Neste ano, o 28 de setembro, Dia Latino Americano e Caribenho Pelo Direito ao Aborto, não poderia passar sem a denúncia do que acontece em Honduras nesse exato momento. No mesmo dia em que se completavam três meses do golpe, as mulheres latino-americanas saíram às ruas para defender o direito a decidir sobre os seus próprios corpos.
Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas estivemos no ato da Praça da Sé em São Paulo convocado pela Frente contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto. Somando nossas vozes ao grito “Legalizar o aborto! Direito ao nosso corpo”, denunciamos que as mulheres seguem morrendo por abortos clandestinos, enquanto se propagam os discursos “em defesa da vida”. Assim como no 8 de março e no 1º de maio, saímos cantando: “Basta de estupros, de morte e de dor. Hipócrita Igreja está com o estuprador”, lembrando do caso absurdo de Olinda, quando um bispo afirmou que o aborto era um crime pior que o estupro ao se contrapor ao direito ao aborto de uma menina de 9 anos que havia sido estuprada.
Não poderíamos deixar de gritar pelas mulheres hondurenhas que resistem bravamente ao golpe que propaga uma repressão brutal com estupros, prisões, torturas e assassinatos. Nos últimos dias, o toque de recolher vem impondo um patamar superior de repressão, a qual o povo hondurenho segue combatendo nas ruas. Ao contrário de alguns setores presentes no ato que nos questionaram dizendo que não deveríamos falar de Honduras num ato sobre o direito ao aborto, respondemos que nossa luta em defesa das mulheres passa pelo combate aos setores da direita pró-imperialista e à defesa de todas as mulheres que se colocam na linha de frente hoje em Honduras.
Frente à ofensiva dos setores reacionários que se colocam contra o direito ao aborto, infelizmente o ato expressou que ainda há muito a avançar na mobilização em defesa desse direito. Apesar de o manifesto da Frente ser assinado por tantas organizações, infelizmente o ato não expressou a mobilização que cada organização, movimento, etc poderia fazer para colocar nossas vozes nas ruas com muito mais força. A Conlutas e a ANEL – que por sua vez havia aprovado por proposta nossa participar das atividades do 28 de setembro – não colocaram suas forças para levar trabalhadoras/es e estudantes ao ato. Seguimos afirmando que é fundamental avançar em ações comuns pelo direito a decidir sobre os nossos corpos. Seguimos gritando: Nenhuma morta mais! Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito!
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