Por Sofia Andrade
(México, 30/11/09) Desde o dia 23 de novembro, onze companheiras eletricistas se mantêm em greve de fome. Apesar dos perigos que isto causa em sua saúde, a determinação de continuar a luta é inesgotável. No acampamento improvisado na avenida “Insurgentes y Reforma”, que agora é sua casa, expressam sua voz.
“Enquanto o governo Federal não tiver uma resposta favorável para nós, os eletricistas, vamos continuar nas ruas. Se eles querem que morramos aqui, então morreremos. Nós não nos cansaremos. Estamos dispostas a chegar até as últimas conseqüências”, disse de forma decidida Mónica Jiménez Acosta, registradora da empresa e quem hoje coordena o movimento de Eletricistas em Resistência. Esta difícil medida, tirada na assembléia das mulheres, busca ser uma referência à fome e à miséria dos quais estão padecendo no país, milhares de desempregados que o governo e as empresas têm jogado às ruas, aos quais de um só golpe se somam mais de 44 mil trabalhadores da Luz y Fuerza del Centro.
“Queremos um emprego digno, queremos uma proposta para estes trabalhadores, para este sindicato. Estamos com fome, porém com fome de justiça”, continua Mónica. Eis que, após o arbitrário decreto de extinção da empresa Luz y Fuerza del Centro, a vida dos trabalhadores do Sindicato Mexicano de Eletricistas deu uma tremenda reviravolta, que já está deixando uma grande experiência de luta. “Depois do horrível momento de como nos tiraram de nossa casa Luz y Fuerza, hoje estamos contentes de participar deste movimento, porque estamos com a convicção de que vamos vencer (…) estamos emocionadas de quantas pessoas têm nos apoiado”, assinala Alejandra Rojas, quem desde o depto. pessoal atendia seus próprios companheiros eletricistas. “Calderón não vai nos atacar com sua polícia ou com quem queira para nos espantar. Estaremos nas ruas, até encontrar uma solução”, enfatiza. As companheiras sabem que este ataque sobre os e as eletricistas repercute em todo o conjunto da classe operária.
Judith García, trabalhadora aposentada a quase três anos, também participante desta greve de fome, está convencida de que os direitos dos aposentados não estão livres de desaparecer. “O contrato coletivo está vigente até 16 de março. Apesar da promessa do poder executivo de que respeitarão nossos direitos e salários, a verdade é que não confiamos neles. No meu caso as pessoas poderiam dizer: 'Mas você já está aposentada, o que está fazendo nesta luta?'. Minha aposentadoria ninguém me deu de presente, trabalhei longos 25 anos por ela, desde meus 15 anos... a mim ninguém deu nada de presente. Pois enquanto os filhos do presidente aos 15 anos estavam brincando com seus bonecos de neve, eu já estava trabalhando e estudando. A mim, ninguém deu nada de graça, nem a nenhum de meus companheiros... nenhum dos benefícios que temos foram senão graças a luta de nossos pais e avós. A luta de meus companheiras também é minha. Arriscamos nossa vida porque não temos nada a perder”, enfatiza.
A mais jovem das participantes nesta greve de fome é Isabel Pérez López de 22 anos de idade, quem teve um tempo recorde de oito meses trabalhando para a LyFC. Ela, compartilha uma mensagem com o resto dos trabalhadores do país e da América Latina que, assim como elas, estão pagando os custos da crise econômica com desemprego e precarização de seus trabalhos.
“É preciso colocar toda a vontade, toda luta se pode ganhar, e se sofrem algum dano laboral, que se organizem e lutem por seus direitos. Nós podemos! Nós temos muita fé de que tudo isto que estamos fazendo vai fazer-nos avançar e que voltaremos a nossa fonte de trabalho. Só está vencido aquele que não luta! Depois de conhecer a rejeição pela Câmara dos Deputados a entrar em uma controvérsia constitucional pelo decreto, as companheiras retomam novas forças e sabem que por esta via dificilmente poderemos chegar a uma solução. Para que servem os deputados e senadores? Eles sim tem privilégios, salários e bônus milionários, sendo que nós os trabalhadores somos quem produzimos a riqueza. Eles justificam sua arbitrariedade sobre nós, por isto seguiremos na luta, não vão nos vencer, enquanto nossos corpos nos permitam, vamos seguir aqui apesar das conseqüências que isto traga”, reitera Mónica. “Apesar de que nossos filhos estão nos esperando em nossas casas, porque não estamos dispostos a entregar-lhes um país onde tenham que se curvar diante dos neoliberais e fascistas, por isso vamos seguir o tempo que for necessário”.
De fato, o futuro de muitos trabalhadores e seus filhos estão em jogo, disso estão conscientes os trabalhadores e trabalhadoras eletricistas e demais setores de trabalhadores e o povo que está participando deste importante combate. “Esta não é uma luta apenas dos eletricistas, pelas condições que o mesmo governo nos tem levado, teremos uma situação geral e privilegiada para que, neste momento, se nos unimos todos os que sempre somos os mais afetados, os operários, os camponeses, as donas de casa (…), teremos a grande oportunidade de fazer uma transformação neste país, e tirar toda esta gente que só tem feito privilegiar os interesses de todas as grandes empresas estrangeiras, dos órgãos financeiros e daqueles que ficam com os monopólios dos grandes negócios neste país”, finaliza Judith.
Para saber mais visite o blog "Em defesa de Luz y Fuerza".
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