"Um
livro que entra de cabeça nos debates sobre o amor livre após 1917”
Parceria
entre Edições ISKRA e a editora Boitempo trará publicação
inédita para o Brasil sobre as conquistas dos direitos e libertação
das mulheres nos primeiros anos após a tomada do poder na Rússia em
1917 e a política do partido bolchevique neste âmbito. “A mulher,
o estado e a revolução” é fruto de uma pesquisa da historiadora
norte-americana Wendy Z. Goldman e foi publicado em 2010 em espanhol
pelas edições IPS. A publicação brasileira terá o prólogo
escrito por Diana Assunção, diretora do SINTUSP integrante de sua
Secretaria de Mulheres, fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas
Brasil e dirigente nacional da LER-QI. A tradução será de Natália
Viskov, das Edições ISKRA. A seguir entrevistamos Diana sobre este
novo lançamento.
Veja também o novo lançamento no site da Boitempo: http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/382
JPO: Qual
a importância dos temas tratados neste livro?
Diana: Os
temas tratados neste livro tem uma importância inédita porque
transcendem a luta por igualdade de direitos, tratando dos problemas
mais profundos de uma sociedade em transição entre o capitalismo e
o comunismo, a partir da maior obra da classe operária mundial que
foi a Revolução Russa de 1917. Já é bastante conhecido o fato de
que a tomada do poder na Rússia significou um avanço sem tamanho em
direitos elementares como a legalização do aborto e o direito ao
divórcio – algo que democracias burguesas demoraram décadas para
proporcionar às mulheres. Mas o livro “A mulher, o estado e a
revolução” entra de cabeça nos debates mais vivos após 1917,
quando os bolcheviques não somente tomaram nas mãos o poder de
dirigir e construir uma nova sociedade, a partir de planificar a
economia, mas também se propunham a pensar os temas relacionados ao
combate à opressão às mulheres, uma vez em que ao contrário do
que considerava o stalinismo, após a tomada do poder havia uma
grande tarefa para consolidar a revolução rumo ao comunismo.
JPO: Qual
contribuição você acha que este livro trará para o movimento de
mulheres da esquerda brasileira?
Diana: Para
nós das Edições ISKRA sem dúvidas o livro é um grande aporte ao
movimento de mulheres brasileiro e planejamos fazer junto com a
Boitempo grandes lançamentos no mês de março de 2014. O estudo
pormenorizado sobre como passar as tarefas domésticas para o âmbito
público, libertando as mulheres desta verdadeira “escravidão”
como dizia Lenin, um dos dirigentes da Revolução Russa, é um dos
pontos fortes do livro. Ao mesmo tempo, trata-se de uma publicação
que alcança a profundidade de encarar temas como amor e sexo de um
ponto de vista de classe, pensando concretamente como homens e
mulheres podem repensar todo o modo de vida, costumes, organização
familiar e relações a partir de bases materiais e econômicas
totalmente diferentes das que proporciona a sociedade capitalista. O
tema do amor livre, praticamente inexistente nos debates atuais da
esquerda, é uma das principais investigações através de
documentos que registraram reuniões entre os bolcheviques logo após
a tomada do poder debatendo sobre o combate a relações que
reproduziam a ideia de propriedade, opressão e submissão das
mulheres.
JPO: Quais
expectativas vocês tem para o lançamento?
Diana: O
livro terá alcance nacional e esperamos organizar dezenas de
lançamentos com trabalhadoras, estudantes, intelectuais nas
principais capitais do país. Queremos discutir que a agrupação de
mulheres Pão e Rosas não somente organize um estudo sobre este
material, que pode significar um salto na compreensão teórica e
estratégica na luta das mulheres, mas também contribuam em fazer
chegar esta publicação entre as mulheres trabalhadoras, ecoando em
todos os cantos do país.
Entrevista publicada no Jornal Palavra Operária publicado pela Liga Estratégia Revolucionária- Quarta Internacional, dezembro de 2013, n 100.
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