O livro Lutadoras - histórias de mulheres que fizeram história, organizado por Andrea D’Atri foi editado, primeiramente em espanhol, em 2006, na Argentina pela Edições IPS – Instituto do Pensamento Socialista. Em março de 2009, foi lançado em português, pela Editora ISKRA, organizado por Andrea D’Atri e Diana Assunção, acrescido do anexo referente à organização das mulheres, no ascenso do movimento operário no Brasil, no período de 1978 a 1980 Andrea D’ Atri publicou em 2004, na Argentina, Pan y rosas: pertenencia de genero y antagonismo de classe en el capitalismo e, em 2008, traduzido no Brasil, também pela ISKRA, no livro Pão e Rosas – identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo. Andrea é uma das fundadoras do agrupamento Pão e Rosas, na Argentina, membro do Conselho Assessor do IPS Karl Marx e militante do PTS – Partido dos Trabalhadores Socialistas.
Diana Assunção, jovem estudante do curso de História da PUCSP, militante da Liga Estratégia Revolucionária, é uma das fundadoras do grupo Pão e Rosas no Brasil e responsável pela Coleção Mulher das Edições ISKRA. Lutadoras - histórias de mulheres que fizeram história tem um profundo significado para mulheres e homens que lutam por uma sociedade em que não haja exploração de classe e qualquer tipo de opressão social, de gênero, etnia/raça e orientação sexual.
O livro traduz a história de mulheres lutadoras que fizeram história por mulheres lutadoras que fazem história. Escrito a muitas mãos, é resultado de uma pesquisa realizada por mulheres na Argentina, no Brasil, no Chile e no México: Andrea D’Atri, Diana Assunção, Bárbara Funes, Ana Tossato, Ana López, Jimena Mendoza, Celeste Murillo, Marina Fuser, Virgina Andrea Peña, Adela Reck, Malena Vidal, Gabriela Vino. O livro é apresentado por Claudia Mazzei Nogueira e sua capa de autoria de Ana Tossato a partir da foto de mulheres operárias de Berlim, em 1930. As autoras expressam o convencimento teórico e político de que não haverá emancipação das oprimidas e oprimidos se não for lutando pela revolução socialista”(2008:27).
Trata-se de uma produção coletiva ancorada no materialismo histórico-dialético sob a perspectiva da construção do socialismo. De forma viva, emocionante e apaixonada, nos deparamos com as lições das militantes em lutas e combates, em diferentes momentos da história do capitalismo, por uma sociedade sem exploração de classe e opressão social.
O livro está organizado em:
a - Mulheres Pioneiras: Flora Tristan e Louise Michell, para as quais a luta das mulheres por seus direitos e dos trabalhadores do mundo se vinculavam às tarefas de emancipação da mulher e do proletariado.
b - Mulheres Internacionalistas: Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin, que souberam enfrentar a traição do partido social-democrata alemão quando estourou a primeira guerra mundial.
c - Mulheres Rebeldes: Carmela Jeria, Lucrecia Toriz e Marcia Cano. Mulheres lutadoras latino-americanas que estiveram à frente das lutas operárias e populares no início do século XX do Rio Bravo à Patagônia austral.
d - Mulheres Combativas: Marvel Scholl e Clara Dunne e Genora Johnson Dollinger, presentes nas fileiras das greves operárias e referência classista do proletariado estaduniudense.
e - Mulheres Vermelhas: Natalia Sedova, Pen Li Lan, Mika Etchebéhere, que estiveram nas frentes de combate das Revolucões Russa, Chinesa e Espanhola;
f - Mulheres Indomáveis: Nadehzda Joffe, Edith Bonne e Patrícia Galvão. Mulheres que resistiram à prisão e às torturas, sem abdicar de seus ideais quando foram vítimas do terror stalinista na ex-União Soviética e nos países que seguiam suas orientações.
g - Anexo: Refere-se à atuação das mulheres no ascenso do movimento operário - de 1978 a 1980 - no Brasil, com depoimentos de mulheres operárias e sindicalistas nas lutas sociais do período.
De acordo às observações das organizadoras do livro, o papel das mulheres tem sido silenciado, durante séculos, e quando elas aparecem, surgem como “rainhas ou santas” “em obscuros desígnios divinos” e, com raras excessões, por “estranhas aptidões” nas ciências e nas artes (2008:17). Este livro de 325 páginas revela histórias de mulheres aguerridas, rebeldes e revolucionárias que lutaram pela causa das lutas operárias, tendo por fio condutor a questão da mulher do ponto de vista da classe.
Essas lutas imediatas e históricas se referem ao direito à licença-maternidade e ao aborto, contra a subordinação e assédio sexual, pela participação das mulheres em toda a luta do proletariado, pelo trabalho igual para salário igual, pela participação nos comícios de rua, greves operárias, sindicatos, imprensa, movimentos classistas, trincheiras, partidos e revoluções proletárias.
Os elementos do legado marxiano se apresentam neste livro por seus aspectos centrais: o materialismo histórico e dialético, a teoria do valor trabalho e a perspectiva da revolução social, em suas dimensões e relevância histórica, teórica e política.
O livro expõe de que maneira as mulheres são as penúltimas colocadas, no interior da hierarquia das relações de trabalho, e as mulheres negras as últimas. As diversas formas de exploração no trabalho se manifestam em: trabalho igual para salário desigual, trabalho polivalente, dupla jornada de trabalho, ritmo acelerado de trabalho, trabalho em domícílio, trabalho informal, precarizado, terceirizado, ampliação da mais-valia absoluta.
O momento atual da conjuntura internacional, marcado pela crise estrutural do capitalismo, em que se aprofundam as contradições entre o desenvolvimento das forces produtivas e as relações sociais de produção, pode abrir a possibilidade histórica de ampliação da luta de classes. O marxismo revolucionário e as lições das mulheres revolucionárias na história, nos auxiliam para as lutas pelo fim das classes e da propriedade privada dos meios de producão, para a necessária conquista de uma sociedade igualitária dos individuos livremente associados.
O protagonismo das mulheres trabalhadoras apresenta centralidade no processo histórico das lutas de classe no enfrentamento contemporâneo à barbárie para a superação da ordem capitalista. O livro Lutadoras – histórias de mulheres que fizeram história constitui um excelente instrumento de formação teôrica, política e de ânimo às mulheres e homens trabalhadores e à juventude, tão fundamental ao combate do capitalismo, na luta pelo socialismo, para a conquista do projeto de emancipação humana.
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