quarta-feira, 2 de junho de 2010

Saiu o novo jornal do Pão e Rosas!

Pão e Rosas no II Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas:
Estamos com as mulheres das universidades estaduais paulistas em greve! Por centrais sindicais que façam diferença na luta de classes!


Ao longo dos anos de governo Lula vimos a atuação do feminismo governista, que depositou suas esperanças neste governo e não travou um combate intransigente pelos direitos das mulheres. A organização das mulheres anti-governistas se fez necessária e por isso estivemos no I Encontro de Mulheres da Conlutas, em 2008. Hoje, no momento em que se discute a unificação entre a Conlutas e a Intersindical, viemos ao II Encontro de Mulheres da Conlutas. Defendemos que a unificação entre a esquerda se desenvolva baseada na luta de classes. Ou seja, a unidade entre os sindicatos e as centrais deve estar submetida à tarefa de unificar, coordenar e fortalecer os processos de luta em curso. Hoje se faz necessário mobilizar todas as forças possíveis em defesa do direito de greve dos trabalhadores e trabalhadoras da USP, e em apoio ativo à greve das universidades estaduais paulistas. O Congresso da Conlutas e o CONCLAT precisam expressar essa importante mobilização e discutir as formas de cercá-la de solidariedade ativa.

Nós mulheres do Pão e Rosas viemos ao Encontro de Mulheres, ao Congresso da Conlutas e ao CONCLAT para defender a unidade das fileiras operárias. Precisamos fazer com que as mulheres acreditem em suas forças, combater todas as formas de opressão da mulher, mas sabemos que não só o machismo e o patriarcado dividem nossa classe. Cada vez mais, é preciso romper com o corporativismo que divide a classe trabalhadora entre efetivos, temporários, terceirizados. Os sindicatos da Conlutas e da Intersindical precisam se dar a tarefa de defender e organizar a(o)s trabalhadora(e)s mais precarizada(o)s, que muitas vezes não contam com um sindicato ou são reprimidos por seus sindicatos patronais.

Apresentamos nossas contribuições ao Encontro de Mulheres da Conlutas e nossa tese ao CONCLAT com a perspectiva de contribuir para que as demandas e a organização das mulheres tornem-se parte viva e permanente da atuação dos sindicatos, oposições e movimentos da esquerda. As mulheres sempre estiveram de pé nos principais combates da história. Temos que nos fazer presentes nos futuros enfrentamentos da luta de classes e nesse momento precisamos nos preparar, avançando no debate sobre o programa e os nossos métodos de luta. Por isso, não concordamos que o debate no encontro se restrinja às propostas de consenso. É preciso um debate vivo e profundo porque grandes são os nossos desafios como mulheres classistas e socialistas!

A crise capitalista não terminou e chega ao seu segundo capítulo
Com o estouro da crise capitalista em 2008, milhões de demissões aconteceram em todo o mundo. Naquele momento, a crise se expressou com muita força nos EUA, com a quebra de grandes bancos, e também em países da Europa. A saída apresentada pelos governos dos vários países foi a transferência de dinheiro dos Estados para os bancos e empresas que estavam à beira da quebra. O que aconteceu foi que os grandes capitalistas foram salvos, enquanto milhões de trabalhadores pelo mundo amargaram a perda de seus empregos, sem falar da situação das famílias endividadas que perderam suas casas, principalmente nos EUA.

Em tempos de crise, as mulheres sofrem ainda mais cruelmente as conseqüências dos ataques sobre a classe trabalhadora e o povo pobre. Os serviços de saúde, educação, além da alimentação são atingidos rapidamente; e sabemos que essas são questões que sobrecaem quase sempre sobre as mulheres. Isso sem, falar no fato de que já recebemos salários inferiores, o que se agrava ainda mais em tempos de crise.

Ao contrário de todo discurso de que a crise passou, assistimos hoje aos acontecimentos na Grécia, que demonstram como se desenvolve um segundo capítulo da crise. Com as dívidas transferidas para os Estados, agora começam os cortes de orçamentos dos mesmos. E a corda arrebenta uma vez mais do lado mais fraco. Na Grécia, o governo tenta implementar um plano para cortar e congelar salários, atacar a aposentadoria, licença-maternidade, a saúde, etc. Mas a classe trabalhadora e a juventude da Grécia estão dando uma importante demonstração de como responder a essa situação, que tende a se desenvolver em outros países. Só no último período, já aconteceram quatro greves gerais, manifestações massivas nas ruas, incluindo fortes enfrentamentos com a polícia. Toda solidariedade à luta na Grécia.

Ao mesmo tempo, queremos discutir com cada mulher que a partir dessa realidade, que mostra que a crise não terminou, precisamos nos preparar junto a nossos companheiros de classe para enfrentar a patronal e os governos. Para isso, nossa organização deve estar baseada na independência de classe e nossa atuação não pode se limitar a calendários pré-estabelecidos: é preciso atuar na realidade frente aos pequenos, mas muito importantes processos de luta que se desenvolvem. No Brasil, a crise não teve o mesmo impacto como nos EUA ou em países europeus. Mas a verdade é que nenhum país está blindado frente aos futuros desdobramentos da crise capitalista nos próximos anos.

Brasil: o lulismo e a situação das mulheres

Nesses sete anos e meio de governo Lula, muito se falou sobre os programas sociais como Bolsa Família e mais recentemente o Minha casa, minha vida. Junto com o aumento do salário mínimo e do número de postos de trabalho, essas são marcas que o governo se utiliza para afirmar que beneficiou a camada mais pobre da população. Desmascarar o que está por trás disso não é tarefa das mais fáceis, sabendo que Lula chega ao fim do seu segundo mandato com alto nível de popularidade. O discurso em geral é que não importa que o Bolsa Família seja uma miséria, porque “já é alguma coisa para quem não tem nada”. O Minha casa, minha vida cadastrou um número muitas vezes superior ao número de famílias que vai atender, mas essa lacuna não precisa entrar na propaganda. E a geração de empregos, pouco importa que tenha sido principalmente de empregos precários, temporários, sem registro, etc. Sob uma compreensão mais comum de “antes pouco do que nada”, a aprovação ao governo só cresceu. Além disso a disponibilidade de crédito e aumento do consumo, eleva a impressão positiva sobre o governo Lula.

Mas foi sob o governo de Lula que os empresários e banqueiros mais lucraram e também foram salvos com altos incentivos quando estourou a crise capitalista em 2008. Enquanto isso, centenas de milhares de cortes de emprego aconteciam. Mas primou mais uma vez a passividade, enquanto Lula anunciava nada mais que uma marolinha.

As mulheres classistas devem levantar suas vozes: Nem Dilma, nem Marina! A classe trabalhadora e as mulheres precisam de uma candidatura que seja a real expressão de seus interesses!

Agora, em ano eleitoral, temos duas mulheres candidatas à presidência: Dilma Roussef e Marina Silva. Marina poderia canalizar um voto de recusa à Dilma e à Serra, mas a verdade é que é uma candidata privatista, também ligada a setores da burguesia e que durante bastante tempo fez parte do governo Lula, sem se apresentar de nenhuma forma como uma alternativa aos projetos burgueses. Além disso, em relação aos direitos das mulheres e LGBT representa o reacionarismo e fundamentalismo, se posicionando contra ao direito ao aborto das mulheres e contra a união homoafetiva.

Dilma, braço direito de Lula, agora tem como principal desafio ganhar apoio entre as mulheres e a juventude, setores em que ainda está atrás nas pesquisas de opinião. Não à toa, pronunciou recentemente que “aborto é uma questão de saúde pública”. As feministas governistas já iniciam uma campanha em defesa de Dilma, mas sem explicar porque ao longo dos dois mandatos de Lula não houve um passo sequer pela efetivação do direito ao aborto. Mais que isso, foi sob o governo de Lula que quase 10 mil mulheres passaram a ser indiciadas no Mato Grosso do Sul pela prática de aborto. Se Dilma tem o governo de Lula como exemplo e foi parte fundamental desse governo, o que explica que hoje venha a público defender que as mulheres tenham acesso a esse direito?

Certamente, o discurso de que as mulheres podem governar melhor se fará presente nos próximos meses. Mas essas mulheres podem governar melhor para quem? Dilma durante todos esses anos fez parte de um governo que fez muita demagogia com a questão da mulher, ao mesmo tempo em que enviava tropas do exército para o Haiti que reprimem e estupram as nossas irmãs haitianas. Para quais mulheres Dilma pode governar? Ela também foi parte deste governo que implementou o PAC da Segurança, que destina altos valores em prol da repressão e militarização das favelas. O projeto Mães da Paz, que faz parte desse PAC não pode esconder os corpos negros caídos do chão nas favelas do Rio de Janeiro e de outras metrópoles, em alguns casos inclusive corpos femininos, vítimas da violência da polícia e da Guarda Nacional. Dilma não pode governar pela maioria das mulheres, pelas mulheres trabalhadoras e pobres. Não será uma figura como ela que fará concretizar as nossas demandas. Somente a organização das mulheres, com independência frente, aos governos e à burguesia (nacional e internacional), e junto à classe trabalhadora pode ser um caminho para lutar contra a opressão e exploração que marca nossos dias cotidianamente.

Estamos aqui pelos direitos das mulheres!

Pelo direito ao aborto livre, legal e seguro! Enquanto os padres e bispos pedófilos seguem impunes, as mulheres seguem condenadas à morte pela prática de aborto clandestino!

Contra toda forma de violência à mulher!

Pelos direitos das mulheres trabalhadoras!

Pela efetivação de todas/os terceirizadas/os sem necessidade de concurso público!

Pelo fim da dupla jornada: por creches, lavanderias e restaurantes bancados pelo Estado.

Abaixo a violência policial contra as mulheres e a população negra e pobre!

Em defesa de nossas irmãs haitianas! Fora do Haiti as tropas brasileiras, dos EUA e da ONU!

Em defesa das mulheres palestinas! Contra o terrorismo do Estado de Israel!

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“Sou palestina em Gaza combatendo sionista”
Por Mara Onijá, dirigente da LER-QI e militante do Pão e Rosas

No dia 31 de maio, o Estado de Israel bombardeou uma frota nove barcos que levavam ajuda aos palestinos. Composta por mais de 700 ativistas e personalidades públicas que defendem o povo palestino contra a opressão sangrenta do Estado sionista, a frota levava remédios, alimentos e outros objetos com o objetivo de auxiliar o povo palestino, que sofre com a miséria agravada pelo bloqueio imposto por Israel. Cerca de 20 pessoas morreram, além dos muitos feridos, mostrando uma vez mais que o Estado sionista só pode gerar destruição, enquanto o imperialismo hipocritamente “lamenta as mortes”. Estamos com as mulheres e o povo da Palestina! Abaixo o muro do Apartheid! Abaixo o terrorismo do Estado de Israel!

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