No mês passado, mulheres terceirizadas do serviço da limpeza da PUC-SP empregadas pela Higilimp, divulgaram uma nota no jornal PUCVIVA denunciando as péssimas condições de trabalho em que se encontravam: recebendo seus benefícios atrasados todos os meses, tendo que tirar dinheiro do próprio bolso para pagar o transporte; se faltam um dia, mesmo apresentando atestado médico, perdem a cesta básica do mês; são obrigadas a fazer suas refeições em um ambiente insalubre com baratas passando no refeitório, onde lhes é oferecido pão mofado para comerem; trabalham com materiais de péssima qualidade, entre outras denúncias.
Porém, nessas últimas semanas, quatro funcionários foram demitidos arbitrariamente pela Higilimp: duas por terem feito a denúncia ao PUCVIVA, uma por ter procurado seu sindicato e um que cumpre aviso prévio. Um dos trabalhadores demitidos, em denúncia ao jornal PUCVIVA retratou uma condição ainda pior: “O auxílio família de várias funcionárias não é pago, mesmo quando os documentos são apresentados e muitos deles somem quando vão para o escritório (...) Quando os funcionários faltam por não terem dinheiro da condução, que é sempre dado com atraso, é descontado o dia (...) As funcionárias são xingadas pela Palmira de nomes como ‘piranha’, ‘galinha’, ‘lerda’, ‘vagabunda’”.
A Reitoria, através do Pró-Reitor Hélio Deliberador, se eximiu de qualquer responsabilidade, com a benção da Fundação São Paulo, o que na verdade só demonstra a conivência da Reitoria com esse tipo de super-exploração do trabalho, reforçando a fala do Reitor Dirceu de Melo sobre a terceirização na última Audiência Pública: “Acho interessante.”
Perguntamos: O que há de interessante no trabalho semi-escravo dentro da nossa Universidade? É então sob o consentimento de Dirceu de Melo e sob a benção da Fundação São Paulo que estas mulheres que reivindicavam o mínino de melhorias condições de trabalho foram demitidas de forma autoritária e sem direito de defesa, com o objetivo claro de calar todos aqueles que querem se organizar para lutar por seus direitos. Perseguição e punição de qualquer trabalhador que tenta se organizar para lutar por melhores condições de trabalho? Voltamos a Ditadura Militar!
Nesse sentido, a pequena demonstração de insatisfação dessas trabalhadoras e trabalhadores se enfrenta com um dos principais problemas da terceirização do trabalho, que é a divisão da classe trabalhadora entre efetivos e terceirizados, dificultando sua organização enquanto classe, enfranquecendo seus métodos de luta diante das ameaças da chefia e deixando seus sindicatos à merce dos interesses da patronal. Portanto, não acreditamos no discurso da Reitoria de que se trata de um problema específico da empresa contratada, já que tanto nós quanto o Reitor sabemos muito bem que a terceirização em si mesma, além de dividir os trabalhadores, não garante as condições mínimas de salubridade e direitos trabalhistas para seu quadro de funcionários, mantendo assim as péssimas condições de trabalho em maior ou menor medida.
Chamamos todas as entidades estudantis da PUC-SP, assim como a APROPUC e a AFAPUC, e também todos estudantes, professores e funcionários efetivos a colocar de pé uma ampla campanha contra a ditadura da Igreja e da Reitoria, pois é por via destas denúncias que os próprios terceirizados pedem a atenção de todos... Não podemos permitir que a exploração da qual os trabalhadores estão passando possa continuar sem resposta da comunidade. É preciso exigir um posicionamento do Reitor, para que ele garanta a suspensão dessas demissões junto à empresa terceirizadora!
Pela suspensão das demissões das funcionárias e funcionários terceirizados que denunciaram suas más condições de trabalho! Trabalho igual, salário igual! Pela incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários efetivos da PUC!
Pão e Rosas PUC-SP
01 de junho de 2009
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