terça-feira, 29 de abril de 2014

As lições de 1917 na luta pela emancipação das mulheres

LANÇAMENTO MULHER, ESTADO E REVOLUÇÃO

Por Rita Frau, professora e da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta

Artigo publicado no Jornal Palavra Operária, n 104.                                                              
http://www.ler-qi.org/As-licoes-de-1917-na-luta-pela-emancipacao-das-mulheres

Nos dias 19, 20 e 21 de maio, em Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente ocorrerão as conferências de lançamento do livro “Mulher, Estado e revolução” com a presença da autora, a historiadora norte-americana Wendy Goldman. A publicação, uma coedição da Boitempo Editorial e Edições ISKRA, conta com prólogo de Diana Assunção.

Nem mesmo as mais avançadas “democracias” capitalistas conseguiram conceder às mulheres de forma simples e rápida direitos elementares como o direito ao aborto ou a possibilidade de se divorciar quando quisesse, de acordo com seus sentimentos. Mas foi com a classe operária chegando ao poder, em uma revolução que desatou com uma greve de mulheres operárias, que foi possível conhecer as medidas mais avançadas no que diz respeito a luta pela nossa emancipação. “Mulher, Estado e revolução” vem a publico mostrar os grandes debates entre os bolcheviques para lidar com o avanço nas medidas de libertação das mulheres e o fato de que só seria possível a emancipação completa das mulheres em uma sociedade efetivamente comunista, onde se impusesse o fim do valor, do dinheiro, da mais-valia e assim de todas as classes sociais. Por isso o estado operário de transição colocou em cena todo o processo de “metamorfose” interna da revolução, como já apontava Leon Trotsky em sua Teoria da Revolução Permanente.
Da socialização das tarefas domésticas para livrar as mulheres deste serviço atrofiante até a necessidade de que as mulheres passassem a dirigir o estado operário, muito se debateu e avançou no processo de libertação das mulheres. Como muitos bolcheviques diziam, todas as leis implementadas no estado operário deveriam, conforme se avançasse para o fim das classes, definhar. As leis eram dialeticamente implementadas também como forma de proteger as mulheres diante das mudanças radicais da sociedade, a contradição entre a forma de organização familiar capitalista – que impunha a dependência financeira das mulheres em relação aos homens – e o ideal do amor livre onde as relações estariam livres dos entraves capitalistas e cada relação seria definida por sentimentos mútuos.
Como Edições ISKRA queremos que esta elaboração seja um aporte para a luta das mulheres no Brasil, mas queremos retomar o debate que já completa mais de um século entre marxistas e feministas sobre qual a estratégia de luta das mulheres. Enquanto o feminismo da igualdade é expressão da integração cada vez mais profunda ao Estado burguês através de ONG´s e grupos feministas ligados ao governo que continuam enaltecendo a possibilidade de emancipação das mulheres no capitalismo, vemos também uma série de “feminismos” que se reivindicam radicais e que voltam a negar as contradições de classe voltando-se exclusivamente para a implementação de medidas individuais contra os homens. Todos estes feminismos são funcionais uns aos outros, algumas vezes com roupagem mais de esquerda, outras vezes mais radical, mas todos nutrem-se de um profundo ceticismo na classe operária – e às vezes ódio de classe – para buscar respostas imediatas a opressão cotidiana que vivem as mulheres.

Este livro é portanto uma ferramenta científica para trabalhadores e trabalhadoras, jovens e estudantes, avançarem em uma compreensão revolucionária da emancipação das mulheres, e também uma ferramenta de combate a todo tipo de ideologia feminista que em sua estratégia terminam negando a única possibilidade de emancipação para as mulheres: a tomada do poder pela classe operária, como fizeram as operárias e operários russos em 1917. Estamos na primeira fileira das demandas mais sentidas das mulheres, sobretudo as trabalhadoras, negras e pobres, e intervimos no movimento real de mulheres existente, mas com estas perspectiva revolucionária porque queremos ser sujeito do fim desta sociedade que nos relega somente miséria e opressão.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

1º de maio - Bloco Classista e Combativo Movimento Nossa Classe


O Movimento Nossa Classe impulsionado por militantes da LER-QI, do grupo de mulheres Pão e Rosas e independentes, e apoiado pela Juventude Às Ruas, chama a construir um Bloco Classista e Combativo neste 1º de maio! Participaremos do ato na Praça da Sé lutando por uma política anti-governista e anti-burocrática, buscando tirar as lições das principais lutas operárias que vimos em nosso país este ano e retomando as demandas de junho. Basta de um 1º de maio rotineiro, organizemos um grande bloco classista e combativo! Venha com o Movimento Nossa Classe! Concentração às 10h no Páteo do Colégio.

Nossa classe viu que não pode esperar mudanças de cima
Está surgindo um novo movimento operário em todo o Brasil

O povo elegeu Lula e Dilma com grande expectativa de mudança. Em anos de crescimento econômico, quem mais ganhou foram os empresários e banqueiros. Foi por isso que milhões saíram às ruas em todo o país em junho de 2013. Os governantes recuaram nos aumentos das passagens, mas já estão aumentando novamente e ignoraram as demandas de serviços públicos de qualidade. Seguimos sofrendo no transporte público, nas filas dos hospitais, com racionamento de água, educação precária e os baixos salários (segundo um órgão do governo, o DIEESE, o salário mínimo deveria ser R$ 2992,19). Enquanto isso, o governo e os capitalistas só se preocupam com a Copa, reprimem o povo pobre e negro nas periferias e morros, os políticos seguem roubando descaradamente e 42% do orçamento público é destinado para grandes banqueiros (através do pagamento da dívida interna e externa). A oposição burguesa, encabeçada pelo PSDB (mas que agora lança também Eduardo Campos do PSB), faz discurso contra o governo, mas não é nenhuma alternativa, ao contrário, são representantes ainda mais diretos dos empresários.
Disseram que o gigante tinha dormido depois que retrocederam as manifestações de junho. Mas o gigante mais forte de todos, a nossa classe trabalhadora, que faz tudo nesse país se mover, é quem está acordando. Quando houve as manifestações de junho de 2013, muitos trabalhadores em todo o país quiseram lutar, mas foram impedidos pelas burocracias sindicais. Centrais sindicais como CUT, UGT, CTB e Força Sindical só querem saber de proteger os seus privilégios e o de seus parceiros nos partidos do governo ou da oposição burguesa.
Mas o número de greves não para de crescer ano a ano, a organização dos trabalhadores pela base avança e surge uma nova militância de trabalhadores em várias categorias, começando a fazer grandes greves e manifestações contra a vontade dos burocratas sindicais, deixando os patrões e os governos de cabelo em pé. O maior exemplo foi os garis do Rio de Janeiro, mas também foi o que ocorreu em greves de garis de vários outros estados e principalmente no ABC paulista. Rodoviários de Porto Alegre também fizeram uma grande luta. Professores do Rio de Janeiro conseguiram no ano passado um apoio popular para sua greve que não ocorria há décadas. Nesse momento, há uma onda de greves no país que há anos não se via. Professores e servidores em vários estados. Garis de várias cidades. Estaleiros de Niterói (RJ). E muitas outras categorias pelo país. O ramo da metalurgia começa a organizar greves e outras medidas de luta como operações tartaruga contra as demissões, o lay-off, as férias coletivas, entre outros ataques. Infelizmente, ainda não como necessitamos para barrar os ataques devido ao controle da burocracia sindical, que seguem nos dividindo e fazem do 1º de maio um dia de festa e não de luta. Sofremos com os mesmos problemas. Se unificamos as lutas teremos muito mais força. 

Propostas do Movimento Nossa Classe para avançar a luta dos trabalhadores em todo o país:

1 – Avançar na organização dos trabalhadores pela base
Não podemos esperar que a luta venha das direções sindicais burocráticas. Precisamos nos organizar pela base em cada local de trabalho. Onde for necessário, como nas fábricas, clandestinamente, evitando a repressão da patronal e os dedo-duro. Temos que ter confiança de que alguns que assumem essa tarefa fazem toda diferença, foi assim que fizeram os garis do RJ, alguns mais ativos começaram, depois suas gerências pararam e a partir de algumas gerências influenciaram toda a categoria. 

2 – Unir as greves e campanhas salariais em uma jornada de paralisações e atos
Nas categorias que estão em greve agora ou em campanha salarial, temos que fazer como os garis, aproveitando a Copa do Mundo (como eles fizeram com o carnaval) para arrancar nossas demandas mais importantes. Tem que ser convocadas grandes assembleias e votar a unificação das campanhas salariais com as greves em curso, exigindo de cada sindicato que lute efetivamente e que convoque encontros regionais dessas categorias, onde tenhamos representantes eleitos pela base, para coordenar as lutas. A partir dessas categorias, e dos sindicatos onde a esquerda dirige, temos força para exigir das centrais sindicais que convoquem uma paralisação nacional (com piquetes, bloqueios de avenidas e rodovias) para arrancar as reivindicações dos patrões e governos. Podemos obrigar a CUT, Força Sindical, UGT e outras a convocar ações como essa se a pressão da base aumenta, que foi o que aconteceu na Argentina (ver artigo nesse jornal).

3 – Lutemos unificados pelas demandas dos trabalhadores e do povo
Sobram motivos para uma luta nacional como essa, além das demandas de cada categoria, seria uma oportunidade para lutar: a) contra a precarização do trabalho e a terceirização, defendendo a efetivação sem necessidade de concurso público ou processo seletivo; b) pelo salário mínimo do DIEESE (R$ 2992,19) e gatilho automático de acordo com o aumento do custo de vida; c) além de re-colocar as demandas que surgiram nas manifestações em junho do ano passado, como a retirada de todos os aumentos das passagens, a melhoria dos serviços públicos e do transporte (que para nós só pode melhorar efetivamente com a estatização sob controle dos trabalhadores e usuários) e a luta contra a repressão; d) punição e confisco dos bens de todos os corruptos e que todos os deputados e funcionários públicos de alto escalão (do executivo, legislativo, juízes, etc) ganhem o mesmo salário que uma professora efetiva.

4 – Lutemos para tirar as burocracias dos sindicatos e recuperá-los para a luta
Todos percebem como a maioria dos dirigentes sindicais não estão do lado do trabalhador. Há aqueles que, em resposta a isso, se desfiliam ou acham que os sindicatos não podem mais servir para a luta. Com as direções de hoje não vão servir mesmo. Mas se avançamos na nossa organização pela base (usando as bancadas eleitas pelos trabalhadores nas CIPAs, delegados sindicais e todos os espaços que pudermos), podemos e devemos tirar esses burocratas dos sindicatos e coloca-los a serviço da luta.

Quando: 01/05/2014 (quinta-feira)
Horário: 10h
Onde: Largo Páteo do Colégio.

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domingo, 13 de abril de 2014

Nota de repúdio ao ataque racista e machista ocorrido na UNESP de Presidente Prudente!


O Grupo Pão e Rosas, vem através desta nota repudiar o ocorrido com a militante Thaís Telles, na UNESP – Universidade Estadual Paulista – campus de Presidente Prudente, como também manifestar nossa solidariedade à companheira.



Nas paredes do banheiro feminino de alunas da Geografia havia escrito: THAIS TELLES, PRETA, MACACA, SAFADA”. Estes escritos racistas e elitistas tem como objetivo amedrontar e calar dois setores historicamente oprimidos: as mulheres; e o povo negro! Além disso, o conteúdo possui um viés extremamente machista, que se faz necessário para manter as bases de toda opressão. Quando nos deparamos com frases como essas – ainda mais no interior de uma das faculdades mais elitistas do país – é notório a reprodução de toda uma ideologia dominante, assim como também legitima o projeto de universidade em vigor, que se mostra excludente desde sua entrada, que através do filtro social do vestibular seleciona quem adentrará à universidade, colocando a classe trabalhadora, majoritariamente negra, as margens desse projeto de educação. Ainda sim, quando conseguem adentrar às Universidades, não estão isentos de praticas machistas, racistas e também homofóbicas, não sendo raro caso de agressões como esta.



Frente a casos como estes, se faz necessário travarmos discussões políticas com toda a comunidade acadêmica, sobretudo discussões que abarquem o conteúdo histórico dos setores tidos como oprimidos socialmente, como é o caso das inúmeras práticas machistas, racistas e homofóbicas no interior das universidades, que muitas vezes são silenciadas ou tratadas como atos banais, naturalizando assim essas questões.



Em nota, a companheira Thaís coloca a questão e nos mostra sua garra e coragem, saindo do silênciamento muitas vezes imposto à nós mulheres, tornando público o ataque dirigido à ela, dizendo às pessoas que ousam romper com o silêncio diante de uma sociedade assassina e cruel, que não tenham medo, que sigam em frente!



Esse ser anônimo, covarde, RACISTA e asqueroso expôs aquilo que é o sentimento de muitos dentro desta universidade. Essa é apenas uma amostra grátis do que é sociedade brasileira, RACISTA.
Proferiu meu nome, com o intuito de me abalar, humilhar e subjugar a minha ancestralidade NEGRA.
Proferiu os dizeres “PRETAS”, querendo endossar a sua ofensa inescrupulosa.
Continuou com “MACACA” , é assim que meus irmãos de cor são chamados desde de que estes foram colocados na condição de ESCRAVOS em favorecimento de uma lógica perversa que persiste até os dias de hoje; nos Ônibus, mercados, hospitais, campo de futebol , áreas dos Shopping center e nas Universidade Brasileiras.
Sim, são nesses espaços e em muitos outros que cotidianamente somos ofendidos e humilhados. Não quero que você leitor sinta pena, NÃO muito obrigada, não preciso dela.
Eu e todas essas pessoas que são VITIMAS DE RACISMO DIARIAMENTE, precisamos que você entenda essa luta como sua também, e que de uma vez por todas, encarre o fato de que o RACISMO EXISTE NO BRASIL SIM, lembre-se que aceitar é o primeiro passo para exigir a transformação
Ainda os insultos não pararam por ai... me chamou de “SAFADA”. Tenho certeza que este veio do seu mais intimo e repugnante machismos.
Enquanto as pessoas olharem nós mulheres que se colocam como dona de seus corpos, dos seus desejos e autônoma de todo e qualquer mando e desmando de uma lógica que padroniza e coisifica as mulheres; essas serão comumente chamadas de SAFADAS, isso é mais uma prova da necessidade que esses vermes tem de nós subjugar...
Infelizmente acho que o racismo no Brasil se manifesta da pior maneira possível: sempre atrás de alguma coisa; das portas de banheiros, nas carteiras de sala de aula, nas piadas do cotidiano. Afetando constantemente aqueles que ainda não conseguiram se colocar diante deste desafio que é encarar o “racismo á brasileira” de fato.

Pois sim senhor (a) RACISTA.

Eu vos encaro; e sei que te incomodo, mas foi justamente para isso que eu vim . Para tirar todos nós PRETOS e PRETAS da INVISIBILIDADE da INSEGURANÇA e do Medo de se assumirem enquanto PRETOS E PRETAS e ainda lutar para que nossos irmãos não se deparem com essa ‘ TRADIÇÃO’ NOJENTA que nosso país ainda carrega e que o Estado brasileiro legitima.”


Nós do Grupo Pão e Rosas Marília, queremos manifestar toda solidariedade à camarada e dizer que nos colocamos abertas ao debate para pensar ações conjuntas de como elaborar práticas que dialoguem com esses ataques que sofremos diariamente, seja fruto de racismo, machismo ou homofobia. Assim como lutaremos pelo fim desse projeto de universidade elitista, que não se mostra à serviço de todxs, que exclui e que também mantém seu caráter racista.



POR UMA SOCIEDADE LIVRE DE RACISMO PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO! FORA MACHISMO, RACISMO E HOMOFOBIA DAS UNIVERSIDADES E SOCIEDADE!


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Dinizete Xavier fala sobre a campanha dos alfinetes do MML no metrô de SP


Dinizete Xavier, trabalhadora da USP, da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta e do grupo de mulheres Pão e Rosas


Quero dialogar com algumas dessas companheiras mulheres militantes do MML que entregaram o alfinete como símbolo de defesa das mulheres que sofrem assedio sexual nos meios de transporte como a encoxada. Pode ter sido uma ação imediata e desesperadora diante da situação gritante que está acontecendo diariamente, porém sabemos que um simples alfinete não vai barrar um tarado, não vai coibir a ação do sujeito. Concordo que as mulheres precisam se organizar e combater juntas o assédio sexual nos meios de transporte, mas não podemos deixar de cobrar e exigir que os governos melhorem os transportes de forma que todas e todos usuários possam ir sentados (as). Que obriguem a burguesia distribuir os horários de entrada do trabalho em vários e não todos de uma só vez. Que reduzam a jornada sem redução do salário repartindo as horas em dois turnos, que prendam exemplarmente o estuprador e se não for feito que as mulheres organizadas possam se defender e revidar da melhor forma possível sem serem penalizadas entre outras medidas governamentais. Também faço parte do Movimento Mulheres em Luta e não colocaria como símbolo de defesa jamais um alfinete.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pão e Rosas RJ apóia a chapa 1 "Por todxs xs Amarildxs" para o CASS (Serviço Social)/ UERJ

Estudante, Mulher, trabalhadora e Negra: 
Por que votar na chapa “Por todxs xs Amarildxs”?

Vivemos numa sociedade capitalista e o machismo é um dos seus pilares para exploração e opressão da classe trabalhadora e na universidade não é diferente, todo ano na UERJ e nas universidades acontecem os trotes machistas, isso é o que sofremos nos primeiros dias de aulas, nem as reitorias e nem os governos fazem nada para impedir que esses casos aconteçam depois muitas de nós somos submetidas a duplas, triplas e às vezes quadruplas jornadas de trabalho, temos que cuidar da casa, dos filhos, trabalhar e estudar, aqui não tem creche, para poder estudar sem ter que se preocupar com os filhos sozinhos em casa, não têm matérias na faculdade que resgate o papel histórico que as mulheres, xs negxs cumpriram. Saímos do trabalho e pegamos transporte lotado nos submetendo ao assedio sexual, não nos sobra tempo para participar nem da vida politica, nem do movimento estudantil. E o que a chapa tem haver com isso? Uma entidade estudantil deve ser o espaço dos setores mais relegados a lutar para que xs trabalhadorxs, xs negrxs e homossexuais possam também viver dessa vida universitária e ser parte dela.
Nós que militamos no grupo de mulheres Pão e Rosas fazemos parte da chapa “Por todxs xs Amarildoxs” para combater ao lado dxs estudantes e trabalhadoras a opressão que enfrentam cotidianamente dentro e fora da universidade, como os trotes opressores, defender as mulheres terceirizadas da universidade, que seus trabalhos sejam valorizados com a efetivação de todas sem concurso, para ter melhores condições de vida, ressaltando a importância de combatermos todas as formas de opressão, pois a opressão não tem fim enquanto ainda tivermos mulheres deixando a vida em trabalhos subvalorizados, sendo invisíveis para a ampla maioria dentro da Universidade! Para impulsionar debates e campanhas junto com xs estudantes sobre as mulheres, negrxs e homossexuais. E a luta por uma gestão proporcional, para que todas as posições eleitas pelos estudantes sejam expressas democraticamente na gestão e a partir desse espaço também nos ligarmos xs trabalhadorxs de dentro e fora da universidade e a toda ampla juventude que não furou o filtro de classe do vestibular. É ao lado desses setores, essas mulheres, que o Pão e Rosas chama todas as estudantes a VOTAR NA CHAPA 1 Por todxs xs Amarildxs!

Visite o facebook e conheça o programa da chapa: https://www.facebook.com/porumcassdeluta?fref=ts




terça-feira, 8 de abril de 2014

Basta de assédio e violência contra as Mulheres no transporte público!


As usuárias do metrô, após pagarem R$3,00 por um transporte público, extremamente lotado e insuficiente para toda a população (que além do metrô tem que fazer uso de ônibus e/ou lotações), diariamente, sofrem com abusos sexuais dentro do metrô. Neste ano já temos 16 casos, isso contando os que se tornaram públicos, pois sabemos que a grande maioria passam desapercebidos, pois grande parte das mulheres não denuncia com receio de serem desacreditadas ou humilhadas, como acontece muitas vezes nas delegacias, mesmo as especiais para mulheres. Prova disso é que nos últimos casos que ocorreram tivemos apenas um assediador preso, mas outros dois que foram pegos foram soltos em seguida.

O sucateamento do transporte é um problema de toda a população. Enquanto o Governador e seu partido se aliam a esquemas de corrupções, terceirização e privatização, os trabalhadores e a juventude pagam muito caro por um serviço que diariamente dá problemas, superlotado, com falta de funcionários. Não por acaso a demanda de junho que sacudiu o Brasil esteve atrelada aos transportes. É muito nítido para toda a população o quanto somos desrespeitados e humilhados diariamente ao nos locomovermos pelas cidades. E isso não se dá somente no Metrô de São Paulo, mas também sob o governo do PT de Haddad e de Dilma, que tem o mesmo projeto de precarização e sucateamento dos transportes, como podemos notar pela superlotação dos ônibus, que também tem muitos casos de abuso.

Porém, se toda a população sofre com os transportes, são as mulheres trabalhadoras que sofrem ainda mais. A grande maioria recebe menos que os homens pelo mesmo trabalho e, depois de seu turno ainda chega em casa e tem que trabalhar, sem remuneração, cuidando dos filhos, limpando, cozinhando etc. Chegam tarde do trabalho, devido à distância de suas casas, pois a grande maioria, aquelas que moram na periferia, gastam cerca de 5h só para se locomoverem! Além do mais, somos nós o alvo dos assediadores sexuais, da gozação da Globo – em acreditar que é um agrado ser assediada no trem, como demonstrou no seu quadro de “humor”, no programa Zorra Total – e da violência psicológica e sexual dentro dos transportes. E os governos e as empresas não dão nenhum treinamento ou suporte para capacitar os funcionários dos transportes a lidar com mulheres que são violentadas ou assediadas. Pelo contrário, faltam funcionários e os poucos que tem ficam sobrecarregados e não tem treinamento para isso. E o Governo do Estado tem a cara de pau de soltar uma propaganda onde diz que a "superlotação é boa para xavecar a mulherada"!! Uma barbaridade! Não podemos aceitar isso! A Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários deve elaborar, junto às metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com fotos, cartazes, vídeos e painéis, além de um anúncio específico contra o assédio nos transportes. Que o Metrô disponibilize espaço na TV Minuto e nos painéis publicitários para esta campanha e que autorize os operadores de trem e funcionários das estações a emitir o anúncio.

Frente a essa situação de calamidade, as mulheres do PSTU, que compõe a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários e o setor majoritário do MML (que nós do Pão e Rosas também compomos como setor minoritário), defendem a implantação dos chamados “vagões rosa”, vagões exclusivos para mulheres nos horários de pico. Por outro lado, a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) se posiciona de forma hipócrita e demagógica contrária a essa política do vagão exclusivo. A MMM defende os governos federal de Dilma e municipal de Haddad em São Paulo, que mantém a situação de calamidade, superlotação, privatização e falta de investimento nos transportes, além de não ter uma política efetiva para combater a violência e o assédio às mulheres.

É necessário discutir entre as usuárias se consideram que essa medida, claramente paliativa, traria alguma solução para esta situação. Nós alertamos que seria uma medida que segrega a mulher, naturalizando a situação de assédio e o “instinto sexual masculino” como uma coisa normal e incontrolável, como se fosse impossível colocar homens e mulheres num mesmo ambiente sem que se corra o risco de algum tipo deassédio. Além disso, 58% dos usuários hoje são mulheres e não caberiam todas num só vagão do trem! Ou seja, as mulheres que não conseguissem entrar no vagão exclusivo e fossem obrigadas a embarcar no vagão junto com homens seriam ainda mais oprimidas!
Para além dessa questão prática, não é responsabilidade individual de cada mulher sofrer abusos sexuais. A principal causa disso é a superlotação do trem, o sucateamento dos transportes, nossa sociedade doente e violenta que prega o machismo deliberadamente e de forma naturalizada, com uma mídia que propaga todo tipo de violência aos setores mais oprimidos da nossa sociedade. As mulheres tem o direito de andar em todos os locais, com qualquer roupa, sem serem assediadas! Digamos não! Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres trabalhadoras efetivas e terceirizadas violentadas ou assediadas devem ter direito à licenças remuneradas no trabalho, com tratamento físico e psicológico pago integralmente pelo governo e pela direção da empresa de transporte onde ocorreu o abuso! Devemos construir reuniões por local de trabalho (estação) aberta aos usuários e usuárias para discutir a questão da violência com todos os trabalhadores e com a população!

Além disso, o único jeito de darmos uma saída a essa violência é se juntando com as demandas que se abriram em junho pela melhoria dos transportes, expansão do sistema metroferroviário, construção de linhas paralelas, aumento da oferta de trens, tudo isso com tarifa reduzida! Nós do Pão e Rosas defendemos que isso só será possível com a estatização dos transportes públicos, com controle dos trabalhadores em aliança com a população, únicos interessados num transporte de qualidade! Nós mulheres devemos estar na linha de frente dessa demanda se queremos acabar com essa situação de assédio e violência!

domingo, 6 de abril de 2014

Basta de estupros, assédio e violência contra as mulheres! #DilmaTambémÉResponsável


No último dia 27 de março foi divulgada pela mídia uma pesquisa do IPEA que diz que 65% dos 3800 entrevistados concordam que as “mulheres de roupa curta merecem ser atacadas” e que 58,5% concordam que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. No dia 04 de abril, o IPEA divulgou uma errata dizendo que os dados da pesquisa estavam erradas, e não eram 65% e sim 26%, o que concordam. Mesmo com a correção da pesquisa, a realidade de mortes, estupros e violência contra as mulheres é grande no país. Já existem pesquisas que afirmam que a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada. Dentre essas, cerca de metade são crianças de até 13 anos, e cerca de 70% dos estupros acontecem por conhecidos, amigos ou parentes da vítima. A realidade de estupro no Brasil e mundialmente é algo gritante e faz parte de uma ideologia patriarcal e burguesa na qual as mulheres servem de propriedade para os homens e, se não satisfazem a vontade dos mesmos, estão sujeitas a sofrerem diversas formas de violências. Tal ideologia é reproduzida e legitimada pelo Estado, governos, Igrejas, empresários e patrões para manter as mulheres como sujeitos submissos e assim oprimí-las e explorá-las de diversas formas. Esta ideologia é a que dá bases para uma visão de que as mulheres não podem usar a roupa que bem entender e decidir sobre seu próprio corpo. Esta opressão histórica é estrutural para a manutenção do sistema capitalista para dividir a classe trabalhadora e poder explorar as mulheres, como mantê-las nos postos de trabalho mais precários, continuarem morrendo por abortos clandestinos, não poderem exercer livremente sua sexualidade, serem mercantilizadas nas propoagandas de cerveja e na redes de prostituição e turismo sexual que enche o bolso de empresários e cafetões, serem violentadas dentro dos vagões de metrô e ônibus e tantas outras formas de violência física, moral e sexual.
Nesse sentido, a campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada, iniciada pela jornalista Nana Queiroz, parte de um sentimento progressita de indignação em relação aos estupros que sofrem as mulheres todos os dias, e nos colocamos na defesa intransigente da jornalista contra a série de ataques e ameaças que vem sofrendo. Porém, para nós, esta campanha não se delimita dos principais responsáveis que dão bases para manter esta realidade e ideologia. A violência não pode ser encarada como algo individual e da sociedade em geral, e sim de uma sociedade de classes e como a burguesia se utiliza da opressão histórica para manter a dominação de uma classe sobre a outra.
Não à toa, junto desta campanha está o governo Dilma, que recentemente declarou que a "pesquisa do IPEA mostrou que a sociedade brasileira ainda tem muito o que avançar no combate à violência contra a mulher. Mostra também que governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares". A jornalista já expressou na rede que a ministra Eleanora Minecucci marcou uma reunião para debaterem uma campanha em conjunto com o governo. Ou seja, as próprias palavras de Dilma mostram que a presidenta culpabiliza a sociedade e tenta fazer parecer que o governo é consequente pela luta contra a violência contra as mulheres. Este mesmo governo que mantém milhares de mulheres trabalhadoras, pobres e negras morrendo por abortos clandestinos. O mesmo governo que pede respeito as mulheres no Brasil, mantém a “Missão de Paz” no Haiti, onde são milhares de denúncias de casos de estupros por parte dos soldados! O mesmo governo que mandou retirar o kit das escolas que discutia a homofobia. E não podemos esquecer que o Estatuto do Nascituro, mais conhecido como bolsa-estupro, que é também resultado da aliança do governo Dilma com os setores mais reacionários como Marco Feliciano, Bolsonaro, que faz com que esses setores estejam na linha de frente no parlamento contra os direitos das mulheres, negros e homossexuais e legitimando sua violência. O mesmo governo que junto ao governo do estado do RJ mantém as UPPS nas favelas que oprime e violenta cotidianamente mulheres, jovens e trabalhadores pobres e negros. Além disso, a Lei Maria da Penha, apesar de escancarar a violência das mulheres, é uma lei que segue sendo papel molhado, pois mulheres que denunciam nas delegacias de mulheres continuam morrendo e ainda são humilhadas.
Para nós, apenas as mulheres trabalhadoras junto a classe trabalhadora são capazes de por abaixo esta sociedade capitalista e assim acabar com toda forma de violência contra as mulheres, e por isso cada campanha democrática contra a violência as mulheres e os estupros, deve ter um conteúdo de classe e se aliar as mulheres trabalhadoras denunciando os governos, Estado e os patrões. Defendemos a punição e prisão dos estupradores, assassinos, mutiladores das mulheres e crianças, mas nossos inimigos não são a sociedade em geral e nem os homens, e sim os governos, patrões, Estado, polícia e Igrejas e devemos nos organizar independente deles para combater a violência contra as mulheres.
Neste sentido combatemos a estratégia das governistas da Marcha Mundial de Mulheres (MMM) que se colocam contra a violência mas estão do lado do governo. E não concordamos como o PSTU, setor majoritário do Movimento Mulheres, do qual integramos, está encarando esta campanha, pois ao falarem apenas que são parte dos 35% da pesquisa que acham “que as mulheres que usam roupa curta não merecem ser esturpadas” e exigirem do governo Dilma mais verba para a ampliação e aplicação da Lei Maria da Penha, não colocam um conteúdo de classe e de combate ao governo que possa de fato armar as mulheres contra esta realidade de violência. No oito de março lançaram um jornal do MML onde estava na capa “governar para a mulher trabalhadora é investir mais dinheiro para o combate à violência contra as mulheres”. A política unicamente de exigência, como se o governo revertesse mais dinheiro para políticas públicas para as mulheres, do qual também somos à favor, dá a entender que um governo como Dilma, de fato poderá em algum momento atender as demandas e direitos das mulheres e acabar contra toda forma de violência. Diante das respostas que o governo vem dando junto com o movimento e a jornalista Nana Queiroz, cria mais ilusões que o governo pode acabar com a violência contra as mulheres. Nós, mulheres revolucionárias e classistas, achamos fundamental que estejamos em unidade contra os estupros e violência às mulheres, mas não será junto com o governo e nem deixando de denunciar frontalmente o governo, que devemos organizar as mulheres para lutarmos contra esta realidade.

Pela organização independente das mulheres, junto à classe trabalhadora!

Temos o direito de utilizar a roupa que quisermos sem precisarmos ser tomadas pelo medo constante de sermos violentadas! Defendemos uma campanha permanente a partir dos sindicatos e locais de trabalho e estudo contra a violência às mulheres, como poderia ser organizado pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo junto aos usuários e usuárias em todos os vagões! Que sejam formadas comissões de mulheres por locais de trabalho e estudo, independentes dos governos e patrões, que apurem cada caso de violência, assédio sexual e moral, ou de discriminação as mulheres onde se debata e inclusive decida quais as punições.
Para que as mulheres possam se defender dos agressores e independizar financeiramente, é necessário lutarmos por casas abrigo e transitórias para todas as mulheres vítimas de violências, que sejam controladas por essas mulheres, familiares e profissionais da saúde, sem a presença da justiça e da polícia. Que as mulheres trabalhadoras efetivas e terceirzadas recebam uma licença remunerada em casos de violência! Basta de superlotação e assédios nos vagões de metrô e nos tranportes, que cada caso de assédio que ocorra, a empresa de trem, metrô e ônibus também seja responsabilizada e dê toda assistência para atender as mulheres. Lutamos pela expansão dos transportes e estatização com controle operário e popular!
Basta de uma educação e escolas que reproduzem o machismo, a homofobia e racismo e ensina esta ideologia para as crianças e jovens. Queremos educação laica e sexual em todos os níveis escolares, que não seja moralista e nem sexista! Queremos o direito ao aborto legal, para que mulheres deixem de morrer e possam decidir! Por um sistema de saúde público estatizado sob controle dos trabalhadores da saúde em aliança com os usuários! Pela revogação do Acordo Brasil-Vaticano! Exigimos a prisão imediata a todos estupradores, assassinos e mutiladores!
Façamos como as mulheres indianas, que frente aos ataques e estupros coletivos, se levantaram conjuntamente para dar um basta! Que as mulheres nos organizemos de maneira independente, junto à classe trabalhadora, desde nossos locais de trabalho e estudo, para travar uma luta consequente contra todos os tipos de violência a que estamos sujeitas, e contra os governos, que são conivente e se calam frente às cotidianas violências estruturais, se colocando ao lado dos patrões e daqueles que nos violentam diariamente!