quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lançamento do livro "A precarização tem rosto de mulher" no Rio: debate com Vírginia Fontes, Camila Valle, Nilzete de Souza e Diana Assunção

 
 Dia 07/07 ocorreu no IFCS-UFRJ uma importante atividade de lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher” organizado por Diana Assunção, dirigente da LER-QI, diretora do Sintusp e fundadora do Pão e Rosas Brasil, contando com a presença da mesma, da historiadora da UFF Virgínia Fontes, da advogada e professora da UNIRIO Camila Valle, e Nilzete de Souza, ex-trabalhadora da União e uma das protagonistas da greve d@s terceirizad@s da USP. Camila Valle abriu o debate saudando o lançamento do livro e diversas questões levantadas no mesmo. Já a partir de sua primeira fala abriu-se um rico debate programático sobre a incorporação dos terceirizados sem concurso. Ela apontou como muitos setores devem argumentar que o programa de “incorporação sem concurso” seria inconstitucional, porém que esta colocação seria uma interpretação limitada da própria constituição uma vez que sim a constituição afirma a necessidade de concursos, mas ao mesmo tempo afirma o direito à dignidade humana e que neste caso o programa de incorporação sem concurso deveria ser entendido como uma maneira de garantir a mesma. Logo em seguida Virgínia Fontes argumentou concordar com o mesmo programa, mas que, ao mesmo tempo, devemos encarar e problematizar este programa com a antiga luta pelos concursos públicos como uma luta que foi voltada contra as nomeações e privilégios, também apontando a necessidade de incorporação nas empresas privadas, destacando como a luta por igual trabalho e igual salário é uma luta histórica da classe trabalhadora, que na situação atual necessita ser recuperada.

Em sua fala a historiadora da UFF também pontuou a importância que o livro trás ao trazer a tona três elementos centrais para pensarmos e lutarmos contra o capital, a questão do trabalho, de gênero e de raça, e como o racismo seria um traço estrutural da dominação capitalista no Brasil.

Nilzete de Souza mostrou com sua fala emocionada como foi o aprendizado seu e de seus companheiros de luta as tradições que o SINTUSP e os estudantes lhes ajudaram a recuperar, com a importância das assembléias, da unidade de ação dos trabalhadores a partir do que era votado e como saia daquele conflito com a certeza que não se pode ficar de braços cruzados, pois “quem não luta, não vence”. Diana Assunção pontuou como a precarização do trabalho insere-se no marco da ofensiva neoliberal voltada a garantir uma maior exploração para recuperar a taxa de lucro bem como para imprimir uma divisão também ideológica dos trabalhadores. Sua fala pontuou diversos aspectos de como os revolucionários da Liga Estratégia Revolucionária encaramos não só a luta contra a precarização do trabalho mas também a atuação nos sindicatos e nas lutas não em si, mas como parte de uma estratégia para que a classe trabalhadora vença na luta contra os capitalistas.

O debate foi um primeiro e importante passo inicial para iniciar uma campanha contra a precarização do trabalho e pela incorporação dos terceirizados às empresas em que trabalham e sem concurso público no caso do serviço público, e encarar, a luta contra a precarização do trabalho como parte da luta contra o capital. O exemplo da luta das trabalhadoras da USP bem como o exemplo de programa e orientação levantadas pelo SINTUSP que defende a incorporação dos terceirizados na universidade, sua sindicalização no SINTUSP e que estes trabalhadores tenham os mesmos direitos como creche, hospital, etc, marcaram o debate como um exemplo a ser levado pelos trabalhadores também no Rio de Janeiro. Deu-se um rico debate entre a mesa e o plenário sobre como aqui em nosso estado, onde apesar de vários sindicatos serem dirigidos por setores anti-governistas impera em suas bases uma divisão entre efetivos e terceirizados sem que estes sindicatos sequer levantem um programa aos mesmos, como é o caso do SEPE (sindicato dos profissionais da educação) com as merendeiras e outras funções nas escolas.

Todo o debate ficou marcado pelas falas das debatedoras de como se deve encarar esta luta contra a opressão das mulheres, com suas especificidades, mas ligadas (e não subsumidas - ou homogenizadas nas palavras de Virgínia) pela luta do conjunto dos trabalhadores contra o capital. Não se trata de pensar que a tomada do poder acaba com a opressão, mas como este passo estratégico da classe trabalhadora é necessário para combater a opressão e como a mesma deve ser combatida desde hoje e não só no futuro. Também ficou marcado em todo o debate como não se trata de um problema de tal empresa, de tal tipo de terceirização ou de tal forma de exploração entendida como um “excesso”, mas da luta contra o capitalismo. As centenas de lutas de setores precários que ocorrem no país, como as da USP, de Jirau e centenas de outras, mostram a espontaneidade e como diversos setores se levantam contra suas situações específicas, mas como faz falta uma preparação das organizações de esquerda e dos sindicatos para encarar estes conflitos para além de seus limites específicos e sim como escolas de guerra como parte da preparação para que a classe trabalhadora triunfe.