s e terceirizada(o)s, que mobilize as categorias de trabalhadores não apenas por demandas corporativistas mas que contribua para que superemos a divisão de nossa classe. Não queremos um sindicato que faça acordos por migalhas, que lute contra os problemas de opressão enfrentados pelas mulheres apenas em datas específicas, queremos um sindicato que lute permanentemente contra a precarização, pela unidade entre efetiva(o)s e temporária(o)s, para que possamos com nossas próprias forças arrancarmos nossos direitos!

Achamos fundamental que nosso sindicato (APEOESP) se unifique com outras categorias para lutarmos contra a precarização do trabalho, contra os ataques do governo, e pela qualidade da educação pública. E que através de uma secretaria de mulheres trabalhadoras em nosso sindicato possamos nos expressar e elaborar um plano de luta pelos direitos elementares das professoras, nos organizando para atuar em conjunto com todos os professores, funcionária(o)s, aluna(o)s, mães e pais, e lutarmos contra toda a forma de opressão e violência contra as mulheres, e também contra a sociedade capitalista!

Chamamos todas as professoras e trabalhadoras da educação que concordarem com nossas idéias a conhecerem e se juntarem ao grupo de mulheres Pão e Rosas, para voltarmos as escolas e nos reorganizarmos em torno da luta pelos direitos de nossas categorias, contra a opressão das mulheres trabalhadoras e por uma educação pública de qualidade!

*Rita Frau é professora da rede estadual em Campinas, militante do grupo Pão e Rosas Campinas e do Movimento Classe contra Classe (MCcC).

*Taína Zampieri é professora da rede estadual em Rio Claro, integrante do DA da Unesp Rio Claro, gestão “Por uma questão de classe”, e militante do grupo Pão e Rosas Rio Claro.