segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pão e Rosas em luta contra a repressão: Basta de repressão policial! Lutar contra os ataques das REI-torias das universidades estaduais!

Por Fernanda Montagner, coodernadora do CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas) e estudantes de Ciências Sociais da Unicamp e Milena Bagetti, doutoranda em Ciências de Alimentos da Unicamp, militantes do Pão e Rosas Campinas.

No atual contexto do segundo momento da crise capitalista, com os Estados endividados, greves massivas ocorrendo pela Europa, principalmente na França, na qual os trabalhadores elevam o nível das paralisações, para além de econômicas tornam-se políticas, parando setores estratégicos da economia e confrontando-se diretamente com o Estado burguês. Também um impulso dos países imperialistas em recuperar sua hegemonia no globo, como no caso do avanço dos Estados Unidos nos países da América Latina, com as bases militares na Colômbia, e principalmente a pressão para restaurar o Capitalismo em Cuba. Evidencia-se como em meio a crises, o acirramento da luta de classes na Europa, e os ânimos da população se exaltam.


Ao mesmo tempo que os trabalhadores saem em luta, a repressão dos patrões e do Estado torna-se mais dura. E é nesse marco que devemos observar as Universidades, não como uma bolha isolada, e sim como um espaço de disputa, onde se plasma a luta de classes que, assim como uma caixa de ressonância, ecoa os conflitos que estão ocorrendo na sociedade. Esse ano o processo de repressão ao movimento estudantil e aos trabalhadores, em conjunto à precarização dos cursos, institutos, e das condições de trabalho deu-se em saltos. Porém isso não é um processo isolado e desordenado, e sim um projeto da burguesia de privatização e mercantilização das Universidades, cerceando todo espaço de vivência e pensamento crítico, além de deixá-la cada vez mais elitizada e fechada para a classe trabalhadora.

Na USP esse processo escancara-se, seja com o novo projeto do Rodas, que prevê fechamento de cursos noturnos, e com baixa procura, também dá preferência por cursos voltados para o mercado, ou seja, cursos na área de humanas e arte por certo fecharão ou serão brutalmente precarizados. Nesse sentido, a política de permanência estudantil acaba sendo mais ainda atacada, sendo a juventude trabalhadora e principalmente as jovens estudantes os mais prejudicados, sem nenhuma política que proporcione: mais vagas e construção de moradias, bolsa estudo, construção de restaurantes universitários que não sejam tercerizados, e para as jovens mães, a situação torna-se ainda mais critica, pois já sofrem que a impossibilidade de morarem com seus filhos nas moradias, como na Unicamp, onde as estudantes solteiras não têm direito de morarem nos “estúdios”, ou são expulsas das moradias como acabou de cair uma portaria na Unesp oficializando a expulsão das estudantes mães.

Além do próprio ataque às condições de estudo e permanência estudantil, também se intensifica a repressão ao movimento estudantil, perseguindo os estudantes que fazem luta, como o indiciamento policial de quatro estudantes que participaram da ocupação na direitoria da UNESP de Araraquara em 2007, também a entrada da policia na USP em 2009, jogando bombas e reprimindo uma manifestação de estudantes e trabalhadores. E mais repressiva é a situação para estes últimos, sendo-lhes atacado o direito mais elementar de luta, que é a greve, com a ameaça de corte de ponto dos dias parados, mas através de uma luta exemplar dos trabalhadores da USP, no primeiro semestre de 2010, conseguiram reverter esse ataque e receberem os dias parados. Mesmo depois do fim da greve continua a perseguição aos trabalhadores, como no caso de uma companheira do Pão e Rosas, Patrícia, funcionária da reitoria que foi suspensa por 30 dias por participar dessa greve. Além, da demissão política de Claudionor Brandão, dirigente do SINTUSP, demitido por defender os direitos dos trabalhadores efetivos e terceirizado.

E esse processo também vem ocorrendo em outras universidades, como na Unicamp, onde várias funcionárias terceirizadas foram punidas, e outra demitida por assistirem um ato que os estudantes faziam contra a terceirização do trabalho nas Universidades. E o absurdo repressivo ocorrido nessa última quinta: a entrada da Policia Mililtar consentida pelo conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulista (Cruesp), pelo reitor Fernando Costa e pela burocracia universitária, para a não realização do IFCHstock (um festa tradicional do IFCH que traz pessoas de toda Campinas para dentro da Unicamp).

Esta entrada da PM no campus nos remete aos duros períodos da ditadura militar, porém foi somente mais um fato na série de punições, perseguições e assédios morais que os estudantes e trabalhadores das estaduais paulistas vêm sofrendo nos últimos anos com os ataques das reitorias para manter este projeto de universidade elitista, machista e homofóbica. O Cruesp e o governo do Estado de SP sabem que para implementar seu projeto privatista de educação é preciso esvaziar as universidades da vivência para além das aulas e das atividades acadêmicas para impedir além de tudo a auto-organização dos estudantes ao lado dos trabalhadores. Além disso, as mulheres sofrem ataques de forma mais brutal, para além dos ataques das reitorias, sofrem com os casos de estupros nos campus e nas moradias estudantis ignorados pela burocracia acadêmica. E esses ataques também intensificarão ainda mais a terceirização na universidade, sendo as mulheres, as mais atingidas com esta forma de trabalho precarizado. E na mesma linha das campanhas eleitorais reacionárias de Dilma e Serra, nas quais os direitos democráticos como aborto e casamento homossexual, que influenciam profundamente a vida das mulheres e dos homossexuais, são tratados da forma mais conservadora e oportunista possível para angariar votos, estão as reitorias, como na PUC, que proibiu as estudantes de fazer uma exposição pela legalização do aborto no dia 28 de setembro, como em outros campi, como na Unesp de Marília, aonde a burocracia arrancou a exposição.

Esses ataques das reitorias e a repressão que vêm sofrendo o movimento de trabalhadores e estudantes fazem parte do endurecimento do processo de elitização e privatização das universidades públicas, que precariza ainda mais o trabalho, a universidade as condições de estudo, e mantém a juventude trabalhadora sem o acesso universidade. Seja privatizando o espaço público, com suas políticas elitistas e racistas de fechar a universidade para população e controlar sua entrada e saída. Seja pelo vestibular, que nada mais é, que um filtro social que mantém a juventude trabalhadora fora da universidade pública. Neste modelo de universidade controlado pela burocracia acadêmica que atende aos interesses do capital e da burguesia, também se legitima a opressão contra as mulheres. Através da precarização do trabalho, como a terceirização, a falta de permanência estudantil para as estudantes, principalmente as que precisam trabalhar e são mães, para que possam seguir estudando, a perseguição aos casais homossexuais para que não demonstrem gestos de carinho em público, ou legitimando a violência contra as mulheres, através da proteção por parte da burocracia, aos agressores, ou tratando como um problema quase que inexistente a violência e estupro nas moradias estudantis para não sujarem o “nome da universidade”.

Por isso, colocamos a necessidade de lutarmos ferrenhamente contra a repressão do Estado, dos Patrões e das REItorias e qualquer tipo de opressão e repressão que impeça as pessoas de terem condições de vida, não só as mínimas, pois a miséria do possível só serve para manter a ilusão e exploração. É necessário que todos possam amar e desenvolver sua sexualidade como bem entenderem, que as mulheres possam escolher os rumos do próprio corpo, e que todos possam trabalhar e se desenvolverem segundos suas vontades e interesses, sem serem submetidos a condições de trabalho subumanas e animalizadoras, e ainda punidos e reprimidos quando lutam contra esse sistema de opressão, repressão, e miséria. Assim, chamamos a todos os estudantes a travarem uma grande luta, ao lado dos trabalhadores e professores, contra a repressão e os ataques das Reitorias!

Pelo direito à auto-organização dos trabalhadores efetivos, fundacionais e tercerizados!
Pela retirada de todos os processos contra os trabalhadores e sindicâncias contra os estudantes! Pela readmissão do Brandão!
Basta de repressão no campi das Universidades!
Abaixo a repressão policial!
Basta de perseguição aos lutadores e lutador@s das estaduais paulistas!
Abaixo a ditadura de Fernando Costa! 
Pelo fim do vestibular! Por uma universidade à serviço da classe trabalhadora!
Viva a ocupação dos espaços públicos!
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AMANHÃ - 26/10 às 19H

Debate na Unicamp: A CRISE ECONÔMICA E AS MOBILIZAÇÕES NA FRANÇA

Com Christian Castillo, professor da UBA - Universidade de Buenos Aires e dirigente do PTS - Partido de los Trabajadores Socialistas;
e Iuri Tonelo, estudante de Ciências Sociais na Unicamp e membro do conselho editorial da Revista Iskra

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