Publicamos abaixo o Boletim Específico de Mulheres - 17/08/2010 - do Sintusp
“Quem não se movimenta, não sente as
correntes que o prendem”Rosa Luxemburgo
Não é possível, ficarmos caladas diante da situação que está ocorrendo com uma companheira trabalhadora terceirizada e moradora da São Remo
Ela está sendo vítima de um sistema opressor que ainda não contem formas viáveis de assistência à mulher agredida e nem apoio à mãe que quer criar seu filho com dignidade enquanto trabalha e exerce seu direito de ir e vir, enfim de sobreviver. Essa mãe esteve com seu bebê internado no HU, com pneumonia, passava a noite com ele edurante o dia ia trabalhar, enquanto isso o pai do bebê desempregado e desocupado, seguia ameaçando e perturbando essa mulher que não queria continuar com ele.
O bebê teve alta e o pai o pegou para passear na garoa e no frio, contrariando e ameaçando a mãe e avó. Como resultado, a criança voltou a ser internada com pneumonia. Depois disso, a mãe foi convocada pelas assistentes sociais do HU, que chamaram a atenção dela acusando-a de não cuidar direito de seu filho e responsabilizando-a pelo estado de saúde da criança. Mesmo ela explicando sua situação, as mulheres não quiseram saber do seu drama social e simplesmente seguiram responsabilizando-a pela piora da criança.
Dias depois essa trabalhadora e o pai de seu filho foram convocados a comparecer no Fórum onde ela foi recebida por assistentes sociais, que fizeram a mesma coisa: responsabilizando-a pela doença de seu filho, dizendo que poderia perdê-lo para um orfanato. Mesmo a mãe dizendo que esse homem (o pai) era agressivo e fumava o tempo todo perto da criança a ponto do bebê ficar com forte cheiro de fumaça, e que esse homem já havia lhe agredido fisicamente, além de mentalmente e, que queria ele longe dela, tudo foi ignorado. Então as mulheres do Fórum decidiram o seguinte: A mãe trabalhadora deve preparar o alimento do bebê e tudo o que for necessário antes de sair para trabalhar e entregá-lo (com tudo pronto)ao pai desocupado. E, à tarde, o pai devolve para a avó, que chega primeiro do trabalho, naquela mesma ocasião o pai do bebê disse: eu nem sei cuidar de criança, vou ver se encontro uma mulher para tomar conta, e segundo a mãe nada foi feito por parte das mulheres do Fórum.
Mas o que essa jovem mãe quer, é colocar seu filho em uma creche (berçário) seguir trabalhando e cuidando dele e sobrevivendo com o direito de ir e vir. A companheira sofre agressões por parte desse homem, inclusive tendo registrado boletim de ocorrência, porém ninguém foi atrás dele e nada aconteceu, enquanto isso ele segue agredindo-a e ameaçando-a de morte. O interessante é que o bebê teve alta em uma sexta-feira e, na segunda-feira ainda estava com a pneumonia, retornando para o hospital para uma nova internação.
A pneumonia é uma doença infecciosa e que pode ser provocada por vários agentes como o fumo, umidade, mudanças bruscas de temperatura, deficiência nutricional, etc. Há fatores sociais envolvidos nisso tudo, então por que a mãe é a única culpada por seu bebê não se curar da pneumonia? Por ela ser mulher, a responsabilidade de tudo fica para ela? Por que as assistentes sociais não verificaram todos os fatores e procuraram dar encaminhamento correto para a mãe e a criança? Então o melhor remédio foi acusá-la e denunciá-la sem qualque averiguação da realidade social do caso? É esse o trabalho social das assistentes? É assim que o sistema forma os profissionais para assistir à população? Fingindo que estão resolvendo o problema da criança, tirando-a de sua mãe e deixando em um lugar qualquer para ser adotado? E ignorando as ameaças de morte e agressões feitas pelo pai da criança? Um problema social foi empurrado em cima de uma jovem mulher, terceirizada, que recebe um salário mínimo e trabalha quarenta e quatro horas semanais.
Chega de impunidade aos agressores de mulheres!
Proteção amparo e assistência a todas as mulheres agredidas!
Direito à criança de permanecer com sua mãe!
Fim da perseguição desse morador da São Remo (pai da criança) contra a mãe!
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