terça-feira, 28 de setembro de 2010

Diretoria do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE) da Unesp censura atividades acadêmicas com a temática "direito ao aborto"

Publicamos abaixo declaração do grupo de mulheres do Ibilce, Diretório Acadêmico de Filosofia e Diretório Central dos Estudantes da Unesp, sobe a censura às atividades ligadas ao tema direito ao aborto em São José do Rio Preto - SP. Nós do Pão e Rosas, nos solidarizamos e também repudiamos tais ações por parte da diretoria desta instituição de ensino superior.

DIREÇÃO CENSURA ATIVIDADES ACADÊMICAS

Por conta do Dia Latino Americano e Caribenho pela legalização do aborto (dia 28 de setembro), o Grupo de Mulheres do Ibilce (ainda em fase de estruturação) propôs como atividade uma jornada de discussões pela legalização do aborto; neste semana, várias atividades serão realizadas, como mesas-redondas, mostra de filmes, além da ida ao ato que ocorrerá na terça-feira (dia 28) em São Paulo.

Diante disso, iniciamos a divulgação da semana com o intuito de fomentar uma discussão democrática sobre o tema, que acreditamos ser uma demanda essencial para a emancipação feminina. Nestes dias finais de campanha eleitoral, também devemos lembrar que este foi um dos temas centrais de debate entre as/os candidatas/os.

Estamos longe de sermos consideradas abortistas: nossa discussão é pelo direito de escolha da mulher, que deve sim decidir quando é a hora de ser mãe. Nossa argumentação também não se embasa apenas na legalização e descriminalização do aborto, pois defendemos também uma educação sexual ampla, desde a infância; além do acesso irrestrito aos métodos contraceptivos, que evitem uma gravidez indesejada.

Em nosso país o aborto ainda é considerado um crime, porém, a discussão que propomos não é ilegal, ao contrário, é absolutamente democrática, pois vivemos em um Estado que se diz laico; mas pelo visto, a Direção do nosso prezado Instituto não partilha desta idéia, sendo que proibiu que colocássemos a faixa de divulgação da semana no espaço que é aberto a divulgação de várias outras atividades, inclusive atividades desenvolvidas por setores alheios a Universidade.

Qual nossa surpresa quando chegamos hoje, segunda-feira, ao Ibilce e descobrimos que a Direção havia mandado os/as trabalhadores/as arrancarem nossos cartazes divulgando a Semana Pela Legalização do Aborto, e que, havia exigido a retirada da faixa de divulgação da entrada do campus, sem ao menos ter nos informado. Tal atitude demonstra claramente como existe um setor na academia que se sente proprietário dos espaços universitários, colocando nossas atividades, quando entram em confronto com seus ideais, como atividades marginais, censurando-as sem a menor parcimônia.

Lembramos que cada centímetro da universidade pública pertence à população, sendo esta a mantenedora de toda a sua estrutura, reforçando o direito que temos todos nós de manifestarmos o que quer que seja nesse espaço, não sendo de função de qualquer indivíduo limitar de forma privada as manifestações em espaços públicos.

Requisitamos que todos que compreendem a gravidade desse fato se coloquem então, junto a nós, em defesa do direito democrático da liberdade de expressão e de questionamento das leis que regem nossa sociedade.

GRUPO DE MULHERES DO IBILCE
DIRETÓRIO ACADÊMICO “FILOSOFIA”
DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES UNESP/FATEC

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