(Do site www.ler-qi.org) O discurso de posse de João Grandino Rodas, aclamado como “reitor do diálogo”, foi coberto de cinismo. Enquanto os manifestantes eram reprimidos do lado de fora, ele dizia: "Há mais de 10 anos, instalou-se embate de pessoas, com calendário prefixo e com ocorrência cada vez mais frequente. Muitas vezes, rareou o respeito mínimo indispensável entre segmentos da universidade, tendo a força/violência sido utilizada de maneira corriqueira, gerando um pernicioso círculo vicioso, tanto para a universidade quanto para todos os seus componentes (...) a universidade não pode mais conviver com tal estado de coisas, entre outras razões, por ser a negação de seus princípios mais sagrados (...) a instalação de um círculo virtuoso é possível, desde que alguns pressupostos básicos venham a existir (...) Que se instale um diálogo real; que se busquem consensos específicos; e, acima de tudo, que impere a boa fé (...) a tarefa mais importante do reitor é propiciar as condições para tanto. Creio não haver outra perspectiva possível: a universidade já desperdiçou demasiada energia; os segmentos já estão cansados após tantos entreveros; e a sociedade não admite mais! Chega da violência, que sempre gera violência!" (Fonte: notícias terra - Pacificador, novo reitor da USP assume defendendo o consenso)
Entretanto, o “lobo em pele de cordeiro” mostra que somente tolos podem acreditar em palavras. O REItor Rodas e o governador Serra repetiram o que fizeram na USP no ano passado: enviaram a polícia para atacar com cacetetes, bombas e truculência os mais de 100 estudantes e trabalhadores que pacificamente protestavam contra a “posse” de um reitor que obteve apenas 1/6 dos votos e ficou em segundo lugar, escancarando sua falta de legitimidade para estar à frente da “universidade mais conceituada do Brasil”. Foram vários feridos e 3 presos. que seguem detidos até o momento. Depois da repressão, nenhum representante da reitoria do diálogo se apresentou e a “sessão solene” do Conselho Universitário continuou ao som da Orquestra Sinfônica que mais parecia a trilha sonora da repressão. Esse é um exemplo vivo do “diálogo” proposto por Rodas e da hipocrisia de dizer “chega da violência”. Rodas estréia seu mandato monárquico recorrendo à polícia, tal como fez para garantir a farsa eleitoral em novembro.
Na declaração que levamos à manifestação de protesto que colaboramos para construir no dia de hoje, nós da LER-QI já denunciávamos: “Escolhido a dedo para implementar a política do governo estadual e intensificar a repressão aos trabalhadores e estudantes que se mobilizem contra o atual modelo excludente e antidemocrático de universidade (e que já sofrem perseguição com sindicâncias, no caso dos estudantes, e processos criminais e demissão de um dirigente político, Claudionor Brandão) Rodas simboliza o que há de pior na oligárquica burocracia encastelada no poder da USP. Participou de julgamentos da ditadura militar procurando isentar o Estado de sua responsabilidade em casos de morte e tortura; como diretor da Faculdade de Direito, foi pioneiro em colocar a tropa de choque para acabar com uma manifestação em 2007; e também foi, em 2008, um dos idealizadores da resolução do Conselho Universitário que recomendava o uso da força policial quando ‘necessário’. (...) Rodas representa dentro da USP a política que Serra e Kassab, presentes hoje na cerimônia de posse, representam para o conjunto da população da cidade e do estado de São Paulo. Frente às enchentes que se tornam cotidianas na cidade, acarretando em perda de todos os bens, em mortes e transtornos que afetam principalmente a população mais pobre da periferia, Kassab responde com declarações cínicas pedindo para a população se acalmar e, em conjunto com a Polícia Militar controlada pelo estado, reprime violentamente os protestos contra esta situação absurda, como ocorreu recentemente no Jd. Lucélia. E como se não bastasse, Kassab ainda dá mais um presente de ano novo aos paulistanos aumentando a passagem do ônibus em mais de 17% e mostrando a quem seu governo privilegia: os lucros das empresas. (...) Kassab, Serra e Rodas evidenciam a política de seus governos, a serviço dos capitalistas, que forçam a população a viver em condições cada vez mais precárias e privada dos direitos mais elementares, como o direito à moradia, ao transporte e à educação. O plano de Serra para os filhos dos trabalhadores e o povo pobre é a exclusão da universidade e o que ele chama de democratização do ensino é a Univesp, um ensino precarizado e à distância, voltado principalmente para ‘treinar’ os professores da rede pública, que hoje se encontra em estado de calamidade.”
Rodas, Kassab e Serra são os responsáveis por mais essa repressão aos estudantes, funcionários e ativistas que buscam resistir à política de sucateamento e privatização dos serviços públicos implementada pelos tucanos. O REItor já fez por merecer um novo nome que indica a outra face do “diálogo”: RoTas.
Esse ato de Rodas mostra, mais cedo que tarde, como a política do DCE da USP, dirigido pelo PSOL, e de outras correntes do movimento, de cair no discurso dialoguista de Rodas e não denunciá-lo é um grande erro. Inclusive, no ato de hoje o DCE e o PSTU deram muito pouco peso ao ato (o MNN sequer esteve presente). É urgente impulsionar uma grande campanha unificada de denúncia de Rodas e uma ampla campanha contra a repressão.
Imediata liberdade aos estudantes presos pela repressão policial na posse de Rodas! Fim da repressão política, da perseguição e da criminalização dos movimentos de estudantes e funcionários da USP! Reintegração de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp demitido político! Anulação de todas as sindicâncias e processos contra estudantes e funcionários! Unidade dos professores, funcionários e estudantes contra o regime monárquico e repressor da USP!
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