domingo, 10 de março de 2013

“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.” Rosa Luxemburgo (1871-1919)

Por Aline Guerra, professora da Rede Municipal de Guarulhos e
Daphnae Helena, estudante de Economia da Unicamp
 
O objetivo deste texto é resgatar um pouco da história e do legado de Rosa Luxemburgo, uma revolucionária (filósofa e economista marxista) polonesa-alemã que se tornou conhecida por sua militância revolucionária e pelos debates que travava com líderes do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD). 
 
Vivendo em meio a um movimento internacional cuja maioria era composta de homens, Rosa Luxemburgo teve, na sua vida política, a maior expressão do combate à opressão, pois mostrou que as mulheres podiam e deviam refletir sobre teoria e política, coisa que até então nos partidos operários era feita quase que somente por homens, tornando-se a principal referência de mulher revolucionária. Seu legado de contribuições com análises sobre o processo de acumulação capitalista, bem como os embates travados na luta contra o reformismo e contra a burocracia do partido social-democrata alemão, se reatualiza diante dos fenômenos políticos que emergem mundialmente no sexto ano de crise do capitalismo.
 
O livro “Reforma ou Revolução?” (1900) expressa questões centrais no combate à social democracia, onde apresenta crítica à posição de Eduard Bernstein, o qual defendia que reformas graduais por dentro do capitalismo poderiam resolver a situação de miséria do sistema. Para Rosa Luxemburgo, integrante da ala esquerda da II Internacional, a luta por reformas era apenas um meio para atingir a conquista do poder político pela classe trabalhadora. O objetivo final da vida de Luxemburgo era a revolução. Ela acentuou que reformas ininterruptas do capitalismo apenas se traduziriam em apoio permanente à burguesia, deixando para trás a possibilidade de construção de uma sociedade socialista. 
 
Em 1914 (Primeira Guerra Mundial), Luxemburgo foi condenada à prisão por incitamento à desobediência civil, num discurso feito em setembro de 1913, onde condenou à guerra e o imperialismo, este discurso foi publicado com o título de Militarismo, guerra e classe trabalhadora. Em  agosto do mesmo ano, a bancada social-democrata do Reichstag votou a favor dos créditos de guerra, o que a deixou profundamente abalada, pois significou uma traição profunda ao marxismo, colocando trabalhadores contra trabalhadores a serviço das burguesias nacionais. Em dezembro, o deputado Karl Liebknecht votou sozinho contra nova concessão de créditos de guerra. 
 
Com essa traição do Partido Social-Democrata, Liebknecht e Luxemburgo fundaram em 1915 então a Liga Espartaquista - em janeiro de 1919, a Liga transformou-se no KPD. Berlim estava então em greve geral foi sitiada por todo o ano. O grupo defendia que os soldados alemães abandonassem a guerra para iniciar uma revolução no país, clamava todo poder aos conselhos de operários e soldados, divulgando um chamado internacional aos proletários do mundo inteiro para a formação de conselhos operários e de soldados, seguindo os passos da Revolução Russa e levando adiante a revolução socialista mundial. 
 
Em janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Wilhelm Pieck, líderes do Partido Comunista da Alemanha, são assassinados por soldados a mando do ministro social-democrata Noske. 
 
Ao sexto ano da crise capitalista internacional que se iniciou em 2008 e diante dos levantes e mobilizações de massas que observamos acontecer por todo o mundo, guiados pela máxima de Lenin que caracteriza o Imperialismo (numa obra que leva este título), como uma época de “crises, guerras e revoluções”, consideramos de fundamental importância recuperar as lições dos revolucionários que historicamente defenderam a aliança internacional dos trabalhadores pelo fim da exploração da sociedade de classes, que condenaram a guerra imperialista que recompõem a economia capitalista e massacra os trabalhadores e combateram o reformismo como resolução das mazelas da classe trabalhadora.  
 
Por fim, tomamos a liberdade de usar mais uma frase impactante de Rosa Luxemburgo, que diz que: “Quem não se movimenta, não sente as amarras que o prendem”, para convocar todas as mulheres e homens a unir-se e movimentar-se contra a exploração e a opressão deste sistema, arrebentando as amarras outorgadas historicamente a nossa classe. Avante!

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