Dilma e o PT nunca poderão
governar para a mulher trabalhadora
O
Pão e Rosas, que integra o Movimento Mulheres em Luta, há tempos
vem abrindo um debate dentro deste movimento sobre a política de
exigência ao governo Dilma, que em nossa opinião muitas vezes se
transforma em uma estratégia, ou seja, depositando toda a energia
nisso e desarmando assim a organização das mulheres desde a base e
junto a classe operária. Mas esta diferença pode adquirir
proporções maiores a partir do último jornal do Movimento Mulheres
em Luta para o 8 de março, que em sua capa conta com a seguinte
frase em destaque: "Governar para a mulher trabalhadora é
investir mais dinheiro para o combate à violência contra as
mulheres".
Esta
caracterização do governo, ou seja, de que caso Dilma concedesse um
aumento de verbas para a área de combate a violência às mulheres
poderia ser considerado um "governo pra mulher trabalhadora"
é uma caracterização que não foi votada em nenhuma instância do
Movimento Mulheres em Luta, e muda, definitivamente, a caracterização
do governo tirada no I Encontro Nacional do movimento em outubro de
2013, em Sarzedo (MG). Nós consideramos que a ânsia equivocada de
"exigir do governo para desmascará-lo", como forma de
"dialogar com as trabalhadoras" leva o PSTU, direção
majoritária do movimento, a este nível de adaptação.
Nós
do Pão e Rosas estamos construindo todas as atividades do Movimento
Mulheres em Luta, em especial o 8 de março, levando nossas propostas
e nos contrapondo a políticas como essa. Na
primeira reunião do MML regional SP, ocorrida no último dia 11 de
fevereiro, antes mesmo do fechamento do jornal, estivemos presentes
com 6 companheiras do Pão e Rosas e fomos contrárias à inclusão
dessa frase no material nacional do MML, e nesse momento todas as
companheiras presentes expressaram acordo conosco e ficaram de
encaminhar a proposta da regional para a executiva nacional. Qual não
foi nossa surpresa quando, na reunião seguinte, ocorrida no dia 25
de fevereiro, as companheiras chegaram com o jornal impresso, com a
referida frase, dizendo que haviam consultado as companheiras da
executiva nacional e que tinha sido decidido manter a frase. Vale
ressaltar que nem as companheiras do Pão e Rosas que compõe a
executiva nacional nem as companheiras do Pão e Rosas que
participaram da reunião da regional SP foram consultadas ou sequer
tiveram acesso a essa discussão. Na
plenária estadual do MML do RJ estivemos com 8 militantes contra
esta política que leva à esta adaptação. Rechaçamos
este método burocrático e chamamos as companheiras do PSTU e outras
militantes do Movimento Mulheres em Luta a rever esse método.
Em
São Paulo, as militantes do PSTU do MML chegaram a assinar com a MMM
(Marcha Mundial de Mulheres) um panfleto que fala em geral da
opressão e da violência mas sequer denuncia Dilma e seu governo
atrelado aos grandes capitalistas e aos setores reacionários
(religiosos, Sarney, Renan Calheiros, Kátioa Abreu – da UDR dos
latifundiários - Collor de Mello, Maluf, Kassab etc.). Em nome de
“exigir”, na realidade “pedir” ao governo, o PSTU termina ao
lado das reformistas e governistas da Marcha Mundial de Mulheres,
fortalecendo, na prática, esses setores e não ajudando a avançar a
consciência das mulheres e o movimento feminista combativo e
classista. Ao mesmo tempo, o Pão e Rosas, que não tem nenhuma
ilusão no governo Dilma e do PT, diz abertamente: nenhuma concessão
deste governo, seja inclusive na área de violência contra as
mulheres, o transformará no governo para as trabalhadoras. O governo
para as trabalhadoras será obra das próprias trabalhadoras. Estamos
lutando na primeira fileira por nossos direitos mais imediatos e
elementares, mas falamos abertamente para todas as mulheres: não
temos nenhuma ilusão de que nesta sociedade capitalista, baseada na
exploração, poderemos alcançar nossa liberdade. Lutamos pelos
nossos direitos, mas lutamos para acabar com esta sociedade miserável
de opressão e exploração. É por isso, que um movimento de
mulheres que se pretende revolucionário, não pode, para "dialogar"
com as ilusões que existem no seio da classe operária e do
movimento de massas dizer para as trabalhadoras que Dilma Roussef
pode vir a ser o seu governo.
Chamamos
a todas as militantes do Movimento Mulheres em Luta a se atentarem
pra essa grave definição que está na capa do jornal do movimento,
principal instrumento de construção do 8 de março deste ano.
Informamos que as militantes do Pão e Rosas não poderão trabalhar
com este material, em face da enorme ilusão que carrega para as
mulheres diante do governo Dilma. Nós queremos dizer a verdade às
trabalhadoras e por isso nossos materiais não vão conter esta
absurda definição em relação ao governo Dilma. Reafirmamos a
necessidade de construir um 8 de março em primeiro lugar
anti-governista, anti-capitalista, classista e revolucionário. Por
que exigimos nossos direito ao pão, mas também às rosas!
Rita
Frau, membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta e da
Coordenação Nacional do grupo de mulheres Pão e Rosas
Marília
Rocha, operadora do metrô de SP e membro da Coordenação Nacional
do Pão e Rosas
Camila
Moraes, estudante da USP e membro da Coordenação Nacional do Pão e
Rosas
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