A greve que nós, trabalhadores e trabalhadoras da USP, com estudantes e professores, protagonizamos em nossa universidade não foi uma greve com demandas apenas econômicas ou sindicais. Desde o começo, se tratou de uma greve política, e por isso incomodou tanto a Reitora, o governo e a mídia de direita. Foram 57 dias de luta, onde uma das principais demandas foi a defesa do sindicato, ou seja, a defesa incondicional da possibilidade dos trabalhadores e trabalhadoras se organizarem. Isso porque, no final de 2008, nosso dirigente sindical Claudionor Brandão foi demitido por ter, entre outras coisas, defendido os trabalhadores terceirizados da Faculdade de Educação. Obviamente que nem a Reitora, nem a burocracia acadêmica que mandam na universidade se preocupam com a situação de exploração em que vivem esses trabalhadores, e pra nos atacar ainda mais, demitiu um dos principais dirigentes sindicais da categoria. Entendemos, obviamente, que não se tratou de uma demissão individual, mas de um ataque ao conjunto dos trabalhadores da USP.
Hoje, a universidade passa por um debate político em torno de sua democratização, afinal, onde já se viu que a principal universidade de São Paulo tenha seu Reitor indicado pelo Governador? Mais ainda, uma universidade que permite que uma casta de professores comande o Conselho Universitário, que votou a resolução que permite a entrada da polícia quando “acharem necessário”. É também uma universidade onde os estudantes, que são maioria, não têm voz, e os trabalhadores são cada vez mais atacados.
Tem aqueles que acham que é preciso participar das eleições, com um candidato mais “progressivo”, ou aqueles que querem fazer um plebiscito. Mas nós trabalhadores da USP votamos em nossa assembléia que com esse regime não dá, com esses mecanismos anti-democráticos não podemos mais... é preciso boicotar! Por isso apresentamos, junto com outros setores, a anti-candidatura de protesto do Prof. Chico de Oliveira, que levanta muitas das reivindicações que já vínhamos exigindo em nossa greve. E, no meio desse debate político, após alguns meses de nossa greve de 57 dias, a Reitora começa, de forma dissimulada, de um lado atacar ainda mais o Sindicato, com novos processos, sindicâncias e agora uma perseguição à companheira Neli, e por outro lado dando um cala-boca pra todos os trabalhadores com um prêmio de R$ 1.500,00 e o adiantamento da 1ª parcela do 13º.
Diante dessa situação, é necessário que todos os trabalhadores e trabalhadoras, ao lado dos estudantes e professores, coloquem no centro de toda a discussão pela redemocratização da universidade a luta contra a repressão aos lutadores e lutadoras. Esse é um ponto elementar que teremos que nos fortalecer para enfrentar, denunciando à morte esse regime anti-democrático e reacionário, lutando por nossas reivindicações, e avançando cada vez mais para impor que os “mandantes” dessa universidade não podem mais fazer o que querem, que a democracia deve ser colocada por aqueles que fazem funcionar a universidade, que somos nós os trabalhadores, os professores e os estudantes, onde se expresse a maioria, que são os estudantes, lutando contra a opressão aos negros e às mulheres dentro da USP, e para colocar de pé uma estatuinte livre e soberana, com um governo tripartite com maioria estudantil, para tomar em nossas mãos os rumos da universidade, e colocar a universidade a serviço dos que mais necessitam, da maioria da população, que são os trabalhadores e o povo pobre.
Diana Assunção, trabalhadora da Faculdade de Educação da USP e integrante do Núcleo da Mulher Trabalhadora do Sintusp
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