Iaci
Maria, Pão e Rosas Belo Horizonte - MG
Na
reta final do primeiro turno das eleições presidenciáveis
brasileiras, os temas relacionados às questões democráticas da
população mais uma vez passam longe do discurso dos três
principais candidatos. O grave problema social dos abortos
clandestinos, que aflige milhares de mulheres, mais uma vez, não
esteve entre os temas de Dilma, Marina e Aécio.
Na
última quinta, 2 de outubro, ocorreu o último debate
presidenciável, organizado pela TV Globo. Para além do clima
amigável entre os principais candidatos, que representam os
interesses dos empresários e banqueiros, o candidato Eduardo Jorge
do PV direcionou sua pergunta à candidata à reeleição Dilma
Rousseff do PT , questionando-a sobre as mortes por abortos
clandestinos em seu governo e sua responsabilidade com isso.
O
candidato questionou a presidenta a partir dos escandalosos casos de
Jandira – mulher, mãe de dois filhos, que desapareceu ao sair para
fazer um aborto e teve o corpo encontrado carbonizado algumas semanas
depois1
– e de Elisângela – mulher que saiu para fazer um aborto e deu
entrada e morreu no hospital no dia seguinte devido ao útero e
intestino perfurados – ambas do Rio de Janeiro.
Já
a presidenta Dilma utilizou mais da metade de seu tempo de resposta
para desviar o tema. Apenas nos últimos segundos, Dilma defendeu
que cumpre a lei que permite o aborto em apenas três casos, que são
estupro, risco de vida da mãe, e fetos anencéfalos.
Em
seu direito de réplica, Eduardo Jorge voltou a denunciar que a lei
que criminaliza o aborto é responsável pela morte de tantas
mulheres, como Jandira e Elisângela, mas apenas pediu que Dilma, se
reeleita, reconsidere e pense em apoiar a proposta de revogação
da atual lei. Na tréplica, a candidata foge novamente, e ao invés
de responder sobre as mortes de mulheres das quais foi cúmplice
durante seu governo, diz apenas que seu governo buscará dar apoio à
juventude para prevenir a gravidez precoce, reforçando respeitar a
legislação vigente Jandira e Elisângela passaram longe de sua
resposta.
Todos
os anos, milhares de mulheres mortas
No
Brasil, cerca de 850 mil mulheres realizam abortos clandestinos todos
os anos, sendo ele a quinta causa de morte materna. Dilma, já em
2010, pouco antes de se eleger como a primeira presidente mulher no
país, declarou aos setores religiosos e conservadores que em seu
governo não citaria o tema “aborto” e não mexeria na legislação
atual. Cumpriu com sua declaração, e segue mantendo silêncio sobre
as milhares de mulheres mortas todos os anos, como escandalosamente
fez no último debate, mesmo sendo diretamente questionada sobre sua
responsabilidade com essas mortes. Seu silêncio reforça suas
alianças com as Igrejas e também sua responsabilidade pela triste
realidade das mulheres que são obrigadas a recorrer pelo aborto
clandestino.
Estamos
a apenas dois dias do primeiro turno das eleições, com Dilma
seguindo disparada com 40% da intenção de voto, na frente de Marina
Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), que se encontram empatados,
deixando indefinido qual dos dois enfrentará a presidenta no segundo
turno. Mas uma certeza esse último debate mostrou, em rede nacional
na principal emissora brasileira, com picos de audiência maiores do
que a audiência dos debates da Band, Record e SBT somadas: qualquer
um dos três candidatos, se eleito – sabendo da grande
probabilidade de reeleição de Dilma – seguirá mantendo o
silêncio sobre o aborto clandestino, enquanto milhares de mulheres
seguirão morrendo todos os anos devido a ilegalidade e negação
desse direito tão democrático à vida das milhares.
Leia também:
http://nucleopaoerosas.blogspot.com.br/2014/09/onde-esta-jandira-aborto-clandestino.html
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