e da chapa PAGU para o CASS/PUC-SP
Se alguém ainda imaginava que nas universidades a opressão à mulher não se expressasse de maneira tão gritante, o caso recente da Uniban demonstrou o contrário. A universidade, que deveria ser um espaço de produção de conhecimento crítico, é um cenário em que o machismo se reproduz sistematicamente. Outro exemplo está nos casos de assédio sexual nas moradias e universidades que temos denunciado fazendo um chamado a romper o silêncio frente à tamanha violência. Partindo da necessidade de dar uma resposta combativa a tal situação, neste fim de semestre, o Pão e Rosas está sendo ativo na construção de chapas para as eleições de entidades estudantis junto a companheiras e companheiros independentes, como no Serviço Social-PUC, Letras-USP e Ciências Humanas-Unicamp.
Para nós, mulheres, é sempre mais difícil nos organizar por nossas demandas. Nas universidades, defendemos que nas entidades as estudantes possam encontrar um amplo espaço de discussão e organização para podermos, assim, nos colocar no movimento estudantil, convencendo nossos companheiros a levantar nossas bandeiras e para que possamos também nos ligar às trabalhadoras de nossas universidades que são muitíssimo exploradas, como as terceirizadas.
Não nos conformamos com o fato de que as demandas das mulheres sejam tratadas como notas de rodapé dos programas e das resoluções dos encontros estudantis. É preciso estabelecer uma prática militante que coloque na ordem do dia do movimento estudantil as demandas levantadas pelas mulheres. Foi com essa compreensão que desde o CACH-Unicamp, centro acadêmico do qual fazemos parte, que impulsionamos em outubro um ato pelo direito ao aborto em repúdio à presença do bispo de Olinda que afirmou que o aborto é um crime pior que o estupro.
Assim como a luta pelo direito ao aborto, temos atuado nas universidades e também nos fóruns do movimento estudantil como a ANEL lutando para que sejam incorporadas às lutas cotidianas questões como a luta por creches nas universidades para os filhos das estudantes e das trabalhadoras; direito à moradia e permanência estudantil para as estudantes que são mães; defesa das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, defendendo a sua efetivação com salário e direitos iguais aos dos efetivos.
Ao mesmo tempo, não nos limitamos às questões tidas como específicas das mulheres. Como um grupo de mulheres classista e militante, nos colocamos ao lado das lutas dos trabalhadores e contra todos os ataques dos governos e reitorias. Nessa perspectiva que o Pão e Rosas atuou na mobilização das estaduais paulistas neste ano, que começou com a greve dos trabalhadores da USP e ganhou maiores proporções após a repressão da policia. Hoje, essa luta precisa ter continuidade apresentando nas eleições estudantis um programa que se coloque em defesa de todos os lutadores que vêm sendo perseguidos.
Isso tudo se coloca numa perspectiva de subverter a lógica que coloca as entidades estudantis como meros aparatos que pouco ou nada servem para as lutas concretas. Queremos centros acadêmicos que se coloquem ativamente frente à realidade, como fizeram os estudantes da Universidade de Buenos Aires recentemente manifestando-se contra a repressão policial aos trabalhadores da Kraft-Terrabusi.
Estamos nos colocando a lutar por entidades estudantis que não se adaptem à atual estrutura de poder estabelecida nas universidades, dando um combate pela democratização como fazem nossas companheiras e companheiros na USP boicotando as eleições para reitor. E porque não estamos satisfeitas dentro da universidade sabendo que a maioria da juventude brasileira está fora dela, temos que colocar de pé entidades estudantis que levem à frente uma dura luta pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades privadas, para que o acesso à universidade seja de fato democratizado.
Chamamos as estudantes a lutar conosco contra o elitismo, racismo e machismo que ainda imperam nas universidades e pelos direitos das mulheres!
Entre em contato conosco para organizar o Pão e Rosas em sua universidade!
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