28 de setembro - dia latino americano e caribenho pela descriminalização e legalização do aborto
Mais recentemente vimos notícias de dois casos, em menos de um mês, de mulheres que perderam suas vidas ao recorrerem à prática do aborto ilegal. Jandira Magdalena de 27 anos e Elisângela 32 anos viviam no estado do Rio de Janeiro e o que mais essas mulheres tinham em comum? Eram trabalhadoras, mães de dois filhos e com muito esforço economizaram entre 3 e 4 mil reais para realizar o aborto. O motivo que as levaram à isso? Falta de condições de vida dignas e medo de perder o emprego.
Esta semana foi confirmado através de um exame de DNA que o corpo encontrado na zona oeste do Rio carbonizado, era de Jandira. E Elisângela teve o útero e intestino perfurados e morreu no hospital. Estes dois casos trouxeram à tona o debate sobre o tema do aborto e as consequências de sua ilegalidade mostrando através dos dados que esta questão precisa ser encarada de fato por toda sociedade e que é necessário acabar com a impunidade das máfias de clínica clandestinas que fazem do aborto um “negócio” com envolvimento de policiais e outras instituições do próprio Estado.
Um milhão de mulheres realizam abortos clandestinos todos os anos, e os dados do SUS mostram que são realizadas cerca de 243 mil curetagens, aproximadamente o mesmo número de internações por doenças como câncer, sendo o aborto ilegal a quarta causa de morte entre as mulheres.
Ao mesmo tempo que o Estado nega o direito ao aborto legal para todas as mulheres, fazendo com que a maternidade seja uma “obrigação”, não dá as condições básicas e dignas de atendimento à saúde e educação gratuita e de qualidade para que as mulheres exerçam a maternidade, além da precarização do trabalho, que faz com que as mulheres tenham os salários mais baixos e direitos negados.
Na USP acabamos de sair uma greve vitoriosa com a participação de muitas trabalhadoras de várias unidades, e uma de nossas bandeiras foi mais creche para todas as funcionárias e funcionários, luta histórica na USP, escancarando que este direito básico e democrático para todas trabalhadoras é negado pelos governos. Uma de nossas pautas centrais foi contra a desvinculação dos Hospitais Universitários (HU e HRAC) proposta pelo reitor Zago, e também dos Centros de Saúde, pois entendemos que este projeto visa a privatização da saúde pública que atende à população da ZO da cidade de SP, e através da Secretaria de Mulheres também lutamos pela contratação de enfermeiras para realização de 850 exames de Papa Nicolau para mulheres que estão na fila de espera à muito tempo, necessário para a prevenção de câncer. Queremos avançar neste e em outros debates com o conjunto dos trabalhadores, pra que mais nenhuma mulher morra por aborto clandestino.
Entendemos que a luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito garantido pelo SUS é lutar para que as mulheres deixem de morrer e para que possam decidir, uma luta que deve estar junto à luta pelo direito à maternidade e pela saúde das mulheres. Achamos que esta luta deve ser tomada por toda a classe trabalhadora para que nenhuma Jandira e Elisângela seja mais vítima. Justiça para Jandira, Elisângela e todas as mulheres mortas ou mutiladas por aborto clandestino!
A Secretaria de Mulheres do Sintusp estará presente no ato do dia 28 de setembro, dia latino americano e caribenho pela legalização do aborto, às 12h na Praça do Ciclista, e convidamos a todos a se somarem a esta luta.
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