segunda-feira, 6 de junho de 2011

Professoras, lutemos pela legalização do aborto! Por Paulinha Berbert, professora de Sociologia na Zona Norte de SP, militante do Pão e Rosas e da corrente Pela Base


Em abril deste ano aconteceu a Convenção da Oposição Alternativa da Apeoesp, quando foi definido um programa comum com o conjunto dos companheiros que combatem a burocracia governista da Bebel e da Chapa 1. Nós – do grupo de mulheres Pão e Rosas, que também compomos a corrente Professores PELA BASE – travamos uma luta política importantíssima, mas dessa vez em torno de um tema que é, ou deveria ser, um consenso entre a esquerda: a bandeira da legalização do aborto.


Os companheiros da ala majoritária da Oposição, o PSTU, apresentaram uma proposta de programa contra as opressões que não incluía a luta pela legalização do aborto. Defendemos então a inclusão desta bandeira, que é histórica do movimento de mulheres. A partir daí abriu-se o debate para o conjunto do plenário e infelizmente os companheiros mantiveram a sua proposta inicial, sob o argumento de que a defesa do aborto livre, legal, seguro e gratuito “não dialoga com a categoria”. Depois de muita discussão e crise em sua bancada, o PSTU teve que fazer um recuo tático, dizendo que era consenso colocar o direito ao aborto no programa, mas não como eixo. 

A discussão que colocamos naquele momento é a mesma que reproduzimos agora: qual é tarefa histórica dos ativistas que compomos a Oposição Alternativa senão a de nos chocarmos com a consciência média do professorado paulista, majoritariamente lulista e dilmista, que ainda alimenta muitas ilusões no PT e na ArtSind-Chapa 1? E nesse sentido, a bandeira da legalização do aborto cumpre um papel fundamental! Para além do simples fato de que a nossa categoria é esmagadoramente feminina, e a sua participação ativa na luta pela legalização colocaria este combate em um papel muito superior, o debate da questão dialoga, e muito com as posições dos nossos colegas. 

Dialoga porque questiona preconceitos inculcados pela ideologia burguesa e cristã sobre o papel das mulheres nas mentes de muitos educadores. Dialoga porque desmascara a posição demagógica de Dilma, do PT e de seus representantes no movimento sindical, como a Bebel, que dizem estar ao lado das mulheres e de seus direitos, mas não exitam em rifar nossas reivindicações para manter o apoio eleitoral de setores conservadores. Dialoga porque discute a necessidade da autonomia que precisamos ter sobre os nossos próprios corpos e que não podemos mais deixar que milhares de nós sigamos morrendo por abortos clandestinos. Dialoga, mas não se adapta aos elementos atrasados que o professorado paulista ainda carrega consigo.

É preciso deixar claro que a prática política do PSTU é permeada pela concepção de não se chocar coma consciência dos trabalhadores, sob o pretexto de “querer dialogar”. O que os companheiros perdem de vista é que, para além da importância em si da luta pela legalização do aborto, a discussão desta bandeira com a base da categoria é uma oportunidade valiosa de fazê-la avançar. E é esta justamente a tarefa da Oposição Alternativa: fazer o professorado paulista avançar politicamente a partir de um programa que responda as  nossas principais demandas (como a unidade de nossas fileiras, a defesa da educação pública de qualidade, o aumento salarial) e que levante com centralidade as bandeiras democráticas, como a legalização do aborto!

As professoras do Pão e Rosas gritamos: basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Anticoncepcionais e contraceptivos gratuitos e de qualidade!
Que a Oposição Alternativa organize uma grande campanha pela legalização do aborto junto à categoria!

Um comentário:

Blog da Gurindia disse...

Queridas companheiras do Pao e Rosas,meus cumprimentos pelas ideias e pela luta. Ideias muito mais que claras.
Descobri o site de voces e gostei de tudo, mas principalmente do artigo que trata da questao do aborto, que parece brincadeira de esconde, esconde. Durante as eleicoes para presidencia do governo Dilma muito foi discutido e agora que ela entrou no governo nada se fala mais. Mas o fato e que o aborto existe e precisamos com urgencia que passe a ser um caso de saude publica e que a escolha de abortar ou nao, seja unica e exclusiva da mulher.Deixemos as hipocrisias "igrejeiras" de lado.
Curiosamente descobri o site de voces no blog de um bispo da Igreja Anglicana, Dom Orvandil Moreira Barbosa. A parte lucida da Igreja, onde os representantes descobriram que a reforma de um povo passa pela pela filosofia da libertacao.
Parabens camaradas.
Jucilene Pereira Barros (Federacao de Mulheres Goianas)