do Sindicato dos Trabalhadores da USP.
Dupla jornada, dupla opressão
Muitas vezes ouvimos dizer que “política não é coisa de mulher”. E muitas vezes acreditamos nisso. Mas todas nós deveríamos buscar uma explicação melhor para o fato das mulheres serem minoria entre trabalhadores sindicalizados, minoria entre trabalhadores que freqüentam os sindicatos e, no nosso caso, terem sido minoria entre os trabalhadores em greve.
A opressão da mulher é algo que surgiu antes do capitalismo, mas que é apropriado por ele como forma de fortalecer a exploração dos trabalhadores. Isso porque, se em certo momento diziam que as mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos e dos maridos, foi também necessário incorporar essa mão-de-obra barata (mulheres e crianças) à produção. Entretanto, isso gerava uma contradição: ou as mulheres trabalham fora, ou cuidam da casa. O capitalismo resolveu essa contradição rapidamente, se utilizando da opressão da mulher para, por um lado garantir que pudesse incorporar sua mão de obra à produção, e por outro lado, naturalizando ainda mais a atividade doméstica como responsabilidade única e exclusivamente feminina.

A essa contradição, de trabalhar fora de casa, mas também trabalhar dentro, chamamos “dupla jornada”. Hoje em dia, inclusive, muitos já falam sobre “tripla” ou “quadrúpla” jornada, em referência às mulheres que não somente trabalham e cuidam da casa, mas cuidam dos filhos, estudam, são militantes de sindicatos ou partidos. Mas o fato é que a maioria das mulheres, quando se deparam com essa vida, em que estão condenadas a dedicar as 24 horas de seu dia para outros (no trabalho para os patrões, em casa para os filhos, maridos, parentes), desistem de si mesmas. E desistir de si mesma é também acreditar que em sua vida não há espaço para política, para o sindicato, para a luta, para tomar seus destinos em suas mãos.

Diante da Gripe A: proteção às trabalhadoras grávidas!

Proteção às grávidas, afastando-as do trabalho sem perda da remuneração. Assistência mais intensa no pré-natal. Garantia de alimentação e orientação necessária às mulheres trabalhadoras domésticas das periferias. Vacina para todas e todos já, não somente em dezembro. Distribuição de antivirais em todos os hospitais públicos. Política de proteção as trabalhadoras e trabalhadores das redes de saúde!
*Por Dinizete Xavier, funcionária do Centro de Saúde Escola Butantã e membro do CDB, e Diana Assunção, funcionária da Faculdade de Educação e integrante do GT Estadual de Mulheres da Conlutas. Ambas integram o grupo de mulheres Pão e Rosas e o Núcleo da Mulher Trabalhadora do SINTUSP.
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