Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas USP, gostaríamos de esclarecer
algumas questões acerca da acusação de machismo contra o companheiro André Boff,
militante da LER-QI e da Juventude Às Ruas. No dia 28 de junho, aconteceu
em Osasco mais um ato chamado pela Frente Democrática e Popular de Luta pelo
Transporte Público. A Juventude às Ruas e militantes do grupo de mulheres Pão e
Rosas estiveram presentes nesse processo contribuindo com a discussão política
e apoiando a população de Osasco na luta por um transporte público e de
qualidade.
Depois destes atos surgiu uma acusação contra Bof. Os acusadores diziam
que ele teria agido com brutalidade contra uma militante do movimento neste
dia, sendo acusado de apontar o dedo contra a cara dessa militante e a segurar
pelo braço impedindo que expressasse sua opinião, o que foi negado por Bof e Matheus (também militante da Juventude Às Ruas e delegado do comando de mobilização), que
escreveram uma declaração esclarecendo os fatos e se colocando a disposição
para discutir no movimento, leia aqui http://juventudeasruas.blogspot.com.br/2013/07/nota-de-esclarecimento-sobre-acusacao.html
Nós do Pão e Rosas USP temos uma visão bastante distinta de qual é a
forma de tratar os casos de machismo dentro do movimento, dentro da luta de
classes. Ao contrário dos grupos feministas que neste momento também estão
acusando Bof, nós consideramos que o método mais correto no movimento é ouvir
as duas versões, dar espaço para o debate, tirar instâncias que possam
averiguar o ocorrido e dessa forma, fazer avançar o conjunto do movimento.
Neste sentido, nós, que militamos cotidianamente com o companheiro Bof
em diversas lutas em defesa dos direitos das mulheres como nas greves das
trabalhadoras terceirizadas da USP, levamos em consideração a posição do
companheiro e de Mateus, testemunha do ocorrido, e ainda assim propusemos em
reunião da Frente Feminista da USP que se conformasse uma Comissão de Mulheres
para averiguar a acusação de forma democrática e aberta, para fazer avançar o
movimento.
Além disto, os companheiros Bof e Mateus e nós do Pão e Rosas USP,
estivemos no dia 14/07, como medida discutida em reunião ocorrida com a
acusadora na USP, em Osasco para, em discussão na Frente Democrática, buscar
organizar da forma mais democrática esta discussão, levando em conta as
posições distintas, a fim de estabelecer uma comissão para o caso. Tais
propostas foram negadas.
Neste sentido, a negativa a este método democrático e o fato de
assumirem como verdade incontestável a posição da companheira que está acusando,
só pode nos levar a considerar que se trata de uma calúnia, pois não se coloca
a questão à prova do próprio movimento, para que o movimento averigue e decida
coletivamente suas posições. A maior prova disso é que a informação divulgada é
que a carta da Frente Democrática de Osasco foi votada justamente em uma
reunião em que o companheiro Bof não pôde comparecer – a diferença de todas as
outras – e mesmo solicitando que esta pauta passasse pra reunião seguinte, o
tema foi votado a sua revelia.
Por isso, não temos nenhuma opção senão repudiar as notas lançadas pela
Frente de Osasco e pelo grupo Feminismo Sem Demagogia, que colocam como
machista o alvo de uma acusação que não foi sequer amplamente discutida ou
averiguada, declarando culpado, acusado e desmoralizando um companheiro pelo
fato de que houve uma acusação. Neste lamentável episódio não se apresentam
apenas posições equivocadas de como tratar o machismo dentro do movimento e da
luta de classes, mas diferenças de estratégia na luta contra a opressão às
mulheres, onde os homens passam a ser inimigos. Não concordamos com esse
feminismo que não está a serviço de fazer avançar a luta contra o sistema
capitalista, mas de se contentar com a punição de um ou outro homem do
movimento, sem nem ouvi-lo. Somos contra tal método persecutório, sobretudo
quando se trata de discutir casos no movimento, que “acusa, julga e pune”, sem qualquer chance de debate e averiguação
democráticos.
Se a acusação é séria, como mínimo deveriam aceitar o debate amplo, a
averiguação dos fatos antes de qualquer acusação formal. Não nos resta outra
opção a não ser exigir a retratação do grupo Feminismo sem Demagogia e propor
mais uma vez que a Frente Democrática e Popular de Luta pelo Transporte Público
de Osasco debate o tema junto com o movimento, pois de forma irresponsável e
leviana ambas declarações caluniam o companheiro Bof na internet através uma
notas arbitrárias e acusatórias sem aceitar estabelecer qualquer espaço para
discussão ou defesa, o que demonstra que longe de querer de fato apurar se
houve machismo, demonstram mais interesse em atuar contra o companheiro.
O grupo de mulheres Pão e Rosas continua firme na luta contra a opressão
às mulheres, em especial aquelas que são duplamente oprimidas e exploradas como
as mulheres trabalhadoras pobre e negras, e lutando por uma sociedade sem
opressão e exploração. Para esta tarefa queremos ganhar os homens do movimento,
da classe trabalhadora, da juventude para que estejam ao nosso lado contra
nossos verdadeiros inimigos: os patrões e o governo.
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