Fernando Pardal
http://www.ler-qi.org/A-homofobia-de-Levy-Fidelix-expressa-a-podridao-da-democracia-brasileira
Levy Fidelix é um desses personagens folclóricos que só a política brasileira é capaz de produzir. Encabeçando uma legenda de aluguel, o PRTB, Fidelix passou eleição após eleição sendo conhecido pelo povo brasileiro como o homem de uma única proposta, que em nada dialoga com os anseios de qualquer setor da população: o seu lendário “aerotrem”.
E poderia continuar sendo assim, apenas uma figura inexpressiva que demonstra o ridículo da política burguesa, se ele não tivesse ganhado o espaço nos debates que as emissoras burguesas se recusam a conceder para as candidaturas operárias como a de Zé Maria, do PSTU, ou Rui Costa Pimenta, do PCO.
Foi utilizando o espaço de um debate televisivo que, ontem, Levy Fidelix expressou o que há de mais reacionário e fascistizante na política brasileira, dando voz ao que setores conservadores como a bancada evangélica impõem de forma sistemática, mas menos escancarada, aos programas de todos os candidatos dos patrões. Perguntado sobre o direito ao matrimônio igualitário à população LGBTT pela candidata do PSOL, Luciana Genro, o candidato Levy Fidelix destilou seu ódio reacionário e homofóbico.
“Dois iguais não fazem filho”; “aparelho excretor não reproduz”, “não podemos deixar que tenhamos (...) esses que aí estão achacando a gente no dia-a-dia, querendo escorar essa minoria à maioria do povo brasileiro.”; “Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar.” Esses foram alguns dos termos que Fidelix utilizou para se posicionar no debate, não apenas dizendo que é contra o casamento igualitário, mas incentivando abertamente a violência contra os LGBTT, que no Brasil chega a níveis recordes, sendo o país com mais assassinatos e agressões homofóbicas no mundo.
Incrivelmente, a esse verdadeiro incitamento à violência homofóbica com tamanho entusiasmo, a candidata Luciana Genro se limitou em sua réplica a defender o casamento homoafetivo como forma de reconhecer qualquer tipo de família, e afirmou ainda ser “uma das que mais defende a família nessa campanha eleitoral” por ser a única que está “defendendo todas as famílias”. É dessa forma, “moderada”, que o PSOL pretende se apresentar como alternativa eleitoral: contra o ódio reacionário e homofóbico, seu programa limita-se ao nível mais elementar, que é a defesa do casamento igualitário, mas sem dar nenhum nível de resposta aos absurdos que Levy Fidelix disse ao afirmar que “não se deve tolerar essa minoria”.
Em sua tréplica, Fidelix ficou à vontade, sem nenhuma resposta à altura de Genro, para continuar dizendo que, se o casamento igualitário for “estimulado”, a população brasileira seria reduzida pela metade e que se você andar na Paulista (avenida central de São Paulo) vai ver que “é feio o negócio” e concluir afirmando: “vamos ter coragem, somos maioria, vamos enfrentar essa minoria” e que “esses que tenham esses problemas sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui não dá”.
Na chamada democracia brasileira, um candidato se vê livre para, em um debate em rede nacional, incitar o ódio, e intolerância e a violência contra a população LGBTT, comparando-os aos pedófilos da Igreja Católica e dizendo que são doentes; enquanto isso, os crimes homofóbicos continuam batendo níveis recordes, e todas as candidaturas dos partidos dos ricos seguem à risca os mandamentos da bancada evangélica e dos poderosos pastores como Edir Macedo, dono da Rede Record de televisão, que são os mais ativos defensores da homofobia como política de Estado.
As candidaturas operárias sequer podem se expressar na televisão, e a única candidata de esquerda que pode debater se coloca o vergonhoso papel de limitar sua defesa da população LGBTT à defesa de um único dos tantos direitos civis que lhes é negado cotidianamente, sem denunciar de forma contundente a postura criminosa de Fidelix. Essa é uma demonstração não apenas da podridão da política dessa democracia dos ricos, mas de que os direitos dos LGBTT só poderão ser conquistados no Brasil com uma aliança desses setores à classe trabalhadora, que lute contra a homofobia e transfobia de forma independente da burguesia e contra os manda-chuvas das Igrejas evangélicas e seus políticos fantoches.
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