
Hoje estamos em uma situação ainda mais delicada já que nosso continente foi atacado com um golpe militar sustentado pelo imperialismo norte-americano, colocando a necessidade de cercar de solidariedade nossos irmãos e irmãs hondurenhas. Sobre isso, há mais de 60 dias estamos gritando: abaixo o golpe em Honduras e nenhuma negociação com os golpistas! Fazemos nosso o chamado de milhares de trabalhadores, mulheres, jovens, estudantes, camponeses e setores populares a organizar o boicote ativo às eleições presidenciais e redobrar a luta para derrotar o golpe. A política de Manuel Zelaya de negociar com os golpistas com o aval dos Estados Unidos e seu chamado à resistência pacífica se demonstrou impotente. É necessário acreditar em nossas próprias forças. Por isso fizemos um chamado aberto às companheiras do Movimento Mulheres em Luta da Conlutas e do PSTU e agora reforçamos a todas as estudantes que estão construindo a ANEL: coloquemos de pé Comitês de Mulheres Contra o Golpe em Honduras, dando uma resposta contundente a toda ingerência imperialista em nosso continente, mostrando que estamos aqui, lutando e em resistência, fazendo eco ao chamado das mulheres hondurenhas que resistem e combatem o golpe bravamente.
Ao mesmo tempo, rumo ao 28 de setembro, Dia Latino-Americano e Caribenho pelo Direito ao Aborto, acreditamos que mais do que nunca devemos parar e enxergar a situação em que se encontram as mulheres na América-Latina: milhares seguem morrendo ensanguentadas na clandestinidade do aborto, enquanto muitos buscam disseminar o discurso de que "as mulheres chegaram no poder", ao mesmo tempo em que os políticos corruptos fazem uma grande farra no Senado brasileiro. Nós estamos impulsionando, com o Pão e Rosas da Argentina e do Chile, a Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto, onde gritamos bem forte: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Como nós acreditamos somente nas forças das mulheres se mobilizando nas ruas, acreditamos que a ANEL deve estar na linha de frente nesse 28 de setembro, organizando toda a juventude para lutar pelos direitos das mulheres e buscando a maior frente-única possível.

Não podemos deixar de nos manifestar contra o racismo que segue vigente das formas mais brutais. Há pouco mais de um mês, Januário, um trabalhador negro da USP, foi espancado e humilhado no Carrefour de Osasco, acusado de roubar o próprio carro. O movimento estudantil combativo precisa se colocar ativamente na luta contra o racismo, nesse caso exigindo a punição dos culpados. E nos colocamos ao lado dos moradores das periferias e favelas, que se levantam contra a repressão policial, como há poucos dias no Heliópolis, após o assassinato de uma jovem de 17 anos.
Nós, que participamos ativamente das greves das estaduais paulistas, nessa assembléia que acontece na USP, não podemos deixar de assinalar que a luta continua. Continua contra a repressão aos lutadores e lutadoras, contra os ataques ao Sintusp e aos estudantes, pela reincorporação de Claudionor Brandão e por uma estatuinte livre e soberana! A ANEL deve estar na linha de frente dessa mobilização.

É essa entidade estudantil que queremos, e é por essa ANEL que vamos lutar. Uma entidade que deve levantar bem alto as bandeiras contra a opressão da mulher, dando um exemplo de como o movimento estudantil deve encarar esse tema, indo além dos debates de "opressões" em todos os encontros, mas colocando como um eixo central de sua luta a demanda dos setores oprimidos da sociedade, que passa hoje por colocar toda solidariedade às mulheres e ao povo hondurenho. Chamamos todas e todos a discutir conosco e lutar por essas demandas. Porque não pedimos, exigimos nosso direito ao pão, mas também às rosas.
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