Mulheres,
às ruas!
Entrevista
de Raquel Lezcano, http://panyrosas.org.ar/Mujeres-a-las-calles
As
comissões de mulheres tiveram um papel importante no processo de
coordenação na Zona Norte da grande Buenos Aires, no Encontro de
trabalhadores e trabalhadoras da fábrica de autopeças Lear e da
gráfica multinacional Donelley, que ocorreu no dia 16/08.
Como
em uma tarde de primavera, entrevistei Mariela Moyano e Mara Torrico
da Comissão de Mulheres de Lear. Elas conjuntamente com as
trabalhadoras e trabalhadores de Lear e Donelley junto à comissão
de mulheres, integrada por familiares dos trabalhadores, organizaram
este encontro. O qual foi organizado na entrada principal de
Donelley, que fazia só cinco dias que estava funcionando sob gestão
operária, frente à emblemática fábrica da Ford e a via de
circulação de mercadorias mais importante da Zona Norte, a
Panamericana, ramal Escobar, à altura do Km 36,700, tanto para o
Estado, como para as patronais, como também para os operários e
operárias que lutam.
Elas,
como o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras que assistiram,
tinham a ideia de levar ao Encontro uma medida concreta para seguir
organizando-se pela reincorporação de todos os postos de trabalhao
em Lear e começar a transitar o caminho por e para a expropriação
e estatização da gráfica Donelley, sob controle operário, como a
simbólica Zanon na cidade de Neuquén no sul da Argentina, hoje com
o nome de FASINPAT (Fabrica Sin Patron - Fábrica Sem Patrão).
Exigindo ao Ministério do Trabalho e ao governo que os trabalhadores
são os únicos que podem gerir e colocá-la para funcionar a serviço
da comunidade.
Afirmam
que a coordenação entre diferentes setores de trabalhadores,
sindicatos, agrupações combativas e organizações é o eixo
fundamental para ganhar a luta de Lear e Donelley.
Terminando
a entrevista, em seus rostos se refletia a alegria do que haviam
alcançado até aqui e com a firme decisão de ir pelo resto das
demandas sentidas das trabalhadoras e trabalhadores. Suas palavras e
seus gestos davam conta disso. Voltaram à fábrica, ao acampamento,
mais fortes do que nunca, porque elas têm aprendido e vivido uma
experiência inesquecível para o resto de suas vidas, sob a imensa
solidariedade das organizações sindicais e agrupações combativas
que as têm rodeado de forças para seguir lutando. Prova disso é o
encontro de hoje. No transcorrer da entrevista se escuta uma multidão
gritando em uma só voz: “Pollo, tua luta é nossa luta!”.
[Pollo é um companheiro da gráfica Donelley e militante do PTS que
há algumas semanas está internado com graves queimaduras
resultantes de um incêndio em sua casa.]
Vão
continuar acompanhando todas as lutas em curso porque a união entre
os trabalhadores e as trabalhadoras continua em cada fábrica, em
cada conflito, em cada luta. Nem o governo, nem a burocracia
sindical, nem o aparato repressivo do estado parecem amedontrá-las;
ao contrário, possuem uma clara convicção de acompanhar o processo
de coordenação que está crescendo na Zona Norte.
Dão
força a todas essas mulheres trabalhadoras, estudantes, professoras
e operárias de distintas fábricas que estão sendo demitidas ou
suspensas, que ainda não se animaram a lutar, a sair às ruas, a
tomar em suas mãos a iniciativa da organização, da coordenação e
da luta. Golpeando com um só punho é que se alcançam as conquistas
da classe operária.
Encontro de Lear e Donelley Mariela Moyano (izquierda) Mara Torrico (centro) Comissão de Mulheres de Lear
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