terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Companheiras, agarrem nossos instrumentos de luta!"

Por Jenifer C. Falix, estudante da Fundação Santo André e integrante do Pão e Rosas

Nós do grupo Pão e Rosas travamos nossas lutas cotidianamente contra o sistema elitista, machista e opressor que é o sistema capitalista levantando nossas campanhas e gritando ao mundo que somos mulheres que enfrentam não só os patrões, mas que combate todo um sistema. Sim, nós somos hondurenhas, somos Marcelo Campos, somos estudantes, terceirizadas, trabalhadoras, donas de casa, desempregadas, enfim, somos mulheres que agarram suas lutas e que tomam a frente delas e chama a todas as mulheres a participar também dessas lutas, e tomar em suas mãos o curso da história, e de seus corpos não deixando que o sistema utilize deles como produtos. Nós os tomaremos e decidiremos o que e como fazer com eles sem essa forma burguesa de corpo perfeito, pois as mulheres são diferentes e nossa sexualidade se dá de várias formas, não só a ditada por eles.

Damos, sim, total apoio a nossas companheiras hondurenhas e daqui do Brasil gritamos por elas. Se os capitalistas e todos os senhores do capital se ajudam perante a crise, por que não daremos nosso total apoio a nossas companheiras hondurenhas? Porque quando os burgueses se ajudam é normal e a nós é tolice; não é tolice, é solidariedade, humanismo. Temos também que tomar muito cuidado com as igrejas que resolvem tudo e que têm uma solução milagrosa para as nossas companheiras hondurenhas, e a tantas outras situações. No dia 29 de agosto, a Igreja Universal tomou nota no seu jornal dizendo: “Estamos a cada domingo realizando um clamor em favor do país e esclarecendo que, independente do que acontecer, a vida de todos os homens de Deus está na mão do senhor e, sendo assim, ela será de êxitos” (Pastor Anderson).

Companheiras, eu acredito que não podemos cair na lábia da igreja que não questiona a raiz do problema e que mostra que sem nenhuma luta todas as conquistas serão alcançadas e cairão do céu. Temos visto a repressão brutal, pessoas morrendo, o estado de calamidade que passa Honduras e não podemos só ficar clamando e pensar individualmente e achar que vamos ser salvos e as outras pessoas que cumpram seu papel com Deus.

Gritamos que somos Marcelo Campos e quanto mais indivíduos forem, pois não somos um, somos um milhão, de negras e negros que lutam cotidianamente contra o preconceito propagado na mídia e nos jornais. Chegou a hora de dar um basta a todo esse egoísmo, todo esse individualismo e mostrar que somos todos seres humanos que só querem viver dignamente!!

Levantamos a questão da terceirização que escraviza, divide e humilha os trabalhadores e principalmente as trabalhadoras que já são humilhadas em seus trabalhos efetivos e muito mais na terceirização onde a maioria é mulher. Os empregos precários caem sempre sobre nós e as mulheres ainda recebem um salário inferior ao dos homens mesmo com todo esse discurso de que a mulher alcançou seu lugar na sociedade. Mas peraí, que lugar é esse que estamos falando? Porque se esse for o lugar da mulher na sociedade, muito obrigada, mas nós não queremos. Lutamos por um lugar justo e igual, com salários iguais e mesmas condições de trabalho. Pelo fim da terceirização que divide uma classe já muito fragmentada e explorada. Se todos os burgueses se unem contra os trabalhadores zelando por seus ricos milhões, por que nós mulheres, nós seres humanos, trabalhadoras não podemos nos unir para também combatê-los?

Companheiras, nossa luta se dá simplesmente para viver bem, ter alimento e condições de sobreviver, o que é impossível nesse mundo que é desumano, desigual, mas que pode ser mudado, mundo esse em que os explorados sofrem todos os dias os horrores do sistema e os exploradores se mantêm pelo nosso trabalho.

“Sim, é pelo pão que lutamos, mas também pelas rosas”

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