BREVES CONSIDERAÇÕES DO PÃO E ROSAS SOBRE A 42ª SEMANA DE SERVIÇO SOCIAL DA FAPSS.
Dos dias 17 a 21 de Maio aconteceu a 42ª Semana de Serviço Social da FAPSS São Caetano do Sul. O coletivo Pão e Rosas, grupo de mulheres impulsionado pela LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional) e militantes independentes esteve presente em grande parte dos eventos e vimos através deste informativo expressar a nossa avaliação.
Dos dias 17 a 21 de Maio aconteceu a 42ª Semana de Serviço Social da FAPSS São Caetano do Sul. O coletivo Pão e Rosas, grupo de mulheres impulsionado pela LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional) e militantes independentes esteve presente em grande parte dos eventos e vimos através deste informativo expressar a nossa avaliação.
Na maior parte dos dias da semana, notamos que nos discursos dos palestrantes havia conteúdo dúbio. Se por um lado havia a exaltação da teoria marxista como base metodológica para a intervenção do profissional de Serviço Social, havia a fala sobre a necessidade de reconhecer o Serviço Social como profissão que visa garantir os direitos dos usuários dos serviços nos quais trabalhamos. Ora, este discurso não contempla a análise histórica sobre o aparelho do Estado na atualidade. Falar de garantia de direitos atualmente é praticamente uma piada, visto que o governo Lula está muito mais interessado em garantir verbas para as grandes empresas em tempos de crise, do que garantir direitos à classe trabalhadora e à população empobrecida. Estes direitos, pelo contrário, são cada vez mais flexibilizados com a finalidade de garantir os lucros do patrão. Um exemplo de política paliativa que visa esconder as mazelas inerentes à apropriação privada da riqueza socialmente produzida são os programas de “Auxílio Aluguel” destinados às pessoas que moram em área de risco e/ou são vítimas de calamidades, como as enchentes. As prefeituras podem até conceder o auxílio, mas não muda a vida de quem perdeu os móveis, a saúde e a dignidade. Tudo isto acontece em nome da especulação imobiliária que supervaloriza os grandes centros, providos de maior infra-estrutura e de melhor acesso aos serviços públicos.
Percebemos, portanto, um discurso pseudo-crítico em relação à profissão e à sociedade, uma vez que os direitos dentro do Sistema Capitalista de ideário neoliberal são irrisórios, praticamente inexistentes ou, precários, pontuais, com forte cunho assistencialista, principalmente quando a gestão dos serviços sociais são transferidos à ONGs.
Outro fato que nos chamou a atenção foi o discurso generalista sobre os usuários dos serviços nos quais o assistente social se insere. A palavra “população”, por exemplo, é usada de forma a não contextualizar o modo de produção no qual o trabalho do assistente social se dá, sendo este um profissional que se insere na divisão sócio-técnica do trabalho numa sociedade onde há uma clara divisão de classes: de um lado, o proletariado, demandatário dos serviços prestados pelo Estado; de outro lado, a burguesia, construtora do Estado e detentora dos poderes econômicos e políticos. Com isto, o Serviço Social se insere no contexto da correlação de forças entre as classes e na relação da sociedade civil com o Estado e deste com a sociedade, sendo uma profissão útil à reprodução do sistema.
Portanto, os alunos de Serviço Social devem estar atentos aos discursos CONSERVADORES propostos em sala de aula e nas várias palestras nas quais somos convidados.
A teoria marxista não está relacionada ao reformismo e tampouco ás raras concessões dadas pelo Estado ao proletariado, chamadas de direitos. Antes, esta teoria é extremamente subversiva e busca a transformação da sociedade de classes por meio da revolução da classe trabalhadora.
Torna-se necessário que os alunos e os próprios assistentes sociais estejam presentes nos movimentos sociais que tenham em sua práxis a proposta por uma nova sociedade. É relevante atuarmos junto e com a classe trabalhadora em luta, negando às aparências democráticas do Estado burguês.
Ressaltamos por fim, o grand finale da semana: a comemoração do aniversário da FAPSS, que aconteceu no Auditório do Colégio Santa Marcelina, com a participação de alunos da FAPSS São Paulo e da FAPSS São Caetano. Neste dia, estava planejada uma palestra com a deputada federal Luiza Erundina. Respeitamos muito a imagem desta mulher, que também é assistente social e como toda mulher nordestina sofreu na pele a discriminação e as desigualdades sociais inerentes a um sistema explorador e machista, onde a exploração e opressão ocorrem por três vieses principais: classe, gênero e raça, porém o evento não passou de um grande comício, com uma mesa repleta de petistas, onde não houve nem ao menos discussão com o corpo discente presente. A fala da deputada de que as mensalidades da FAPSS são as menores entre as faculdades particulares de Serviço Social, demonstra o quão defasadas estão para ela as informações sobre a realidade concreta desta instituição de ensino.
Concluímos que com exceção à quarta-feira, dia em que o Centro Acadêmico organizou os debates acerca da cultura e das etnias, as demais noites foram repletas de um conteúdo “mais do mesmo”, em que ficamos ouvindo passivamente os discursos conservadores e não dialéticos.
A discussão que o Centro Acadêmico proporcionou, aliás, foi bastante significativa e diferenciada em relação ao que ouvimos e vimos durante a Semana de Serviço Social. Este espaço político do movimento estudantil fez com que refletíssemos sobre as questões propostas de forma alternativa e não engessada, valorizando a participação do corpo discente de forma democrática.
Cabe a todos os alunos da FAPSS avaliar a 42ª Semana de Serviço Social, para que possamos nos próximos anos propor pautas de discussão com conteúdo teórico crítico a serviço de uma verdadeira transformação social.
Por isso, precisamos também nos impor na programação desta semana e fazer muito mais presente a voz das/os estudantes, futuras/os assistentes sociais.
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