Por Pão e Rosas - PUC-SP
O dia 28 de setembro é conhecido como o Dia Latino-Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto, por isso, nesse mês, organizações feministas, de saúde, de direitos humanos e simpáticas à luta pelos direitos da mulher em toda a América Latina organizam ações para lutar pelo direito ao aborto.
Nesse sentido, a APROPUC (Associação dos Professores da PUC) organizou o lançamento do livro A criminalização do aborto em questão, de autoria de Maurílio Castro de Matos, seguido de um debate sobre essa questão fundamental principalmente para as mulheres negras, pobres, que cumprem os trabalhos mais precarizados e que morrem diariamente por abortos clandestinos.
Mais uma vez, os setores reacionários da Igreja Católica tentam minar esse debate apelando ao Cardeal D. Odílo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler (ou chefe) da PUC com um abaixo assinado pedindo para que o padre use seu “poder” para barrar esse tipo de atitude que vai “contra a moral cristã”, inclusive pedindo a demissão de uma das integrantes da mesa, a professora Maria José Rosado, integrante da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, fazendo alusão á uma encíclica papal que dita que os docentes e funcionários das universidades católicas devem colaborar para o reforço da identidade católica na instituição.
Nós, do grupo Pão e Rosas consideramos esse tipo de atitude uma afronta à liberdade de expressão e às liberdades democráticas conquistadas com muita luta dentro da PUCSP pela comunidade acadêmica e que desde que a Igreja tomou o controle da Universidade, já vem sendo podadas tanto com retirada de cartazes que fazem denúncia direta à Igreja, como ocorreu no começo do ano com a explosão dos escândalos de pedofilia dos padres e bispos, quanto na proibição de pesquisas sobre temáticas como o próprio aborto e a homossexualidade.
Temos que assistir, como na audiência pública dessa semana, os padres e reitor dizerem que temos ampla democracia na PUC e que estão abertos ao diálogo, enquanto vemos no cotidiano da Universidade, os mesmos abandonarem todo discurso democrático quando se trata de perseguir e reprimir as mulheres e os setores mais oprimidos da sociedade que se organizam para discutir e lutar pelas suas demandas mais urgentes.
A universidade é um local de produção de conhecimento! Desse ponto de vista, devemos questionar a quem serve o conhecimento produzido na PUC e a quem deve servir! A Igreja não tem o direito de decidir qual o conhecimento que os docentes e estudantes da PUC podem ou não produzir!
Os setores mais reacionários da Igreja não interferem apenas nas Universidades católicas.
Em 2008, Lula assinou um acordo com o Vaticano, que permite que a Igreja “ensine” sua doutrina nas escolas públicas, enquanto meninas continuam sendo mães cada vez mais novas pela falta de educação sexual nas escolas.
Esse acordo, faz com que o governo Lula em acordo com a Igreja (se fazendo de refém da Igreja), continue atacando as mulheres, homossexuais e negros com medidas dificultando a conquista de direitos como o aborto, o casamento e adoção por homossexuais, etc.
Por isso, nós do Pão e Rosas convidamos todas e todos a participarem não só da atividade da APROPUC no dia 27 de setembro, mas também da atividade sobre o direito ao aborto organizada por uma frente feminista na PUC, que acontecerá no dia 21 de setembro no Pátio da Cruz e também do ato que acontecerá no dia 28 de setembro às 17hrs na Praça Patriarca (Centro) e gritamos:
Basta de mulheres mortas por aborto clandestino!
Abaixo a repressa e o cerceamento à liberdade de expressão dentro da Universidade!
Basta de intervenção da Igreja em nossos corpos e na PUC!
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