domingo, 19 de dezembro de 2010

México: Chamado urgente diante do assassinato da companheira Marisela Escobedo Ortiz

CAMPANHA NACIONAL CONTRA O FEMINICÍDIO:
NENHUMA MORTA MAIS!

Por Pan y Rosas - México

Ativista incansável na lita contra os feminicídios e pela punição do homicida de sua filha Rubí Marisol Frayre Escobedo, vítima de seu parceiro na Ciudad Juárez em 29 de agosto de 2008.

O caso de Marisol, deixa completa indignação diante da impunidade dos feminicidios ignorados pelo governo e a morte de ativistas no marco da guerra contra as drogas e a militarização.

Rubi Frayre tinha 16 anos quando foi assassinada por Sergio Rafael Barraza Bocanegra e seu corpo foi encontrado numa fazendo de porcos, uma parte queimado e outra carcomido por cães. Sergio Barraza continua foragido e foi condenado à revelia a 50 anos de prisão, deveria ser preso em julho de 2009, graças a informação dada por Marisela sobre seu paradeiro. Marisela pedia pena máxima de 60 anos de prisão.

Permaneceu preso por homicído grave até abril de 2010 quando foi absolvido num julgamento oral aplicado pelo Estado, apesar de ser um assassino confesso e ter conduzido a polícia até o corpo de Rubí! O Tribunal considerou que a investigação carecia de evidências.

Diante desta injustiça, Marisela, uma enfermeira aposentada, que deixou sua vida de lado para lutar por justiça para sua filha e recolher provas que permitiram a condenação, redobrou os protestos realizados anos atrás, incansável marchou, realizou foros, palestras, fez investigações, organizou-se com mães de outras jovens assassinadas no estado, fez caravanas para a Ciudad de México exigindo a Calderón justiça e fim da impunidade dos feminicidios.

Sem dúvida, em mais um ato de impunidade, na noite de ontem Marisela foi assassinada em frente ao Palácio do Governo, por um homem que disparou com uma arma de fogo em sua cabeça, no acampamento que mantinha para exigir a prisão de Sergio Barraza. “Não sairei daqui até que prendam o assassino de minha filha” foi o que disse ao montar seu pequeno acampamento, onde estava disposta a passar o fim do ano, onde recentemente denunciara os feminicidios no estado, 300 vítimas somente em 2010.

O assassinato de Marisela Escobedo rapidamente se transformou em noticia internacional e a ONU emitiu um comunicado onde condena seu assassinato e a falta de proteção no México aos ativistas sociais. Diante desse escândalo o governador do PRI (Partido Revolucionário Institucional), recém eleito, Cesar Duarte, responsabiliza Rafael Barraza e solicita ao poder judiciário do estado o afastamento dos três juízes envolvidos na liberação do assassino, que lhes retirem os diplomas (fuero), para poder responsabilizá-los pela liberação do assassino e iniciou as investigações sobre a morte de Marisela.

A organização Nossas Filhas de Regresso à Casa, se pronunciou pela punição aos responsáveis e anunciou que não cessarão sua luta contra os assassinatos de mulheres em todo o país.

Como Pan y Rosas nos solidarizamos com as companheiras e, também, com todas as ativistas, feministas e lutadoras por justiça do estado. Exigimos a proteção para todas elas.

Exigimos julgamento e punição para os assassinos de Marisela Escobedo e a prisão imediata e definitiva de Rafael Barraza.

Basta de feminicidios em todo o país. Basta de impunidade!

Fim da militarização do país!

Propomos a todas as organizações de mulheres do país, feministas, ativistas e organizações de direitos humanos, implementar uma campanha nacional contra os feminicidios e reunirmos para discutir ações contra a impunidade.

AGRUPAÇÃO DE MULHERES PAN Y ROSAS
panyrosasmex.blogspot.com panyrosasmexico@gmail.com
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sábado, 18 de dezembro de 2010

MAIS UM ANO DE LUTA SE PASSA!

 Secretaria de Mulheres do Sintusp
Gestão Sempre na Luta! Piqueteiros e Lutadores - 2008/2010
Boletim Dezembro/2010

Foram muitas batalhas que as mulheres tiveram de travar juntamente com outros trabalhadores em resposta aos ataques dos governos. As mulheres como sempre são as mais oprimidas e atacadas em se tratando da luta de classes. Exemplo ocorreu no acampamento indígena revolucionário, quando a polícia do governo Lula atacou os indígenas , arrastando as mulheres para fora das barracas, muitas seminuas, espirrando gás pimenta nos olhos das meninas, espancando uma mulher grávida que inclusive sofreu aborto, machucando bebês e suas mães. Essas mulheres indígenas lutaram bravamente ao lado dos homens que estavam defendendo a manutenção de seu povo contra a extinção da FUNAI. Bravas guerreiras travaram luta no congresso nacional contra a política de destruição de seus povos.

As mulheres uspianas lutaram bravamente junto com os outros trabalhadores contra a quebra da isonomia salarial feita por Rodas. Mulheres cruspianas ocuparam o bloco G do CRUSP ao lado de outros estudantes exigindo moradia estudantil, e estão até hoje lutando bravamente, contra os processos que o reitor Rodas está fazendo na tentativa de expulsá-las(os). Mulheres na USP e no Fórum Popular de Saúde estão lutando bravamente contra a privatização da saúde e por saúde de qualidade na USP.

Mulheres como Patrícia, lutadora, está sendo punida por Rodas sendo suspensa por trinta dias, fruto de um processo forjado por sua chefia imediata e a CJ. Mulheres como a coordenadora do núcleo de consciência negra que luta pela manutenção da entidade, que Rodas quer destruir. Mulheres como Neli, Solange e Rosana que por lutarem estão sofrendo sindicâncias. Em meio a essas batalhas e ataques foi lançada a Secretaria de Mulheres do Sintusp. E realizado o 1º Encontro das Mulheres Trabalhadoras da USP cujas resoluções publicamos no verso deste boletim.

Houve uma onda reacionária de violência contra negros(as), nordestinos(as), homossexuais. E contra mulheres gordas, quando estudantes da UNESP lançaram o absurdo “Rodeio das Gordas” oprimindo as estudantes tentando montá-las. Houve muita violência às mulheres com espancamentos e mortes. Mulheres mortas por abortos clandestinos. E a Secretaria de Mulheres esteve nos atos contra tudo isso e em defesa da legalização do aborto para que mulheres não morram.

Muita força e muita garra para lutar nesse ano que vai entrar.
A LUTA CONTINUA!
COMPANHEIRA SELMA PRESENTE!
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RESOLUÇÕES DO 1º ENCONTRO DE MULHERES TRABALHADORAS DA USP


Seguem as resoluções do 1º Encontro de Mulheres Trabalhadoras da USP, ocorrido em 24 de setembro de 2010, no Clube dos Funcionários da USP.

- Algumas resoluções já aprovadas em assembléias, Congressos das funcionárias (os) da USP foram reafirmadas, como a efetivação de todas e todos trabalhadores terceirizados, temporários e fundacionais, sem necessidade de concurso público, com os mesmos salários e direitos.

- Que as trabalhadoras terceirizadas se organizem no Sindicato junto à Secretaria de Mulheres. Creche, bandejão e CEPEUSP para todos!

- Mais creches na USP! Construção da Creche Sudoeste (ICB, Fofito, HU, Odontologia) e construção de creches em todos os campi que ainda não têm! Ampliação de vagas e contratação de funcionários não precários! Implementação do projeto que altera a nomenclatura dos Técnicos de Apoio Educativos reconhecendo-os como professores e professoras de Ensino Infantil, conforme acordo no final da greve de 2009.

- Mais vagas na Escola de Aplicação, e distribuição de merenda escolar para todas as crianças!

- Abaixo o assédio moral aos trabalhadores, em especial às mulheres e abaixo qualquer tipo de perseguição às trabalhadoras grávidas e mulheres que amamentam, como ocorreu com Alessandra ex funcionária do HU e não suportando o assedio moral pediu demissão. Construir uma grande campanha contra o assédio moral na Universidade de São Paulo!

- Direito às mães acompanharem seus filhos menores que estiverem de licença médica, sem perda da remuneração! Licença-maternidade de 1 ano!

- Aplicação da lei que prevê a lavagem dos uniformes das trabalhadoras (es) das áreas insalubres como Hospitais, laboratórios químicos etc. Criação de lavanderias para auxílio no combate a dupla jornada das mulheres!

- Prioridade nos exames periódicos para as mulheres que estão na pré e pós menopausa. Facilidade de agendamento para ginecologista, sem necessidade de aguardar apenas uma vez ao mês para isso, contratação de mais ginecologistas para vagas constantes. Retorno dos exames periódicos e prioridade aos setores insalubres onde a maioria são mulheres, e todos e todas correm risco maior de saúde.

- Basta de super-exploração nos Restaurantes da COSEAS! A maioria são mulheres, e por fazerem esforços físicos e repetitivos e também pelas péssimas condições de trabalho estão adoecidas com LER/DORT. Readaptação imediata as adoecidas, e melhoria das condições de trabalho bem como contratação imediata de mais funcionários(as) para distribuição de tarefas de forma que não afete a saúde de quem ainda não adoeceu. Contratação de funcionários não precários para acabar com as enormes filas! Ampliação dos restaurantes e refeição 100% gratuita (almoço e janta!).

- Que a Secretaria de Mulheres junto ao sindicato leve adiante a luta internacional contra a violência às mulheres e toda forma de opressão!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Mais de 1000 pessoas participam do I Festival Interunesp Contra as Opressões numa grande resposta ao “rodeio das gordas” e à política repressiva da reitoria

por DCE Unesp-Fatec

A construção do festival foi marcada por uma ampla campanha, que envolveu o apoio de diversos setores (veja no BLOG DO DCE), além de várias manifestações políticas e culturais.

Mesmo com o esforço da reitoria da UNESP para impedir que acontecesse, realizou-se com grande êxito nos dias 03 e 04 de dezembro no campus da UNESP de Marília o “I Festival Inter UNESP Contra as Opressões”. Até mesmo a grande imprensa noticiou a truculência da reitoria, como a Folha de São Paulo e o Portal IG. Nem a proibição e a ameaça de punição por parte da reitoria, nem a falta de recursos, nem a pressão do final do semestre para “deixar para o ano que vem”, nem a chiadeira dos setores mais conservadores da universidade foram capazes de barrar a indignação e o espírito combativo dos estudantes da UNESP frente ao repulsivo “rodeio das gordas” e a escalada dos casos de homofobia e racismo dentro e fora das universidades. Não nos conformamos com a universidade opressora, preconceituosa e elitista que temos hoje. Ao senhor Herman, reitor da Unesp, dizemos: o “I Festival InterUnesp Contra as Opressões” é expressão da primeira batalha do movimento estudantil combativo da Unesp, na guerra contra as opressões. Batalharemos para que seja o primeiro de muitos. Somos por uma universidade acessível a toda população e que coloque seu conhecimento a serviço do fim das opressões e explorações, inclusive em sua estrutura e ambiente.

Além dos estudantes do próprio campus de Marília, participaram outros dos campus de Rio Preto, Araraquara, Ourinhos, Botucatu, Franca, Assis, Rio Claro, além de estudantes da USP, com uma destacada delegação de estudantes do CRUSP que estão por moradia, contra a expulsão dos estudantes que Rodas está ameaçando e denunciando a omissão de socorro da reitoria ao estudante Samuel de Souza que morreu na universidade. Também vieram estudantes da UNICAMP e da Fundação Sto André, onde o Diretório Acadêmico (DAFafil) e alguns estudantes estão sendo punidos por lutarem pela redução das enormes mensalidades e em defesa dos que não possuem condições de pagá-las. Estiveram presentes também uma delegação da Chapa 1 do Sintusp, que venceu as eleições desse combativo e aliado Sindicato com 76% dos votos. Como a direção da faculdade não liberou o espaço das salas de aula para as pessoas se alojarem, barracas foram montadas nos gramados. Estudantes e jovens da cidade de Marília, que em sua imensa maioria são impossibilitados de estudarem na UNESP como reflexo do elitismo do vestibular, e também não frequentam os espaços da universidade pública, que cada vez mais se fecha para a comunidade, também compareceram em número significativo. Nos dois dias de festival, circularam mais de 1000 pessoas nas atividades, o que mostra a profundidade da indignação das pessoas e o profundo êxito da atividade político-cultural impulsionada pelo DCE.

À reitoria e aos demais setores que conservam a opressão na universidade e na sociedade em geral deixamos bem claro que não nos calaremos diante de suas ameaças. Esse festival, que foi organizado em pouco mais de duas semanas de forma independente pelos estudantes e que acabou sem qualquer incidente ou depredação da faculdade rebatendo as críticas preconceituosas neste sentido, mostra que estamos dispostos a ir até o final para que casos como o do “rodeio das gordas” não aconteçam de novo e para que as dezenas de agressores sejam punidos. Nesse sentido, rechaçamos o conteúdo discriminatório do jornal Correio Mariliense que no domingo, 05 de dezembro, publicou matéria com o título “UNESP de Marília vira ‘terra de ninguém’ em festival proibido” e com conteúdo que prepara a opinião pública e praticamente convoca a direção do campus para punir os estudantes responsáveis.

A abertura do Festival aconteceu no fim da tarde de sexta-feira com a apresentação, pela companhia Mobiles de teatro, da peça Brutas Flores no saguão do prédio de aulas, relatando a opressão cotidiana que sofrem as mulheres.


Em seguida, a relação da arte com a política, e o papel que o artista pode cumprir, tanto na sociedade em geral, como no movimento estudantil, foram tratados em debate organizado no Diretório Acadêmico.

Durante toda à noite de sexta-feira, já circularam mais de 500 pessoas, e tocaram várias bandas com distintos estilos musicais se apresentaram até de manhã no palco principal montado na quadra da faculdade.








No sábado, as atividades foram retomadas às 15h com o debate “Machismo, Homofobia e Racismo na Universidade” do qual participaram Thiago Sabatine, da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis e Transexuais de Marília (ALGBTT), Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado (MNU), Babi, estudante da Unesp de Rio Claro e do Grupo de Mulheres Pão e Rosas, Marília, estudante da Unesp de Rio Preto e membro do DCE e Carlos Latuff, cartunista conhecido mundialmente por colocar suas obras a serviço da luta dos setores oprimidos e explorados. Como forma de expressar os setores que lutam, a mesa foi em homenagem ao estudante de filosofia, morador do CRUSP, Samuel Souza, de 41 anos, que morreu na última quinta-feira (02/12) dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP), por omissão de socorro da reitoria, do resgate, da guarda e do hospital universitário que, mesmo chamados, não apareceram para garantir a vida do estudante, que teve seu corpo estirado, dentro da USP por 6 horas.

O debate, além de aprofundar a análise sobre as distintas formas em que se reproduzem as opressões, contextualizou o tema frente a conjuntura nacional na qual percebemos o ressurgir dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade estimulados pelo papel reacionário de Dilma e Serra que durante as eleições disputaram quem atacaria mais os direitos democráticos das mulheres e dos homossexuais, avançando no atrelamento do Estado com a Igreja, na criminalização do aborto e no combate ao casamento igualitário. Latuff, morador e ativista do Rio de Janeiro, trouxe para o debate o relato sobre a ocupação policial e militar nos morros e favelas cariocas, denunciando a violência com que a população vem sendo tratada, a relação umbilical do Estado e da Policia com o tráfico de drogas e armas e o papel criminoso que cumpre a grande mídia em legitimar a ação assassina das forças de repressão. Saímos do debate com a importante tarefa de reforçar a luta pela ampliação dos diretos democráticos dos oprimidos e o embate decisivo com os setores conservadores que começam a se organizar.

Depois disso, as bandas voltaram a se apresentar no palco enquanto eram realizadas oficinas e Latuff e outros artistas deixavam suas marcas de protesto em algumas das paredes da faculdade.

Sobre o festival, Latuff declarou, entre outras coisas, que: “Como erva daninha brotando nas calçadas, ressurge a violência reacionária, contra seguimentos da sociedade e do movimento social. A mídia presta valioso serviço ao Estado, glorificando a repressão, seja através do cinema ou de programas sensacionalistas na TV. Nestes tempos de retrocesso, de situações que pensávamos já superadas, é preciso uma resposta firme e organizada, como esta promovida pelos estudantes da UNESP de Marília, uma resposta militante não só ao infame "Rodeio das Gordas" como também ao autoritarismo daquela reitoria.”

Ao todo, tocaram cerca de 20 grupos, que foram acompanhados por atividades circenses, apresentações de dança, grafitte, com novamente mais de 500 pessoas circulando durante toda a noite.

Apesar dos limites impostos pela falta de tempo e pela postura proibitiva da direção da universidade, o festival conseguiu atingir seu objetivo. Que era, primeiro, o de repudiar o “rodeio das gordas” e o projeto de universidade que cria as condições para que casos de agressão como esses aconteçam cotidianamente. Segundo, o de permitir que o que ocorreu não seja esquecido, dando continuidade à campanha contra o machismo, a homofobia, o racismo e todas as formas de opressão. E também mostrar que o movimento estudantil pode construir ambientes de sociabilidade e de confraternização que procuram ser livre de preconceitos, diferente do que são as festas universitárias em geral. Além do mais, possibilitar à população e à comunidade acadêmica a liberdade de utilização dos espaços públicos da universidade. Este festival foi também um grande grito contra todas as formas de opressão que vem se expressando pelo país com uma onda de ataques homofóbicos, racistas e machistas.

Sabemos que na luta contra a opressão teremos que nos enfrentar com os setores mais conservadores da sociedade que legitimam relações sociais que queremos desconstruir. E, infelizmente, cada vez temos mais clareza de que a reitoria da Unesp, apesar de tentar dizer o contrário, se encontra nesse campo adversário. Primeiro foi a tentativa de intimidar a atual gestão do DCE com uma notificação em que ameaçava “punir nos termos da lei” alguns membros porque denunciávamos na declaração do DCE em repúdio ao “rodeio das gordas” a conivência das direções e reitorias da UNESP pelos vários casos de opressão que, voltamos a repetir, fazem parte do cotidiano de nossas universidades. O descaso e o boicote em relação à organização do Festival também evidenciam isso. Diversas vezes procuramos as diretorias de cada campus e a reitoria para pedirmos que no mínimo nos auxiliassem no transporte das centenas de estudantes que se interessaram em ir para o festival. Além de não liberarem nenhuma ajuda neste sentido, nos responderam com ameaças constantes de punição caso levássemos a organização do evento até o fim (leia nota do DCE no blog). A Reitoria chegou ao absurdo de mentir para a imprensa dizendo no sábado pela manhã que o festival não tinha acontecido e que as portas do campus de Marília estariam fechadas (http://www1.folha.uol.com.br/saber/840804-acesso-ao-campus-de-marilia-da-unesp-estara-fechado-neste-fim-de-semana-diz-reitoria.shtml), quando na verdade só na sexta-feira mais de 500 pessoas participaram do festival. Enquanto isso, o reitor Herman e seus assessores se negam a averiguar até o final as agressões e a punir os mais de 50 agressores do INTERUNESP. Apenas um processo administrativo foi aberto apenas no campus de Assis contra dois agressores e as informações sobre o andamento do processo - cujos depoimentos sequer são divulgados - é de que ele terá fim no dia 27 de dezembro, momento propício para que tudo acabe em pizza.

Sabemos que, por outro lado, não faltam medidas punitivas e repressivas a todos aqueles que se colocam contra esse projeto opressor elitista de universidade, como os 20 processos de expulsão à estudantes da USP, 16 contra os estudantes da moradia retomada e 4 contra estudantes que participaram das lutas contra os decretos de José Serra em 2007. Da mesma forma se deram recentemente sindicâncias a estudantes da Unesp de Bauru e da UNICAMP, além de demissões de funcionários e sindicalistas, como do Fred em Franca e do Brandão do Sintusp. Ou seja, trata-se de uma política repressiva das reitorias das três universidades estaduais paulistas, sob jugo e acordo do mesmo governo estadual e do mesmo projeto de educação, fator comprovado quando analisamos a seqüência com a qual os ataques à educação pública acontecem nas 3 estaduais. Portanto, se de um lado o que vemos é conivência das reitorias a agressores do “rodeio das gordas”, aos homofóbicos e aos machistas, do outro é repressão imediata aos que lutam por uma universidade aberta ao conjunto da população, de qualidade e realmente democrática.

Vemos como tarefa fundamental para o movimento estudantil da UNESP, em especial do próprio DCE (Diretório Central dos Estudantes) - que a partir do festival dá passos importantes em demonstrar sua capacidade política real e de mobilização - organizar uma ampla e combativa Calourada Unificada, como maneira de seguirmos nossa luta pela transformação real da universidade e contra qualquer manifestação de opressão dentro ou fora das universidades - como os novos casos de agressão a homossexuais na Avenida Paulista que ocorreram no domingo à noite e aos quais manifestamos nosso completo repúdio.

Chamamos todas as entidades do movimento estudantil combativo, em primeiro lugar a ANEL da qual fazemos parte, a impulsionar calouradas com este conteúdo questionador dos trotes e do vestibular, fortalecendo a luta contra a opressão a partir do movimento estudantil, que foi a tarefa que nos demos com essa campanha contra o “rodeio das gordas” e com o festival. Para o movimento estudantil da Unesp, acreditamos que foi mais um importante passo no sentido de forjar uma nova tradição no movimento estudantil, que seja não somente combativo, pró-operário e anti-burocrático, mas também contra a opressão dentro e fora da universidade.

E é dentro dessa perspectiva que reivindicamos o apoio de diversos sindicatos, organizações e entidades estudantis à realização desse Festival, como foi o caso da ADUNESP Central, ADUNESP de Marília, LER-QI, APROPUC, DA da Fafil FSA, SINTUSP, Sindicato dos Metroviários, Sindicato dos Químicos de Marília, CEUPES, Apeoesp de Marília, entre outros, assim como o apoio financeiro de dezenas de professores de Rio Preto, Rio Claro e Franca por meio de doações. Esse festival só foi possível devido a união do movimento estudantil, destas organizações e de todos os setores que divulgaram e apoiaram por meio de moções e ações a sua realização. O seu sucesso é a demonstração de como podemos combater os projetos privatistas, elitistas, repressivos e opressores das reitorias e do governo do Estado com a construção de um novo movimento estudantil que, junto dos trabalhadores, professores e intelectuais, impulsione uma ampla campanha democrática por um novo projeto de universidade, não elitista, não racista, realmente democrático e aberto a toda a população.

Por fim, queremos dar uma saudação especial a todos os estudantes que estiveram presentes, e todos aqueles que apoiaram nossa iniciativa mas não puderam estar presentes, a junto conosco construir um festival maior e mais forte para o próximo ano, juntos na luta para fortalecer um amplo movimento democrático contra a opressão dentro e fora da universidade, uma luta ligada ao questionamento do projeto de universidade que vem sendo implementado e contra a repressão aos que lutam.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Somos as negras nos morros! Dor estampada nos rostos!

por Pão e Rosas RJ

Nesses últimos dias, houve um estado de pânico instaurado nas ruas do Rio de Janeiro. O que antes eram alguns carros incendiados, culminou em uma verdadeira missão de guerra nos últimos dias, da qual sabemos que o verdadeiro alvo não é o tráfico.

São quase 3.000 policiais dentre civis, militares, polícia federal, CORE, Choque, Bope, convocados para a chamada “Guerra ao terror”, como diz a mídia burguesa. Com o diferencial que, além deles, tivemos agora a presença de soldados já experientes em exterminar negros e pobres. São atiradores de elite, helicópteros da aeronáutica, soldados da marinha junto a seus blindados que são verdadeiras máquinas de destruição e mais 800 soldados do Exército, sendo que grande parte deles compunham as tropas brasileiras enviadas por Lula e a ONU ao Haiti.

A recente militarização ocorrida nos principais morros e favelas da zona norte do Rio (Penha, Complexo do Alemão) significa na verdade um projeto de paz para as áreas mais nobres da cidade (Zona Sul e região Central) enquanto fica reservado aos moradores dos morros mortes, humilhação e subjugação por parte de uma das policias mais assassinas do mundo. Assim como as UPP´s, ou o muro construído ao redor das favelas nas linhas vermelha e amarela, a ação da polícia e dos militares nessa semana tem como um dos intuitos, não deixar chegar à zona sul da cidade os reflexos de um sistema de miséria e violência inerentes ao capitalismo.

O projeto de Lula, Dilma, Cabral e a burguesia carioca frente às Olimpíadas e a Copa sediados no Rio

Desde o dia 21 de novembro, quando foram incendiados os primeiros carros na cidade, a mídia soube muito bem como criar um estado de pavor no cidadão carioca. Assaltos viraram “arrastões” e os carros e ônibus incendiados eram incansavelmente filmados.

Tudo isso nos prova o objetivo de Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, junto à mídia e burguesia cariocas de fazer ser legitimado seu projeto de limpeza social na cidade, baseado no controle e na dura repressão aos negros e pobres nos morros da cidade que sediará a Olimpíadas em 2012 e Copa em 2014. Com todo esse pânico estampado nas manchetes dos jornais, buscam o aval da população para que continue sendo implantada a pena de morte a essa parte da população carioca.

Lula, que encabeçou o PAC da segurança nos morros cariocas, e esteve por trás também no massacre do Complexo do Alemão em 2007 (do qual foram registrados oficialmente apenas 19 pessoas, mas que seguramente o número é muito maior), embora tenha representado um papel coadjuvante durante toda a operação na semana, já se disse “emocionado” e “orgulhoso” com a “bem sucedida” operação policial e militar, e além disso, deixou bem claro que “a ação apenas começou”. A presidente eleita Dilma, que também já havia declarado total apoio aos apelos de Cabral no “enfrentamento com o mal”, e diga-se de passagem, que já declarou durante as eleições que uma de suas metas era tornar as UPP´s um projeto nacional, elogiou a ação encabeçada por Cabral e disse que no seu governo suas intenções são estreitar a relação do governo federal com o governo do estado do RJ, ou seja, sabemos que isso significará mais negros e pobres mortos nos morros e favelas cariocas.

Portanto, essa é a paz defendida por Lula e Dilma aos 400 mil moradores do Complexo do Alemão, além dos outros milhares nos outros morros e favelas cariocas: uma polícia que esculacha e humilha os moradores, estupra as mulheres, entra nas casas, rouba e quebra os pertences dos moradores e revista até crianças e idosos durante suas operações. Sabemos que além de corrupta, a polícia é a instituição cão de guarda da burguesia e do Estado, e que seu objetivo de manter a ordem a qualquer custo deve ser entendido como brutal violência e repressão as manifestações de resistência por parte do povo, incluindo greves de trabalhadores, protestos e manifestações.

Após vários porta vozes da burguesia carioca escreverem em seus reacionários artigos, conteúdos do tipo do jornalista Guilherme Fiúza de que “o ideal seria que o capitão Nascimento assumisse o lugar do secretário Beltrame e acabasse de vez com a raça dos vilões, cuja vocação é essa mesma, apanhar”, a mídia chega ao absurdo de celebrar o sucesso da ação policial e militar afirmando que não houveram mortos nem sequer feridos nos morros. Porém, mesmo após os dados oficiais divulgados sabemos que o número real de mortos e feridos é muito maior, e conhecemos a recorrente prática tanto da mídia quanto da própria polícia de esconder o número de moradores atingidos, e assim, divulgar o número de mortos como sendo todos de traficantes.
Queremos saber onde estão os mortos durante toda a ação sangrenta da polícia e o exército!!!

O Haiti é aqui!

O que a mídia reacionária assim como Lula, Dilma e Cabral chamam de “experiência em combates nas favelas haitianas” quando se referem aos soldados presentes no Rio significa na verdade que os mesmos tiveram como escola de extermínio, os 6 longos anos de sangrenta atuação da MINUSTAH no país, primeiro da América Latina a declarar independência, após a revolução negra, em 1804. No fim de 2009, com o grande terremoto que o país sofreu matando mais de 200.000 pessoas e deixando mais milhares de famílias desabrigadas, a miséria que já era gritante se intensificou terrivelmente.

Além da brutal violência perpetrada pelos soldados, os haitianos denunciavam que as doações coletadas em todo o mundo, assim como a água e os alimentos que deveriam ser destinados ao país, simplesmente não chegaram. E a resposta às manifestações foi mais repressão e descaso por parte da ONU e das ONG´s internacionais.

No último mês, com a pouca noticiada epidemia de cólera no Haiti, que rendeu até agora mais de 1.100 mortos, a população haitiana também denunciou o descaso dos governos e entidades internacionais, e mais repressão foi efetuada.

Esse é o histórico do exército que envia estes soldados presentes hoje nos morros cariocas: de negros e pobres massacrados, e negras estupradas, seus currículos estão cheios! Não podemos deixar que esses soldados assassinos continuem violentando e oprimindo nossas irmãs haitianas, assim como não podemos aceitar que reprimam e assassinem essa heróica população em suas manifestações!

Devemos continuar defendendo que a própria população tenha em suas mãos o controle e organização dos suprimentos enviados ao país! Devemos lutar de forma intransigente para a imediata retirada das tropas do Haiti!!!

Violência contra as mulheres cada vez mais legitimada
Estamos frente a uma onda de inúmeros ataques brutais a nós mulheres, homossexuais, negros e nordestinos por parte do estado, dos governos e também da Igreja, em especial a Católica. Desde as eleições presidenciais pudemos ver Serra e Dilma afirmando que não defenderiam o direito ao aborto, bandeira histórica do movimento de mulheres, enquanto grande parte da Igreja fazia uma ofensiva brutal pedindo a seus fiéis que votassem em Serra. Também vimos declarações de Dilma contra a união homoafetiva e contra a concretização da Lei contra a Homofobia.

Inúmeros foram os reflexos absurdos nessa situação onde reacionários ganharam espaço: declarações totalmente racistas contra uma estudante negra da PUC de São Paulo, comentários fascistas na internet contra os nordestinos, os diários assassinatos ou tentativas contra homossexuais como o do militar que baleou um jovem no Arpoador durante a Parada Gay no Rio ou as agressões na Avenida Paulista em São Paulo, a declaração homofóbica do reverendo da Universidade Mackensie e claro, o lamentável “Rodeio das Gordas”, ocorrido no Interunesp em Araraquara.

Essas absurdas violências são por sua vez legitimadas, reforçadas e também perpetradas pelo Estado e Igreja, considerando que temos um Estado que reforça a idéia de que as mulheres não devem ser vistas enquanto sujeitos assim como não são donas dos próprios corpos. A Igreja por sua vez, cria e incita violências homofóbicas quando diz que as mulheres e homossexuais não tem direito a exercer sua sexualidade livremente.

A recente ação policial e militar nos morros cariocas, assim como ações recorrentes de violência, também representam uma afronta aos direitos humanos, onde o principal alvo são os jovens negros e pobres dos morros. Ação esta que recebe o pleno aval de Lula, Dilma e inclusive do próprio Papa. Bento XVI declarou no dia 30 que apóia a ação militar e policial coordenada por Sérgio Cabral e solicita ainda que a ordem seja recomposta na cidade o quanto antes! Sabemos qual é esta ordem defendida pela Igreja: a mesma ordem que defende Cabral quando diz que as mulheres dos morros são máquinas de produzir marginais!!! Não podemos aceitar que nem Estado, nem a Igreja e nem os governos decidam por nós mesmas e muito menos que arranquem nossos direitos! Sabemos que nessas ações policiais somos nós mulheres que pagamos com nossas lágrimas e sangue por nossos companheiros e filhos mortos e presos sem justificativa pela policia assassina!

Essa é a hora em que a esquerda deve se organizar contra todos esses ataques, e não fugir da batalha como aconteceu aqui no Rio de Janeiro no dia 25 de novembro. Neste dia, Dia Internacional da Luta contra a Violência às Mulheres, tínhamos um importante ato marcado para acontecer na UFRJ na região central, mas “devido a situação na cidade” a esquerda simplesmente cancelou o ato!!!

A onda de ataques está colocada e não podemos deixar de responder: Não passarão!!! Vamos lutar com unhas e dentes e é neste sentido que chamamos as organizações de mulheres, direitos humanos, LGBTT e organizações de negros a compor com o Pão e Rosas uma forte campanha contra a militarização dos morros e pela imediata retirada da polícia e dos soldados dos morros e favelas cariocas!!!