sábado, 22 de março de 2014

BASTA DE RACISMO, MACHISMO E EXPLORAÇÃO!

Suplemento Especial- Mulher Negra - 2014
I Encontro de Negros e Negras da CSP-Conlutas

PELA ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS, DE MANEIRA INDEPENDENTE E JUNTO A CLASSE TRABALHADORA!

"O Brasil é um país que foi construído em cima da escravidão, e segue até hoje se sustentando no racismo estrutural. Dentre as mulheres, que já sofrem cotidianamente com o machismo, as mulheres negras são as mais afetadas pelas opressões, são maioria na classe trabalhadora e os setores mais precarizados da sociedade. Na última semana, fomos obrigadas a assistir à repulsiva cena de Claudia Ferreira da Silva, mulher negra, trabalhadora precária, moradora da favela, ser arrastada por uma viatura da PM do RJ, depois de ser baleada nas costas e pescoço. No país de uma mulher no poder, após 11 anos de governo PT, o que vemos no RJ de Cabral, do PMDB, aliado de Dilma e do PT, é cada vez mais escancarado o genocídio do povo negro – realidade que, infelizmente, corresponde não apenas ao Rio, mas a todo país.
As demandas democráticas mais elementares do povo e das mulheres negras não poderão ser garantidas dentro do capitalismo, sistema que possui o racismo e o machismo como seus pilares de sustentação. A luta das mulheres negras deve ser a luta independente pela derrubada desse sistema, aliada a classe trabalhadora - sujeito fundamental da transformação da sociedade, que também só poderá se emancipar se tiver os setores mais oprimidos à frente desta batalha. Basta de racismo, machismo e exploração! Sigamos o exemplo dos garis do Rio, categoria de trabalhadores precários majoritariamente negra: contra o racismo e a exploração, nos organizemos de maneira independente das burocracias sindicais, contra o patrão e os governos!"



DEPOIMENTOS:

“Quantas Claudias mais? Uma mulher NEGRA, sendo arrastada pelo chão por uma viatura policial depois de levar um tiro. Mais um dos casos que mostram a política de genocídio do povo negro, articulada pelas mãos do Estado. Sim, as mulheres negras também sofrem com o genocídio, abortos clandestino, negligência médica, precarização do trabalho como o caso de Regina, terceirizada que morreu no metrô, ou como nesse caso pelas mãos da polícia. Ainda vivemos sob os grilhões da escravidão, somos encarceradas nas prisões sem praticamente nenhuma condição de higiene pessoal, sofrendo por vezes abusos dos carcereiros. Nos livraremos desses novos grilhões com a coragem e a força de Dandaras, organizaremos exércitos ao lado da classe trabalhadora contra as mazelas do capitalismo! Abaixo os Inquéritos Policiais Militares! Abaixo os Tribunais Militares! Que os crimes dos PMs sejam julgados como qualquer cidadão, por júris populares!” (Marcela, estudante de Educação Física da USP)


“No ano da Copa do Mundo, a classe trabalhadora vem sentindo mais a precarização dos serviços públicos: transporte, saúde, moradia, educação. As mulheres negras, além de serem profundamente afetadas por essa precarização, são também as mais atingidas pelo aumento do turismo sexual e tráfico de mulheres! Basta de sermos vistas como “mulata-exportação”, objeto de desejo sexual de turistas! Da Copa abrimos mão, queremos nossos direitos, sem Dilma e sem patrão!” (Tristan Jenifer, militante do Pão e Rosas RJ, esteve lado a lado dos garis) 



"Todas as mazelas sociais são sentidas mais profundamente pelo povo negro. Esse projeto racista de país nos colocou nos piores lugares dessa sociedade. A todas essas mazelas respondemos com luta: greves dos operários das obras do PAC, rolezinhos, Amarildo, greve dos garis no RJ, entre tantos outros exemplos." (Cacau, estudante de Serviço Social da UERJ)


“O que resta na divisão do trabalho para nós mulheres negras é o trabalho precário, comigo não é diferente. Participei de uma greve de terceirizadas na USP e aprendi que não existe outra via para a libertação das mulheres a não ser a luta. Precisamos lutar pelo fim da terceirização, pela incorporação das terceirizadas e no serviço público sem concurso!” (Silvana, linha de frente da greve das trabalhadoras terceirizadas da USP)



“A realidade das mulheres negras é de precarização da vida, elas são as que mais sofrem com os serviços de saúde, morrem e veem seus filhos e parentes morrerem na  filas do SUS. Todas abortam, dentre as milhares de mulheres que fazem abortos clandestinos, centenas morrem todos os anos, sendo a maioria mulheres negras, pobres e trabalhadoras. Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Pelo direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito! Por um SUS 100% estatal sob controle das trabalhadoras e usuárias!" (Taynara, estudante de Filosofia da UFMG)


“Violência, espancamento, estupros corretivos... Essa é a forma que a sociedade responde às mulheres negras lésbicas. Não aceitam o fato de não querermos ser objeto sexual dos homens. E se vamos às delegacias de mulheres somos mal tratadas e humilhadas. Não podemos permitir que isso continue!” (Jaciara, trabalhadora terceirizada, mulher negra e lésbica)




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