sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Contribuição do grupo de mulheres Pão e Rosas ao V Congresso Estatutário do Sindicato dos Trabalhadores da USP

Com esta contribuição, queremos saudar todas as trabalhadoras e trabalhadores presentes neste V Congresso Estatutário do SINTUSP. Num momento em que Reitoria e governos atacam nosso sindicato e nossos dirigentes sindicais, em que o MST é brutalmente atacado pela mídia e pela oposição de direita, onde o governo Lula segue fazendo demagogia com toda a população, com os camponeses, e também com as mulheres, acreditamos que é mais do que necessário esse espaço pra discutir nosso instrumento de luta, e é por isso que queremos contribuir com a discussão sobre um dos setores mais oprimidos e explorados da sociedade, que são as mulheres trabalhadoras.

Muitas vezes ouvimos dizer que “política não é coisa de mulher”. Mas é preciso uma explicação para o fato das mulheres serem minoria entre trabalhadores sindicalizados e minoria entre os que se organizam politicamente. A opressão da mulher é algo que surgiu antes do sistema capitalista, no qual vivemos hoje, mas que é apropriado por ele como forma de fortalecer a exploração dos trabalhadores. Isso porque, se em certo momento diziam que as mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos e dos maridos, foi também necessário incorporar as mulheres como mão-de-obra barata à produção. Entretanto, isso gerava uma contradição: ou as mulheres trabalham fora, ou cuidam da casa. Mas o sistema capitalista resolveu essa contradição rapidamente, se utilizando da opressão da mulher para, por um lado garantir que pudesse incorporar sua mão de obra à produção por custos mais baixos, e por outro lado, naturalizando ainda mais a atividade doméstica como responsabilidade única e exclusivamente feminina. É um senso comum que as mulheres são as responsáveis pelos afazeres domésticos, que nada mais são do que serviços que garantem a reprodução de todos (comida, roupa lavada, higiene, cuidado com as crianças, idosos e doentes).

A essa contradição, de trabalhar fora de casa, mas também trabalhar dentro, chamamos dupla jornada. Hoje em dia, inclusive, muitos já falam sobre “tripla” ou “quadrúpla” jornada, em referência às mulheres que não somente trabalham e cuidam da casa, mas cuidam dos filhos, estudam, são militantes de sindicatos ou partidos políticos. Mas o fato é que a maioria das mulheres, quando se deparam com essa vida, em que estão condenadas a dedicar as 24 horas de seu dia para outros (no trabalho para os patrões, em casa para os filhos, maridos, parentes), desistem de si mesmas. E desistir de si mesma é também acreditar que em sua vida não há espaço para se organizar, para a política, para o sindicato, para a luta, para tomar seus destinos em suas mãos. Porém, a história demonstrou muitas vezes e os fatos da atualidade também, que quando as mulheres vão à luta, desenvolvem uma combatividade, uma entrega e uma heroicidade muito grande.

A precarização tem rosto de mulher

No Brasil nestes últimos anos de crescimento econômico pudemos observar que as mulheres, que historicamente ocupam os postos de trabalhos com menor remuneração além de terem que realizar todo trabalho doméstico, ocuparam também grande parte dos trabalhos precários, temporários. O impacto da crise econômica não é igual para todos. Na América Latina a taxa de desemprego é quase duas vezes maior entre as mulheres do que os homens e 60% das mulheres no mercado de trabalho ocupam os postos mais precarizados. Além disso, quanto maior a crise econômica, maior será a carga de dupla jornada de trabalho das mulheres, porque com a maior desestruturação da educação, da saúde e dos serviços públicos, serão mais as tarefas que recairão sobre as mulheres para a reprodução da vida.

No setor de serviços, o qual é composto por cerca de 56,3% da força de trabalho feminina, as trabalhadoras se deparam com tarefas monótonas e repetitivas como nas atividades de telemarketing, sendo que muitas não podem nem ao menos sair da sua cadeira por alguns instantes para ir ao banheiro ou beber água, ainda tendo que passar por situações constrangedoras, e é altamente estressante devido ao assédio moral e a pressão por maior produtividade. Entre as terceirizadas da limpeza, não é diferente, pois além de os salários serem míseros, não possuem os mesmos direitos que os efetivos e também sofrem de intenso assédio moral por seus encarregados e supervisores, sendo que no contexto de demissões, precisam fazer o seu serviço e o das suas colegas que foram demitidas, intensificando ainda mais a exploração. A precarização também tem relação direta com um setor ainda mais explorado da sociedade, que são as mulheres negras. Com a grande ofensiva neoliberal dos anos 1990, foi se intensificando a exploração a essas trabalhadoras, principalmente por terem sindicatos vendidos aos patrões que não permitem a organização das mulheres, como por exemplo o SIEMACO (sindicato das empresas terceirizadas de limpeza) que diante da mobilização dos terceirizados e terceirizadas da USP junto ao SINTUSP, trouxeram bate-paus para bater nas trabalhadoras e nos ativistas sindicais.

Diante de tantos ataques, é necessário hoje criar um fórum em defesa da saúde pública, gratuita e de qualidade contra as privatizações que Serra está implementando no Estado e Kassab no município, e contra as Fundações de direito privado como a Fundação Faculdade de Medicina, que está recebendo verba do município para administrar a saúde (Organização Social de Saúde, as conhecidas OSS), o que vai aumentar ainda mais a precarização e terceirização do trabalho.

Lutar pelos nossos direitos!

Por tudo isso, devemos lutar para que seja parte das demandas de todos os trabalhadores da USP a possibilidade das mulheres trabalhadoras participarem de todos os espaços políticos que elas queiram, entre estes o próprio sindicato. É por isso que consideramos necessário abrir uma séria discussão sobre de que maneiras os trabalhadores e trabalhadoras podem se organizar para desde seus intrumentos de luta exigir que o Estado, no nosso caso a USP, garanta a prestação dos serviços que hoje são garantidos pelas mulheres dentro de suas casas, com muito sacrifício e após uma intensa jornada de trabalho, como por exemplo o cuidado dos filhos, a alimentação, a lavagem das roupas, entre outros. Inclusive, exigimos que as áreas de trabalho insalubres cumpram de imediato o que já é garantido por lei, como por exemplo a lavagem de uniformes que é obrigatório no Hospital Universitário e outras unidades. Acreditamos que todos esses direitos devem ser estendido também às trabalhadoras terceirizadas e das Fundações, estudantes e professoras.

Acreditamos ser necessário lutar por direitos especiais para as trabalhadoras grávidas, como por exemplo a liberação das mesmas sem perda de remuneração diante de doenças de risco (como foi o caso da Gripe A), assim como consideramos importante lutar pela licença-maternidade de 1 ano para todas as trabalhadoras. Também é fundamental um maior acompanhamento do sindicato diante dos casos de assédio moral contra trabalhadoras efetivas, mas especialmente terceirizadas, onde o assédio moral é naturalizado e praticamente legalizado. Da mesma forma, é necessária uma luta pela readaptação das trabalhadoras (es) portadoras (es) de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Doença Ósteomolecular Relativa ao Trabalho), doenças que atingem principalmente as mulheres. Por isso também fazemos nossas as bandeiras de nosso sindicato na luta contra a precarização do trabalho na universidade, já que atinge majoritariamente as mulheres, portanto defendemos o salário igual pelo trabalho igual. Acreditamos que as trabalhadoras devem estar na linha de frente da luta contra a violência dentro das casas, transformando isso num debate vivo dentro do sindicato e da nossa categoria, entendendo que o problema da opressão da mulher não é algo individual, mas sim que deve ser tomado por todos os trabalhadores e trabalhadoras. Da mesma forma, devemos nos organizar junto aos estudantes, lutando contra o assédio sexual nas moradias estudantis e os estupros dentro do campus.

Para lutar contra tudo isso, é fundamental entender que a opressão das mulheres é internacional, não está apenas em nosso país ou em nossa categoria. Hoje, os Estados Unidos com o apoio do governo Lula ocupam com Tropas Militares a região do Haiti, condenando todo um povo, e em especial as mulheres que sofrem com estupros e humilhações, a viver sob a tutela de um país tão rico como os EUA. Podemos falar também das mulheres mexicanas, que protagonizaram a grande Comuna de Oaxaca, em 2006, quando enfrentaram a polícia em defesa de seus direitos, e hoje essas mesmas mulheres se vêem novamente atacadas pelo governo com a demissão de 44 mil trabalhadores e trabalhadoras da Luz e Fuerza, empresa de eletricidade mexicana. As mulheres negras africanas, que convivem diariamente com os estupros e as mutilações, e que vêm resistindo a um verdadeiro massacre às mulheres da África. Com a Gripe A, na Argentina, as trabalhadoras da alimentação iniciaram uma série de rebeliões exigindo afastamento para não se contagiar e para cuidar de seus filhos pequenos, o que resultou na demissão de mais de 160 trabalhadores da multinacional Kraft Terrabusi, numa greve histórica que ainda continua. E não podemos deixar de falar das mulheres hondurenhas, jovens, trabalhadoras e estudantes que estão há mais de 3 meses resistindo ao golpe militar que instaurou a ditadura em Honduras, e que hoje está caminhando cada vez mais para uma negociação entre o governo golpista e o governo anterior, ignorando a quantidade de sangue que foi derramada em nome dos interesses de uma minoria. Acreditamos que essas mulheres são exemplos de luta para nós, e devemos sempre nos levantar quando são atacadas, oprimidas e exploradas.

Adiante mulher trabalhadora!

Neste V Congresso, fazemos um chamado a todos os trabalhadores e trabalhadoras, efetivos e terceirizadas, aos estudantes e professores, aos ativistas e militantes de partidos políticos operários, que somemos vozes para gritar contra a opressão das mulheres. Queremos colocar na ordem do dia em nosso sindicato a luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras, e por isso propomos como resolução ao Congresso:

Colocar de pé novamente o nosso Núcleo da Mulher Trabalhadora do SINTUSP e estendendo essa discussão pra fora da universidade, nos dando a tarefa de darmos um exemplo na luta contra a opressão das mulheres, mas também contra essa sociedade de opressão e exploração.

*Esta tese foi escrita pelas trabalhadoras da USP que integram o grupo de mulheres Pão e Rosas, conformado por militantes da LER-QI e independentes, com a ajuda de outras companheiras da mesma agrupação. O V Congresso do Sindicato dos Trabalhadores da USP ocorrerá nos dias 11, 12 e 13 de novembro, para maiores informações clique aqui.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pão e Rosas Campinas na E.E. Salvador Bove

Exibição do documentário brasileiro "O aborto dos outros", e em seguida debate sobre o tema.

Data: 31/10 - às 9h
Local: E.E. Salvador Bove
Rua Alberto Degrande, 330.
Bairro Jd. Nova Mercedes - Campinas

Quatro meses do golpe em Honduras. Seguimos gritando: que o sangue derramado não seja negociado!

Por Olívia Ricci, Pão e Rosas Rio Claro

Já se passaram quatro meses de golpe militar em Honduras, e após muita repressão e violência ao povo hondurenho em resistência, assistimos com revolta as negociações com os golpistas. Negociação articulada pela OEA (dirigido pelo imperialismo norte-americano), neutralizando o golpe, deixando os assassinos e torturadores impunes e livres, à vontade para continuar a reprimir o povo pobre e explorado, como ocorreu ao fim de cada golpe dos países latino americanos.

Vimos o estádio Chochi Sosa, em Tegucigalpa transformar-se em um centro massivo de detenção, assim como ocorreu no estádio nacional de Santiago, no Chile, na ditadura de Pinochet. Vimos pessoas feridas levadas por militares dos hospitais, manifestantes da resistência brutalmente espancados. E após toda a luta do povo em resistência, após suportar brutal repressão, com torturas e mortes, Zelaya negocia com os golpistas. E enquanto há um refluxo da resistência do povo hondurenho, o governo golpista espera tranquilamente a aproximação do fim de novembro, quando se realizarão as eleições e assim poderão legitimar seu governo e continuar a ditadura com o respaldo do Direito burguês. Mas respondemos às negociações! Não aceitamos anistia dos assassinos e dos torturadores! Não aceitamos a volta de Zelaya com a volta da repressão do exército sobre o povo hondurenho! Pelo povo armado contra a repressão e realizando greves gerais até que o governo golpista caia! Por uma forte e ativa campanha internacional contra os golpistas e contra as negociações! QUE O SANGUE DERRAMADO NÃO SEJA NEGOCIADO!

Pão e Rosas e Mulheres do Barricadas promovem debate sobre o direito ao aborto na PUC SP

No último dia 21, nós do Pão e Rosas juntamente com as Mulheres do Barricadas realizamos um debate na PUC-SP sobre o direito ao aborto. A atividade aconteceu no Museu da Cultura com a participação de Gabriela pelo Barricadas e Mara Onijá pelo Pão e Rosas.

Gabriela deu início à atividade enfatizando que a luta pelo direito ao aborto é uma luta para que as mulheres decidam sobre seus próprios corpos que deve ser entendida como uma questão de saúde publica. Ela lembrou também que na PUC SP a luta das/os estudantes hoje deve passar pelo combate a toda intervenção da Igreja sobre o conhecimento produzido nessa universidade, mencionando fatos absurdos como a obrigatoriedade de disciplinas relacionadas à religião e o peso que tem a Igreja na aprovação ou reprovação dos temas de pesquisa científica nesta universidade.

Mara Onijá começou falando sobre a contradição do discurso dos setores que se dizem em defesa da vida, mas que tentam ocultar que milhares de mulheres morrem todos os anos por abortos clandestinos. Afirmou ainda que a defesa do direito ao aborto está acompanhada da luta por educação sexual e acesso gratuito a contraceptivos, ao mesmo tempo em que defendemos o direito à maternidade a todas as mulheres que desejam ser mães. Ela lembrou que o mesmo Estado que não garante o direito ao aborto, também nos priva do direito pleno à maternidade, quando as mulheres seguem morrendo nas filas dos hospitais por falta de leito, quando mulheres grávidas passam semanas com um bebê morto dentro de sua barriga sem conseguir atendimento médico, entre tantos outros casos que poderiam ser citados.

O debate trouxe à tona muitas polêmicas, já que estavam presentes membros de um grupo de jovens católicos (Misericórdia) que se colocaram abertamente contra o direito ao aborto, chegando a dizer que todos os métodos contraceptivos têm chances de falhar e já que todos sabem disso, a mulher já faz sua decisão no momento do ato sexual. Apesar de afirmarem que não queriam fazer um debate religioso, os membros do grupo católico insistiram em colocar suas posições baseadas em dogmas propagados historicamente pela Igreja Católica.

Em resposta, muitos companheiros, homens e mulheres, colocaram-se ativamente no debate argumentando a partir da realidade e da defesa incondicional de que as mulheres tenham o direito a decidir sobre seus corpos, independente das posições que a Igreja defenda.

Sem dúvida, foi uma atividade muito importante: dentro de uma universidade dominada pela Igreja, demos eco ao nosso grito: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Basta de intervenção da Igreja em nossos corpos e na universidade!

Pão e Rosas na Casa Socialista do ABC














Exposição Pão e Rosas pelo direito ao aborto

No último sábado, 24/10, o Pão e Rosas esteve presente na festa da Casa Socialista do ABC, organizada conjuntamente com o Movimento Unidade Operária em Santo André.

Assim como na inauguração da casa, no mês passado, Jenifer Felix, integrante do Pão e Rosas, falou às pessoas presentes sobre a importância de um espaço no ABC paulista que abre as suas portas para que as mulheres se reúnam e se organizem por suas demandas.
Jenifer Felix chama as mulheres a conhecerem o Pão e Rosas

Maíra, da LER-QI, chamou todos os presentes a fazer um minuto de silêncio em repúdio à morte de Silvanio Pereira, operário da Mercedes de São Bernardo que faleceu na última quinta-feira num acidente de trabalho, numa demonstração de como a superexploração capitalista pode matar os trabalhadores. Relembrou que essa Casa está a serviço das lutas da juventude e da classe trabalhadora, como dos operários da Kraft-Terrabusi, dos eletricistas do México e de todo o povo hondurenho que resiste ao golpe militar

Para deixar uma vez mais nossa presença marcada na Casa Socialista do ABC, renovamos o painel permanente do Pão e Rosas na Casa, trazendo agora a exposição pelo direito ao aborto.

Em breve, mais atividades na Casa Socialista do ABC. Aguardem!













Exposição de quadros da Escola Livre de Cultura E Ciência














Exposição da Casa Socialista contra o golpe em Honduras

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Os golpistas da ditadura hondurenha de hoje, são os mesmos que ontem foram na Argentina com a ditadura de Videla"

(Honduras, 27/10/2009) Tivemos a oportunidade de entrevistar Andrea D´Atri, companheira feminista argentina da Agrupação de Mulheres Pan y Rosas, que nos fala do compromisso das organizações na luta contra o golpe de estado não apenas como uma demanda local e regional, pois a luta não é apenas hondurenha. Comenta que tem se identificado com a luta que tem se dado aqui com as companheiras Feministas em Resistência; disse que com as feministas na Argentina a consigna é: "Sem Feminismo não há Socialismo", e em seguida explica: Quem é socialista e não é feminista, carece de amplitude, mas quem é feminista e não é socialista, carece de estratégia... como dizemos, devemos vincular a luta das mulheres com uma luta por uma transformação social que ponha este sistema abaixo, porque está baseado em uma minoria de parasitas que exploram a imensa maioria da humanidade, das quais as mais afetadas são as mulheres... de 300 milhões de pobres que existem no mundo, 70% são mulheres e meninas... existem elementos interessantes sobre os processos identitários da luta dos povos da América Latina, porque os exploradores e golpistas da ditadura hondurenha de hoje, são os mesmos que ontem também foram na Argentina com a ditadura de Videla... Andrea D’Atri é dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) e uma das impulsionadoras da agrupação de mulheres Pan y Rosas. Nasceu em Buenos Aires, em 1967. Cursou Licenciatura em Psicologia na Universidade Nacional de Buenos Aires (1986-1992), onde foi docente até 1997. Também foi docente na Universidade Nacional de Córdoba e no ano de 2001 organizou o Seminário Gênero e Classe da Escola de Serviço Social, na Universidade Nacional de La Plata. Como especialista em Estudos da Mulher, realizou seminários e conferências em distintos países da América Latina e na Espanha, e coordena o departamento de Gênero do Instituto de Pensamento Socialista. É autora dos livros Pão e Rosas - Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo e organizadora da edição em espanhol do livro Lutadoras - Histórias de mulheres que fizeram história, além de outros artigos e contribuições publicados em Londres, Barcelona, Caracas e São Paulo. Entrevista da Radio Liberada para Insurrectasypunto.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mais um corpo caído no chão no Rio de Janeiro...

Gritamos por Ana Cristina Costa, Lúcia, Alana Ezequiel, e tantos outros mortos pela polícia assassina!
Por Lívia Barbosa
Desde o dia 17 de outubro, com a queda do helicóptero no Morro dos Macacos, a mídia burguesa tem nos bombardeado com notícias sobre a “violência nos morros cariocas”. Porém, escondem a verdadeira face dessa violência, ocultando quem são as 47 pessoas já mortas desde o início do confronto na zona Norte do Rio, e
além disso, de onde provêm as balas que os mataram...
No último domingo (25), Ana Cristina Costa do Nascimento, acompanhada de sua família e com uma filha de apenas 11 meses nos braços, foi brutalmente assassinada por uma suposta “bala perdida” quando deixava a comunidade da favela Kelsons, na Penha. Ana Cristina, assim como tantos outros moradores já mortos nas favelas, não teve sequer tempo de se virar, sendo covardemente alvejada pelas costas quando os policias entraram atirando a esmo na favela. Já a criança, gravemente ferida, corre o risco de ter seu pequeno braço amputado. E ainda assim, os verdadeiros assassinos seguem sendo tratados como heróis.
A verdade é que a política do governo Lula, assim como do governador do RJ Sérgio Cabral, segue sendo uma verdadeira limpeza social, com a sistemática criminalização da pobreza e um verdadeiro massacre à população pobre e negra no Rio e em todo o país. E a polícia, que não passa de uma instituição burguesa, defende a propriedade privada e os interesses dos capitalistas, derrubando a classe trabalhadora e a população negra e pobre com seus assassinatos, repressão, estupros e torturas.

Mãe de Alana Ezequiel

Como já foi anunciado na última semana, nos próximos seis meses a guerra promovida pela polícia assassina com o aval dos governos, só será intensificada. E as mulheres, homens, jovens e crianças moradores dos morros e favelas continuarão sendo seu alvo! E esse curso só tende a se intensificar com a crise capitalista, além da “necessidade” que os distintos governos têm em “limpar” a paisagem carioca da pobreza e desigualdade que salta aos olhos para os próximos eventos internacionais nesta cidade, a Copa e as Olimpíadas. Enquanto o governo Lula repassa milhões para a (in)segurança pública, o investimento em moradia, saúde pública e educação é minguante.

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas não podemos nos calar diante dessa barbaridade! Gritamos por Ana Cristina e sua filha, assim como por Lúcia e Alana Ezequiel de apenas 13 anos e por todos os outros mortos pela sanguinária polícia brasileira, mortos que tem nome, classe e também tem raça/etnia !!!
Por isso chamamos todas entidades estudantis (DCEs, DAs, CAs), grupos que atuam na universidades, grupos e organizações feministas, bem como partidos de esquerda, organizações de direitos humanos, centrais sindicais e sindicatos a gritarmos juntos:

Pelo fim da repressão policial nos morros e favelas!!!
Basta de assassinatos de mulheres, de seus filhos e de toda a juventude pobre!!!
Basta de assassinato ao povo negro!


*O marido de Ana Cristina, Anilton César Matos revoltado com a realidade posta à sua família e à de toda a população pobre brasileira, após citar um trecho da música “12 de Outubro” do grupo de Rap Facção Central a um jornalista, também deu um forte depoimento, que reproduzimos a seguir:
"Incompetência desses governantes. Fala bem só na televisão. Fala bonito, come bem, forte, gordo, viaja bastante. E nós que moramos na comunidade vivemos essa guerra. Hoje em dia foi minha esposa, quase foi minha filha e a família inteira. Quero saber quando isso vai acabar e qual resposta eles vão me dar".


*Lívia Barbosa é Assistente Social, integrante do Pão e Rosas e militante da LER-QI

Pão e Rosas se soma ao chamado do CACH Unicamp: Todos ao ato!

Em defesa da vida de mulheres e crianças que sofrem com abusos sexuais, abortos clandestinos e péssimas condições de saúde e ainda são condenadas pela Igreja!

O 4º Encontro de Bioética realizado pela Comunidade Católica Pantokrator, que começou esta segunda-feira, dia 26, em Campinas, é mais uma prova de que os setores reacionários da Igreja não medem seus esforços para organizarem um movimento ofensivo contra o direito ao aborto e o casamento homossexual, e para isso contam com o apoio de deputados de direita como o Paes de Lira (PTC-SP) que tem se destacado no Congresso Nacional como um dos mais atuantes deputados contra o aborto, e com a presença de Dom José Cardoso Sobrinho, ex-arcebispo emérito de Olinda e Recife, que ficou famoso pela frase nefasta “o aborto é um crime pior do que o estupro”, no caso da garota de 9 anos que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos, se enquadrando nas lei restritiva sobre o aborto no Brasil.

Cada vez mais os setores anti-aborto estão se mobilizando e não podemos ficar de braços cruzados, pois isso significa mais mortes de mulheres trabalhadoras por abortos clandestinos e criminalização das mulheres. Em Brasília, a 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, realizada no último 30 de agosto, foi financiada por dinheiro público. No dia 18 de outubro ocorreu a 1ª Marcha Roraimense em Favor da Vida, com a presença dos deputados que compõem a Frente Parlamentar em Favor da Vida. A Igreja e os setores reacionários da burguesia estão armando o terreno para o 2º Encontro Mundial em Defesa da Vida, que acontecerá em 2010, no Brasil, por ser considerado o país exemplo no combate ao aborto. E Lula que se coloca hipocritamente em defesa dos direitos das mulheres, afirmando que o aborto é uma questão de saúde pública, se mantém cada vez mais conivente com a ofensiva dos setores reacionários contra este direito democrático tão elementar para as mulheres. A prova mais concreta disso é o recente acordo que o governo federal firmou com a Santa Sé, aonde o ensino religioso será obrigatório nas escolas públicas, enquanto jovens e crianças não têm acesso a educação sexual para decidirem sobre seus corpos, continuam sofrendo com a violência sexual, e sem condições de vida dignas, psicológicas e físicas para levarem adiante uma gravidez indesejada, são bombardeadas com palavras “divinas” que defendem a vida em abstrato pois “a lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Quando uma lei promulgada pelos legisladores humanos é contrária à lei de Deus, essa lei não tem nenhum valor”, como disse o arcebispo de Olinda no caso da garota de 9 anos.

Só no Brasil, todos os anos, 750 mil a 1 milhão de mulheres brasileiras abortam em condições clandestinas. A maioria desses abortos são realizados pelas próprias mulheres em péssimas condições de higiene, por não possuírem dinheiro para pagar valores altos cobrados nas clínicas clandestinas. O aborto é considerado a 4° causa de morte entre as mulheres no nosso país, sendo as principais vítimas, as mulheres jovens, negras e pobres. Esta mesma sociedade que criminaliza o aborto não faz valer o direito a maternidade, contraditoriamente persegue as mulheres em seus locais de trabalho para não engravidarem, e nega o atendimento público de saúde a gestantes e recém-nascidos. Além disso, não podemos seguir a orientação sexual que desejamos.

Tudo isso os faz chegar apenas a uma conclusão, de que as mulheres pobres e trabalhadoras são as que mais sofrem com o aborto clandestino e que o Estado brasileiro junto com a Igreja e a burguesia, só tem a oferecer as mulheres: humilhações, péssimas condições de vida, um sistema de saúde público precário e a morte!

Nós do Pão e Rosas Campinas, nos juntamos ao CACH no ato de hoje contra este encontro reacionário da Comunidade Católica Pantokrator, pois devemos unir nossas forças e vozes para dizer: basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! É preciso que todas as entidades estudantis, organizações políticas, grupos que atuam nas universidades, sindicatos e centrais sindicais, movimentos sociais e populares tomem as bandeiras das mulheres e defendam os direitos democráticos das mulheres e da classe trabalhadora. O momento histórico atual, com uma maior ofensiva da direita na América Latina, como prova o golpe de estado em Honduras com ajuda da Igreja, a criminalização dos lutadores trabalhadores da USP, que protagonizaram uma das greves de mais combativas, assim como nossos companheiros do MST, a agudização da violência policial nos morros cariocas e nas periferia se favelas do Brasil, a violência contras as mulheres e o povo haitiano pelas tropas da ONU, e no México a demissão massiva de 46 mil trabalhadores com a extinção da companhia Luz y Fuerza del Centro, nos impõem a defesa com tudo dos direitos democráticos das mulheres e da classe trabalhadora, e para isso é preciso que saiamos as ruas para reivindicar nossos direitos e elevar nossa luta ao questionamento dessa sociedade de opressão e exploração.

Todos ao ato em defesa do direito ao aborto!

Concentração em frente ao prédio Culto à Ciência, nº 239, bairro Botafogo, no final da tarde às 18h para panfletagem e organização do ato.

Não podemos defender a vida em abstrato! É preciso, ao contrário, defender a vida concretamente! Defender o direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito e dizer um basta às milhares de mortes por abortos clandestinos!

"Em Franca, as jovens sapateiras foram as principais vítimas da Gripe A"

Por Pão e Rosas Franca

Mulheres, estivemos diante de uma pandemia! Há meses vemos notícias nas rádios, televisões e jornais, falando da nova gripe A (suína), que em pouco tempo se espalhou pelo mundo inteiro. São Paulo é o estado que registra o maior número de casos e também onde mais morreram pessoas por conta da nova gripe no Brasil. Em Franca não é diferente, hoje estima-se que 30 pessoas estejam com a nova gripe, (sendo 12 casos já confirmados), sendo 2 vítimas fatais: um homem de 50 anos e uma sapateira de 21 anos, grávida. Das 192 mortes que aconteceram no Brasil até agosto deste ano, 28 eram gestantes! Isso porque ao engravidar, a mulher passa a dividir todos os nutrientes de seu corpo com o bebê, ficando mais vulnerável à doenças, como a gripe A.

No mês de julho, por ordem do Ministério da Educação, diversas escolas, creches e universidades adiaram o início de suas atividades, já os trabalhadores não foram dispensados demonstrando que para o governo e os patrões, a vida dos trabalhadores vale menos. Sem contar nas FÁBRICAS, que continuaram e continuam trabalhando a todo vapor, em ambientes fechados, com um grande número de pessoas trabalhando no mesmo lugar e com os objetos passando nas mãos de diversas pessoas. Um ambiente como este é ideal para a transmissão do vírus.

Por isso, a exemplo dos trabalhadores e trabalhadoras da Argentina que estão em luta exigindo condições de trabalho seguro e materiais de proteção contra o vírus, para não colocar em risco nem suas vidas nem a vida de suas famílias, nós sapateiros e sapateiras devemos exigir o mesmo dos patrões de Franca!

Por condições seguras de trabalho!

Pelo afastamento de todas as mulheres grávidas sem nenhuma perda salarial e nem de benefícios!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O CACH convoca a todos/as para um ato amanhã, 27/10, às 18h em defesa do direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito!

Publicamos abaixo o chamado do Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH) da Unicamp para realização de um ato amanhã em repúdio à presença do arcebispo de Olinda em atividade sobre bioética em Campinas, chamando todas e todos a se manifestarem pelos direitos das mulheres, pelo direito ao aborto.

Arcebispo de Olinda que diz que “o aborto é um crime pior do que o estupro” participará de um evento amanhã em Campinas!

Começou nesta segunda-feira, dia 26 de outubro, em Campinas, o 4º Encontro de Bioética. Este encontro é organizado pela Comunidade Católica Pantokrator, e tem como um de seus objetivos claros impulsionar um movimento contra a descriminalização do aborto e contra o casamento homossexual no Brasil. Amanhã, terça-feira, 27, às 19h30, acontecerá a atividade mais escandalosa e bizarra do encontro: D. José Cardoso Sobrinho, o arcebispo emérito de Olinda e Recife, que excomungou a família e os médicos que realizaram o aborto daquela garota de 9 anos, grávida de gêmeos, que foi estuprada pelo padrasto, participará de uma palestra com o seguinte nome: “A verdade sobre o caso de Alagoinha”.

Não podemos nos omitir diante de um evento desses. O movimento estudantil e suas entidades, que desde 2007 têm protagonizado importantes lutas, deve se posicionar ao lado dos setores mais oprimidos e explorados da sociedade. Nesse sentido, além fazer ecoar a voz dos trabalhadores no interior da universidade, é fundamental que os estudantes tomem as bandeiras das mulheres para si, se colocando ao lado delas na luta por seus direitos democráticos e contra o machismo. Por isso, chamamos todas as entidades estudantis – DCEs, Das, CAs e Atléticas – e grupos que atuam nas universidades, grupos feministas, bem como partidos, organizações de esquerda, centrais sindicais e sindicatos a construir um ato em frente ao prédio Culto a Ciência, expressando nossa luta em defesa de um direito tão democrático como o do aborto.

Estar contra o direito ao aborto não é estar a favor da vida, e sim a favor do aborto clandestino! Não podemos defender a vida em abstrato! É preciso, ao contrário, defender a vida concretamente! E defender o direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito é dizer um basta às milhares de mortes por abortos clandestinos!

Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Educação sexual para escolher, anticoncepcionais de qualidade para não engravidar! Aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer!

Todos ao ato amanhã em defesa do direito ao aborto!

Concentração em frente ao prédio Culto à Ciência, nº 239, bairro Botafogo, no final da tarde às 18h para panfletagem e organização do ato.

Centro Acadêmico de Ciências Humanas – CACH Unicamp
Gestão Oboré

I Ciclo de estudos LUTADORAS na Casa Socialista do ABC: atuação e legado das lutadoras Flora Tristan e Louise Michel

Por Aline e Jenifer, Pão e Rosas ABC

Neste domingo, dia 25/10, aconteceu na casa Socialista do ABC o primeiro ciclo de estudos “Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história”, baseado no livro de mesmo título, publicado por Edições Iskra. Organizado pelo Pão e Rosas do ABC, tivemos a apresentação da história de vida de duas das lutadoras: Flora Tristan e Louise Michel.

Sobre a Flor
a, fizemos uma abordagem mais estrutural sobre seu papel enquanto grande influência do pensamento de Karl Marx e dos comunistas contemporâneos, além da importância da sua experiência para que materialmente Flora cumprisse o papel de mulher revolucionária e expressão muito avançada de ligação da atuação das mulheres enquanto operárias e firmes defensoras do classismo e de uma forte reivindicação pela educação e emancipação das mulheres, em um período que pouco se falava em lutar pelas mulheres ligando à necessidade de avançar enquanto sociedade.

Em continuidade, sobre Louise Michel, enfatizamos no primeiro momento a importância do momento histórico que ela vivenciou, presencialmente ou não, como a Revolução de 1848, a Comuna de Paris e a Guerra Franco-prussiana. Depois desta explanação, nos detivemos a sua atuação implacável na Comuna de Paris em específico, o período de exílio, seu retorno à Europa e os principais fatos de sua atuação até os 75 anos. Para fechar, não poderíamos deixar de citar sua produção literária.

Essa foi uma iniciativa que nos despertou muito mais interesse pela história dessas mulheres e que nos deixa com mais profundidade o legado de cada uma delas. A partir dessa atividade pudemos conhecer e nos apropriar dessas histórias e tomá-las como exemplo de luta de vida e de superação. No próximo período daremos continuidade ao ciclo.
Mais informações em breve!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mulher trabalhadora, estudante, terceirizada, dona de casa, desempregada...Venha conhecer o Pão e Rosas em Campinas!

Mulher trabalhadora, estudante, terceirizada, dona de casa, desempregada... que convive com o machismo dentro e fora de casa, a dupla jornada, a exploração dos patrões, o assédio moral nos locais de trabalho e estudo, o desemprego, a impossibilidade de decidir sobre sua própria vida, ... venha discutir com o grupo de mulheres Pão e Rosas os problemas enfrentados pelas mulheres nesta sociedade que oprime e explora e o que podemos fazer para lutar pelos direitos das mulheres.

Dia 24/10, Sábado, as 14h
E.E. Salvador Bove
Rua Alberto Degrande, 330 - J. N. Mercedes - Campinas

Se quiser entrar em contato conosco mande email para:
paoerosas.campinas@gmail.com

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Venha participar do I Ciclo de Estudo "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história" na Casa Socialista do ABC

I Ciclo de estudos "Lutadoras. Histórias de mulheres que fizeram história"
Abordando: Louise Michel, Flora Tristan, Rosa Luxemburgo, Clara Zetkin e Pen Pi Lan. Será distribuído certificado das Edições Iskra aos/às participantes.

25/10, domingo, das 10h às 17h
Casa Socialista do ABC - Av. Príncipe de Gales, 527 - Santo André/SP
Organização: Pão e Rosas
Apoio: Edições Iskra

Pão e Rosas ABC e Movimento Unidade Operária convidam:

Casa Socialista ABC
Av. Príncipe de Gales, 527 - Santo André

Em Araraquara as mulheres do Pão e Rosas convidam: Venha conhecer e construir o Pão e Rosas!

O Pão e Rosas é um grupo de mulheres que discute a opressão da mulher dentro da luta de classes, questiona o feminismo burguês e todas as discussões superficiais sobre a mulher que são totalmente desvinculadas da sociedade em que vivemos. O nosso grupo é um espaço para pensar na realidade que a nossa sociedade impõe às mulheres e, também, discutir a forma de luta que deve ser travada contra a opressão feminina.

Convidamos a todas/os interessadas/os em uma discussão feminista e classista, homens e mulheres, a participarem da reunião de apresentação do grupo na FCL que será:

22/10 às 14h
No vão dos CA’s - Unesp Araraquara

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Grande encontro das Creches da USP conta com a participação do Sintusp, grupo de mulheres Pão e Rosas e professoras da Faculdade de Educação

Nessa quinta-feira 15/10, dia do professor, ocorreu o ato intitulado II Encontro dos Profissionais das Creches da USP com a Comunidade, em frente à Reitoria da USP. Mesmo debaixo de chuva, cerca de 100 trabalhadoras e trabalhadores das Creches e Pré-Escolas coordenadas pela COSEAS se reuniram num dia de atividades que envolvia mesa-debate com convidados, plenária dos trabalhadores e atividade cultural.

Com a presença de Magno Carvalho, do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) , Maria Letícia Nascimento e Patrícia Dias Prado professoras da Faculdade de Eucação, e Diana Assunção, trabalhadora da Faculdade de Educação e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas, a mesa-debate, coordenada por Natália Bortolaci foi aberta por Ana Cristina Araújo, uma das organizadoras da atividade, que expressou o importante significado que tinha esse encontro no marco da luta dos profissionais das Creches, agradecendo o apoio do Sindicato e de outras categorias. Ainda, antes disso, o diretor do SINTUSP e demitido político Claudionor Brandão falou aos presentes sobre a questão das fundações dentro da universidade, como a fundação da Faculdade de Medicina, que tem interferido no funcionamento da Creche que fica na Faculdade de Saúde Pública da USP.

As docentes fizeram um resgate histórico da desvalorização da infância e do trabalho dos professores e demais profissionais atuantes na Educação Infantil, suas dificuldades e questionamentos, e saudaram a atividade, se colocando ao lado de todos os trabalhadores presentes. Diana Assunção, do Pão e Rosas, falou sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho, demonstrando como a função das mulheres nas creches surgiu como uma forma precarizada de continuidade do papel de “mãe” no âmbito privado, chamando todas as trabalhadoras a lutarem não apenas pelos seus direitos, mas também pela educação de qualidade e pela subversão dessa ordem capitalista. Magno Carvalho, falando como pai de uma criança que frequentou a creche, resgatou a luta por creches dentro da USP, mostrando a necessidade de que essa seja uma bandeira do conjunto dos trabalhadores, assim como o reconhecimento já muito tardio das profissionais da creche enquanto Professoras.d

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

600 assinaturas pela expulsão do assediador obrigam a direção da FCL da UNESP Araraquara a mostrar sua cara!

Por Pão e Rosas Araraquara

No dia primeiro de outubro, após quase um mês de mobilização dos estudantes da Unesp de Araraquara e dos moradores da Moradia Estudantil, a direção da FCL (ou como convém chamá-la, Burocracia Acadêmica) foi obrigada a orquestrar um desfecho ao caso de assédio sexual que tinha como principal demanda dos estudantes a expulsão do assediador. Isso só foi possível em primeiro lugar, pela coragem das alunas em denunciar o assédio e por toda mobilização que não se deu somente através dos moradores que lutavam pela sua expulsão, mas também junto a mais de 600 assinaturas de estudantes da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, que demonstraram um posicionamento solidário fundamental, além do apoio de várias entidades como: a Associação de Professores da PUC-SP, Sindicato dos Trabalhadores da USP, Conlutas, grupo de mulheres Pão e Rosas, Diretório Acadêmico Honestino Guimarães da Fundação Santo André, Centro Acadêmico de Ciências Sociais da PUC-SP, Diretório Acadêmico da Unesp de Rio Claro, Movimento A Plenos Pulmões, Centro Acadêmico Benevides Paixão da PUC-SP, Centro Acadêmico Letras USP, Coletivo Wendo, Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, Coletivo Feminista, entre outros. A iniciativa de não restringir as demandas da Moradia somente aos moradores, mas buscar uma aliança com o conjunto dos estudantes e outras entidades e agrupações, demonstrou sua força ao obrigar a burocracia acadêmica a tomar medidas. À sua maneira, e é claro que sempre de acordo com seus interesses.

Bolsa-trabalho para um assediador!?

Não nos estranha que a burocracia acadêmica não somente buscou uma alternativa para desarticular a mobilização que havia sido organizada, mas principalmente para jogar pra debaixo do tapete o escandaloso caso de assédio ocorrido na Moradia. Tentando aparecer como a grande solução para o problema dos estudantes, como se fosse simples apagar todo seu histórico de perseguição aos estudantes como no início do ano, quando tentaram expulsar quase 20 estudantes por estes terem apenas perdido a matricula. O fato é que a saída apresentada pela burocracia foi simplesmente dar uma bolsa-trabalho para o assediador, em troca de sua saída da Moradia, para “evitar problemas”. Essa é a verdadeira cara da burocracia acadêmica e da Universidade que se demonstra cada vez mais antidemocrática, que mostra ter verbas para o que ela julga necessário (mesmo que seja um benefício para um assediador!), enquanto centenas de estudantes estão sem vagas na Moradia Estudantil, muitos que precisam de bolsas de estudos, com bolsa-alimentação pela metade, sem transporte gratuito até a Moradia.

Estudantes e mulheres, vamos por mais!

Nós do Pão e Rosas acreditamos que hoje é necessário mostrar para todos os estudantes que a força da nossa mobilização pode mudar a correlação de forças e obrigar a burocracia acadêmica a apresentar alguma alternativa para os problemas que estão colocados na Universidade. Por considerarmos um grande absurdo um assediador da Moradia ser “premiado” pela burocracia acadêmica, denunciamos esses metódos, e agora sim é que vamos por mais. Pois se é possível de um dia por outro lançar mão de uma bolsa-trabalho, porque não aumentar as vagas na Moradia? Porque não garantir transporte gratuito para todos os estudantes até a Moradia? Por que não retroceder com o corte das bolsas alimentação?

Exigimos que a gestão da Universidade não esteja mais nas mãos de uma minoria que faz o que bem quer com o dinheiro, sempre de acordo com seus interesses e não da comunidade universitária. Exigimos que a diretoria disponibilize acesso total às contas da Universidade, para que todos possam analisar quais são seus gastos e as condições para o atendimento das demandas dos estudantes, funcionários e professores. Não podemos mais aceitar que a diretoria, depois de invadir a Universidade com a PM em 2007 (abrindo um terrível precedente), suspender estudantes por lutar, quase expulsar 20 estudantes por terem atrasado sua matrícula, e tantos outros desmandos, siga governando essa Universidade a seu bel prazer.

Chamamos todos os estudantes a acreditar em suas próprias forças para que consigamos arrancar nossos direitos, aprofundando a auto-organização da Moradia e superando o hiato desta e do movimento estudantil com o conjunto dos estudantes. Chamamos também todos os estudantes que assinaram o abaixo-assinado, a darem um passo a frente para começar a refundar o movimento estudantil da Unesp de Araraquara, explicitando que em Araraquara o silêncio acabou, mas que não deixaremos de gritar na luta pelos nossos direitos, contra a opressão das mulheres e por uma nova Universidade e um novo movimento estudantil.

"Mulheres, é preciso se levantar contra a repressão aos lutadores e lutadoras da USP!"

A greve que nós, trabalhadores e trabalhadoras da USP, com estudantes e professores, protagonizamos em nossa universidade não foi uma greve com demandas apenas econômicas ou sindicais. Desde o começo, se tratou de uma greve política, e por isso incomodou tanto a Reitora, o governo e a mídia de direita. Foram 57 dias de luta, onde uma das principais demandas foi a defesa do sindicato, ou seja, a defesa incondicional da possibilidade dos trabalhadores e trabalhadoras se organizarem. Isso porque, no final de 2008, nosso dirigente sindical Claudionor Brandão foi demitido por ter, entre outras coisas, defendido os trabalhadores terceirizados da Faculdade de Educação. Obviamente que nem a Reitora, nem a burocracia acadêmica que mandam na universidade se preocupam com a situação de exploração em que vivem esses trabalhadores, e pra nos atacar ainda mais, demitiu um dos principais dirigentes sindicais da categoria. Entendemos, obviamente, que não se tratou de uma demissão individual, mas de um ataque ao conjunto dos trabalhadores da USP.

Hoje, a universidade passa por um debate político em torno de sua democratização, afinal, onde já se viu que a principal universidade de São Paulo tenha seu Reitor indicado pelo Governador? Mais ainda, uma universidade que permite que uma casta de professores comande o Conselho Universitário, que votou a resolução que permite a entrada da polícia quando “acharem necessário”. É também uma universidade onde os estudantes, que são maioria, não têm voz, e os trabalhadores são cada vez mais atacados.

Tem aqueles que acham que é preciso participar das eleições, com um candidato mais “progressivo”, ou aqueles que querem fazer um plebiscito. Mas nós trabalhadores da USP votamos em nossa assembléia que com esse regime não dá, com esses mecanismos anti-democráticos não podemos mais... é preciso boicotar! Por isso apresentamos, junto com outros setores, a anti-candidatura de protesto do Prof. Chico de Oliveira, que levanta muitas das reivindicações que já vínhamos exigindo em nossa greve. E, no meio desse debate político, após alguns meses de nossa greve de 57 dias, a Reitora começa, de forma dissimulada, de um lado atacar ainda mais o Sindicato, com novos processos, sindicâncias e agora uma perseguição à companheira Neli, e por outro lado dando um cala-boca pra todos os trabalhadores com um prêmio de R$ 1.500,00 e o adiantamento da 1ª parcela do 13º.

Diante dessa situação, é necessário que todos os trabalhadores e trabalhadoras, ao lado dos estudantes e professores, coloquem no centro de toda a discussão pela redemocratização da universidade a luta contra a repressão aos lutadores e lutadoras. Esse é um ponto elementar que teremos que nos fortalecer para enfrentar, denunciando à morte esse regime anti-democrático e reacionário, lutando por nossas reivindicações, e avançando cada vez mais para impor que os “mandantes” dessa universidade não podem mais fazer o que querem, que a democracia deve ser colocada por aqueles que fazem funcionar a universidade, que somos nós os trabalhadores, os professores e os estudantes, onde se expresse a maioria, que são os estudantes, lutando contra a opressão aos negros e às mulheres dentro da USP, e para colocar de pé uma estatuinte livre e soberana, com um governo tripartite com maioria estudantil, para tomar em nossas mãos os rumos da universidade, e colocar a universidade a serviço dos que mais necessitam, da maioria da população, que são os trabalhadores e o povo pobre.

Diana Assunção, trabalhadora da Faculdade de Educação da USP e integrante do Núcleo da Mulher Trabalhadora do Sintusp