Não
podemos aceitar operar um trem e trabalhar nas estações com
mulheres sendo assediadas!
A
realidade da violência contra a mulher e estupros no nosso país é
gritante. São mais de 50 mil mulheres estupradas por ano e uma média
de 5 mil mulheres mortas. Contando com as que não denunciam por
medo, vergonha ou por desacreditar da polícia, que na maioria dos
casos comprem um papel de humilhá-la ainda mais (até mesmo nas
Delegacias da Mulher), os números são ainda piores. Essa discussão
ficou evidente pela pesquisa publicada pelo IPEA, que divulgou um
dado de que 65% dos entrevistados concordavam com a frase “mulheres
que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
Posteriormente, assumiram o erro e divulgaram o dado correto de 26%,
que não deixa de ser um número alto. Também ganhou destaque o
assédio nos transportes depois da propaganda do Metrô e do governo
do estado de SP que dizia que “o trem cheio é bom porque dá pra
xavecar a mulherada”. O que eles querem é justificar os assédios,
justificar o machismo e tirar o foco da responsabilidade que têm por
conta da superlotação.
O Metrô
de São Paulo está no olho do furacão. Somente este ano já foram
registrados cerca de 20 casos. Nós, trabalhadoras e trabalhadores do
Metrô, não podemos aceitar trabalhar em estações ou operar trens
normalmente, enquanto tem mulheres sendo assediadas ou violentadas!
Por isso nós do Pão e Rosas interviemos no Seminário da Campanha
Salarial do Metrô propondo uma verdadeira campanha contra o assédio
sexual. Achamos que trabalhadores e trabalhadoras do Metrô podem,
junto com a população usuária, fazer efetivamente diferença para
dar um basta nessa situação!
Lutamos
para que a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários
elabore, junto às metroviárias e usuárias, uma ampla campanha com
fotos, cartazes, vídeos e painéis, além de um anúncio sonoro nos
vagões contra o assédio. Que o Metrô disponibilize espaço na TV
do trem e nos painéis publicitários para esta campanha. E nós,
operadores e operadoras de trem e funcionários das estações,
devemos emitir esse anúncio, deixando claro que os metroviários
estão do lado das mulheres no combate à violência, chamando a que
as mulheres denunciem os casos para a secretaria de mulheres do
sindicato e denunciando a responsabilidade do governo e da empresa.
Devemos lutar por comissões de metroviárias e usuárias a partir da
Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários para apurar os
casos de assédio e exigir punição dos agressores. As mulheres
violentadas ou assediadas devem ter direito a licenças remuneradas
no trabalho e assistência financeira garantida pelo Metrô, com
tratamento físico e psicológico!
Acreditamos
que essa é a forma de colocar as metroviárias e metroviários em
ação, buscando fazer a diferença na luta contra o assédio e se
aliar a população usuária, em especial às mulheres. Nada a ver
com a política do PSTU (em nome do Movimento Mulheres em Luta) de
distribuição de alfinetes, que não à toa perdeu a votação no
Seminário da Campanha Salarial do Metrô, já que os trabalhadores
não consideram que se trata de uma campanha efetiva ou a política
também defendida pelo PSTU da implantação dos vagões exclusivos
para mulheres nos horários de pico, uma medida que segrega a mulher,
naturalizando a situação de assédio.
Chamamos
todos que tem acordo com a perspectiva que apresentamos aqui a se
somar na luta cotidiana contra a opressão às mulheres!
Lutar pelas demandas das trabalhadoras terceirizadas nessa campanha
salarial!
Recentemente,
as trabalhadoras da Higilimp (limpeza da L1 Azul) se organizaram e
fizeram uma grande campanha nas eleições da CIPA, com apoio dos
Metroviários pela Base e do Pão e Rosas. Conseguiram eleger uma
bancada da CIPA que pela primeira vez não tem nenhuma representante
direto da empresa, o que representa um novo passo no sentido da luta
contra as condições de trabalho semi-escravas que essas
trabalhadoras estão submetidas! Nós do Pão e Rosas defendemos que,
além de nossas demandas e das demandas dos usuários, devemos
defender também as demandas das trabalhadoras terceirizadas (maioria
mulheres) nessa campanha salarial para fortalecer ainda mais essa
luta!
-
bilhete de serviço para todos os terceirizados do Metrô!
-
Pagamento do VA para as trabalhadoras da Higilimp!
- Plano
de saúde para os terceirizados! Que qualquer atestado seja aceito
pelas empresas e que não tenha nenhum desconto por falta
justificada!
-
Licença maternidade de 6 meses para as terceirizadas!
É
só uma piada?!
Por
meio de declarações feitas por pessoas que participaram de
treinamentos oferecidos pelo metrô, sabemos que há instrutores
fazendo colocações machistas, racistas e homofóbicas. Israel
Cravo, instrutor do treinamento de bilheteria, é um deles e, não à
toa, foi e é alvo de muitas reclamações vindas de pessoas que se
sentem ofendidas e desrespeitadas por seus comentários. Quando
questionado sobre o caráter preconceituoso do que diz, este
instrutor afirma que está apenas fazendo brincadeiras e piadas
“inofensivas”.
Há
muito tempo ocorrem casos de abuso sexual no metrô de São Paulo e
percebemos que ao invés de promoverem discussões críticas sobre o
assunto, contribuindo para que haja a compreensão de como essa
situação é humilhante e agressiva às vítimas, alguns instrutores
reforçam e perpetuam preconceitos através de suas observações e
“piadas”.
No
Brasil, 15 mulheres são mortas por dia, uma a cada uma hora e meia.
Negros são assassinados três vezes mais do que brancos e um
homossexual é morto a cada 28 horas no país, sendo que 44% de todos
os casos letais de homofobia do planeta ocorreram aqui.
Não
deve haver nenhum espaço para comentários e piadas preconceituosas
no treinamento do metrô de São Paulo. Este comportamento deve ser
completamente repudiado e combatido, pois reproduz e perpetua graves
preconceitos e, sendo assim, contribui para que pessoas continuem
sendo desrespeitadas, excluídas, agredidas e assassinadas.
Por
tudo que foi colocado, exigimos a retirada do instrutor Israel Cravo
do treinamento de bilheteria! Já houve inúmeras reclamações sobre
a postura preconceituosa deste instrutor e não existe justificativa
para que ele continue dando o treinamento. É urgente que uma pessoa
que respeite as diversidades humanas assuma este treinamento!
Estaremos atentas a qualquer comportamento e colocação
preconceituosa.
Há,
além disso, o anúncio de que o metrô conta com mil agentes de
segurança treinados para receberem as vítimas de assédio sexual.
No entanto, sabemos que esta é uma propaganda enganosa! O metrô não
oferece treinamento para que os funcionários saibam lidar de maneira
adequada com essa situação e assim, além de fazer com que a vítima
não tenha o acolhimento necessário, a empresa coloca os
funcionários em uma posição delicada ao terem que enfrentar uma
realidade para a qual não foram preparados.
É
imprescindível que o metrô forneça um treinamento voltado para o
atendimento às vítimas de opressão, com participação das
secretarias de mulheres e de negros do sindicato.
Todxs
merecem dignidade e respeito!
***
Venha junto com o Pão e Rosas ao Lançamento da
Cartilha sobre Violência contra a Mulher do Movimento Mulheres em
Luta!
Dia
10/05, a partir das 14h, no sindicato dos Metroviários!
***
GRANDE
LANÇAMENTO do livro A MULHER, O ESTADO E A REVOLUÇÃO!
Inédito
em português!
Com a
presença da autora, a historiadora norte-americana Wendy Goldman e
também Andrea
D’Atri (autora do prefácio da edição Argentina e dirigente do
Pan y Rosas Argentina), além de Diana
Assunção (autora do prólogo à edição brasileira e dirigente do
Pão e Rosas Brasil)
Dia 20
de Maio em São Paulo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário