Aconteceu, no último sábado, dia
27/07 a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro e o grupo Pão e Rosas
participou formando um bloco denominado Pink Bloc. Organizamos esse
bloco em homenagem ao Gulagi Gang (gangue de rosa) - grupo
de mulheres na Índia que auto-organizam para combater a violência contra
as mulheres e meninas.
Além do impacto visual de dezenas de
pessoas usando acessórios rosas, nosso objetivo também de expressar a
auto-organização das mulheres na luta pelos seus direitos, mas não só enquanto
marxistas achamos que nossa luta deve ir contra esse sistema que cotidianamente
nos explora, humilha e nos divide. A faixa que levávamos denunciava a
intervenção da Igreja nos direitos das mulheres e LGBTTI’s através do Estatuto
do Nascituro e do incentivo à homofobia, além de exigir o direito ao aborto e
questionar o desaparecimento de Amarildo, morador da Rocinha, desaparecido após
ser levado à uma UPP por policiais no dia 16/07.
Durante a caminhada levantamos
palavras de ordem como: “A verdade é dura, papa Francisco apoiou a ditadura”,
“Não é mole não, a Igreja apoiou a escravidão”, “Não tá manero, o papa vem pro
Rio e quem paga é o meu dinheiro”, “Pode rezar contra a pobreza, mas é melhor
dividir sua riqueza”, "Nesse dia se escuta um só grito, aborto legal,
seguro e gratuito","Eu sou mulher, sou radical, não sou capacho do
papa e do Cabral" entre outros que criticavam diretamente o papel
opressor que a Igreja Católica cumpre historicamente, denunciavam a vinda
do papa e os gastos públicos com a JMJ (Jornada Mundial da Juventude) e o
descontentamento geral em relação ao governo de Cabral. Além disso,
denunciamos o papel que cumpre o PT e o governo
Dilma com alianças à igreja católica e evangélica nesses 10 anos
de governo não garantindo que o Estado seja laico.
A marcha aconteceu em Copacabana,
simultaneamente à programação da JMJ que foi transferida devido a fatores
climáticos para esse local. Isso contribuiu para que as críticas
realizadas a igreja tivessem uma maior repercussão, entre elas a polêmica
gerada pela quebra de imagens religiosas numa performance teatral em meio a
marcha. Não achamos esse o melhor método para denunciar a instituição, visto
que grande parte da classe trabalhadora têm crença na igreja católica,
porém denunciamos a perseguição e nos colocamos em defesa da livre expressão
artística. Por isso, nos colocamos ao lado das companheiras da marcha que
estão sofrendo ameaças por essa intervenção, não aceitaremos nenhum tipo de
agressão a nenhuma companheiras da marcha!!!
Apesar de vermos algumas
limitações na Marcha das Vadias por não fazer um questionamento à
sociedade capitalista, à divisão de classes e a exploração que impõe às
mulheres trabalhadoras, achamos que esse é um importante espaço para
fortalecermos bandeiras já levantadas pelas mulheres e pelos setores
LGBTTI`s que compõe a marcha. Como por exemplo o direito ao
aborto, fim da violência contra as mulheres e
homossexuais, auto-determinação dos corpos e além dessas
reivindicações achamos imprescindível colocarmos as demandas das mulheres
trabalhadoras, como a precarização do trabalho e da vida e a necessidade de
lutarmos contra esse sistema de exploração e opressão.
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