Por Livia Barbosa e Fernanda Figueira, assistentes sociais
A fábrica de cerâmica Zanon, localizada em Neuquén, no sul da Argentina ganhou projeção nacional e internacional não por acaso. Assim como hoje, o cenário naquele período era de uma intensa crise do sistema capitalista, já dando indícios de como está se esgotando esse modo de produção. Uma fábrica que funciona sob controle operário representa hoje um exemplo real de como os trabalhadores podem ter o poder em suas próprias mãos, de forma independente da burguesia e dos governos, combatendo diretamente o ataque que sofrem cotidianamente, numa verdadeira luta operária em conjunto com os estudantes, professores, intelectuais, trabalhadores e trabalhadoras empregados e desempregados da cidade, em resistência à barbárie inerente ao sistema capitalista.
Para nós, estudantes de Serviço Social, que muitas vezes nos afogamos em crises e indagações acerca dos “limites e possibilidades” do nosso curso, e todas as contradições que permeiam nosso cotidiano profissional, temos um grande exemplo a seguir. Os universitários de Neuquén, em especial os estudantes de Serviço Social, tiveram um importante papel em todo o processo de Zanon. Com o acirramento da crise, agravaram-se os problemas sociais enfrentados pela classe trabalhadora, como alcoolismo, casos de drogadição com os filhos jovens dos operários, assim como casos de violência contra mulheres. Os estudantes, de forma estratégica, mostraram como todas essas questões advinham de uma questão muito maior, chamada capitalismo. Era importante colocar a discussão num âmbito muito maior, e não em uma perspectiva domiciliar ou individual.
Há oito anos, sem qualquer tipo de ajuda dos governos, Zanon prova que é possível um outro sistema de produção, onde existe a redução da jornada de trabalho com o aumento de salários, crescimento de postos de trabalho e grande redução no número de acidentes. E a nós, estudantes de Serviço Social, nos cabe questionarmos e responder qual o papel cumpriremos em momentos determinantes como este. Nós do Pão e Rosas chamamos as estudantes de Serviço Social a não serem reprodutoras da lógica capitalista seguindo o perfil que querem nos impor, mas sim lutarmos por uma verdadeira aliança operário-estudantil!
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