Participação do grupo de mulheres Pão e Rosas no ato pela legalização do aborto (28/09), em São Paulo
No Dia 28 de setembro – Dia Latino Americano e Caribenho
pela Legalização do Aborto – ocorreram atos em diversas cidades da América
Latina para lutar por esse direito das mulheres decidirem sobre seu próprio
corpo. Em São Paulo o ato se deu na Avenida Paulista organizado pela Frente
Feminista pela Legalização do Aborto e contou com a participação de diversas
organizações de mulheres.
Frente à proximidade das eleições, vimos que muitas
organizações não deram peso devido para o ato, mais preocupadas com as
campanhas eleitorais e separando isso da luta pelos direitos das mulheres. As
mulheres da Marcha Mundial de Mulheres, ligadas ao PT, estiveram presentes mas
não tinham sequer um candidato que pudesse falar em defesa do aborto no ato,
justamente porque o PT se cala sobre esse assunto. O mesmo podemos dizer do
PSOL, que não levou nenhum candidato ao ato para prestar solidariedade à luta
das mulheres. Já o PSTU, apesar de comparecer com duas candidatas (Ana Luiza,
candidata à deputada federal, e Arielli, candidata à deputada estadual), não
deu nenhum peso do partido para o ato, comparecendo com pouco mais de uma
dezena de militantes.
O grupo de mulheres Pão e Rosas esteve presente com um bloco
organizado muito expressivo para lembrar a morte de Jandira e Elisângela, duas
jovens que morreram recentemente vítimas de aborto clandestino no Rio de Janeiro.
Jandira desapareceu após entrar num carro que a levaria para a clínica
clandestina e depois seu corpo foi encontrado mutilado e carbonizado.
Elisângela morreu num hospital após um aborto clandestino mal sucedido que
perfurou seu útero. O bloco do grupo de mulheres Pão e Rosas em SP carregava
faixas, cartazes e seus integrantes vestiam camisetas que exigiam Justiça para
Jandira e Elisângela e cantavam “Jandira, não vai passar! O aborto vamos
legalizar!” e “Todas as Jandiras nós vamos vingar com a luta operária e
popular!”.
O Pão e Rosas esteve presente também, junto à secretaria de
mulheres do SINTUSP (Sindicato de Trabalhadores da Universidade de São Paulo),
que acabam de sair de uma greve exemplar e vitoriosa, para exigir saúde pública
de qualidade e que as mulheres tenham direito ao aborto seguro e gratuito,
garantido pelo SUS 100% estatal. Babi, trabalhadora do Hospital Universitário
da USP e do Pão e Rosas, lembrou que a greve de trabalhadores lutou em defesa
do HU, contra sua desvinculação da universidade, que abre caminho para a
privatização do hospital e também recordou que existem mais de 800 mulheres na
fila do “Papanicolau” no HU por falta de enfermeiras que possam realizar um
exame tão simples. As mulheres do Pão e Rosas cantavam “Saúde de qualidade já!
SUS sob controle operário e pupolar!”. Babi finalizou dizendo: “Parte da nossa
luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito passa também por defender
os hospitais universitários contra o sucateamento e a privatização, para que o
aborto seja realizado pelo SUS 100% estatal”.
O Pão e Rosas lembrou também que estamos nos aproximando das
eleições e que existem duas mulheres entre os três principais candidatos à
presidência do país. Marília, demitida política do Metrô de São Paulo e do Pão e
Rosas, lembrou que tanto Dilma quanto Marina negam às mulheres o direito
elementar a decidir sobre os seus corpos e suas vidas. “Aécio, Marina, não sou
da sua laia! Fora já com a Dilma e leva junto o Malafaya!” e “Não somos uma no
poder, somos milhares pelas ruas lutando por nossos direitos, com as mulheres
da USP como exemplo!” eram dois dos gritos que mais se ouviam das mulheres do
Pão e Rosas. Marília finalizou fazendo um chamado: “Quero dialogar em especial
com as companheiras da Marcha Mundial de Mulheres, pois estamos a muitos anos
lutando juntas pela legalização do aborto mas as companheiras insistem em
depositar confiança no governo de Dilma e do PT, que já mostrou em mais de 12
anos de governo que não vai nos dar esse direito elementar. Nós vamos arrancar
nosso direito através da organização das mulheres nas ruas!”.
Veja as intervenções:
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