sábado, 12 de setembro de 2009

Que a ANEL seja uma organização de luta para as estudantes em aliança com as mulheres trabalhadoras!

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, composto por militantes da LER-QI e independentes viemos participar da Assembléia Nacional de Estudantes - Livre pois consideramos de fundamental importância que a juventude anti-governista e anti-capitalista tenha uma organização própria, que seja combativa e de luta. Por isso, participamos do Congresso Nacional dos Estudantes e também do Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social de forma bastante crítica, já que acreditamos que naquele momento as resoluções e encaminhamentos apresentados pelo setor majoritário (PSTU) que convocava esses encontros não servia para armar os estudantes a lutar diante da situação de crise em que estamos vivendo.

Hoje estamos em uma situação ainda mais delicada já que nosso continente foi atacado com um golpe militar sustentado pelo imperialismo norte-americano, colocando a necessidade de cercar de solidariedade nossos irmãos e irmãs hondurenhas. Sobre isso, há mais de 60 dias estamos gritando: abaixo o golpe em Honduras e nenhuma negociação com os golpistas! Fazemos nosso o chamado de milhares de trabalhadores, mulheres, jovens, estudantes, camponeses e setores populares a organizar o boicote ativo às eleições presidenciais e redobrar a luta para derrotar o golpe. A política de Manuel Zelaya de negociar com os golpistas com o aval dos Estados Unidos e seu chamado à resistência pacífica se demonstrou impotente. É necessário acreditar em nossas próprias forças. Por isso fizemos um chamado aberto às companheiras do Movimento Mulheres em Luta da Conlutas e do PSTU e agora reforçamos a todas as estudantes que estão construindo a ANEL: coloquemos de pé Comitês de Mulheres Contra o Golpe em Honduras, dando uma resposta contundente a toda ingerência imperialista em nosso continente, mostrando que estamos aqui, lutando e em resistência, fazendo eco ao chamado das mulheres hondurenhas que resistem e combatem o golpe bravamente.

Ao mesmo tempo, rumo ao 28 de setembro, Dia Latino-Americano e Caribenho pelo Direito ao Aborto, acreditamos que mais do que nunca devemos parar e enxergar a situação em que se encontram as mulheres na América-Latina: milhares seguem morrendo ensanguentadas na clandestinidade do aborto, enquanto muitos buscam disseminar o discurso de que "as mulheres chegaram no poder", ao mesmo tempo em que os políticos corruptos fazem uma grande farra no Senado brasileiro. Nós estamos impulsionando, com o Pão e Rosas da Argentina e do Chile, a Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto, onde gritamos bem forte: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Como nós acreditamos somente nas forças das mulheres se mobilizando nas ruas, acreditamos que a ANEL deve estar na linha de frente nesse 28 de setembro, organizando toda a juventude para lutar pelos direitos das mulheres e buscando a maior frente-única possível.

E para nós do Pão e Rosas, que somos estudantes, não nos falta o repúdio cotidiano contra a precarização do trabalho dentro das universidades. Por isso, chamamos todos os estudantes presentes a concretizar em cada universidade uma campanha nacional pela efetivação dos/as terceirizados/as, como foi votado no CNE. Além disso, acreditamos ser necessário questionar toda a estrutura da universidade, que permite o trabalho semi-escravo dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpeza, permite os casos de assédio sexual nas Moradias Estudantis, permite que as estudantes, trabalhadoras e professoras não tenham acesso a creches 24 horas para deixar seus filhos. Por isso, é fundamental que a ANEL seja um instrumento de luta para arrancar esses direitos que temos, fazendo uma ampla campanha contra o assédio sexual e a violência contra as mulheres dentro das universidades. Chamamos também ao questionamento desse conhecimento que é produzido, subvertendo a ordem e produzindo um conhecimento a serviço dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isso, lutamos por disciplinas e matérias que tratem da opressão da mulher desde uma perspectiva marxista, que é a teoria que melhor explica a situação de opressão na qual nos encontramos.

Não podemos deixar de nos manifestar contra o racismo que segue vigente das formas mais brutais. Há pouco mais de um mês, Januário, um trabalhador negro da USP, foi espancado e humilhado no Carrefour de Osasco, acusado de roubar o próprio carro. O movimento estudantil combativo precisa se colocar ativamente na luta contra o racismo, nesse caso exigindo a punição dos culpados. E nos colocamos ao lado dos moradores das periferias e favelas, que se levantam contra a repressão policial, como há poucos dias no Heliópolis, após o assassinato de uma jovem de 17 anos.

Nós, que participamos ativamente das greves das estaduais paulistas, nessa assembléia que acontece na USP, não podemos deixar de assinalar que a luta continua. Continua contra a repressão aos lutadores e lutadoras, contra os ataques ao Sintusp e aos estudantes, pela reincorporação de Claudionor Brandão e por uma estatuinte livre e soberana! A ANEL deve estar na linha de frente dessa mobilização.

É essa entidade estudantil que queremos, e é por essa ANEL que vamos lutar. Uma entidade que deve levantar bem alto as bandeiras contra a opressão da mulher, dando um exemplo de como o movimento estudantil deve encarar esse tema, indo além dos debates de "opressões" em todos os encontros, mas colocando como um eixo central de sua luta a demanda dos setores oprimidos da sociedade, que passa hoje por colocar toda solidariedade às mulheres e ao povo hondurenho. Chamamos todas e todos a discutir conosco e lutar por essas demandas. Porque não pedimos, exigimos nosso direito ao pão, mas também às rosas.

Nenhum comentário: