quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Carta de estudante secundarista convida para Reunião do Pão e Rosas Zona Oeste!


Nas últimas semanas, o desconforto gerado por declarações preconceituosas em sala de aula se alastrou entre os 3°s anos, gerado uma mobilização de alunos que se manifestaram à direção da escola contra as atitudes de uma professora. Como já era de se esperar, houve relutância de alguns alunos em se posicionar, por medo ou por terem naturalizado situações de opressão por parte dos professores, reconhecendo essa como mais uma forma de violência legítima. Entre os que se posicionaram contra a opressão, as meninas eram linha de frente. Isso se deve não apenas a pequena quantidade de garotos entre os 3°’s anos, mas também ao fato de que somos nós, garotas, que sofremos diariamente com o machismo e suas consequências. Independente do desfecho de nossa luta contra os preconceitos de nossa professora, devemos nesse momento enxergar nossa evolução e nossa força. Nós nos cansamos da opressão que sofremos por nossas escolhas pessoais, nos mobilizamos não só por ofensas dirigidas a nós, mas também em solidariedade à colegas de outras classes, e acima de tudo, nos organizamos enquanto aluem nossa luta, sem interferência de nenhum adulto.

Apesar dos traços importantes dessa mudança, devemos reconhecer que de forma alguma podemos parar por aqui. O machismo, o racismo, a homofobia e toda forma de opressão não se encontra apenas em uma professora, mas na escola, no sistema educacional e no Estado capitalista. Somos, todos os dias, treinadas para abaixar nossas cabeças aos futuros patrões e maridos. Somos ensinadas a evitar a violência reprimindo nossos desejos. Somos incentivadas a mudar nossos corpos, não por vontade própria, mas por pressão da sociedade. Somos restringidas à concordar sem questionar, somos adestradas, domesticadas. Aprendemos que enquanto homossexuais, devemos ser discretas; enquanto mulheres, devemos ser recatadas; enquanto pobres, devemos sonhar pouco; enquanto negras, devemos enfrentar sempre situações de precarização; e enquanto pessoas, devemos seguir as regras que oprimem nossas mentes e corpos. Devemos então, entender a necessidade de nos posicionarmos diariamente contra todo tipo de opressão às mulheres, lutando por nós, por nossas mães e por nossas companheiras. Pelo direito de decidirmos o que fazemos com nossas vidas e corpos. Pela liberdade das nossas mentes, que vem sendo oprimidas pelo sistema educacional. Convido todas a conhecerem o grupo de mulheres Pão e Rosas. Discutimos formas de combater diariamente a opressão às mulheres nos locais de trabalho e estudo, e construímos um movimento que possa unir estudantes e trabalhadoras numa única luta contra o machismo, o racismo e a homofobia.

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