Nesta semana se realizou o V Encontro das Mulheres Trabalhadoras da USP, que reuniu muitas das trabalhadoras que foram linha de frente da vitoriosa greve de 118 dias. Na mesa estiveram Maíra Rodrigues, da APEOESP Santo André e Silvia Ferraro, do Movimento Mulheres em Luta. Sobre o Encontro, Diana Assunção, diretora do Sintusp e responsável pela Secretaria de Mulheres declarou que “O Encontro foi um forte avanço da organização das mulheres trabalhadoras da USP. Depois de uma greve de 118 dias foi muito mais claro para o conjunto das trabalhadoras presentes que a luta contra a opressão as mulheres não está descolada da luta contra a exploração capitalista, pelo contrário, opressão e exploração se combinam para favorecer os capitalistas.”
Tratando de temas muito sentidos pelas mulheres, o Encontro votou uma série de resoluções, dos quais Diana ressalta que “Votamos uma pauta de reivindicações das mulheres trabalhadoras da USP onde exigimos que nenhuma mulher seja morta por aborto clandestino, como foi o caso de Jandira e Elisangela, e também repudiamos a morte de Cláudia, vítima da mais brutal violência policial. Para além das questões mais gerais, colocamos como centro a luta contra a desvinculação dos Hospitais Universitários e do Centro de Saúde, bem como queremos continuar com força na campanha pela contratação de enfermeiras para atender as mais de 1000 mulheres na fila do papanicolau”. Ainda sobre a pauta de reivindicações, Diana agregou que “Temas como mais creches, licença maternidade, contratação imediata de funcionários e vários outros foram tratados no Encontro, fortalecendo a luta das trabalhadoras. Também definimos que no próximo ano deveremos organizar um Seminário de Formação Política para o conjunto da categoria avançando também junto com todos os trabalhadores”.
Sobre os escândalos na Faculdade de Medicina, Diana declarou que “O Encontro também foi espaço de debate sobre esses casos, reafirmando repúdio à Faculdade de Medicina que junto com o Reitor Zago continuam acobertando os estupros. Queremos a punição de todos os culpados e fim imediato dos estupros dentro da USP. Também estamos exigindo que a Reitoria e todos os órgãos cabíveis divulguem o número de denúncias de estupros dentro da USP, pois não divulgar estes números é parte do acobertamento dos casos, não querem mostrar a verdade. Nós consideramos que os trabalhadores tiveram uma ação exemplar com as fotos de apoio às vítimas e que devemos aprofundar a nossa auto-organização para poder avançar na luta contra a violência às mulheres”.
Diana também colocou que votou-se moção de apoio à luta das trabalhadoras e trabalhadores da empresa terceirizada Construir, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e que ao final do Encontro as trabalhadoras tiraram fotos de apoio ao levante negro nos Estados Unidos, com a frase “Eu não consigo respirar”, além de uma homenagem aos 43 estudantes mexicanos. “Acredito que demos passos importantes na organização das mulheres trabalhadoras, fruto do impulso de nossa greve, o que somente contribui pra avançar a luta do conjunto dos trabalhadores. Um Sindicato combativo e classista deve levar adiante com toda a força a luta dos setores oprimidos, levantando-se como verdadeiros tribunos do povo contra toda forma de violência e horror que vivemos nesta sociedade capitalista”.
Original: Palavra Operaria
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