sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"É um absurdo nós mulheres latino-americanas termos que lutar por um direito tão elementar"

Por Camila Loures, estudante de Pedagogia da Unicastelo Itaquera e integrante do Pão e Rosas

Falar em aborto é criar polêmica. Ou melhor, falar em legalização do aborto é gerar polêmica. Isso porque a maioria das pessoas foram cegadas pela religião e pelo discurso pró-vida. Se dizem a favor da vida e trocam vidas reais por vidas em potencial. Nas discussões esse discurso em muito me aborrece, pois, primeiro, é o mínimo do bom senso entender que você pode pensar como quiser, mas isso não te dá o direito de querer impor suas opiniões sobre as outras pessoas; segundo, nenhuma mulher faz aborto de 'feliz", muito pelo contrário, é algo muito sofrido, doloroso, humilhante e arriscado, sendo que na maioria das vezes ela é empurrada pela própria sociedade a fazê-lo; terceiro, você "achar" que o aborto não deve acontecer, não muda o fato de que ele ACONTECE, sempre aconteceu e vai continuar acontecendo, e mulheres MORREM (tipo assim, PESSOAS, seres humanos de verdade, com uma vida, uma história, etc, etc.) por não terem condições seguras de realizá-lo. Mas é obvio que quem morre são as pobres, negras, que não tem a fortuna que pedem as clínicas clandestinas. Porque algo que deve ficar claro é que o aborto não é algo que acontece apenas nas classes menos favorecidas, muito pelo contrário, pois nesse caso não existiriam tantas clínicas clandestinas lucrando. E lucram graças ao nosso país atrasado, onde democracia não passa de uma lenda, que não reconhece um direito básico da mulher: o direito sobre seu próprio corpo. Chega a ser um absurdo em pleno século XXI nós mulheres latino-americanas ainda termos de lutar por um direito tão elementar como este que em 49 países é permitido sem nenhuma restrição. E é por isso que penso que devemos inflar os pulmões e gritar com todas as forças para todo mundo ouvir: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Educação sexual em todos os níveis da educação pública! Contraceptivos gratuitos para não abortar! Aborto legal, seguro e gratuito, realizado nos hospitais públicos PARA NÃO MORRER!

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