Argentina - XXV Encontro Nacional de Mulheres no Paraná
Por Pan y Rosas Argentina, tradução de Babi Delatorre
Aprovemos neste encontro uma grande marcha nacional e um plano de luta para conquistar o direito ao aborto
A Igreja e a direita reacionária estão contra nossos direitos. O governo de Cristina Kirchner também tem se mostrado firme contra o direito ao aborto. A centro-esquerda se encontra atravessada pelas mais diversas contradições, pressionada pelo governo e também pela oposição “sojeira”.
Mas este ano, depois da aprovação do casamento igualitário, uma reivindicação de IGUALDADE se estendeu por todo o país... Hoje, milhares de estudantes que ocuparam escolas e faculdades, que se organizaram em assembléias interestudantis em Buenos Aires e Córdoba, trabalhadoras de comissões internas combativas que enfrentaram a burocracia sindical como as de Kraft, Pepsico e Zanon, milhares de mulheres em todo o país se reúnem neste XXV Encontro Nacional de Paraná.
Por isso, este ano, não podemos permitir que seja igual aos anteriores: fora a Igreja de nossos Encontros! Não queremos mais discussões estéreis com os que querem nos manter na submissão e opressão! Estas milhares de jovens estudantes e trabalhadoras, mulheres de todos os pontos do país que nos reunimos hoje em Paraná, somos a força que contamos para derrotar obscurantismo e votar um plano de luta nacional por nosso direito ao aborto livre, seguro e gratuito.
Derrotemos o obscurantismo clerical!
Os que abusam de nossos filhos e filhas sob o respaldo de suas obscuras batinas; os que “confessaram” aos desaparecidos nos centros clandestinos de detenção da ditadura e comungaram com os militares genocidas como o sacerdote Von Wernich (…) Eles, os que organizaram brutais campanhas de agressão contra os Encontros Nacionais de Mulheres e forraram Paraná com imagens falsas de fetos para semear o terror, sofreram uma derrota há apenas três meses: apesar das demonstrações reacionárias e homofóbicas da Igreja, foi aprovado o casamento homossexual, com enorme apoio popular! E não só isso: imediatamente se alçaram as vozes de milhares de pessoas reivindicando o direito ao aborto. “Agora vamos por mais!” – parecia escutar-se nas ruas, nos escritórios, nas escolas, nos refeitórios e vestiários das fábricas e universidades – “Vamos pelo direito ao aborto e pela separação da Igreja do Estado!”. (...)
Há que acabar com esta ditadura eclesiástica. Basta de subsídios à Igreja e à educação religiosa! Que o governo de Cristina rompa relações com o Vaticano! Pela seáração total e definitiva da Igreja do Estado!
Fora de nosso encontro Nacional de Mulheres os defensores desta ordem que nos mentem submersas na opressão, fora os inquisidores que pretendem nos dar lições de “moral” enquanto amparam os abusadores e criminosos nas suas “santas” fileiras!
Nossos direitos não se jogam nos malabarismos parlamentares!
Mas Cristina Kirchner que quis aproveitar a aprovação do casamento homossexual em seu benefício – com grandiloqüentes atos na Casa Rosada, falando da igualdade que se vive na Argentina – que já se manifestou claramente contra avançar no direito ao aborto.
Não importa que se provoque meio milhão de abortos por ano na clandestinidade; não importa que, por essa razão, morram mais de 400 mulheres a cada ano e outro 6 mil sofram lesões e conseqüências para sua saúde; não importa que 20% das grávidas sejam adolescentes e crianças; não importa que o aborto seja a primeira causa de morte em mulheres em idade reprodutiva na Argentina. Tanto falatório dos Kirchner contra o cardeal Bergoglio e os líderes do reacionários e perverso clero acabou num instante quando se tratou do tema do direito ao aborto que impediria estas injustas e cruéis mortes de mulheres trabalhadoras, jovens, pobres. (...)
Por mais que haja uma pequena minoria de deputadas e deputados kirchneristas que apóiam o projeto de lei da Campanha pelo Direito ao Aborto; por mais que os intelectuais ultra-K de Carta Aberta façam fóruns e debates pela descriminalização do aborto... o certo é que o governo tem sido suficientemente claro à respeito.
Por isso, o movimento de mulheres e todas as organizações feministas, sociais e políticas que apóiam esta reivindicação democrática pelo direito ao aborto irrestrito, seguro e gratuito, devemos nos mobilizar até conseguir que a lei seja aprovada sem mais demora. (...)
Que o XXV Encontro Nacional de Mulheres seja o primeiro passo para pôs em pé este movimento, votando um plano de luta nacional que consiga conquistar nosso direito de decidir.
Nossa luta em nossas mãos!
A CTA, que é parte da Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto, que assinou o projeto de lei que este ano foi apresentado novamente para ser tratado no Congresso e que participa dos Encontros Nacionais de Mulheres, acaba de ter eleições onde colocaram por terra sua própria definição de “central alternativa, autônoma e democrática”. Gestão a critério das urnas e dos votos, práticas clientelistas e acusações cheias de manobras fraudulentas para manter o poder da Central entre os setores que representam projetos políticos contrários: por um lado, o derrotado pro-kirchnerista Hugo Yasky, referenciado no centro esquerdista Novo Encontro de Martín Sabbatella e Vilma Ibarra – que se encontra encurralado entre uma agenda progressista e seu completo alinhamento como o governo K – por outro lado, Pablo Micheli, alinhado com o cristiano De Gennaro e o Projeto do Sul de Pino Solanas e Cecilia Merchán, que apoiaram o campo e os ruralistas junto aos direitstas do Congresso. (...)
Os acordos entre os blocos, o lobby parlamentar e as expectativas na justiça já mostraram que deixaram em suspenso a lei pelo casamento homossexual, apesar do enorme apoio popular. Por isso, para que, efetivamente, o Congresso aprove o projeto de lei que permite a interrupção voluntária da gestação, é necessária a mais ampla mobilização.
Que as deputadas que impulsionam o projeto de lei da Campanha Nacional pelo direito ao aborto coloquem suas bancadas a serviço de convocar um amplo movimento de luta, independente do Estado e dos partidos do regime, que arranque do Congresso o direito ao aborto livre, seguro e gratuito! As deputadas, dirigentes sindicais, comissões internas combativas, dirigentes estudantis e outras companheiras reconhecidas que participam deste Encontro Nacional de Mulheres devem encabeçar a convocatória a votar, aqui em Paraná, um plano de luta nacional que possamos levar adiante em todas as cidades do país.
Já se escuta, votemos um plano de luta!
Como já dissemos, a aprovação do casamento homossexual, criou um sentimento de reivindicação por IGUALDADE que se estendeu à diversos setores e lutas. Vimos como milhares de estudantes, que ocuparam escolas e universidades, irromperam em defesa da educação pública. Em assembléias massivas, as estudantes também reivindicamos nosso direito à educação sexual, à contraceptivos e ao aborto legal. (...)
Também vimos, novamente, as trabalhadoras de Kraft, que junto de seus companheiros de trabalho pararam a fábrica diante da morte de uma companheira, cuja enfermidade foi indeferida pelo serviço médico em cumplicidade com a patronal, que só se preocupa em garantir que a fábrica não paralise e siga acumulando lucros... ainda que tenha que dar vidas para isso. Estas trabalhadoras também colocaram em pé uma Comissão de Mulheres – que está participando deste Encontro em Paraná – para lutar por seus direitos.
Contra as obscurantistas forças clericais que quere se impor sobre nossas vidas, enquanto cobrem com seu manto de impunidade os sacerdotes abusadores, e apesar do que dizem as correntes como PCR-CCC que querem ser “donas” de nossos Encontros Nacionais de Mulheres, este ano temos que unificar nossos esforços para que em Paraná se ouça um só grito: a decisão democrática de milhares de mulheres que resolvemos levar adiante um plano de luta nacional pelo direito ao aborto livre, seguro e gratuito.
Tomemos em nossas mãos esta oportunidade. Sejamos milhares as que neste Encontro digam “Fora a Igreja dos Encontros!”, e votemos uma grande marcha nacional pelo direito ao aborto JÁ!
Estas milhares de jovens estudantes e trabalhadoras somos a força que, por todo o país, converge neste XXV Encontro Nacional de Mulheres para exigir nosso direito a decidir, pondo em pé um grande movimento de luta em todas as cidade do país até conseguir de uma vez por todas o direito ao aborto livre, seguro e gratuito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário