No dia 7 deste mês o hipermercado Carrefour, em Osasco, foi cenário de uma violência brutal contra Januário Alves de Santana, um trabalhador negro de 39 anos. Ele aguardava a família, que fazia compras no mercado, em seu carro EcoSport quando foi abordado por um cerco de seguranças não uniformizados. Januário, que é trabalhador da USP, foi acusado de tentar roubar o próprio carro. Ele foi levado até uma “salinha” onde foi espancado por cerca de 20 minutos. A violência prosseguiu com a chegada dos policiais ao local, que falavam coisas como: “Cala a boca, seu neguinho” ou “Sua cara não nega. Você deve ter pelo menos três passagens pela polícia”.
Enquanto os discursos de intelectuais, políticos burgueses e dos meios de comunicação afirmam veemente “Não somos racistas”, vem à tona um caso escandaloso de como o racismo se reproduz nas formas mais violentas e repugnantes. Todo a falácia da democracia racial cai por terra frente a casos como este – e poderíamos listar tantos outros que ganharam repercussão e depois foram esquecidos, na maioria das vezes marcados pela impunidade.
Os seguranças envolvidos foram afastados e o Carrefour divulgou uma nota dizendo repudiar o acontecimento, que define apenas dizendo que um cliente foi confundido com um bandido, omitindo toda a violência que se desencadeou desde que Januário foi abordado repentinamente no estacionamento. Nós, mulheres do Pão e Rosas colocamos nossas vozes para repudiar esse acontecimento e denunciar a hipocrisia do Carrefour, que tenta se safar da sua responsabilidade sobre o caso com uma mera nota pública. Também colocamos nossas vozes para repudiar uma vez mais a ação da polícia, essa instituição que a burguesia utiliza para garantir sua segurança, nos prendendo, humilhando, agredindo e matando.
Januário é um exemplo de que ser negro nos dias de hoje ainda significa encontrar semelhanças tão duras com o período escravocrata. O chicote ainda estrala em nossos corpos! Para a burguesia, os negros servem para serem explorados em suas empresas – como bem demonstra a situação das trabalhadoras de atendimento dos hipermercados que trabalham longas jornadas por salários de fome e com recorrentes ataques aos direitos trabalhistas. Mas nós negros somos sempre suspeitos: por estar parado, por estar andando, por estar correndo ou por estar ao lado de um Eco Sport. E essa lógica do “elemento suspeito” rege a ação da polícia e regeu a ação dos seguranças do Carrefour.
Não podemos nos calar! O Pão e Rosas se coloca ao lado de todos que se indignam com a violência racista e não aceitam o esquecimento com o passar do tempo.
Punição ao Carrefour, responsável por essa agressão racista!
Abaixo a violência policial contra os negros!
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