Cerca de 30 estudantes da USP organizaram um ato na Av. Paulista nessa última sexta-feira (07/05) em apoio à greve dos trabalhadores dessa universidade e em defesa do seu direito de lutar. A manifestação concreta de solidariedade é extremamente necessária neste momento, pois a escalada repressiva por parte de governos e reitorias às mobilizações de trabalhadores e estudantes continua avançando, resgatando ataques característicos da ditadura militar. A lista não para de crescer. Depois dos reitores capachos de Serra chamarem a PM a invadir as universidades em 2007, levando os estudantes de Araraquara presos; em 2008 demitiram inconstitucionalmen te Brandão (então dirigente do Sindicato de trabalhadores da USP) e tentaram impor multas absurdas ao DCE e ao Sindicato pelas lutas travadas. Em 2009 toda a mídia noticiou as cenas de conflito direto, com a PM lançando bombas e balas de borracha contra estudantes e trabalhadores que corriam e se defendiam com pedras. Após toda essa seqüência, Serra achou prudente escolher a dedo o segundo mais votado para novo reitor da USP. João Grandino Rodas tem um passado que fala por si (jurista a serviço dos militares, julgava casos de desaparecidos na ditadura) e logo na sua posse já convocou cacetetes e escudos para reprimir estudantes que se manifestavam pela democratização da universidade. Este ano, frente o indicativo de greve dos trabalhadores, Rodas mostrou porque é o preferido de Serra: emitiu comunicados da reitoria avisando que todos os dias de paralisação seriam descontados, que cobraria multas de R$ 1.000,00 por dia de piquete e ainda que a PM seria convocada imediatamente quando necessário. A luta dos trabalhadores da USP é legítima, exigem melhores condições de trabalho (como o aumento salarial repassado apenas aos professores), defendem a educação pública, combatem a precarização, se colocando contra as terceirizações, para que todos tenham os mesmo direitos dos efetivos e sejam incorporados sem concurso, e ainda exigem a democratização da estrutura de poder. Porque então estes ataques tão brutais por parte de Serra e Rodas?
A escalada repressiva que vemos nas universidades se estende amplamente aos movimentos sociais e ganha contornos internacionais se assim quisermos observar. As prisões de militantes do MST e os ataques policiais às favelas e periferias em diversas cidades são exemplos que se agravam e se combinam ao golpe de Estado em Honduras e à ocupação militar de Obama, Lula e ONU no Haiti. Esse endurecimento repressivo contra direitos de livre manifestação política, e até mesmo contra o próprio Estado de direito, precisa ser enxergado no marco da crise estrutural do sistema capitalista. Após a quebradeira do sistema financeiro e os grandes investimentos públicos para evitar que as massivas demissões se generalizassem, os Estados precisam conter seus gastos, reduzindo salários e direitos. Esta situação, obviamente, tende a gerar conflitos populares de proporções cada vez maiores, como foi a terceira greve geral da Grécia realizada no último dia 05, com cerca de 400.000 manifestantes tomando as ruas.
No Brasil, o período pré-eleitoral é um agravante a mais para essa situação. Longe de conseguir a popularidade de Lula, que lhe permite avançar com os ataques neoliberais sem enfrentamento popular, Serra vem tentando se diferenciar como o candidato que sabe manter as coisas na ordem. A maneira que tratou a greve dos professores da rede pública, negando-se a negociar e colocando a polícia fardada para bater e infiltrada para vigiar, é seu último mérito nesse sentido. Diante dessa situação, nós, estudantes membros de entidades militantes da Unesp, consideramos exemplar a iniciativa dos companheiros da USP de se colocarem ombro a ombro com os trabalhadores e construírem as mobilizações em solidariedade.
Chamamos, portanto, todos a somarmos forças no ato marcado para o próximo dia 11 (terça-feira), quando se dará a negociação da pauta de reivindicações dos trabalhadores da USP, engrossando em muito suas fileiras e fortalecendo esse movimento para que possa ser o exemplo contrário do que pretendem Serra e Rodas. Uma luta travada até o fim neste momento é o exemplo que a classe trabalhadora e os movimentos sociais precisam para se prepararem aos ataques e convulsões que a crise anuncia. Para que o Movimento Estudantil cumpra o papel que lhe cabe neste processo (enquanto pequena categoria social que desfruta de uma restrita e profunda compreensão da realidade), cercando de solidariedade ativa os trabalhadores e levantando nossas próprias bandeiras de defesa da universidade pública de qualidade para todos, contra vagas virtuais e expansão sem política de permanência, precisamos continuar nossos avanços de reorganização. Nós da Unesp demos um importante passo nesse sentido com a realização do CEEUF (Conselho de Entidades Estudantis da Unesp e Fatec) em Araraquara, que foi bem representativo e nos armou com um programa de lutas concreto. Nessa mesma oportunidade também havíamos convocado uma reunião com representantes de todo o estado para prepararmos um Encontro Estadual que amadureça a unidade desses diferentes setores como forma de nos prepararmos para responder à altura os ataques desferidos à educação e aos trabalhadores, mas também para que possamos sair na ofensiva com nossas demandas. Vemos agora a necessidade urgente de refazermos esse chamado de maneira muito mais enfática. Ou os estudantes nos organizamos para levar essa luta com o Sintusp até o fim, em conjunto com cada necessidade específica que temos em nossas faculdades e ainda com os demais setores em luta, como trabalhadores da Sabesp, do Judiciário e da Unesp, ou poderemos assistir a uma derrota histórica dessa categoria e ao avançar do desmantelamento da universidade pública.
Portanto, nosso chamado é à realização de uma reunião unificada de todos os setores presentes no ato do dia 11 para que organizemos a próxima reunião de preparação do Encontro Estadual, que foi tirada para o dia 22 em Campinas, mas que inclusive propomos transferir para a USP, dado o desenvolvimento desse importante fato político que é a greve do Sintusp.
Pelo direito de greve e de livre manifestação política, imediata retirada das ameaças de Rodas e Serra!
Assinam essa carta: CACS e CAPED (Marília), CAH (Franca), CAFF (Araraquara) , DAF (São José do Rio Preto) e DA (Rio Claro).
Pelo direito de greve e de livre manifestação política, imediata retirada das ameaças de Rodas e Serra!
Assinam essa carta: CACS e CAPED (Marília), CAH (Franca), CAFF (Araraquara) , DAF (São José do Rio Preto) e DA (Rio Claro).
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